Mauro Ferreira no G1

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sábado, 19 de dezembro de 2015

RETROSPECTIVA 2015 – Júlia Vargas brilha, já pronta para cantar pelo Brasil

 RETROSPECTIVA 2015 – Cantora e percussionista fluminense natural de Cabo Frio (RJ), Júlia Vargas tenta se fazer ouvir no Brasil desde 2012, ano em que lançou o primeiro álbum, Júlia Vargas, equivocadamente editado pela gravadora Sony Music somente em formato digital, ao qual muitos consumidores de discos de MPB - principal público-alvo da artista - ainda são refratários. Como o mercado fonográfico brasileiro está em processo de decomposição, a cantora precisou de paciência. Contudo, ao longo deste ano de 2015, o canto grave de Júlia Vargas começou a ecoar com mais força neste país de cantoras, mas por ora basicamente em palcos cariocas e fluminenses. Por enquanto, a cantora ainda tem sido associada a Chico Chico, nome artístico do cantor e compositor carioca Francisco Ribeiro Eller, filho da cantora Cássia Eller (1962 - 2011). Só que, nos shows divididos com Chico, Júlia Vargas mostrou que já tem cacife e maturidade para fazer nome e caminhar sozinha. Lançado neste segundo semestre de 2015, o segundo título da discografia da cantora - Ao vivo em Niterói, projeto de Rodrigo Garcia assinado por Júlia Vargas com a banda Os Barnabés e editado pelo selo Porangareté, com distribuição da gravadora Coqueiro Verde Records, em kit que junta CD e DVD em embalagem de DVD - perpetua números do show da artista. Músicas da compositora paraibana Cátia de França - Coito das araras (1979), Geração (1985), Minha vida é uma rede (1985) e Os galos (1979), baião cantado por Júlia em dueto com João Cavalcanti - predominam no roteiro em que Milton Nascimento está triplamente representado com Cravo e canela (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos, 1971),  Caxangá (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1977) e a citação a capella de Ponta de areia (Milton Nascimento e Fernando Brant, 1974) que abre a gravação ao vivo do show captado em apresentação no Teatro Municipal de Niterói, palco mais nobre da cidade fluminense de Niterói (RJ). Além da intervenção de João Cavalcanti, o show exibido em Ao vivo em Niterói tem adesões de Rodrigo Maranhão - em Sonho, tema de Maranhão em que o compositor ecoa a prosódia dos cantadores da nação nordestina - e do percussionista Marcos Suzano, cujo pandeiro trava duelo com a zabumba de Durval Pereira (integrante de Os Barnabés) em Onde o xaxado tá? (Gilberto Gil e Rodolfo Stroeter, 1998). Enfim, no canto de MPB de acento nordestino, Júlia mostrou em 2015 que está pronta para ser ouvida e aclamada no Brasil, país de cantoras. Resta saber se o Brasil já está pronto para ouvir Júlia Vargas.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

Chico Chico é boa promessa ao lado da radiante Júlia Vargas, cantora pronta

Resenha de show - Música na varanda
Título: Chico Chico & Júlia Vargas
Artistas: Chico Chico e Júlia Vargas (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Casa de Cultura Laura Alvim (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 9 de agosto de 2015
Cotação: * * * 1/2
Show de volta ao cartaz no Beco das Garrafas (RJ) em 14 de agosto de 2015, às 22h30m, 
  e na varanda da Casa de Cultura Laura Alvim (RJ) em 16 de agosto de 2015, às 17h30m

Chico Chico e Júlia Vargas fazem trabalhos musicais distintos. A junção dos dois artistas em show que virou cult no circuito da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro (RJ) é estratégia inteligente para que um amplie sua visibilidade a reboque (do público) do outro. A mais beneficiada por essa tática mercadológica é Júlia, luminosa cantora e percussionista fluminense que está pronta para o sucesso. "Você é muito boa!", gritou para Júlia um espectador que se espremeu na varanda da Casa de Cultura Laura Alvim no fim da tarde de domingo, 9 de agosto de 2015, para ver o show que começou a gerar burburinho em temporada em boate do recém-revitalizado Beco das Garrafas e acabou parando no projeto Música na varanda, da Laura Alvim. A varanda ficou pequena para abrigar o público dos dois artistas, ainda basicamente formado via lista amiga por um círculo de convidados e curiosos. Júlia se beneficia da junção mais do que Chico porque os holofotes estão voltados para este jovem cantor, compositor e violonista carioca de 21 anos que está prestes a lançar seu primeiro disco como integrante mais destacado da banda 2x0 Vargem Alta. Chico Chico, afinal, é ninguém menos do que Francisco Ribeiro Eller, o filho de Cássia Eller (1962 - 2001), cantora carioca da qual o Brasil sente saudade doída por conta de sua precoce saída de cena. Contudo, Chico Chico jamais se porta no palco como um clone da mãe. Há, sim, leves evocações de Cássia no timbre da voz (mera herança genética) e, sobretudo, no visual despojado. Mas o trabalho musical de Chico segue linha que diverge do trilho aberto por Cássia ao longo dos anos 1990. No show, ele mostra e canta músicas autorais que revelam compositor promissor. Minha voz (de poética árida), Garoto da soleira (de pegada nervosa) e Notas de cem (apresentado no show com arranjo folk acústico de toque bluesy) merecem menções honrosas. Tema cantado no set solo de Chico, O muro - outro número de acento funk - sinaliza, em contrapartida, um compositor por vezes ainda pueril, em processo inicial de maturação. Já Júlia Vargas está no ponto para ganhar visibilidade nacional. No show, feito por Chico e Júlia na companhia do violonista Rodrigo Garcia, a cantora irradia luz e segurança de veterana, com voz e presença cênica inebriantes. No roteiro de ritmo predominantemente nordestino, Júlia dá voz a músicas igualmente incisivas dessa região arretada, casos de Coito das araras (Cátia de França, 1979) e de Desabafo (Cecéu, 1982), ambas gravadas pela artista em seu primeiro disco, Júlia Vargas (Sony Music, 2012), infelizmente lançado somente em edição digital - o que limitou sua projeção na mídia e sua absorção pelo público que consome MPB, ainda apegado aos formatos físicos. No show, Júlia linka o baião Desabafo - lançado em disco pela cantora pernambucana Marinês (1935 - 2007) - com tema agitado e questionador da lavra de Gilberto Gil e Rodolfo Stroeter, Onde o xaxado tá? (1998). Neste número, Júlia xaxa, toca zambumba e ainda costura as duas músicas com citação de Hit the road Jack (Percy Mayfield, 1960), o ritmado blues que Ray Charles (1930 - 2004) tomou para si a partir de 1961. Momentos antes, Júlia já tinha seduzido o público ao cantar em sequência três temas do repertório da cantora africana Miriam Makeba (1932 - 2008) - Jol'inkomo (Wigger Kenter, 1967), The click song (Qongqothwane) (Tema tradicional da África do Sul) e Oxgam (Baxabene Oxamu) (Letta Mbulu, 1967) - em bloco turbinado pelo sons de percussão tirados por Rodrigo Garcia de seu violão preciso. Nesse bloco africano, que tem música cantada no dialeto xhosa (da África do Sul), Júlia Vargas reitera que é artista para figurar no primeiro time da música brasileira pela voz, pela luminosidade e pela personalidade na escolha de seu repertório. Minha vida é uma rede (Cátia de França, 1985) e Uirapuru blues (Claos Mózi, 2012) - música lançada pela cantora em seu álbum digital de 2012 - confirmam a forte personalidade artística da cantora. De presença menos imponente em cena, Chico Chico também revela personalidade. Seja no toque agalopado do violão que toca em Minha vida é uma rede, seja na opção por cantar músicas alheias de poética e batida secas, como De manhã cedo (A cara do medo) (Tui Lana, 2015). Enfim, o show Chico Chico & Júlia Vargas expõem dois artistas de talento. Ele ainda tem um caminho a percorrer, mas já dá sinal de que terá fôlego para a caminhada. Ela já está em ponto de bala, com sua voz e sua presença radiantes.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Chico e Júlia põem Alceu, Cátia e Gil no roteiro de show de toque nordestino

Não foi por acaso que, antes de Chico Chico e Júlia Vargas entrarem em cena no minúsculo palco armado na varanda da Casa de Cultura Laura Alvim, um DJ tocou gravações de artistas nordestinos como a cantora cearense Amelinha e o cantor e compositor pernambucano Lenine. Sucesso cult no circuito de shows da Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro (RJ), o show conjunto do cantor e compositor carioca - para quem não liga o nome artístico à pessoa, Chico Chico é Francisco Ribeiro Eller, filho da icônica cantora carioca Cássia Eller (1962 - 2001), atualmente com 21 anos - e da (excelente) cantora fluminense tem acento predominantemente nordestino. O roteiro, aliás, inclui duas músicas da compositora paraibana Cátia de França - Coito das araras (1979) e Minha vida é uma rede (1985) - entre tema da lavra do compositor pernambucano Alceu Valença (Solidão, de 1984). Sem falar que a música que abre o show - apresentado ontem, 9 de agosto de 2015, no projeto Música na varanda, da Laura Alvim - é estilizado baião de Marcos Padilha e Miguel Dias intitulado... Baião. Com músicas de autoria do próprio Chico Chico (como Amor pra dar, O muro e Notas de cem), o show virou cult a partir de sua temporada em boate do Beco das Garrafas (em Copacabana, no Rio de Janeiro), onde vai ser reapresentado na próxima sexta-feira, 14 de agosto, dois dias antes de voltar à varanda da Laura Alvim, em 16 de agosto. Eis o roteiro seguido na Casa de Cultura Laura Alvim por Chico Chico e Júlia Vargas - vistos em foto de Rodrigo Goffredo - na apresentação feita no projeto Música na varanda no Rio, no fim da tarde de 9 de agosto de 2015:

1. Baião (Marcos Padilha e Miguel Dias, 2012)
2. Coito das araras (Cátia de França, 1979)
3. Solidão (Alceu Valença, 1984)
4. Minha voz (Chico Chico, 2015)
5. Garoto da soleira (Chico Chico, 2015)
6. Talismã (Luhli, 2015)
7. O muro (Chico Chico, 2015)
8. De manhã cedo (A cara do medo) (Tui Lana, 2015)
9. Notas de cem (Chico Chico, 2015)
10. Jol'inkomo (Wigger Kenter, 1967)
11. The click song (Qongqothwane) (Tema tradicional da África do Sul) /
12. Oxgam (Baxabene Oxamu) (Letta Mbulu, 1967)
13. Desabafo (Cecéu, 1982) - com citação de Hit the road Jack (Percy Mayfiedl, 1960) /
14. Onde o xaxado tá? (Gilberto Gil e Rodolfo Stroeter, 1998)
15. Amor pra dar (Chico Chico, 2015)
16. Minha vida é uma rede (Cátia de França, 1985)
Bis:
17. Uirapuru blues (Claos Mózi, 2012)

sábado, 13 de setembro de 2014

Júlia Vargas é terceira margem do rio que abarca Milton e Criolo em cena

Cantora fluminense que lançou seu primeiro álbum em dezembro de 2012, em edição digital posta à venda no iTunes pela gravadora Sony Music, Júlia Vargas deixou boa impressão como convidada da estreia carioca de Linha de frente, show que junta em cena Milton Nascimento e o rapper paulistano Criolo e que está em turnê nacional desde junho deste ano de 2014. Anfitrião generoso, Milton abriu grande espaço para Júlia na apresentação feita na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de ontem, 12 de setembro. Anunciada pelo artista carioca de alma mineira, a cantora entrou em cena no sexto número para pôr com Milton o tempero de Cravo e canela, parceria de Bituca com o letrista fluminense Ronaldo Bastos, lançada pelo grupo MPB-4 no álbum De palavra em palavra (Philips, 1971). Na sequência, já com Criolo de volta ao palco da casa Vivo Rio, Júlia puxou com sua voz grave e quente o samba Me deixa em paz (Monsueto Menezes e Aírton Amorim, 1952). Mais tarde, já perto do fim da apresentação, a cantora voltou à cena para ajudar a afiar Fé cega, faca amolada (1974), outra parceria de Milton com Ronaldo Bastos. E, numa segunda volta ao palco, já no fecho do bis, Júlia Vargas - vista com Milton e Criolo na casa Vivo Rio na foto de Rodrigo Goffredo - reiterou sua segurança vocal ao sobressair na boa lembrança de Caxangá (Milton Nascimento e Fernando Brant), música lançada em LP de 1977 na voz soberana de Elis Regina (1945 - 1982).

terça-feira, 12 de junho de 2012

Avalizada por Ivan, Júlia Vargas tenta se fazer ouvir no país das cantoras

Avalizada por Ivan Lins, Júlia Vargas tenta se fazer ouvir no país das cantoras com o lançamento de um primeiro CD que está tendo sua distribuição negociada com a Som Livre. No disco, produzido pelo violonista Rodrigo Garcia, a intérprete canta duas músicas de Ivan. Uma delas é a inédita Cabelos Molhados, feita pelo compositor a partir de versos da poeta capixaba Marly de Oliveira (1935 - 2007). Ivan Lins toca piano nessa faixa. A outra é o xote Se Acontecer,  parceria do compositor com Lenine, lançada por Ivan no álbum Acariocando (2006). Do baú de Rita Lee, Júlia pescou a pérola Troca-Toca, música lançada pela roqueira no álbum Entradas e Bandeiras (1976). Entre duas inéditas de Claos Mózi, a intérprete inseriu no repertório três músicas da compositora paraibana Cátia de França: Coito das Araras, 20 Palavras Girando em Torno do Sol (com versos do poeta João Cabral de Melo Neto) e Geração.