quarta-feira, 23 de maio de 2012

Callado explora combinações ternárias em 'Nova Dança' sem complicar

Resenha de CD
Título: Nova Dança
Artista: João Callado
Gravadora: Sem indicação
Cotação: * * * 1/2

Ritmo formatado habitualmente no compasso binário, o samba aparece em tempo ternário no CD Nova Dança, lançado pelo compositor e cavaquinista carioca João Callado. Explicitamente intitulado Samba em 3 e cantado no disco por Soraya Ravenle, o tema é parceria de Callado com Edu Krieger e exemplifica bem o conceito de Nova Dança. Partindo sempre de repertório autoral, o músico explora combinações ternárias no disco produzido por Luis Filipe de Lima com o próprio Callado, mentor dos arranjos. A ideia foi desdobrar os ritmos dos gêneros brasileiros em tempos ternários - partindo do compasso 3/4 da valsa europeia - através de combinações com o binário. Na teoria, a proposta pode sugerir um disco hermético, destinado a músicos e ouvintes capazes de ler partituras. Na prática, Nova Dança resulta interessante pel fato de quase nunca se perder na trilha da exploração pura e simples (uma possível exceção seria Expansão em 7). As composições de Callado soam palatáveis, com destaque para a exuberante Explode o Salão! - em clima de gafieira - e para o melancólico tema 2 Pra Lá, 3 Pra Cá. Parceria de Callado com Marcelo Caldi, Par ou Ímpar? tem o piano de Caldi e um ar camerístico que remete ao clima mais formal dos opulentos salões brasileiros do século 19 nos quais imperavam as valsas importadas da Europa. Alguns títulos de músicas já explicam as combinações por si só, caso de Valsa Jongo. Disco basicamente instrumental, Nova Dança apresenta três faixas cantadas. Além do supra-citado Samba em 3, defendido com precisão por Soraya Ravenle, Só Você é samba entoado por Marcos Sacramento, autor da letra do tema. Já Falta Alguma Coisa - parceria de Callado com Julio Dain - deixa a impressão de que falta realmente algo ao canto de Pedro Miranda, esperto nas divisões, mas sem verve para encarar versos que pedem voz capaz de interpretação com mais nuances. No todo, o CD Nova Dança explora terrenos pouco habitados  com música tão interessante na pauta quanto no CD-player.

2 comentários:

  1. Ritmo formatado habitualmente no compasso binário, o samba aparece em tempo ternário no CD Nova Dança, lançado pelo compositor e cavaquinista carioca João Callado. Explicitamente intitulado Samba em 3 e cantado no disco por Soraya Ravenle, o tema é parceria de Callado com Edu Krieger e exemplifica bem o conceito de Nova Dança. Partindo sempre de repertório autoral, o músico explora combinações ternárias no disco produzido por Luis Filipe de Lima com o próprio Callado, mentor dos arranjos. A ideia foi desdobrar os ritmos dos gêneros brasileiros em tempos ternários - partindo do compasso 3/4 da valsa europeia - através de combinações com o binário. Na teoria, a proposta pode sugerir um disco hermético, destinado a músicos e ouvintes capazes de ler partituras. Na prática, Nova Dança resulta interessante pel fato de quase nunca se perder na trilha da exploração pura e simples (uma possível exceção seria Expansão em 7). As composições de Callado soam palatáveis, com destaque para a exuberante Explode o Salão! - em clima de gafieira - e para o melancólico tema 2 Pra Lá, 3 Pra Cá. Parceria de Callado com Marcelo Caldi, Par ou Ímpar? tem o piano de Caldi e um ar camerístico que remete ao clima mais formal dos opulentos salões brasileiros do século 19 nos quais imperavam as valsas importadas da Europa. Alguns títulos de músicas já explicam as combinações por si só, caso de Valsa Jongo. Disco basicamente instrumental, Nova Dança apresenta três faixas cantadas. Além do supra-citado Samba em 3, defendido com precisão por Soraya Ravenle, Só Você é samba entoado por Marcos Sacramento, autor da letra do tema. Já Falta Alguma Coisa - parceria de Callado com Julio Dain - deixa a impressão de que falta realmente algo ao canto de Pedro Miranda, esperto nas divisões, mas sem verve para encarar versos que pedem voz capaz de interpretação com mais nuances. No todo, o CD Nova Dança explora terrenos pouco habitados com música tão interessante na pauta quanto no CD-player.

    ResponderExcluir
  2. Soraya canta muito bem sempre, Sacramento é médio e Pedro gostei só naquele disco Pimenteira dele

    ResponderExcluir

Este é um espaço democrático para a emissão de opiniões, sobretudo as divergentes. Contudo, qualquer comentário feito com agressividade ou ofensas - dirigidas a mim, aos artistas ou aos leitores do blog - será recusado. Grato pela participação, Mauro Ferreira

P.S.: Para comentar, é preciso ter um gmail ou qualquer outra conta do google.

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.