Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Álbum de Britney inclui duas faixas com will.i.am e a música 'Inside Out'

Aos poucos, via Twitter, são reveladas mais informações sobre o sétimo álbum de estúdio de Britney Spears, Femme Fatale, cujo lançamento - antes previsto para 15 de março de 2011 - foi agendado pela Jive Records para 29 de março. A cantora postou no Twitter 19 segundos de uma música intitulada Inside Out.  Pelo mesmo microblog, will.i.am e Britney já trocaram mensagens que indicam que há duas faixas feitas com a adesão do rapper do grupo Black Eyed Peas. O primeiro single de Femme Fatale, Hold It Against me, foi lançado em 11 de janeiro.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Beth esquece a dor da vida ao retornar aos palcos em show emocionante

Resenha de show
Evento: Sesc Rio Noites Cariocas
Título: Beth Carvalho
Artista: Beth Carvalho (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Pier Mauá (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 19 de fevereiro de 2011
Cotação: * * * * *

"Olha, meu amor, esquece a dor da vida...". Houve um significado maior quando Beth Carvalho cantou na sua volta à cena este verso inicial de Caciqueando, o carnavalesco samba de Noca da Portela que a cantora gravou em seu álbum Suor no Rosto (1983) e que reviveu no bis do show que emocionou e contagiou o público que foi ao Pier Mauá, na Zona Portuária do Rio de Janeiro (RJ), na noite de 19 de fevereiro de 2011. Ao encerrar um dos melhores shows de sua carreira, após pungente interpretação de As Rosas Não Falam (Cartola, 1976), Beth esquecia a dor da vida, celebrando sua trajetória e o início da recuperação de grave problema de coluna que a tirou de cena a partir de dezembro de 2009 e que a pôs provisoriamente numa cadeira de rodas. Por isso, houve no Pier Mauá na noite de sábado um significado maior no verso de Caciqueando e nos versos de  outros sambas cantados por Beth em um show consagrador. Por isso, houve também uma força estranha e positiva no ar desde que a cortina abriu e mostrou a cantora sentada ao centro de uma mesa que simulava o ambiente informal de um botequim e de uma roda de samba. Essa força estranha se manifestou desde que a cantora abriu o roteiro com Voltei (Oswaldo Nunes e Celso Castro, 1978), um samba do repertório de Elizeth Cardoso (1920 - 1990) e Elza Soares que significou muito naquela noite. A emoção foi grande na plateia e em Beth, visível nos olhos marejados da artista. E então bateu outra vez com esperanças o coração da sambista. E ela - em boa forma vocal - passou em revista, diante de um público jovial que a reverenciava, sucessos de uma das trajetórias mais dignas e coerentes da música brasileira. Quem há de negar que havia, sim, uma força estranha que tornou Andança (Edmundo Souto, Danilo Caymmi e Paulinho Tapajós, 1969) ainda mais irresistível do que de costume e que fez a vibração subir ainda mais com 1800 Colinas (Gracia do Salgueiro, 1974)? Sim, havia essa força estranha no ar que fez com que um roteiro afinal não tão novo - exceto por um pot-pourri de sambas-enredo e um outro samba inédito na voz de Beth, como o citado Voltei - fosse recebido com tanto entusiasmo. Essa força tornou insignificante até eventuais deslizes como a  inabilidade do mestre dos sopros Dirceu Leite para o canto, evidenciada quando Beth o requisitou para um dueto em Ainda É Tempo de Ser Feliz (Arlindo Cruz, Sombra, Sombrinha, 1998). Sim, o show que marcou efetivamente a volta da cantora à cena - após breves aparições em eventos políticos e no show do afilhado Zeca Pagodinho em 2010 - mostrou que ainda é tempo de Beth Carvalho esquecer a dor da vida, ser feliz e retomar sua carreira fonográfica com o prometido e necessário disco de inéditas a ser produzido por Rildo Hora. "Bate outra vez com esperanças o meu coração...".

Integrantes do Fundo de Quintal festejam o retorno de Beth aos palcos

Sambista que projetou a cozinha revolucionária do Fundo de Quintal no seu antológico álbum De Pé no Chão (1978), Beth Carvalho recebeu o carinho de integrantes do grupo carioca na sua volta aos palcos, na noite de sábado, 19 de fevereiro de 2011. Músicos do grupo apareceram no bloco final do show que encerrou a programação do projeto Sesc Rio Noites Cariocas, no Pier Mauá, na Zona Portuária do Rio de Janeiro (RJ). O Fundo de Quintal apareceu no início do samba Coisinha do Pai (1979), número no qual Beth também recebeu o carinho da filha, Luana Carvalho. Na sequência, Vou Festejar (1978) arrematou o show, ainda com a presença dos afilhados de Beth, madrinha da turma que renovou o samba carioca no fim dos anos 70.

Baiana boa, Mariene de Castro entra no samba carioca de Beth Carvalho

Cantora baiana que tem recebido elogios públicos de Beth Carvalho, Mariene de Castro foi uma das presenças surpreendentes do show que marcou a volta da sambista carioca aos palcos, na noite de sábado, 19 de fevereiro de 2011, no encerramento da programação do projeto Sesc Rio Noites Cariocas, no Pier Mauá, na Zona Portuária do Rio de Janeiro (RJ). Convidada do set baiano iniciado com dois sambas de Dorival Caymmi (1914 - 2014), O Samba da Minha Terra (1940) e Maracangalha (1956), Mariene entrou no palco no início de Ê Baiana (1971), o samba de Baianinho, Miguel Pancrácio, Fabrizio da Silva e Ênio dos Santos Ribeiro que foi projetado na voz de Clara Nunes (1942 - 1983). Mariene - vale lembrar - também marcou presença no último projeto fonográfico da artista, Beth Carvalho Canta o Samba da Bahia (2007), cantando o samba de roda Raiz (1992), de autoria de Jota Velloso e Roberto Mendes.

Martinho surpreende Beth com 'Ex-Amor' na volta da cantora aos palcos

Martinho da Vila foi um dos convidados que foram reverenciar Beth Carvalho - de surpresa - na volta da cantora aos palcos, na noite de sábado, 19 de fevereiro de 2011, no emocionante show que encerrou a programação do projeto Sesc Rio Noites Cariocas, no Pier Mauá, na Zona Portuária do Rio de Janeiro (RJ). Nem a cantora sabia da presença dos convidados, segredo guardado pelos profissionais envolvidos na produção do show. Martinho apareceu no palco quando Beth cantava seu samba Ex-Amor (1981) e, após dividir a interpretação do samba com a cantora, teve que fazer mais um número, a pedido do público. Martinho então improvisou Disritmia (1974), sendo acompanhando por Beth. O carinho entre os sambistas - perceptível na foto de Mauro Ferreira -  foi mais um capítulo numa história de amizade e admiração mútua que já atravessa décadas. Projetados nos festivais musicais dos anos 60, Beth e Martinho sedimentaram suas carreiras na década de 70. Já no seu primeiro álbum dedicado ao samba, Canto por um Novo Dia (1973), Beth gravou Fim de Reinado, samba de Martinho, que presenteou a cantora dois anos mais tarde com Enamorada do Sambão, sucesso do álbum Pandeiro e Viola (1975). A presença de Martinho abrilhantou um dos melhores shows de Beth.

Lab 344 edita no Brasil em abril 'All You Need Is Now', CD do Duran Duran

Lançado apenas em formato digital em dezembro de 2010, o 13º álbum de estúdio do Duran Duran, All You Need Is Now, já tem garantida sua edição brasileira. Sob licença do selo Tape Modern, aberto pelo grupo inglês, o selo Lab 344 vai lançar o disco no mercado nacional em abril de 2011, logo na sequência dos lançamentos do CD na Europa e nos Estados Unidos, agendados para 21 e 22 de março, respectivamente. Pilotado por Mark Ronson, produtor incensado por seus trabalhos com cantoras como Amy Winehouse e Lily Allen, All You Need Is Now é o primeiro álbum do Duran Duran gravado e comercializado dentro do esquema indie.

Sai enfim o primeiro DVD de Mariene de Castro, 'Santo de Casa ao Vivo'

Na sequência (não imediata) do CD lançado nacionalmente em outubro de 2010, a gravadora Universal Music põe nas lojas, neste mês de fevereiro de 2011, o primeiro DVD de Mariene de Castro, Santo de Casa ao Vivo. O DVD apresenta o registro integral do caloroso show feito pela cantora baiana no Teatro Castro Alves, em Salvador (BA), na tarde de 15 de fevereiro de 2009. Estão no DVD números que não entraram no CD, lançado primeiramente em pequena tiragem independente, em maio de 2010, dois meses antes de Mariene assinar contrato com a Universal Music para a distribuição do sucessor de Abre Caminho (2004). Entre os números exclusivos do DVD, há o samba Na Paz de Deus (lançado por Alcione em 1986), um pot-pourri de sambas de Dorival Caymmi (1914 - 2008) - linkado no roteiro com registro intimista de Rosa Morena, outro samba do mestre baiano - e músicas de Roque Ferreira, casos do coco de embolada Garaximbola (Ganhadeiras de Itapuã), do Samba de Terreiro e do coco Quebradeira de Coco. Cantora mais expressiva da Bahia na atualidade, Mariene de Castro celebra as boas tradições afro-baianas do samba de roda e do Candomblé em obra que chega, enfim, ao DVD.

Juanes celebra amor e amizade de forma banal no quinto CD, 'P.A.R.C.E.'

Resenha de CD
Título: P.A.R.C.E.
Artista: Juanes
Gravadora: Universal Music
Cotação: * *

Juanes é ídolo do pop rock latino. Recém-editado no Brasil pela Universal Music, o quinto álbum de estúdio do cantor e compositor colombiano - P.A.R.C.E. - foi lançado em dezembro de 2010 no mercado fonográfico de língua hispânica. Não é o melhor cartão-de-visitas para quem ainda não conhece a obra deste artista que mescla eventualmente a batida do pop rock com os ritmos de sua terra natal. O título P.A.R.C.E. é abreviação de parcero, termo popular em Medellín - cidade natal de Juanes - que designa amigo e também pode ser entendido como acrônimo de "paz, amor, respeito, compromisso e esperança". No disco, Juanes exalta a amizade e o amor de forma banal. Em que pesem as boas intenções, as letras rasas impedem o álbum de alçar voor. Amigos e Yerbatero são faixas com boa pegada que abrem bem o CD gravado em Londres e produzido por Juanes em parceria com Stephen Lipson. Contudo, P.A.R.C.E. logo vai perdendo pique ao longo das 10 faixas de sua edição standard (a Deluxe Edition inclui Regalito, tema eleito o terceiro single do álbum). La Razón é balada cansativa em que Juanes celebra a reconciliação com sua esposa e o nascimento de seu filho. No mesmo tom, El Amor lo Cura Todo expõe letra que parece construída com auxílio de manual de autoajuda. Em linha mais politizada, Segovia versa sobre um massacre de 1988 que deixou mortos enquanto a música incorpora elementos de tango em sua batida pop. A mesma ouvida após a introdução folk de Todos los Días. Enfim, Juanes apresenta um disco popular embebido em valores positivos. Pena que, ao pregá-los, o astro colombiano patine na superficialidade...

sábado, 19 de fevereiro de 2011

'Expresso 2222' de Gil circula vibrante pelas vias juninas no verão do Rio

Resenha de Show
Evento: Verão do Rio
Título: Fé na Festa
Artista: Gilberto Gil (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Marina da Glória (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 19 de fevereiro de 2011
Cotação: * * * * *

Após circular pela Europa e pelo Nordeste no segundo semestre de 2010, o expresso junino de Gilberto Gil entrou em trilhos cariocas. Atração da segunda semana do evento Verão do Rio, que mistura música e cinema, o show Fé na Festa esquentou a Marina da Glória já na madrugada deste sábado, 19 de fevereiro de 2011. Vibrante, o Expresso 2222 de Gil transitou sem desvios de rota pelas trilhas juninas que pavimentaram o último primoroso álbum de inéditas do cantor, Fé na Festa (2010). Já na partida, dada com a faixa-título do CD que revitalizou o cancioneiro de Gil, ficou claro que a tripulação - uma superbanda que incluía Toninho Ferragutti (acordeom), Sergio Chiavazzoli (guitarra), Nicolas Krassik (violino e rabeca), Gustavo di Dalva (percussão), Jorginho Gomes (zabumba) e Arthur Maia (baixo) - estava preparada para fazer a viagem por xotes, baiões, xaxados e toadas. Ritmos que compõem o universo musical nordestino das festas juninas. A animação do público jovial que enchia a pista levava a crer que o baião ainda era a Dança da Moda, como apregoava o título do baião composto em 1950 por Luiz Gonzaga (1912 - 1989) e Zé Dantas (1921 - 1962). Mas, ciente de que os anos 2000 já ditam o ritmo da moda e da música, Gil fez o Expresso 2222 circular entre as modernidades e as tradições, estas evocadas pela série de músicas do repertório de Gonzagão (Qui nem Jiló, Respeita Januário, Baião, Asa Branca, Olha pro Céu, Baião da Penha, O Xote das Meninas) que pontuam o roteiro caloroso, coeso e irretocável. Com um pé no passado (Estrela Azul do Céu, tema suave que exala a nostalgia dos balões que iluminavam os céus de junho) e outro no presente (O Livre Atirador e a Pegadora, xote que aborda sem julgamento o troca-troca e  a pluralidade sexual dos casais contemporâneos), Gil apresenta um show acelerado que nunca sai dos trilhos pela pegada forte e pelo entrosamento da banda. A propósito, em Lamento Sertanejo, número que serve de pretexto para Gil exaltar o desenvolvimento significativo do legado de Gonzaga por Dominguinhos, Nicolas Krassik sola e sobressai nessa banda em que - como Gil ressalta em cena - faz o papel do rabequeiro, figura fundamental no universo musical nordestino, exemplo da influência da música árabe na rítmica da região. Seis números mais tarde, Krassik - francês de alma brasileira - se revela endiabrado ao comandar o instrumental O Casamento da Raposa, momento arrebatador do show. Enfim, Gilberto Gil aprendeu a fazer a festa junina com o Rei do Baião - como deixa claro já no título do xote Aprendi com o Rei, de João Silva - e, por isso, a safra autoral de Fé na Festa resulta tão sedutora. Aliadas ao repertório infalível de Gonzação e a alguns temas anteriores do cancioneiro do próprio Gil, como Madalena e o Expresso 2222, as boas novas do compositor garantem a animação contínua da festa. Se o Expresso 2222 passar por sua cidade, não perca a chance de oiar Gil xaxando, renovado e em boa forma vocal (atestada pelos falsetes do xaxado Assim, Sim) e levantar a poeira que nem sempre esteve tão alta. Seu show é perfeito!

Radiohead se perde na floresta climática em que situa The King of Limbs

Resenha de CD
Título: The King of Limbs
Artista: Radiohead
Gravadora: EMI Music (edição digital à venda no site do disco)
Cotação: * *

Oitavo álbum do Radiohead, The King of Limbs é - de certa forma - uma continuação mais radical de seu antecessor In Rainbows (2007), disco que seguiu a trilha experimental pavimentada pelo grupo inglês em álbuns como Kid A (2000) e Amnesiac (2001). Contudo, se havia melodias no arco-íris de cores experimentais que iluminou In Rainbows, há mais climas, sombras e loops em The King of Limbs do que  músicas propriamente ditas. Lançado em edição digital em 18 de fevereiro de 2011, um dia antes da data anunciada pela banda, The King of Limbs alude no título a um carvalho situado na milenar floresta Savernake, em Wiltshire. Pelo que se ouve nas oito faixas do álbum, que quase pode ser catalogado como um EP, o Radiohead se perdeu na floresta da experimentação excessiva. The King of Limbs é um disco cerebral, desconexo e eventualmente até chato. Bloom, a faixa de abertura, introduzida por um piano camerístico, já leva o ouvinte para o clima denso que pauta o álbum. Morning Mr. Magpie é mais percussiva e destaca uma guitarra. Na sequência, Little by Little parece tangenciar em alguns breves momentos o formato da canção, mas a pista é falsa e a música soa inacabada, como se fosse o registro embrionário de uma demo que pode vir a ser o ponto de partida para uma verdadeira canção. Em seguida, Feral se mostra ambientada em clima dub, com forte camada percussiva. Vem, então, a melodiosa Lotus Flower, faixa que inspirou o controvertido primeiro clipe do disco. Estrategicamente eleita o primeiro single do álbum, Lotus Flower tangencia de fato o formato da canção mais tradicional - embora nenhum ouvinte em sã consciência possa esperar do Radiohead a produção em série de hits radiofônicos.  Na sequência, a boa balada Codex é o veículo ideal para o vocalista Thom Yorke exprimir toda a melancolia atormentada que move o cancioneiro do Radiohead desde os primórdios da banda. Contudo, as duas faixas finais, Give up the Ghost e Separator, fazem o álbum repisar novamente a trilha experimental na qual o Radiohead se perde, soterrado sob camadas sonoras tão densas quanto cansativas. The King of Limbs não está à altura da banda.

Esperanza Spalding acerta o tom de seu jazz em 'Chamber Music Society'

Resenha de CD
Título: Chamber Music Society
Artista: Esperanza Spalding
Gravadora: Heads Up (Concord Music) / Universal Music
Cotação: * * * *

Não foi por acaso que Esperanza Spalding recebeu o prêmio de Artista Revelação na última edição do Grammy Awards. Embora dado com dois anos de atraso, uma vez que a artista foi projetada em 2008 com o lançamento de seu segundo álbum, Esperanza, o prêmio é justo e merecido. Com seu terceiro álbum, Chamber Music Society (2010), recém-lançado no Brasil pela Universal Music, a cantora, compositora e contrabaixista norte-americana se consagra efetivamente como a grande descoberta do jazz nos últimos anos. Produzido pela própria Esperanza em parceria com Gil Goldstein, Chamber Music Society é disco de jazz mesmo. Não há flertes com o pop jazz de Diana Krall e Cia. Ao contrário, Esperanza apresenta um disco de arranjos arrojados que buscam eventualmente a interação do jazz com o universo da música erudita, evocado pelo trio de cordas formado por Entcho Todorov (violino), Lois Martin (viola) e David Eggar (violoncelo). A interação entre os dois mundos musicais é perceptível já na introdução da bela Little Fly, destaque entre os 11 temas do disco. A grande maioria, como os autorais Really Very Small e Chacarera, não possui letra, sendo levados por Esperanza em refinados vocalises. Outros têm, caso de Wild Is the Wind, tema feito por Dimitri Tiomkin e Ned Washington para o filme homônimo de 1957. Na faixa, a cantora esbanja categoria vocal em interpretação aconchegante. Influenciada pela música brasileira, a artista também se aventura em abordagem de Inútil Paisagem, música de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, entoada por Spalding em versão bilíngue que salpica versos em inglês e português entre os vocais da cantora. Fã de Milton Nascimento, de quem rebobinou Ponta de Areia em seu álbum Esperanza (2008), a artista convocou o compositor brasileiro para fazer dueto em Apple Blossom, faixa que reitera a sofisticação ousada deste personalíssimo Chamber Music Society.

'Doo-Wops & Hooligans' credencia Bruno Mars para brilhar sob holofotes

Resenha de CD
Título: Doo-Wops & Hooligans
Artista: Bruno Mars
Gravadora: Elektra / Warner Music
Cotação: * * * *

Lançado em outubro nos Estados Unidos, o primeiro álbum de Bruno Mars chega ao Brasil com quatro meses de atraso porque, no mercado nacional, Mars não tem o peso que tem nos EUA, onde Doo-Wops & Hooligans já emplacou dois megahits, Grenade e Just the Way You Are, e rendeu Grammy ao artista na importante categoria Melhor Performance Vocal Masculina Pop pela gravação de Just the Way You Are. Para quem não liga o nome à música, Bruno Mars esteve por trás de grandes sucessos recentes da indústria fonográfica dos EUA. Entre eles, Billionaire (de Travie McCoy) e Fuck You (de Cee Lo Green, convidado da faixa The Other Side neste disco de estreia de Mars). Doo-Wops & Hooligans credencia o artista para brilhar sob os holofotes. Espécie de Lulu Santos dos EUA, Mars tem mão certa para formatar hits que pedem para ser cantados em coro por multidões. Além dos dois já bem-sucedidos singles, Doo-Wops & Hooligans enfileira alguns temas que são hits natos, notadamente Marry You e Count on me, dois exemplos de pop perfeito. Entre reggae turbinado com o rap de Damian Marley (Liquor Store Blues), r & b (Our First Time) e balada ligeiramente interiorizada (Talking to the Moon, alocada também como bônus em versão acústica de piano), o álbum cumpre bem função de apresentar Bruno Mars ao mercado. Doo-Wops & Hooligans é disco assumidamente pop, ensolarado e sedutor. Se Mars tiver carisma no palco, nasceu um cantor para multidões...

McFly toca o terror em DVD que exibe curta-metragem feito pela banda

Banda inglesa cultuada por adolescentes, McFly toca o terror no DVD Nowhere Left to Run, recém-lançado no Brasil pela gravadora Universal Music. De tom vampiresco, usado para atrair os fãs da saga de Crepúsculo, o DVD exibe curta-metagem de 30 minutos em que os músicos do McFly vivem eles mesmos. A trilha sonora é calcada no repertório do quinto álbum do grupo, Above the Noise (2010). Tanto que, nos extras, Nowhere Left to Run exibe clipes das músicas Party Girl, Shine a Light e End of the World além, claro, das tradicionais cenas de bastidores.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Peso de 'Ave Rara' impede Silvia Maria de alçar voo alto na volta ao disco

Resenha de CD
Título: Ave Rara
Artista: Silvia Maria
Gravadora: Joia Moderna / Tratore
Cotação: * * *

Cantora paulistana pouco ou nada ouvida, Silvia Maria debutou em disco em 1973 com o LP Porte de Rainha. Sete anos depois, em 1980, lançou um álbum independente intitulado Coragem e sumiu na poeira da estrada até ser resgatada, três décadas depois, pelo produtor Thiago Marques Luiz e por Zé Pedro, o DJ que virou empresário e que viabiliza o lançamento do terceiro álbum de Silvia, Ave Rara, por sua recém-aberta gravadora Joia Moderna. De fato, trata-se de uma grande voz - como Zé Pedro alardeia em texto escrito para o encarte do disco. Silvia Maria se revela - e revela é o termo certo para uma intérprete até então conhecida basicamente por sua plateia de amigos - cantora segura, discípula do rigor estilístico de Elizeth Cardoso (1920 - 1990) e Elis Regina (1945 - 1982), para citar dois exemplos de cantoras de técnica apurada e depurada. Silvia é dessa escola. Basta ouvir sua interpretação de Sete Cordas (Raphael Rabello e Paulo César Pinheiro, 1982) para atestar a alta categoria vocal da cantora. Contudo, Ave Rara tem um peso que impede Silvia Maria de alçar voo pleno nesse seu retorno ao disco. A rigor, não há reparos a serem feitos no CD. A cantora exibe técnica perfeita, os arranjos do violonista Conrado Paulino - diretor musical do álbum - se pautam pelo refinamento e o repertório alinha músicas nada óbvias de grandes compositores da música brasileira. Ainda assim, o peso do disco faz com que Ave Rara soe arrastado - pista já dada pela caudalosa abordagem de Rio Vermelho (Milton Nascimento, Danilo Caymmi e Ronaldo Bastos, 1968) que abre o trabalho. A densa interpretação de Que Eu Canse e Descanse (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle, 1970) reitera o tom do CD. Falta leveza, inclusive ao samba Minha Embaixada Chegou (Assis Valente, 1934) - faixa em que o baixo de Bruno Migotto exibe mais suingue do que a voz da cantora. Sim, há traços de suavidade como o violão bossa-novista que adorna Acendeu (Eduardo Gudin, 2006). E, afinal, nenhum disco precisa ser leve para ser bom. Há discos que se tornam grandiosos justamente pelo peso e densidade de seus arranjos e interpretações. O que talvez impeça Ave Rara de realmente seduzir o ouvinte seja uma certa linearidade nesse peso e a opção por um repertório carregado que não facilita a degustação do cristal potente de Silvia Maria. Grandes compositores nem sempre assinam grandes músicas. Seja como for, Ave Rara é o disco de uma excelente cantora que merece continuar em cena.

'Negra Melodia' dá frescor e vitalidade à discografia mofada de Zezé Motta

Resenha de CD
Título: Negra Melodia
Artista: Zezé Motta
Gravadora: Joia Moderna / Tratore
Cotação: * * * *

Negra Melodia quase chega a ser o grande disco que Zezé Motta pode (e ainda deve) fazer para se reconectar definitivamente com a arrojada cantora que movimentou a cena musical dos anos 70 sem se deixar enquadrar (de início) no rótulo de sambista. De todo modo, o CD representa sopro de vitalidade, frescor e jovialidade em discografia que já estava engessada e demasiadamente espaçada. Basta dizer que o último disco da cantora - hoje mais conhecida como atriz de novelas por quem não testemunhou seu promissor início de carreira fonográfica - saiu há 11 anos e flertou com o passado em tom senhoril. Divina Saudade (2000) era tributo a Elizeth Cardoso (1920 - 1990) prestado com interpretações e arranjos tão mofados quanto os de seu antecessor A Chave dos Segredos (1995). Em Negra Melodia, Zezé recusa o mofo ao entrelaçar sem obviedades os cancioneiros de Jards Macalé e Luiz Melodia - compositores injustamente jogados na vala dos malditos da MPB dos anos 70. O tom arejado do disco -  produzido por Thiago Marques Luiz, sob a direção musical de André Bedurê e Rovilson Pascoal - se revela já na opção por excluir do repertório as músicas mais batidas dos compositores. De cara, Zezé cai no samba com suingue em O Sangue Não Nega (Luiz Melodia e Ricardo Augusto, 1983), repetindo a dose quatro faixas depois com Pano pra Manga (Jards Macalé e Xico Chaves, 1994). A voz está em forma, como fica claro na introdução a capella de Decisão (Luiz Melodia e  Sérgio Mello, 1987). Por isso mesmo, Zezé podia ter se soltado e se arriscado mais como em Soluços (Jards Macalé, 1970), a melhor faixa do disco, o lampejo que indica que, no peito da afinada cantora de 66 anos, ainda bate o coração daquela artista que nos anos 70 se libertou inicialmente das amarras do mercado até se deixar enquadrar nos padrões pela necessidade de sobrevivência. A guitarra rascante de Rovilson Pascoal sublinha o  momento iluminado de Zezé. Mas há (alguma) luz também na suingante Onde o Sol e Bate se Firma (Luiz Melodia, 1970) e mesmo nas sombras da bluesy Começar pelo Recomeço (Luiz Melodia e Torquato Neto, 1997) e da resistente The Archaich Lonely Blue Star (Jards Macalé e Duda, 1970). "Sou forte feito cobra coral / ... / Um velho novo cartão postal", garante Zezé em versos de Vale Quanto Pesa (Luiz Melodia, 1973), boa faixa pontuada pelo trombone de Tiquinho. É fato que músicas como Anjo Exterminado (Jards Macalé, 1972) já ganharam interpretações tão marcantes que fica difícil imprimir nelas alguma nuance reveladora. Em contrapartida, temas pouco ouvidos como Divina Criatura (Luiz Melodia e Papa Kid, 1983) - situado por Zezé próximo do terreiro afro-baiano - soam como se fossem novos. Ao fim do disco, a interpretação a capella de Encanto (Jards Macalé, Lígia Anel, Xico Chaves e Christianne Dardenne, 1992) sedimenta a impressão de que Negra Melodia repõe nos trilhos o canto de Zezé Motta e dá a cantora oportunidade de se reapresentar com frescor para novas gerações, quem sabe até cantando "Muito prazer, eu sou Zezé..." como no seu disco de 1978.  

Caixa embala as 42 gravações do centenário 'bluesman' Robert Johnson

Um dos bluesmen mais influentes de todos os tempos, morto precocemente aos 28 anos, o cantor, compositor e guitarrista norte-americano Robert Johnson (1911 - 1938) iria completar 100 anos em 8 de maio de 2011. O centenário de nascimento do artista vai ser festejado com o lançamento, em 26 de abril, da caixa Robert Johnson - The Complete Original Masters - Centennial Edition. Editada pela Columbia / Legacy, com distribuição da Sony Music, a caixa embala libreto, réplicas em vinil dos 12 discos de 78 rotações por minuto lançados por Johnson e CD duplo (Robert Johnson - The Centennial Collection) com todas as 42 gravações feitas pelo músico no Texas (EUA) em duas sessões de estúdio realizadas em novembro de 1936 e em junho de 1937. Um outro CD duplo, Rarities from the Vaults, rebobina gravações seminais do blues no toque de outros artistas. A caixa traz também DVD com  documentário sobre a lenda do Mississipi, The Life & Music of Robert Johnson: Can't You Hear the Wind Howl? (1997),  filmado sob a direção de Peter Meyer e apresentado pelo ator Danny Glover. Detalhe: o CD duplo Robert Johnson - The Centennial Collection vai ser posto separadamente nas lojas pela Sony Music a partir de 26 de abril, mas a caixa vai ser comercializada somente através de um site mantido pela gravadora para vender o projeto que honra o legado de Robert Johnson.

'Dama Indigna' reconecta Cida Moreira ao teatro denso de sua discografia

Resenha de CD
Título: A Dama Indigna
Artista: Cida Moreira
Gravadora: Joia Moderna / Tratore
Cotação: * * * * *

"Rio e também posso chorar... Cantar nunca foi só de alegria", dispara Cida Moreira ao salpicar versos de Hotel das Estrelas (Jards Macalé e Duda, 1971) e Palavras (Gonzaguinha, 1973), músicas linkadas na primeira das 12 faixas de seu nono álbum, A Dama Indigna, registro de estúdio do show de voz e piano que vem sendo apresentado em São Paulo desde 2010. Produzido pela própria Cida com Thiago Marques Luiz, o CD reconecta a intérprete ao teatro denso de sua discografia, iniciada há 30 anos com o lançamento independente de Summertime (1981). Nesses 30 anos, Cida manteve a dignidade, a coerência e a personalidade sem sair da margem do mercado fonográfico. Todos seus oito discos anteriores exalaram essa dignidade. Contudo, os últimos - Na Trilha do Cinema (1997), Uma Canção pelo Ar... (2003) e Angenor (2008), sensível tributo ao compositor carioca Cartola (1908 - 1980) - distanciaram a artista da atmosfera esfumaçada de seus trabalhos iniciais. Em A Dama Indigna, o maior destaque do lote inicial de lançamentos da gravadora Joia Moderna, aberta pelo DJ Zé Pedro para dar voz a cantoras, Cida adentra novamente o cabaré em que já se jogou sem rede no mar do cancioneiro de Bertolt Brecht (1898 - 1956) em disco irretocável de 1987 que permanece esquecido no baú da Warner Music. A voz operística já perdeu naturalmente um pouco de potência com o passar desses 30 anos, mas continua precisa e cortante. Poucas intérpretes conseguiriam destilar todas as mágoas, ódios e ressentimentos contidos em Uma Canção Desnaturada (Chico Buarque, 1978) sem precisar elevar os tons. Cida consegue ao dar ao tema registro mais interiorizado que se situa em fina sintonia com a interpretação igualmente íntima de O Ciúme (Caetano Veloso, 1987). Não há firulas nos 33 minutos e 47 segundos em que A Dama Indigna permanece em cena. Intensa em sua teatralidade, Cida toma para si as dores de amores expiadas por Amy Winehouse em Back to Black (Amy Winehouse e Mark Ronson, 2006) e por Roberto Carlos (Maior que o meu Amor, bela canção pueril de Renato Barros que o Rei lançou em 1970 e que Cida adensa sem transfigurar o tema). Hábil pescadora de pérolas, a cantora também tira do baú a desbocada Sou Assim, música da trilha sonora da peça Botequim (1973), assinada por Toquinho com o ator e dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri (1934 - 2006) - cujo nome, devidamente creditado na contracapa, é omitido no desatento encarte que também inverte a ordem das faixas O Ciúme e Youkali-Tango (Roger Ferney e Kurt Weill). Embebida em natural teatralidade, Sou Assim se ajusta com com perfeição ao canto da atriz. Sim, antes de se transformar em cantora, Cida foi atriz. Por ser atriz, ela entende o texto de cada canção. Por ser do time das grandes intérpretes, ela vai além, explorando tons e nuances então ocultas nessas canções. E costura tudo em roteiro que tem o sentido teatral. É por isso que A Dama Indigna irmana Soul Love (David Bowie, 1972), Summertime (DuBose Heyward, George Gershwin & Ira Gershwin, 1935), Mãe (Caetano Veloso, 1978, com a dose exata de melancolia) e The Man I Love (George Gershwin & Ira Gershwin, 1924) sem que esse sentido se perca em momento algum. Com seu piano autosuficiente e sua voz marginal que vai da ternura à loucura em diapasão pautado por essa sua salutar teatralidade, Cida Moreira escala novamente o topo com insana dignidade - ora risonha, ora chorona, certa de que cantar nunca foi só de alegria. Uma dama!

Warner lança no Brasil 'No Mercy', o estelar sétimo álbum do 'rapper' T.I.

Lançado pela Atlantic nos Estados Unidos em 7 de dezembro de 2010, o sétimo álbum de estúdio do rapper norte-americano T.I. acaba de ganhar edição brasileira, distribuída pela Warner Music. No disco, intitulado No Mercy, T.I. recebe time estelar de convidados no qual figuram Christina Aguilera (em Castle Walls), Eminem (em That's All She Wrote, faixa eleita o segundo single), The Dream (na faixa-título, No Mercy), Chris Brown (em Get Back up, o primeiro single) e Pharell (em Amazing), entre outros nomes recorrentes no mundo do hip hop.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Fevereiro chega e traz a lírica carnavalizante do poeta Fausto Nilo em CD

Resenha de CD
Título: Quando Fevereiro Chegar - Uma Lírica de Fausto Nilo
Artista: Vários
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Compositor que animou muitos Carnavais com sua poética festiva, Fausto Nilo sempre pôs poesia no chão da praça. Quando Fevereiro Chegar - Uma Lírica de Fausto Nilo é o disco produzido por Robertinho de Recife em 2009 sob encomenda da Prefeitura de Fortaleza (CE) para celebrar a obra carnavalizante deste compositor nascido em Quixeramobim, no interior do Ceará. Lançado no Carnaval de 2010, o tributo ganha edição comercial pela gravadora Biscoito Fino. Atrás deste disco só não vai quem já morreu para a tal da MPB. Já na primeira faixa - o frevo Vida Boa (Fausto Nilo e Armandinho, 1986), revivido por Geraldo Azevedo - fica claro que o bloco do prazer segue fiel às tradições da poética carnavalizante e dos cânones do som da folia. Apesar de seu canto soar opaco na faixa, Caetano Veloso joga luz sobre Coisa Acesa (Fausto Nilo e Moraes Moreira, 1982) enquanto Elza Soares cai no samba com seus vocais roucos para reavivar Santa Fé (Fausto Nilo e Moraes Moreira, 1985). Tema da novela Roque Santeiro (1985), Santa Fé é bissexto tema em que a lírica alegre do poeta se deixa enovoar por certa tristeza. No todo, o poeta se deixa levar pela alegria. E Carlinhos Brown não desafina o coro dos contentes ao brincar n'O Chão da Praça (Fausto Nilo e Moraes Moreira, 1979) ao passo que Ivan Lins cai macio no samba com Pão e Poesia (Fausto Nilo e Moraes Moreira, 1981). Já Fernanda Takai faz de O Elefante (Fausto Nilo e Robertinho de Recife, 1982) a sua música de brinquedo, fiel ao espírito lúdico do atual álbum de seu grupo Pato Fu. Há algo de lúdico também nos sopros de Jessé Sadock e Jessé Sadock Filho que pontuam o galope Periga Ser (Fausto Nilo e Robertinho de Recife, 1980), interpretado por Zé Ramalho com o arranjo mais inventivo do CD. Com a habitual personalidade, Zeca Baleiro sai do bloco ao cantar Eu Também Quero Beijar (Fausto Nilo, Moraes Moreira e Pepeu Gomes, 1982) em registro suave que dá outro tom à música sem trair a levada original. A única faixa realmente desbotada é Zanzibar (Fausto Nilo e Armandinho, 1981). A gravação de Jorge Vercillo sequer roça a pegada eletrizante do registro do grupo A Cor de Som. Na sequência, Moraes Moreira escala a rítmica forrozeira de Pedras que Cantam (Fausto Nilo e Dominguinhos, 1991) com a intimidade de quem sempre brincou os mesmos Carnavais animados pelo poeta, um de seus parceiros mais importantes. Pedras que Cantam foi sucesso de Fagner, intérprete convidado de Chorando e Cantando (Fausto Nilo e Geraldo Azevedo, 1986), tema que o cantor cearense entoa em ritmo mais acelerado, quase agalopado. No fim, todos seguem juntos - ao lado do homenageado - o Bloco do Prazer (Fausto Nilo e Moraes Moreira, 1980), grande sucesso da tropical Gal Costa em 1982, revivendo os tempos carnavalescos em que tinha (muito) mais poesia no chão da praça.

CD com a trilha de 'Bruna Surfistinha' apresenta gravação inédita de Céu

Com estreia agendada para 25 de fevereiro de 2011 nos cinemas brasileiros, o filme Bruna Surfistinha já tem sua trilha sonora editada em CD pela gravadora EMI Music. Um dos destaques da trilha - assinada pelo coletivo Instituto (Gui Amabis, Rica Amabis e Tejo Damasceno) - é gravação inédita de Céu, Sunshine Girl, feita para o filme. A seleção também destaca fonograma antigo do grupo Radiohead - Fake Plastic Trees, do álbum The Bends, lançado em 1995 - entre temas originais assinados por André Lucarelli (They Don’t Make Mistakes, Keep Your Hands In e Little Darling) e Rica Amabis (Fevereiro 32 e Filme Triste).