Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Retrô 3º trimestre de 2015: Flanders, Danilo e Platão mostram 'discos do ano'

RETROSPECTIVA 3º TRIMESTRE DE 2015 - Encerrado hoje, 30 de setembro, o terceiro semestre deste ano de 2015 já inseriu três álbuns na lista de melhores discos do ano. Curiosamente, são três álbuns de três cantores e compositores. Enquanto as cantoras se destacaram nos palcos, três cantores lançaram discos irretocáveis. Hélio Flanders iniciou sua carreira solo com o primoroso Uma temporada fora de mim (Deck), doído álbum lançado em setembro. Fora do universo musical do Vanguart, grupo de Cuiabá (MT) que o projetou no universo pop, o cantor e compositor mato-grossense mostrou evolução como intérprete e como compositor neste disco existencial que arde na fogueira das paixões, com toques de tango. Com mais leveza, Danilo Caymmi deu voz e frescor ao cancioneiro de seu pai, um certo Dorival Caymmi (1914 - 2008), em Don don (Maravilha 8), disco gravado - e assinado - pelo cantor e compositor carioca com o baixista Bruno Di Lullo e com o baterista Domenico Lancellotti, expoentes da cena musical carioca. Disponível por ora somente nas plataformas digitais, nas quais chegou em 28 de agosto, Don don oferece visão contemporânea da obra de Dorival sem desfigurar as músicas do compositor baiano. Duas semanas antes, em 14 de agosto, Toni Platão jogou na rede - sem aviso prévio - seu melhor álbum, Lov (Independente), disco quente, gravado com pegada e com a produção de Berna Ceppas. Por ora também lançado somente em edição digital, Lov priorizou as canções de amor para lembrar que Platão (ainda) é um dos melhores cantores da geração roqueira revelada nos anos 1980. Embora não seja um disco perfeito, por deixar a sensação de ser longo demais, o segundo ótimo álbum de Emicida, Sobre crianças, quadris, pesadelos e lições de casa (Laboratório Fantasma / Sony Music, 2015) - lançado em agosto - merece menção honrosa por apontar e denunciar o racismo com músicas que alternam fúria e delicadeza. Se os homens deram os tons dos discos, as mulheres reinaram nos palcos. Sob a direção de Elias Andreato, a cantora paulistana Fabiana Cozza depurou seu canto, seu gestual e sua postura cênica em seu melhor show, Partir, baseado no excelente homônimo quinto álbum de Cozza Já Fafá de Belém fez seu coração assumidamente brega bater mais forte em espetáculo dirigido por Paulo Borges que amplificou o sentido do repertório extremamente popular de um álbun, Do tamanho certo para o meu sorriso (Joia Moderna), que fez a cantora paraense voltar com força à mídia e ao mercado fonográfico após anos de discos de menor expressão e quase nenhuma repercussão. Por fim, quase no apagar das luzes do trimestre, Gal Costa festejou seus 70 anos no palco com a estreia nacional de luminoso show, Estratosférica, no qual a senhora cantora baiana reitera a sintonia com a cena contemporânea - exposta no perfeito CD lançado em maio - enquanto se reflete no espelho cristalino dos momentos áureos dos seus 50 anos de carreira.

Campos prova em 'Conversas com Toshiro' que Japão não é assim tão longe

Resenha de CD
Título: Conversas com Toshiro
Artista: Rodrigo Campos
Gravadora: YB Music
Cotação: * * * 1/2

É pelas lentes e referências do cinema do país do sol nascente que Rodrigo Campos foca o Japão mapeado em seu terceiro álbum solo, Conversas com Toshiro. Mas as referências cinematográficas - espalhadas pelo disco em músicas que nominam em seus títulos personalidades míticas como o ator Toshiro Mifune (1920 - 1997) e os cineastas Takeshi Kitano, Yasujiro Ozu (1903 - 1963) e Wong Kar-Wai (de origem chinesa) - servem para retratar em suas canções personagens cujos anseios e dilemas são universais. Em seu primeiro álbum solo, São Mateus não é um lugar assim tão longe (Ambulante Discos, 2009), o artista paulistano já tinha seguido trilha similar, focando a cidade de São Paulo (SP) e o próprio Brasil pelo viés humanista dos habitantes de São Mateus, o periférico bairro da Zona Leste de Sampa no qual foi criado e aprendeu a tocar seu cavaquinho. E por falar em cavaquinho, há sambas em Conversas com Toshiro. Chihiro e Mar do Japão são sambas que mostram que, inclusive no mapa-múndi da música, o Japão não é um lugar assim tão longe de São Paulo e de Salvador (BA), cidade presente na rota também cinematográfica do segundo álbum solo de Campos, Bahia fantástica (Núcleo Contemporâneo, 2012), disco que manchou a construída imagem feliz da mítica Bahia de São Salvador. Disco viabilizado pelo projeto Natura musical, Conversas com Toshiro tem produção tão fantástica quanto a de seu antecessor e apresenta sonoridade que evoca - não por acaso - a trilha de um filme. A riqueza de timbres e dos arranjos valoriza o inédito cancioneiro autoral de Campos, saltando sobretudo aos ouvidos a orquestração majestosa de Toshiro reverso, feita com complexidade que evoca o som do maestro Moacir Santos (1926 - 2006).  Faixa formatada com cordas, Abraço de Ozu reitera o tom por vozes onírico adquirido pelo disco produzido por Campos sob a direção artística de seu irmão de fé Romulo Fróes, colega no quarteto Passo Torto. Ciente de seus limites como cantor, Campos reforça o registro de músicas como Wong Kar-Wai e Takeshi e Asayo com os vocais femininos das cantoras Juçara Marçal e Ná Ozzetti, recorrentes no álbum. E por falar em Juçara, grande música de seu disco solo Encarnado (Independente, 2014), Velho amarelo, reaparece em Conversas com Toshiro, um pouco distante do Japão, com orquestração magistral, mas sem a força crua do registro do antológico álbum da cantora (embora, a título de informação, Velho amarelo seja composição feita originalmente para o disco de Campos). Tema que busca uma transcendência espiritual, Funatsu - composição que descreve a personagem-título na letra como "metade de algo encarnado" - parece caber mais no Japão imaginado por Campos com doses altas de erotismo. Nesse campo, Katsumi e Dois sozinhos vão direto ao ponto G com poesia e, no gozo dessas músicas embebidas em sensualidade, o ouvinte se identifica com o Japão, país que não é um lugar assim tão longe porque os sentimentos e a vida humana - matéria-prima dos discos de Rodrigo Campos em São Paulo, na Bahia ou em qualquer outro bairro, cidade, estado ou país do vasto mundo - se irmanam na fogueira das paixões e nas telas dos cinemas transcendentais que unificam o universo.

Vasconcellos faz viagem solitária na rota experimental de 'Adotar cachorros'

Resenha de CD
Título: Adotar cachorros
Artista: Lucas Vasconcellos
Gravadora: Edição independente do artista
Cotação: * 1/2

Em seu segundo álbum solo, Adotar cachorros, Lucas Vasconcellos segue o trilho experimental que já havia pautado seu primeiro álbum fora do duo Letuce, Falo de coração (Independente, 2013). Mas, desta vez, o guitarrista e compositor fluminense investe no que conceitua como perversão do uso de instrumentos eletrônicos. Produzido pelo próprio artista com Emygdio Costa, Vasconcellos apresenta um disco hermético, experimental ao extremo, pontuado por ruídos, dissonâncias e cacofonias. Com a participação da cantora Duda Brack em Peixes, Adotar cachorros apresenta oito músicas - todas de autoria solitária de Vasconcellos - que, no disco, totalizam pouco mais de 24 minutos que provocam incômodo e enjoo no ouvinte. A questão é que a construção da sonoridade do álbum - lançado em edição física em CD neste mês de setembro de 2015, um mês após ter sido disponibilizado para audição na web - jamais disfarça a opacidade do canto do artista. O que prejudica a fruição das letras, sempre mais interessantes do que as insossas melodias do compositor. Lucas Vasconcellos tem o que dizer em Adotar cachorros. "Ter alegria não é ter brilho / É saber-se bem silenciosamente ao lado de alguém / Ou longe de alguém", argumenta em versos de Silenciosamente, com brilho. Sobre a violência discorre sem clichês sobre tema já exaurido por vozes do universo roqueiro em versos como "A gente  mesmo é nossa própria violência / Porque ela nasce com a gente / A gente aprende a disfarçar a violência / Porque o querer da gente afronta / ... / Mais terror por gentileza". Clichê seria se referir a Adotar cachorros como um disco íntimo e pessoal. Só que o clichê é válido, no caso. Em sua solidão, Lucas Vasconcellos precisava ter posto um freio na experimentação para dar mais valor ao sentido de suas músicas. Mas a exploração dos sons dos teclados samplers parece ter conduzido todo o processo de criação de músicas e do disco, ofuscando a sensibilidade embutida nas letras das composições gravadas com as adesões de três excelentes bateristas (Jongui, Marcelo Vig e Thomas Harres). Até por embutir referências à cidade natal do artista, Petrópolis (RJ), no pinhão exposto na capa e no título da música Carnaval na serra, o álbum Adotar cachorros é uma viagem individual - iniciada com Amanhã a gente se beijou pela última vez (música que já sinaliza na abertura do disco a libertação do conceito social de tempo) e encerrada com a composição que intitula o álbum, Adotar cachorros (de letra de tom pessoal) - pensada para ser feita e curtida solitariamente somente pelo próprio Lucas Vasconcellos. 

Com conceito frágil, DVD que resume 30 anos de 'Rock in Rio' cai no karaokê

Resenha de CD e DVD
Título: Rock in Rio 30 anos - Box Brasil
Artista: vários
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * 

♪ Para celebrar os 30 anos do Rock in Rio e as três décadas de pop rock no Brasil, já que a primeira edição do festival de Roberto Medina consolidou em 1985 a abertura do mercado roqueiro nativo, a empresa Musickeria idealizou projeto fonográfico - recém-posto no mercado pela gravadora Universal Music nos formatos de CD e DVD - com 30 gravações inéditas de sucessos do pop nacional, feitas por artistas desse universo pop sob a direção e produção musical de Liminha. Como geralmente acontece em projetos coletivos, o resultado dos covers oscila. Há quem honre a missão lhe confiada, como o rapper carioca Marcelo D2, que interpreta com pegada Samba makossa (Chico Science, 1994) - em homenagem ao mentor do movimento Mangue Beat, o pernambucano Chico Science (1966 - 1997) - e Polícia (Tony Bellotto, 1986), música dos Titãs que poderia figurar em qualquer disco de D2. Confirmando seu bom momento, Baby do Brasil energiza o rock Semana que vem (2003), de autoria de Pitty, que retribui com gravação digna de sucesso dos Novos Baianos associado à Baby, A menina dança (Moraes Moreira e Luiz Galvão, 1972). Só que o hit de Baby no grupo baiano foi lançado 13 anos antes da primeira edição do Rock in Rio - o que expõe a fragilidade do conceito do projeto, reiterada quando Frejat dá voz à canção Na rua, na chuva, na fazenda, lançada por Hyldon em compacto de 1973. Posto isso, o Skank acerta o tom de Para Lennon e McCartney (Lô Borges, Márcio Borges e Fernando Brant, 1970) e de Andar com fé (Gilberto Gil, 1982). Mas há momentos típicos de karaokê. Quando Paulo Ricardo solta a voz em Tempo perdido (Renato Russo, 1986), com arranjo idêntico ao do registro original da Legião Urbana, o ouvinte / espectador tem a impressão de estar em karaokê. E por falar em Legião Urbana, a banda toca Toda forma de poder (Humberto Gessinger, 1986) e Por você (Maurício Barros, Roberto Frejat e Mauro Santa Cecília, 1999) sem soar como Legião - o que prova que a identidade da banda estava na voz de Renato Russo (1960 - 1996). A propósito, Dinho Ouro Preto - que, na primeira fase do Capital Inicial, dava a impressão de querer ser Russo - se realiza no seu karaokê ao dar voz a Quase sem querer (Renato Russo, Dado Villa-Lobos e Renato Rocha, 1986) - com citação de Será (Dado Villa-Lobos, Marcelo Bonfá e Renato Russo, 1985) - e a Geração coca-cola (Renato Russo, 1985). O clima de karaokê permanece quando o grupo Suricato revive com reverência Pro dia nascer feliz (Roberto Frejat e Cazuza, 1982), primeiro sucesso radiofônico do Barão Vermelho. Justiça seja feita: a banda de reggae Cidade Negra se afina com o tom esfumaçado de Legalize já (Marcelo D2 e Rafael Crespo, 1995), sucesso do álbum que projetou o Planet Hemp há 20 anos. Já o trio Os Paralamas do Sucesso reitera seu contínuo entrosamento mais ao defender Inútil (Roger Moreira, 1983) do que Tempos modernos (Lulu Santos, 1982). Enfim, entre karaokês e regravações bacaninhas, como a abordagem de Seu espião (Leoni, Paula Toller e Herbert Vianna, 1984) pelo grupo Pato Fu, fica a sensação de que o Rock in Rio merecia projeto mais azeitado, à altura da importância e da popularidade do festival. Faltou mais rigor no conceito.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Faria Jr. foca o artista Chico com humor no tempo imaginativo das memórias

Resenha de filme
Título: Chico - Artista brasileiro
Direção: Miguel Faria Jr.
Roteiro: Miguel Faria Jr. e Diana Vasconcellos
Direção musical: Luiz Claudio Ramos
Cotação: * * * *
Filme com estreia no circuito de cinemas programada para 26 de novembro de 2015

Dez anos após surpreender o circuito cinematográfico brasileiro com o expressivo sucesso popular de Vinicius (2005), filme fluente que expôs a face plural da vida e da obra do compositor e poeta carioca Vinicius de Moraes (1913 - 1980), o cineasta carioca Miguel Faria Jr. apresenta Chico - Artista brasileiro, filme que vai abrir a 17ª edição do Festival do Rio em sessão para convidados programada para 1º de outubro de 2015. No documentário, Faria Jr. - amigo do artista (en)focado com a lente da generosidade - reconta o conto oficial de Chico Buarque de Hollanda, cantor, compositor, músico e escritor brasileiro, nascido no Rio de Janeiro (RJ) há 71 anos. O expressivo documentário entrelaça - com a mesma fluência de Vinicius - entrevistas (a de Chico conduz o roteiro em ordem cronológica), imagens raras de arquivo, cenas inéditas de bastidores e números musicais gravados para o filme sob a direção musical do violonista Luiz Cláudio Ramos. Só que, embora oficial, o conto do cantor recusa os ares de senhor, para citar verso de Sinhá (João Bosco e Chico Buarque, 2011), música que abre o filme em registro inédito do próprio Chico. Em essência, o filme versa sobre o tempo e o artista. Chico documenta a relação do artista com o tempo da vida e da criação ("Tudo é memória e a memória se confunde com a imaginação", ressalta Chico numa de suas lapidares sentenças proferidas ao longo da entrevista) e os efeitos do tempo na criação do artista. Dentro dos limites da intimidade consentida, Faria Jr. refaz o trilho da vida e da obra do artista ao longo desse tempo em rota que passa por imagens raras da infância de Chico, por sutis declarações sobre a relação complexa com o pai paulista, o historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902 - 1982), pai do já falecido irmão alemão de Chico que, ao fim, o filme mostra em ação, como ator e cantor, em take antigo. A rigor, o filme poderia ser chato, porque molda o retrato oficial do artista, pintado somente com as tintas da exaltação. Mas Chico transcorre leve e envolvente porque - como ressaltam amigos entrevistados, como o compositor e parceiro Edu Lobo - Chico tem humor. Esse (bom) humor pontua toda a entrevista que conduz o filme. "Nunca fui tímido. Meus pais me chamavam de show boy", lembra Chico, demolindo mito sobre seu perfil público. Mas o artista confirma o desconforto com o palco, originário de apresentações forçadas em palcos italianos durante o autoexílio em Roma. Mas a maneira como Chico fala de sua vida é bem-humorada. O riso salta do tom da voz, da entonação de uma palavra, ajudando a aliviar o peso oficial desta cinebiografia autorizada. A parte mais séria fica com os exclusivos números musicais. Ney Matogrosso revê As vitrines (Chico Buarque, 1982) sem jamais impactar. Além de interpretar Sobre todas as coisas (Edu Lobo e Chico Buarque, 1983) com o contracanto de Milton Nascimento, Carminho faz Sabiá (Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, 1968) voar para os ares de Lisboa. Já a atriz e cantora Laila Garin encara Uma canção desnaturada (Chico Buarque, 1977) sem carregar no drama embutido no tema. Destaque dentre os números, o dueto de Adriana Calcanhotto com Mart'nália no samba Biscate (Chico Buarque, 1993) - dando tom lésbico ao lelê conjugal da letra - tem a espirituosidade que pauta o filme. O riso brota farto na cena de arquivo em que o compositor maranhense João do Vale (1934 - 1996) admite que, no papel de juiz de jogo de futebol armado no campo de Chico, validou gol irregular do dono da bola porque ele era o "patrão". Chico discorre com humor sobre sua vida, mas também fala sério. É corajoso ao ressaltar a gênese elitista da Bossa Nova - "E essa elite tinha o poder de se fazer ouvir no Brasil inteiro" - e o caráter democrático da música populista que domina as paradas musicais. "Essa música que toca hoje é a cara da gente", observa, sem citar gêneros e nomes, em declaração polêmica que pode decepcionar os reguladores do gosto musical alheio. Com a liberdade de quem frequenta o cotidiano do artista, Faria Jr. documenta o cantor-avô com três netos (Chico Freitas, Clara Buarque e Lia Buarque), tocando violão e cantando Dueto (Chico Buarque, 1980) com Clara. À medida em que o filme caminha para o final, o escritor ocupa progressivamente o espaço que, antes, até na vida profissional, era somente do cantor e do compositor. E aí Chico volta mais uma vez ao assunto do tempo para enfatizar que o tempo da criação é cada vez mais longo enquanto a vida que lhe resta fica presumivelmente mais curta. E assim, nessa toada soprada pelo próprio artista, Miguel Faria Jr. fez filme preciso, para todos, percorrendo no tempo imaginativo das memórias as estradas por onde vai, há mais de 50 anos, o bem-humorado artista brasileiro, soberano na arte da composição.

Prestes a lançar seu segundo álbum, Boogarins edita no Brasil CD de estreia

Banda de rock psicodélico formada em Goiânia (GO) em 2012, Boogarins se prepara para lançar seu segundo álbum - Manual ou Guia livre de dissolução de sonhos, programado para outubro de 2015 e já com single, Avalanche, em rotação na web - enquanto edita no Brasil o primeiro álbum com três faixas adicionais. Inédito no mercado fonográfico nacional, As plantas que curam (2013) foi lançado há dois anos nos Estados Unidos via Other Music, selo associado à gravadora Fat Possum - o que garantiu ao grupo certa projeção na cena indie norte-americana e também no circuito europeu de shows. Com dois anos de atraso, As plantas que curam chega ao Brasil em edição viabilizada com recursos do festival Skol Music. As três faixas adicionais abarcam duas músicas inéditas - Refazendo e À sua frente (gravada no estúdio da Lolipop Records, em Los Angeles, EUA) - e um registro ao vivo da música Doce, captado na edição de 2014 do festival Bananada. Benke Ferraz (guitarra), Dinho Almeida (voz e guitarra), Raphael Vaz (baixo) e Ynaiã Benthroldo (substituto de Hans Castro no posto de baterista do Boogarins) lançam a edição brasileira de As plantas que curam nos formatos de CD e de vinil duplo (fabricado com LP de sete polegadas que traz as faixas-bônus) enquanto aguardam a vez de Manual ou Guia livre de dissolução de sonhos.

Paula faz outro dueto com Sater em música de seu autoral disco 'Amanhecer'

O nono álbum da cantora e compositora mineira Paula Fernandes, Amanhecer, tem participação do cantor, compositor e violeiro mato-grossense Almir Sater em Pedaço de chão, última das 12 músicas do disco de repertório autoral que chega ao mercado fonográfico a partir de 16 de outubro de 2015 em edição da gravadora Universal Music. Não é a primeira vez que Paula grava com Sater. O primeiro sucesso da artista na fase atual de sua discografia foi a interiorana Jeito de mato (Paula Fernandes e Maurício Santini, 2008), bonita música do álbum Pássaro de fogo (Universal Music, 2008) gravada em dueto com Sater. Eis - na ordem do disco - as 12 músicas do álbum Amanhecer:

1. Pronta pra você
2. A paz desse amor
3. Falar de mim
4. Depende da gente
5. Amanhecer
6. Piração
7. Água no bico
8. E eu
9. Voltaria ao começo
10. Menino bonito
11. Pra quem saber sonhar
12. Pedaço de chão - com Almir Sater

Kuarup reedita 'Samba na madrugada', álbum seminal de Elton com Paulinho

Já fora de cena por problemas de saúde, o cantor e compositor Elton Medeiros completou 85 anos de vida em 22 de julho. Já Paulinho da Viola - parceiro e amigo de Elton desde a década de 1960 - percorre o Brasil com o show comemorativo de seus 50 anos de carreira. Aproveitando tais efemérides, a gravadora Kuarup relança neste mês de setembro de 2015 Samba na madrugada, álbum decisivo e seminal nas trajetórias desses artistas cariocas que debutaram juntos no mercado fonográfico como integrantes do grupo A Voz do Morro antes de gravarem em dupla, numa única noite, este disco autoral em que ambos dão vozes, entre solos e duetos, a 19 sambas distribuídos em 11 faixas. A atual edição é remasterizada pelo engenheiro de som Ricardo Carvalheira. Reposto em catálogo pela última vez em 2001, o já então raro álbum foi lançado originalmente em 1966 pela gravadora RGE com o título Na madrugada. Em 1968, ano em que Paulinho iniciou sua carreira solo, o disco foi reeditado com o título Samba na madrugada, pelo qual ficaria conhecido. Na companhia de célebres músicos como Raul de Barros (trombone), Dino Sete Cordas (violão), Meira (violão), Canhoto (cavaquinho), Copinha (flauta), além de Marçal e dos irmãos Gilberto Luna e Jorge Luna na percussão e no ritmo, Paulinho e Elton registraram sambas então inéditos em disco como 14 anos (Paulinho da Viola), Alô, alô (Paulinho da Viola), Arvoredo (Paulinho da Viola), Minha confissão (Elton Medeiros), Momento de fraqueza (Paulinho da Viola), Samba original (parceria de Elton Medeiros e Zé Kétti),Sofreguidão (Elton Medeiros e Cartola) e Sol da manhã (Elton Medeiros).

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Aos 70 anos, Gal se reflete feliz no espelho cristalino do show 'Estratosférica'

Resenha de show
Título: Estratosférica
Artista: Gal Costa (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Sala principal do Teatro Castro Alves (Salvador, BA)
Data: 27 de setembro de 2015
Cotação: * * * * 1/2

Talvez não seja por mero acaso que as duas primeiras músicas do roteiro do show Estratosférica - estreado por uma já setentona Gal Costa na Bahia na noite de ontem, 27 de setembro de 2015 - versem sobre espelho, ainda que sob prismas distintos. Aos 70 anos, completados na véspera da estreia nacional do show baseado no álbum de inéditas Estratosférica (Sony Music, 2015), a cantora baiana se reflete com sua voz ainda cristalina no espelho plural e transcendental do espetáculo dirigido por Marcus Preto. E, ao se entregar às imagens de seu espelho, como canta no rock stoniano Sem medo nem esperança (Arthur Nogueira e Antonio Cícero, 2015), primeira das 25 músicas do impecável roteiro, Gal mostra em cena que já se vê de fora de si ao longo desse repertório que reflete todos os tons do canto extenso de Maria da Graça Costa Penna Burgos. Ao mover seu rosto do espelho, para citar verso do blues Mal secreto (Jards Macalé e Waly Salomão, 1971), Gal pode ser vista em cena tanto como a tímida Gracinha devotada a João Gilberto - quando arranha seu violão, a sós com o público, para reviver com beleza a primeira lembrança musical de seu compositor-guia Caetano Veloso, Sim, foi você (1965), marco inicial de sua discografia cinquentenária - quanto como a Gal fatal que eleva os tons para acertar a conta com seu passado transgressor no toque bluesy de Como dois e dois (Caetano Veloso, 1971), reminiscência de um lendário show feito a todo a vapor entre 1971 e 1972. Mais do que fatal, Gal sempre foi plural. Por isso, consegue passear com tanta naturalidade pelo inédito samba cheio de bossa e graça feito para ela por Marcelo Camelo - Pelo fio, número de voz & violão (o do guitarrista Guilherme Monteiro) que também faz ressuscitar a Gracinha, a menina que deu seus primeiros passos musicais na cidade de São Salvador onde o show Estratosférica debutou feliz em cena - e por libertador blues-rock como Cartão postal (Rita Lee e Paulo Coelho, 1975), inédito na voz da cantora, boa surpresa de roteiro que revisita o passado de Gal com foco no presente sem concessões aos hits esperados pelo público mais conservador. É fato, aliás, que várias músicas do repertório de Estratosférica foram recebidas pela plateia do Teatro Castro Alves com frieza até justificável pelo fato de o disco que batiza o show ainda não ter sido assimilado por boa parte desse público. Mas Quando você olha pra ela - a canção de Mallu Magalhães escolhida como primeiro single do álbum Estratosférica - surte efeito e soa com mais jeito de Jorge Ben Jor do que Cabelo (1990), a parceria do Zé Pretinho com Arnaldo Antunes que Gal lançou há 25 anos no álbum Plural (BMG-Ariola, 1990). Rearrumado com a espessura do rock'n'roll, Cabelo ainda pode crescer (mais) no show, ganhando interpretação mais descabelada que não se deixe abater pelo peso do (inspirado) arranjo roqueiro no qual sobressaem o baixo de Fábio Sá e a guitarra de Guilherme Monteiro. A propósito, Estratosférica é - no som e na atitude - um show de rock, ainda que tenha sambossa (como Vou buscar você pra mim, a inédita de Guilherme Arantes incluída somente na edição digital do álbum Estratosférica, mas cantada por Gal no bis do show), canção de amor e até um iê iê iê nada romântico de Tom Zé, Namorinho de portão (1968), gravado por Gal em disco de 1969 e revivido no show no momento em que o público vê pela primeira vez o painel abstrato criado por Zé Carratu para o cenário do espetáculo. A vibração do rock é garantida pela direção musical de Pupillo (por questões de agenda substituído na bateria por Thomas Harres, embora tenha sido anunciado como o baterista do show). O quarteto soou fantástico na estreia, executando arranjos que tiraram qualquer sinal de mofo do repertório antigo, irmanando músicas novas e velhas. Tecladista e guitarrista da banda paulistana Bixiga 70, Maurício Fleury integra o quarteto e tira de seus teclados os efeitos psicodélicos que pavimentam o caminho percorrido pela personagem apaixonada de Jabitacá (Lirinha, Junio Barreto e Bactéria, 2015). E por falar em paixão, a canção Não identificado (Caetano Veloso, 1969) chega ao céu com o arranjo que projeta ruídos e efeitos em clima espacial, atualizando o tom futurista da gravação original. Na estreia da turnê, Não identificado foi o primeiro número musical recebido com entusiasmo pela plateia. Já Ecstasy (João Donato e Thalma de Freitas, 2015) surte efeito mais fraco em cena, talvez pela ausência de João Donato no toque do Fender Rhodes posto em cena e tocado por Fleury (Donato pilota o instrumento na gravação da música no disco). Outra música que ainda pode ganhar mais peso no show é Dez anjos (Milton Nascimento e Criolo, 2015), tema de tom social que não tem toda sua tensão evidenciada pelo arranjo e pela interpretação de Gal (talvez pela questão social destoar do repertório do espetáculo). Já Casca (Jonas Sá e Alberto Continentino, 2015) se manteve com a mesma consistência do disco em arranjo prog de tom eletrônico. Os climas do show, aliás, são bem variados - mérito do diretor Marcus Preto, que soube criar roteiro bem amarrado. Até mesmo Dez anjos tem seu link feito com a aridez de Acauã (Zé Dantas, 1952), Sem seu fantástico quarteto, Gal fica sozinha no palco e, com bases pré-gravadas, se embrenha no sertão seco de Acauã, ruminando seu canto com a propriedade de quem ouviu muito Luiz Gonzaga (1912 - 1989) antes de ser abduzida pela bossa aliciadora de João Gilberto. Em outro momento íntimo, no qual a cantora afina sua voz com o toque do violão de Guilherme Monteiro, Gal expõe sedutoramente a solidão triste e gelada de Três da madrugada (Carlos Pinto e Torcuato Neto, 1973). Mas alegrias e tristezas se irmanam em cena. Na parte mais expansiva e calorosa do show, iniciada com Como dois e dois, Gal e banda dão brilho contemporâneo a Pérola negra (Luiz Melodia, 1971) antes de caírem no suingue nordestino para desnudar a maliciosa Por baixo (Tom Zé, 2015), delícia luxuriosa do baiano Tom Zé. Na sequência, Arara (Lulu Santos, 1987) aponta seu bico quando Gal reproduz o canto onomatopaico da palavra-título da música, perseguindo os agudos da gravação original, feita em controvertido álbum de tom tecnopop, Lua de mel como o diabo gosta (BMG-Ariola, 1987). Profana ou sacra, Gal gosta da sua Bahia e, por isso, revive sua festa do interior ao cantar Estratosférica (Céu, Pupillo e Junior Barreto, 2015), música-título do disco e do show que alude nos versos ao cortejo do bloco afro-baiano Filhos de Gandhy pelas ruas da velha São Salvador, capital de uma Bahia mítica que resiste no imaginário nacional. No fecho do show, antes do bis, a cantora ainda tenta esticar a festa no refrão de Os alquimistas estão chegando os alquimistas (Jorge Ben Jor, 1974), reflexo de uma Gal que deu muita voz a Jorge Ben. No bis, a cantora atualiza Meu nome é Gal com citações dos músicos da banda, dos compositores que lhe forneceram o repertório do álbum Estratosférica e dos 70 anos completados na véspera da estreia nacional do show que vai percorrer o Brasil até 2016. A simulação de sons de guitarra na voz - ao fim do número - é outro reflexo de uma Gal que trilhava o caminho da inquietude, retomada na maturidade a partir do revigorante disco e show Recanto (2011 / 2012). No segundo bis, a fúria roqueira de Vingança (Lupicínio Rodrigues, 1951) - herança do demolidor show em que Gal deu lufada de ar fresco no cancioneiro amargurado do compositor Lupicínio Rodrigues (1914 - 1974) - e a beleza plácida da canção Você me deu (Caetano Veloso e Zeca Veloso, 2015) reiteram que o espelho de Gal Costa é multifocal. Grande show de uma senhora cantora de 70 anos, Estratosférica é reflexo feliz desse espelho ainda cristalino.

Gal relê 'Cartão' de Rita entre voo de 'Acauã e 'Arara' no show 'Estratosférica'

SALVADOR (BA) - Blues-rock composto por Rita Lee com Paulo Coelho e lançado há 40 anos pela Ovelha Negra no álbum que é a obra-prima da discografia de Rita na fase Tutti Frutti (Fruto proibido, 1975, Som Livre), Cartão postal é uma das boas surpresas do roteiro do show Estratosférica, estreado por Gal Costa na noite de ontem, 27 de setembro de 2015. No palco da sala principal do Teatro Castro Alves, em Salvador (BA), a cantora baiana foi além do inspirado repertório do álbum Estratosférica - lançado em maio pela gravadora Sony Music e mote do show dirigido por Marcus Preto com produção musical de Pupillo - e apresentou também samba inédito de Marcelo Camelo, Pelo fio, de tom bossa-novista. Acauã (Zé Dantas, 1952) e Arara (Lulu Santos, 1987) - música lançada por Gal em um de seus discos mais controvertidos, Lua de mel como o diabo gosta (BMG-Ariola, 1987) - também alçaram voos na rota essencialmente roqueira do roteiro da estreia nacional do show Estratosférica entre um iê iê iê nada romântico do compositor baiano Tom Zé, Namorinho de portão (Tom Zé, 1968), e um sucesso transcendental de Jorge Ben Jor, Os alquimistas estão chegando os alquimistas (1974). Eis o roteiro seguido em 27 de setembro de 2015 por Gal Costa - em foto de Mauro Ferreira - na estreia nacional do show Estratosférica no Teatro Castro Alves, em Salvador (BA), cidade natal dessa senhora cantora que completou 70 anos na véspera da bem-sucedida estreia:

1. Sem medo nem esperança (Arthur Nogueira e Antonio Cícero, 2015)
2. Mal secreto (Jards Macalé e Waly Salomão, 1971)
3. Jabitacá (Lirinha, Junior Barreto e Bactéria, 2015)
4. Não identificado (Caetano Veloso, 1969)
5. Namorinho de portão (Tom Zé, 1968)
6. Ecstasy (João Donato e Thalma de Freitas, 2015)
7. Casca (Jonas Sá e Alberto Continentino, 2015)
8. Dez anjos (Milton Nascimento e Criolo, 2015)
9. Acauã (Zé Dantas, 1952)
10. Cabelo (Jorge Ben Jor e Arnaldo Antunes, 1990)
11. Quando você olha pra ela (Mallu Magalhães, 2015)
12. Cartão postal (Rita Lee e Paulo Coelho, 1975)
13. Pelo fio (Marcelo Camelo) - música inédita
14. Três da madrugada (Carlos Pinto e Torquato Neto, 1973)
15. Sim, foi você (Caetano Veloso, 1965)
16. Como dois e dois (Caetano Veloso, 1971)
17. Pérola negra (Luiz Melodia, 1971)
18. Por baixo (Tom Zé, 2015)
19. Arara (Lulu Santos, 1987)
20. Estratosférica (Céu, Pupillo e Junior Barreto)
21. Os alquimistas estão chegando os alquimistas (Jorge Ben Jor, 1974)
Bis:
22. Meu nome é Gal (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1969)
23. Vou buscar você pra mim (Guilherme Arantes, 2015)
Bis 2:
24. Vingança (Lupicínio Rodrigues, 1951)
25. Você me deu (Caetano Veloso e Zeca Veloso, 2015)

Com bossa, Gal apresenta samba inédito de Camelo no show 'Estratosférica'

SALVADOR (BA) - Estratrosférica - o show que Gal Costa estreou na Capital da Bahia na noite de ontem, 27 de setembro de 2015, um dia após completar 70 anos de vida - apresenta música inédita no roteiro. Trata-se de Pelo fio, samba composto por Marcelo Camelo com o balanço suave da Bossa Nova formatada por João Gilberto. Quando recolhia repertório para o álbum Estratosférica, Gal ganhou duas músicas do compositor carioca. Uma foi Espelho d'água, a canção de Marcelo Camelo e Thiago Camelo que a cantora baiana lançou em 2014 em show de voz & violão feito com o guitarrista Guilherme Monteiro e batizado com o nome da música então inédita dos irmãos Camelo. Gal registrou Espelho d'água no álbum Estratosférica, mas não gravou no disco de 2015 o gracioso sambossa que Camelo fez para ela. Pelo fio debutou ontem no palco da sala municipal do Teatro Castro Alves, em Salvador (BA), na estreia nacional do show Estratosférica em número de voz & violão - o do mesmo Guilherme Monteiro, visto com Gal na foto de Mauro Ferreira - que evocou o clima da bossa nova que seduziu a então menina Gracinha,  atualmente uma senhora cantora de 70 anos, mas ainda fã de João.

Gal toca violão no show 'Estratosférica' para lembrar o passado com Caetano

SALVADOR (BA) - "Não reparem no violão", pediu Gal Costa, com humildade, ao público que lotou a sala municipal do Teatro Castro Alves na noite de ontem, 27 de setembro de 2015, para assistir à estreia nacional do show Estratosférica, baseado no homônimo álbum de músicas inéditas lançado pela cantora baiana em maio deste ano de 2015. No número mais íntimo do show dirigido por Marcus Preto, a cantora ocupa o palco a sós com seu violão canhestro - como visto na foto de Mauro Ferreira - para lembrar um passado vivido com Caetano Veloso há mais de 50 anos na capital da Bahia. É quando Gal conta para o público como o então desconhecido compositor baiano lhe ensinou Sim, foi você (Caetano Veloso, 1965), canção seminal de Caetano que Gal gravou em compacto editado há 50 anos pela gravadora RCA. Foi num pólo de artes plásticas de Salvador (BA) que Gal conheceu, na voz de Caetano, a canção que daria início à sua já cinquentenária carreira fonográfica. A lembrança de Sim, foi você por Gal na estreia nacional do show Estratosférica foi tão bonita que ninguém reparou no toque tímido do violão da cantora. Sim, foi  você foi um dos grandes números do show Estratosférica

Eis a capa do primeiro 'single' do álbum que Djavan vai lançar em novembro

Com capa criada por Rafael Ayres e Daniel Escudeiro, a partir de foto de Murilo Meirelles, o single Não é um bolero - que tem lançamento nas plataformas digitais programado para 29 de setembro de 2015 - anuncia oficialmente a chegada ao mercado fonográfico, a partir de 6 de novembro, de Vidas pra contar, álbum de músicas inéditas e autorais de Djavan. O disco sairá pela gravadora Sony Music.

domingo, 27 de setembro de 2015

Caixa com álbuns de Montenegro traz primeira edição em CD de 'Asa de luz'

O cantor e compositor carioca Oswaldo Montenegro iniciou sua carreira fonográfica há 40 anos com a gravação de compacto editado em 1975 pela gravadora Som Livre. Dois anos depois, o artista lançou seu primeiro álbum, Trilhas (1977), por via independente, com tiragem de apenas 300 cópias de venda restrita aos halls dos teatros onde Montenegro se apresentava com seus espetáculos que uniam teatro e música. Mas a carreira fonográfica do artista decolou somente a partir de seu ingresso no elenco da gravadora então denominada WEA. Por lá, Montenegro gravou e lançou, de 1979 a 1981, três álbuns que consolidaram sua obra e sua carreira fonográfica, embora somente um tenha alcançado boas vendas. Estes três álbuns - Poeta maldito... Moleque vadio (1979), Oswaldo Montenegro (1980) e Asa de luz (1981) - estão sendo relançados pela Warner Music neste mês de setembro de 2015 em edições remasterizadas e embaladas, com o material gráfico original, na caixa O menestrel. Os dois primeiros já tinham sido lançados no formato de CD. Já o terceiro, Asa de luz, ganha enfim sua primeira edição em CD. Produzido por Liminha, o álbum Asa de luz foi recebido com frieza por público e crítica, frustrando as expectativas da gravadora e do artista, que vinha de um disco (Oswaldo Montenegro) e de um ano (1980) de grande sucesso e farta exposição nacional por conta do êxito das músicas Bandolins (Oswaldo Montenegro) - premiada com o terceiro lugar de festival promovido pela então agonizante TV Tupi em 1979 - e Agonia (Mongol), vitoriosa no festival MPB-80, produzido e exibido pela TV Globo em 1980. Dos três álbuns ora encaixotados no box O menestrel, com produção do pesquisador Marcelo Fróes, o único que fez sucesso comercial na época do lançamento foi o disco de 1980. Apesar de conter o sucesso Léo e Bia (Oswaldo Montenegro), o LP Poeta maldito... Moleque vadio vendeu pouco. Já Asa de luz foi fracasso tão retumbante que a WEA rompeu o contrato com Montenegro em ação que se revelaria precipitada, já que, em 1982, o artista montou seu popular espetáculo A dança dos signos,  cuja trilha sonora foi editada pela gravadora PolyGram em disco bem-sucedido.

Outra crível biografia tenta decifrar o enigma do octagenário Geraldo Vandré

Completados neste mês de setembro de 2015, os 80 anos de vida do cantor, compositor e músico paraibano Geraldo Vandré - nascido Geraldo Pedrosa de Araújo Dias em 12 de setembro de 1935 em João Pessoa (PB), capital da Paraíba - motivaram a edição de duas biografias do arisco artista. A primeira, Geraldo Vandré - Uma canção interrompida, foi lançada no primeiro semestre de 2015 em edição artesanal que totalizou 100 exemplares de distribuição direcionada pelo autor do livro, Vitor Nuzzi, a amigos e formadores de opinião. Enquanto a editora Kuarup Música prepara a primeira edição comercial de Geraldo Vandré - Uma canção interrompida, a Geração Editorial põe no mercado literário Vandré - O homem que disse não. De autoria do jornalista mineiro Jorge Fernando dos Santos, essa segunda biografia reconstitui, de forma similar, os principais passos do octagenário artista. Ao longo de 18 capítulos distribuídos em 280 páginas, Santos procura desvendar os caminhos seguidos por Vandré desde que o compositor de Pra não dizer que não falei de flores (Caminhando) (1968) foi perseguido pelo regime militar que amordaçou o Brasil de 1964 a 1985. A rigor, o enigma de Vandré continua indecifrável - até porque o arredio biografado se recusou a dar entrevista para os autores de ambos os (desautorizados) livros. Contudo, tal como Nuzzi, Santos apresenta narrativa crível em Vandré - O homem que disse não, com base em entrevistas e em pesquisa de informações publicadas na mídia.  O bom livro de Santos já está à venda por R$ 39,90.

Grupo de rap e MPB, 3030 lança seu segundo álbum, 'Entre a carne e a alma'

Três anos após apresentar seu primeiro álbum, Quinta dimensão (Independente, 2012), lançado na sequência de duas mixtapes editadas em 2010 e 2011, o 3030 - grupo que faz rap com toques de MPB - volta ao mercado fonográfico com a edição de seu segundo álbum, Entre a carne e a alma, disponível desde agosto de 2015 para download gratuito e legalizado no site oficial do grupo. Trio formado pelo cantor Bruno Chelles com os MCs Luan Lk e Rod, o grupo virou quarteto com a entrada posterior do DJ e produtor carioca Rafik. Disco também disponível para audição no YouTube, Entre a carne e alma sai também em edição física em CD e apresenta 13 temas de autoria dos integrantes do grupo. Bom dia, Horizonte do barraco, Leis próprias, Luz em todo morro, Ogum e Rir pra não chorar são algumas músicas do disco. Os membros do 3030 nasceram na cidade do Rio de Janeiro (RJ), mas foram criados em Arraial d'Ajuda (BA), cidade natal do 3030.

Disco ao vivo em que grupo Uns e Outros regrava Paralamas e U2 sai em CD

Banda carioca de rock dos anos 1980, dissolvida em 1991 e reativada em 2002, Uns e Outros lança a edição física em CD de seu primeiro álbum ao vivo. Disponível nas plataformas digitais desde julho deste ano de 2015, o álbum Uns e outros ao vivo vai sair em CD na primeira quinzena do mês de outubro. Trata-se do sexto título da discografia da banda. O CD traz como faixa-bônus uma música inédita, Pra esquecer de você, gravada em estúdio. Contudo, o repertório é formado basicamente por músicas antigas da discografia deste grupo mediano que chegou a transitar pelo mainstream, na segunda metade da década de 1980, antes de ser empurrado para o mercado fonográfico independente. A mais conhecida dessas músicas é Carta aos missionários (Cal Galvão, Marcelo Hayena e Nilo Nunes, 1989), hit do segundo álbum da banda, Uns e outros (Epic / Sony Music, 1989), de cujo repertório Uns e Outros ao vivo também rebobina Dias vermelhos (Cal Galvão, Marcelo Hayena, Nilo Nunes, Ronaldo Pereira e Heleno Nunes, 1989) em medley com With or without you (Bono, 1987), clássico do repertório da banda irlandesa U2. O Uns e Outros também arrisca cover de Meu  erro (Herbert Vianna, 1984), sucesso do grupo carioca Paralamas do Sucesso.

sábado, 26 de setembro de 2015

Roberta Campos faz regravação de hit de Gilson no seu autoral quarto álbum

Programado para ser lançado em outubro de 2015, em edição da gravadora Deck, o quarto álbum da cantora e compositora mineira Roberta Campos, Todo caminho é sorte, tem um repertório essencialmente inédito e autoral. Onze das 12 músicas do disco são inéditas de autoria da artista. A exceção é Casinha branca, canção singela que fez sucesso nacional ao ser lançada em 1979 na voz de seu compositor, o cantor potiguar Gilson Vieira, parceiro de Joran no tema composto em 1976 e lançado três anos depois por Gilson - artista radicado no Rio de Janeiro (RJ) desde 1966 - em seu primeiro álbum, Gilson (Top tape, 1979). Dentro de sua seara autoral, Roberta Campos abre parceria com Fernanda Takai no disco (em Abrigo) e faz dueto com Marcelo Camelo em Amiúde. O álbum Todo caminho é sorte  sucede Diário de um dia (Deck, 2012) na discografia zen da artista.

Box embala reedições em vinil de seis álbuns e uma coletânea dos Mutantes

Já em pré-venda, com entrega programada para 20 de outubro de 2015, a caixa Os Mutantes - fabricada pela PolySom sob licença da gravadora Universal Music - embala reedições em vinil de seis álbuns d'Os Mutantes e de uma recente coletânea do grupo paulista, Mande um abraço pra velha, produzida para ser parte de outra caixa intitulada Os Mutantes e lançada em agosto de 2014 pela gravadora Universal Music com reedições em CD dos mesmos discos ora relançados em vinil no box da Polysom. Os álbuns relançados em vinil são os gravados pelo grupo com Rita Lee na formação. A saber: Os Mutantes (1968), Mutantes (1969), A divina comédia ou ando meio desligado (1970), Jardim elétrico (1971) e Mutantes e seus cometas no país dos baurets (1972), além de Tecnicolor, álbum poliglota gravado pelo grupo em Paris, em 1970, arquivado na época e somente tirado do baú em 1999 - ano em que foi produzida sua primeira edição em disco, lançada em 2000.

Alexandre Caldi alinhava o segundo álbum solo, 'Mestiçaria', com 10 inéditas

Integrante do grupo carioca LiberTango, o compositor, saxofonista, flautista e arranjador carioca Alexandre Caldi prepara seu segundo álbum solo, intitulado Mestiçaria. Sucessor do CD Festeiro (Delira Música, 2008), Mestiçaria vai apresentar dez composições inéditas de autoria de Caldi. A ideia do artista é mesclar ritmos do Brasil com gêneros musicais de outros países da América Latina em leque rítmico que abarca samba, choro, baião, tango e chá-chá-chá. Mestiçaria vai trazer na ficha técnica os nomes de instrumentistas brasileiros como Bebê Kramer (acordeom), Marcelo Caldi (piano e acordeom), Gabriel Grossi (harmônica), Zé Paulo Becker (violão), Nando Duarte (violão), Caio Márcio (guitarra), Carlos Cesar Mota (na percussão) e Fabio Luna (na percussão). Caldi pleiteia recursos na plataforma de financiamento coletivo Benfeitoria  para gravar e editar seu álbum solo.

Atriz Sophia Abrahão se lança como cantora (solo) com CD produzido por Zor

Após contabilizar oito anos como atriz, em carreira iniciada em 2007 que lhe rendeu gravações de músicas para a novela teen Rebeldes, a paulistana Sophia Abrahão se lança como cantora (solo) e retorna ao mercado fonográfico neste ano de 2015 com a edição de álbum produzido por Fernando Zor. Agendado para 16 de outubro, o disco Sophia Abrahão alinha 11 músicas em seu repertório. A música escolhida para ser o primeiro single do álbum, Náufrago, vai ter seu clipe - gravado em várias cidades do Brasil - lançado em escala nacional na próxima terça-feira, 29 de setembro de 2015. Se vira, Besteira, Náufrago, Pelúcia, Bom dia, Tipo assim, Resposta, Valeu demais, Ligar pra quê?, Nós três e Sinal vermelho  são - pela ordem do CD - as 11 músicas do álbum de Abrahão.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Eis a capa de 'Primera fila', o CD gravado por Roberto Carlos em Abbey Road

Esta é a capa do CD Primera fila, disco gravado por Roberto Carlos em 11 e 12 de maio deste ano de 2015 no Abbey Road Studios, em Londres, Inglaterra, para o mercado fonográfico de língua hispânica. A capa foi revelada hoje, 25 de setembro de 2015, pelo cantor capixaba e a gravadora Sony Music. Já com o single Eu te amo, te amo, te amo (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1968) em rotação na web, Primera fila é projeto concebido e produzido por Afo Verde - presidente e CEO da Sony Music na região latino-ibérica -  tendo sido gravado com a direção musical de Tim  Mitchell.

Tecladista do grupo Los Hermanos prefacia livro com fotos da turnê de 2012

A uma semana de iniciar outra turnê pelas capitais do Brasil, o grupo carioca Los Hermanos lança na terça-feira, 29 de setembro de 2015, livro com 208 páginas ilustradas com fotos tiradas por Caroline Bittencourt nos shows e nos bastidores da turnê nacional de 2012. O prefácio do livro Los Hermanos - Turnê 2012 - Fotos de Caroline Bittencourt (Automatica Edições) é assinado por Bruno Medina, tecladista do grupo carioca. Com a palavra, Bruno Medina, em seu (ótimo) prefácio:

"As próximas páginas reúnem imagens capturadas durante a turnê que fizemos entre os meses de abril e junho de 2012. Foram, ao todo, 24 apresentações em 12 capitais, a mais extensa série de shows realizada desde que a banda entrou em recesso, cinco  anos antes. De certo modo, pode-se dizer que a ocasião propiciou um tardio, porém louvável, acerto de contas com as lentes, uma vez que os 10 anos em que estivemos viajando e tocando ininterruptamente parecem não ter sido tempo suficiente para viabilizar um registro fotográfico a altura do apreço que temos pela trajetória que construímos juntos.

Apesar dos insistentes pedidos por um livro como esse, resistimos através das desculpas cabíveis, talvez por supor que, assim como não se faz um omelete sem quebrar os ovos, não se obtém um resultado de qualidade sem ceder à câmera um pouco de privacidade. Afinal, além dos tantos olhares que já nos acompanham, haveria ainda por cima este, tentando tornar eterna cada banalizável nuance da rotina na estrada: e para cada instantâneo digno de se mostrar aos netos, haveria ao menos 10 de panças embaraçosamente proeminentes, ou de sonecas desprovidas de qualquer dignidade num saguão de aeroporto. Pior, no entanto, seria a frustração ao constatar que não se conseguiu mais uma vez escapar dos perversos tentáculos da glamourização, o pobre clichê que tenta convencer a todos de que esse ofício que temos é melhor ou mais importante do que os demais.
Ledo engano.
Contrariando os prognósticos mais pessimistas, esse trabalho – que tanto custou a nascer – é, em minha opinião, a mais fiel, singela e bem sucedida tentativa de capturar a essência desta banda. E não tenham dúvidas de que isso só foi possível porque, por trás da câmera, havia o olhar generoso e sensível da Carol, uma amiga querida que a vida (e o talento dela, é claro) se encarregou de transformar em nossa mais assídua fotógrafa.
As dezenas de imagens expostas a seguir, mais do que apenas retratar os detalhes desta turnê em específico, compõem um mosaico bastante representativo do que foram estes 17 anos de Los Hermanos. Ao imergir no universo composto por paisagens insólitas, luzes difusas, objetos incompreensíveis, sobreposições, tem-se a impressão de girar junto a uma espécie de caleidoscópio sensorial que emoldura, a partir de fragmentos multicoloridos, o sempre sublime encontro da banda com seu público.
Foi em 2012, poderia ter sido em outro ano qualquer. Foram outras as pessoas, os lugares, as nossas idades e ambições, mas, de alguma forma impossível de explicar, cada fragmento deste livro, cada diminuto capítulo da história que aqui é contada, como um fractal, contém todos os demais. Eis aí um belo resumo do que tem sido até agora essa nossa fantástica ventura."
Bruno Medina

Baia dá prévia do álbum 'A fúria do mar' em EP com (três) gravações inéditas

Maurício Baia finaliza seu oitavo álbum solo, A fúria do mar, com repertório que mistura músicas inéditas de autoria do cantor e compositor baiano - radicado há anos no Rio de Janeiro (RJ) - com regravações de composições de Gabriel Moura e Pedro Luís, entre outros nomes da mesma geração pop de Baia. O álbum foi gravado em Vargem Grande - zona rural situada à Oeste da cidade do Rio de Janeiro (RJ) - no estúdio do guitarrista Shilon Zygiel, produtor do disco. Previsto para ser lançado entre novembro e dezembro de 2015, o disco A fúria do mar está sendo precedido pela edição de EP que adianta três músicas incluídas no repertório do álbum. Disponível a partir de hoje (25 de setembro de 2015) nas plataformas digitais, em edição da Som Livre, o EP se chama Ladrão que rouba ladrão, nome da composição inédita feita por Baia com Gustavo Macacko e Luciano Luck. A música-título abre o EP, seguida por Toda (Marcos Bassini, 2009) - regravação da música lançada pela banda carioca Mané Sagaz - e por Dora, inédita composta apenas por Baia para celebrar a filha homônima, nascida há um ano. "O disco é o produto da minha licença paternidade".

Pop romântico trivial dilui efeito do já fraco 'Veneno' tecnobrega da Banda Uó

Resenha de CD
Título: Veneno
Artista: Banda Uó
Gravadora: Deck
Cotação: * *

Trio goiano de tecnobrega, a Banda Uó já soou mais brega do que tecno em seu primeiro álbum, Motel (Deck, 2012), sucessor do EP Me emoldurei de presente pra te ter (2011), produção independente que deu projeção ao grupo na web há quatro anos. Na sequência do lançamento de seu primeiro álbum, o trio sinalizou com a edição de inéditos singles digitais que ia seguir uma trilha mais explicitamente pop. De refrão imponente, Catraca (Mateus Carrilho, Davi Sabbag, Mel Gonçalves e Péricles Martins) - música gravada pela Uó com o funkeiro carioca Mr. Catra, liberada na web em abril de 2014 e ora alocada como faixa-bônus do recém-lançado segundo álbum da banda, Veneno - indicou a intenção de fazer som ainda mais popular, além dos clichês do exaurido tecnobrega. Primeiro single do álbum Veneno, É da rádio? (Mateus Carrilho e Davi Sabbag) corroborou a sensação de mutação do som tecnobrega da Uó. Música que abre Veneno, álbum produzido por Davi Sabbag sob a direção artística de Mateus Carrilho, É da rádio? apresenta um som mais orgânico, pop, com toques de rock. Mas o que dilui o efeito de Veneno é a adesão da banda a uma música romântica de tom mais trivial. Faixas como Primeiro encontro (Mateus Carrilho, Davi Sabbag e Pedrowl) e Boneca (Mateus Carrilho, Davi Sabbag e Victor Miranda) patinam nesse chão de romantismo corriqueiro que banaliza  o som e a identidade da Uó. Conexão do trio com o DJ Gorky, coprodutor da faixa, Cremosa (Davi Sabbag, Mateus Carrilho e DJ Gorky) sintoniza a banda com seu universo original e se destaca em disco feito com a adesão da rapper curitibana Karol Conká na já conhecida Dá1like (Mateus Carrilho, Davi Sabbag, Yuri Chix e Fábio Smelk). Até a cantora paulistana Vanessa Jackson abocanha fatia de X-bacon (Davi Sabbag, Mateus Carrilho e Péricles Martins), faixa de duplo sentido que tem coprodução de Boss in Drama (assim como Catraca). Enfim, formulado com doses altas de romantismo e sensualidade, o Veneno pop orgânico da Banda Uó tem efeito bem reduzido, deixando imunes até os admiradores do trio de tecnobrega.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Fito & Moska oscilam na ponte Brasil-Argentina erguida pelo CD 'Locura total'

Resenha de CD
Título: Locura total (edição brasileira)
Artista: Fito Paez & Moska
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * 1/2

Por suas habituais conexões com cantores e compositores da América Latina, como o uruguaio Jorge Drexler e o argentino-americano Kevin Johansen, o cantor e compositor carioca Moska era mesmo o nome mais adequado para criar e gravar um disco com o cantor e compositor argentino Fito Paez, ícone do rock portenho. Projeto arquitetado pela gravadora Sony Music, o álbum Locura total foi precedido por single de irresistível apelo pop, Hermanos (música de Fito Paez com letra de Moska), que fez ode à fraternidade e aumentou a expectativa sobre o disco (embora Hermanos soe mais natural e cativante na versão em espanhol do que com a letra em português). Mas a audição do CD produzido por Liminha decepciona. Irregular, a safra das 12 músicas inéditas autorais faz com que Fito e Moska oscilem na ponte erguida pelo disco para conectar Brasil e Argentina. A propagação da irmandade entre os habitantes dos dois países é feita de forma explícita no samba Flores de abraços (Moska), música que encerra o disco, mas essa filosofia humanista pauta todo o repertório e a própria ideia do disco. O problema é que as letras e as melodias estão geralmente aquém dos históricos discográficos dos dois artistas. Os rocks - como o autorreferente Milagros y heridas (Fito Paez) e o luminoso O sol ainda será brilhante (música de Fito Paez com letra de Moska) - até soam naturais porque o gênero rege a obra de Fito e também já esteve presente na discografia de Moska. Em contrapartida, quando os artistas procuram cair na bossa e no samba tropicais, o resultado é insatisfatório. Fito soa como gringo no samba em Garota muchacha (Moska), tema que versa - com alusões ao universo portenho - sobre o amor da personagem-título por um malandro do tango. Filhos do amor (Moska) é outro samba que reitera a inabilidade da dupla para cair no estilo com espontaneidade. A música-título Locura total (Fito Paez e Moska) tem algo da bossa carioca sem seduzir com seus versos imagéticos que evocam símbolos míticos da Bahia. Já Onde você passou a noite? (Moska com letra de Carlos Rennó) é pop rock de grooves funkeados. Como letrista, Moska persegue o lirismo do cancioneiro de Fito em Impossível escrever sobre o nada, canção que ostenta melodia do argentino. No saldo geral, a balada Adiós a las cosas (música de Fito Paez com letra de Moska) se impõe como bom momento de um disco que mostra que nem sempre o carioca e o argentino se afinam na música. Locura total é um disco descontraído que tem até apelo pop. Talvez por isso decepcione quem conhece o tom mais denso das obras pregressas de Fito Paez e Paulinho Moska. A intenção pode ter sido a melhor possível, porque Argentina e Brasil são países vizinhos que ainda se (des)conhecem como estranhos, mas o resultado do CD Locura total está longe da expectativa gerada pelo encontro entre os dois artistas.