quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Elétrico, Lobão reitera 'paudurescência' de seu rock em gravação ao vivo

Resenha de CD e DVD
Título: Lobão Elétrico Lino, Sexy & Brutal Ao Vivo em SP
Artista: Lobão
Gravadora: Universo Paralelo / Deck
Cotação: * * * * 1/2

"O fundo musical do planeta a partir dos anos 50 é o rock'n'roll", sentencia Lobão no making of exibido nos extras de Lobão Elétrico Lino, Sexy & Brutal Ao Vivo em SP, DVD ora posto nas lojas pela Deck simultaneamente com o CD ao vivo que registra o fervilhante show captado em 1º de outubro de 2011 na cidade de São Paulo (SP). A trilha sonora do planeta, a rigor, é mais diversificada, mas o universo paralelo habitado pelo carioca João Luiz Woerdenbag Filho há 55 anos gravita em torno do rock. E este quarto registro ao vivo de show de Lobão - o terceiro lançado em DVD, já que o primeiro, Vivo (1990), saiu somente em LP / CD - reitera a paudurescência do rock do artista, para usar termo cunhado por Lobão em suas sempre afiadas entrevistas. Aliada à primorosa captação de imagens, a perfeita mixagem do áudio 5.1 dts contribui para manter o show na pressão neste registro audiovisual tecnicamente mais caprichado do que o feito no primeiro DVD do cantor, Uma Odisséia no Universo Paralelo (2001), gravação ao vivo que flagra Lobão nas andanças indies que culminaram com este Lino, Sexy & Brutal Ao Vivo em SP. O repertório pouco diverge do roteiro do show perpetuado no também azeitado Acústico MTV (2007) do artista. Mas a vibe é outra. Plugado, Lobão se sente em casa, mais à vontade para gerar a eletricidade que anima seu espírito roqueiro. E o fato é que o DVD - dirigido por Lobão com Rui Mendes e Cris Winter - tem pegada e resulta caloroso, sem aquela assepsia que esfria boa parte dos registros audiovisuais de shows. E era mesmo preciso que a captação do show - feito com produção e arranjos capitaneados pelo próprio Lobão - tivesse pressão porque Lino, Sexy & Brutal Ao Vivo em SP é, em essência, mergulho fundo dentro da noite escura de temas de várias fases do repertório do artista. Desde o número de abertura, Não Quero o Seu Perdão (Lobão, Júlio Barroso, Taciana Barros, 2005), apresentado por Lobão com canto meio falado, fica evidente a contundência desta gravação ao vivo feita em alto e bom som com guitarras (a de Lobão e a de Andre Caccia Bava) postas em primeiro plano. Aliás, o convidado Luiz Carlini - saudado pelo anfitrião como "lenda viva do rock'n'roll mundial" - entra em cena para dar legitimidade à regravação de Ovelha Negra (Rita Lee, 1975), impedindo que a abordagem do maior sucesso da fase Tutti & Frutti de Rita Lee virasse mero cover de hit alheio. A guitarra de Carlini permanece em cena e encorpa o arranjo de Rádio Blá (Blá Blá Blá... Eu te Amo) (Lobão, Arnaldo Brandão, Tavinho Paes, 1987), um dos hits de Lobão nos anos 80, década em que o Brasil cantou a inevitável Me Chama (Lobão, 1984), grande balada que ressurge apoteótica em Lino, Sexy & Brutal com o coro do público, tão vigoroso que Lobão em vários momentos deixa que a plateia cante por si só. Canos Silenciosos (Lobão, 1986) também faz barulho. Contudo, Elétrico não se escora em sucessos. Músicas da fase indie da discografia do artista dão o tom do registro (sobretudo no CD) e são rebobinadas com peso. Vamos Para o Espaço (Lobão, 2005) expõe já no começo do CD e DVD a mordacidade impregnada no canto ainda ferino de Lobão. A balada Mais Uma Vez (Lobão, 1999) explicita a urgência e as tensões que também pautam El Desdichado II (Lobão, 1999), a power Balada do Inimigo (Lobão, 2005) e o nervoso e insone rock A Vida É Doce (Lobão, 1999). Enfim, Lino, Sexy & Brutal prova que Lobão está vivo no presente que tritura.

11 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Zapeando pela Tv semana passada dei a sorte de encontrar esse show sendo exibido pelo Multishow.
    E, de fato, a excelente captação de imagens chama mesmo a atenção.
    Muitíssimo bem feito.
    Vou comprar, vale a pena.

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  3. Esse disco e o DVD do Lobão realmente estão muito bons. Ele consegue transportar com honestidade e honra os seus maiores sucessos, sem contar com a ótima versão que fez de "Ovelha Negra". É o mais puro e velho bom rock'n'roll bem representado na figura emblemática de Lobão. O disco e o DVD vale cada centavo.

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  4. Augusto Flávio (Juazeiro-Ba)

    Mauro, a música "Me chama" é só de Lobão a qual foi lançada por Marina no disco Fullgás 1984 e não dele e Bernardo Vilhena.

    Abs.

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  5. Adoro(quase)toda a obra do Lobão.Agora,não entendi esse "Lino"do título...rs

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  6. Mauro, esse é o segundo dvd de lobão, o de 2001 não foi lançado,apesar de existir a gravação.

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  7. Augusto, grato pelo toque. Você tem razão. Já retirei o nome do Bernardo do crédito de 'Me Chama'. Abs, MauroF

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  8. Unknown, levei um susto quando vi seu comentário porque tenho na lembrança a visão desse DVD. De todo modo, chequei e o DVD existe, mas, de fato, parece não ter sido lançado de forma comercial no Brasil (teria saído em Portugal). Não me lembro se vi a gravação ao vivo na TV (Canal Brasil, talvez) ou se a recebi num kit imprensa, sei lá. Mas lembro de ter visto o show, filmado sem o apuro técnico deste atual DVD, mas com a mesma pegada. Abs, grato pelo toque, MauroF

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  9. Ainda bem que o Lobão resolveu parar de falar bobagens e fazer algo que ele faz menos mal ...

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  10. Também queria saber que raios de "Lino" é esse. De onde ele tirou esse termo?

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  11. Sempre tive boas recordações do Lobão com suas músicas,sobretudo nos anos 80,mas infelizmente assisti alguns comentários seus no youtube e passei a vê-lo com outros olhos...Amargo e chato,destratando seus companheiros de música...Passei então a repudiá-lo...Respeito é bom e todos gostam,lobão!!!

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