segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Paulinho da Viola chega aos 70 anos senhor de seu próprio tempo e obra

O tempo de Paulinho da Viola é hoje. Mas esse hoje tem um tempo todo próprio que faz com que a vida e a obra do cantor e compositor carioca caminhem em ritmo particular - sem pressa, com a calma dos sábios. Pela cronologia oficial da biografia do artista, o autor de Na Linha do Mar - timoneiro firme de seu barco - completa 70 anos nesta segunda-feira, 12 de novembro de 2012. Contudo, passado e presente parecem se embaralhar para moldar o tempo deste meticuloso artesão de sambas e choros, dono de discografia fundamental que vai ter sua parte mais profícua embalada pela EMI Music em caixa a ser lançada em 2013 com curadoria do jornalista Vagner Fernandes. Sem lançar álbum de inéditas desde 1996, Paulinho da Viola construiu entre 1968 e 1983 - o período em que gravou álbuns com quase regularidade anual - discografia que o alinha com os grandes criadores do samba e, em menor grau, do choro. O traço vanguardista de músicas como Sinal Fechado (1969) - composição por sinal vencedora do V Festival de Música Popular Brasileira da TV Record - sempre se desenhou em harmonia com as tradições reiteradas na obra do artista. Ovelha desgarrada do rebanho que alicerçou a MPB projetada na era dos festivais, Paulinho se alimenta do passado sem ranços saudosistas para gerar obra cujo tempo parece sempre ser o de hoje. Talvez por isso álbuns como A Dança da Solidão (1972), Nervos de Aço (1973) e os gêmeos Memórias Chorando e Memórias Cantado - ambos paridos em 1976 - pareçam atemporais. Com a nobreza e a discrição que lhe são características e que lhe renderam epítetos como Príncipe do Samba, Paulinho da Viola sempre deu bela voz aos compositores do morro, aos bambas da sua Portela querida e aos chorões cariocas. Sempre elegante, sabe a hora de guardar sua viola no fundo do baú para não se contaminar com os modismos do mercado. Mas, quando a tira do baú, Da Viola sempre acerta. Inclusive quando canta sambas alheios com tal propriedade que esses sambas dão na sua voz a impressão de terem sempre sido dele, Paulinho. Casos de Meu Mundo É Hoje (Eu Sou Assim) (Wilson Batista e José Batista) - samba regravado pelo artista em 1972 - e de Nervos de Aço (Lupicínio Rodrigues), faixa-título de primoroso álbum de 1973. Sob seu luminoso prisma, Paulo César Batista de Faria condensa os cânones do samba e do choro em discografia já espaçada, construída no tempo do artista. É o artista quem se navega, senhor desse tempo e de sua obra.

17 comentários:

  1. O tempo de Paulinho da Viola é hoje. Mas esse hoje tem um tempo todo próprio que faz com que a vida e a obra do cantor e compositor carioca caminhem em ritmo particular - sem pressa, com a calma dos sábios. Pela cronologia oficial da biografia do artista, o autor de Na Linha do Mar - timoneiro de seu barco - completa 70 anos nesta segunda-feira, 12 de novembro de 2012. Contudo, passado e presente parecem se embaralhar para moldar o tempo deste meticuloso artesão de sambas e choros, dono de discografia fundamental que vai ter sua parte mais profícua embalada pela EMI Music em caixa a ser lançada em 2013 com curadoria do jornalista Vagner Fernandes. Sem lançar CD de inéditas desde 1996, Paulinho da Viola construiu entre 1968 e 1983 - o período em que gravou álbuns com regularidade anual - discografia que o alinha com os grandes criadores do samba e, em menor grau, do choro. O traço vanguardista de músicas como Sinal Fechado (1969) - composição por sinal vencedora do V Festival de Música Popular Brasileira da TV Record - sempre se desenhou em harmonia com as tradições reiteradas na obra do artista. Ovelha desgarrada do rebanho que alicerçou a MPB projetada na era dos festivais, Paulinho se alimenta do passado sem ranços saudosistas para gerar obra cujo tempo parece sempre ser o de hoje. Talvez por isso álbuns como A Dança da Solidão (1972), Nervos de Aço (1973) e os gêmeos Memórias Chorando e Memórias Cantado - ambos paridos em 1976 - pareçam atemporais. Com a nobreza e a discrição que lhe são características e que lhe renderam epítetos como Príncipe do Samba, Paulinho da Viola sempre deu bela voz aos compositores do morro, aos bambas da sua Portela querida e aos chorões cariocas. Sempre elegante, sabe a hora de guardar sua viola no fundo do baú para não se contaminar com os modismos do mercado. Mas, quando a tira do baú, Da Viola sempre acerta. Inclusive quando canta sambas alheios com tal propriedade que esses sambas dão na sua voz a impressão de terem sempre sido dele, Paulinho. Casos de Meu Mundo É Hoje (Eu Sou Assim) (Wilson Batista e José Batista) - samba regravado pelo artista em 1972 - e de Nervos de Aço (Lupicínio Rodrigues), faixa-título de primoroso álbum de 1973. Sob seu luminoso prisma, Paulo César Batista de Faria condensa os cânones do samba e do choro em discografia já espaçada, construída no tempo do artista. É o artista quem se navega, senhor desse tempo e de sua obra.

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  2. Ele não tem o glamour cosmopolita de um Tom Jobim, nem o charme intelectual de um Chico Buarque, tampouco a têmpera histérico-polêmica de um Caetano Veloso, muito menos a ginga histriônico-política de um Gilberto Gil. Paulinho da Viola, ao contrário, move-se no etéreo: suas referências mais próximas são Noel Rosa, Pixinguinha, Ataulfo Alves, Nelson Cavaquinho e Cartola, todos devidamente canonizados.

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  3. Marisa Monte me estimulou a conhecer a obra desse sambista, compositor genial quando ouvi Dança da Solidão pela primeira vez fiquei encantada me tornei fã e continuo ouvindo até hoje. Viva Paulinho!e que venha mais 70 anos.

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  4. Parabéns,Paulinho da Viola!!!

    Top 5 de discos(sem ordem de preferência):

    Bebadosamba(1996)
    Memórias Cantando(1976)
    Memórias Chorando(1976)
    Nervos de Aço(1973)
    A Toda Hora Rola Uma Estoria(1982)

    Top 5 de músicas:

    Coisas do Mundo, Minha Nega
    Sinal Fechado
    Sarau para Radamés
    Mar Grande
    Para um Amor do Recife

    de outros autores:

    Apoteose ao Samba
    Peregrino
    Cavaco Emprestado
    Cenários

    Para finalizar um pedido repetitivo mas necessário:Alô, EMI Music, em 2013 queremos boxes de Roberto Ribeiro e João Nogueira.

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  5. Meu Top 5 de Paulinho:

    Coração Leviano

    Para Um Amor No Recife

    Foi um Rio Que Passou Em Minha Vida

    Não quero você assim

    Dança da Solidão

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  6. Também gosto de Top 5. Com quem merece Top 50, claro. Lá vai:

    Foi Um Rio Que Passou Em Minha Vida
    Para Um Amor no Recife
    Coisas do Mundo, Minha Nêga
    Dança da Solidão
    Onde A Dor Não Tem Razão

    Ontem saiu uma matéria na Folha de SP sobre o Pualinho e nela o Martinho da Vila dizia algo mais ou menos assim:
    "Ele é um estilista da palavra, mas sem rebuscar"
    É isso mesmo!
    Ahh, verdade, Paulinho tem o poder de dá versões definitivas a músicas alheias. Mas Dança da Solidão a Marisa Monte "roubou" dele.

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  7. Zé Henrique,você prefere a versão de Dança da Solidão do Cor de Rosa e Carvão ou do Barulhinho Bom?

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  8. Este comentário foi removido pelo autor.

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  9. Grande Paulinho. Um dos melhores compositores de samba dessa geração. Que seus 70 anos seja multiplicado 70 vezes 7 em boas e mais novas composições. Que lance um novo disco, tá precisando!!! E seus súditos também precisam ouvir mais dele. Parabéns, mestre Paulinho!!! Que é da Viola e que é do mundo. Como já dizia Caetano em "A Voz do Morto": "E viva o Paulinho da Viola!".

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  10. Parabéns, Paulinho da Viola, ícone do samba e da MPB!!

    A música de Paulinho é sinônimo de classe e refinamento.

    Parabéns, Mauro! Esse texto merece ser emoldurado!

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  11. Zé, filhão, sou mais a versão da minha cantora de 1981, Na Fonte.
    Salve o Príncipe do Samba (junto com Roberto Silva!! Fiquei muito feliz ao saber que a Portela homenageará o Paulinho no enredo que fala sobre os 90 anos da escola e sobre o bairro de Madureira também. Ele é o fio condutor do enredo.
    Vida longa e eu ainda espero um álbum de inéditas!

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  12. Maria, nem lembrava da versão do Barulhinho Bom. Fui ouvir... É mais rapidinha, né?
    Prefiro a do Cor de Rosa e Carvão.
    Classuda demais!

    PS: Paizão Marcelão, a imparcialidade não é o seu forte, né? Sou BEM mais a da Marisa.

    Abraço

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  13. Faltou dizer que o Marcelão não é imparcial em relação a sua, lá dele, Rainha.
    No resto, respeito suas opiniões como grande apreciador do samba que é.
    Faltou tb dá os parabéns ao setentão Paulinho.
    Gênio da raça.

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  14. Mas eu adoro a da Marisa também! Sou suspeitíssimo! haha
    Abs

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  15. Marcelo, eu também acho que Beth Carvalho fez a melhor gravação de Dança da Solidão.

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  16. Prefiro a de Marisa Monte pela voz interpretação tudo!

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  17. Luiz, somos suspeitos! rs
    E parabéns pelos seus vídeos! Outro dia estava vendo no youtube. Canta muito bem.
    Abs e parabéns também pela homenagem à nossa Rainha do Samba.

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