Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


sábado, 31 de maio de 2014

Em cena, 'Modinhas' de Érika ganham ruídos e perdem sutilezas do disco

Resenha de show
Projeto: Ruído novo
Título: Modinhas
Artista: Érika Martins (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Oi Futuro Ipanema (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 30 de maio de 2014
Cotação: * * * 

Em seu segundo e melhor álbum solo, Modinhas (Coqueiro Verde Records, 2014), a cantora e compositora Érika Martins partiu desse estilo de canção melancólica - de origem portuguesa - para cantar músicas novas e antigas com sons contemporâneos que, de certa forma, traduzissem e atualizassem o estado de espírito desse gênero identificado com o passado remoto da música brasileira. No show Modinhas, norteado pelo repertório do disco, essas músicas ganham peso ao mesmo tempo em que perdem as sutilezas e delicadezas do disco. Ficou difícil identificar, por exemplo, a poesia solene da Modinha (Serestas - Peça nº 5) (Heitor Villa-Lobos e Manuel Bandeira, 1925) na atmosfera hard do arranjo do show, apresentado no teatro do Oi Futuro Ipanema, no Rio de Janeiro (RJ), dentro do projeto Ruído novo. Já na abertura do show, Érika amplificou a ambiência noise com que abordou Modinha (A rosa) (Sérgio Bittencourt, 1968) no CD. Por conta da pressão dos arranjos, geralmente situados dentro do universo roqueiro, o solo vocal de Bonita (2014) não fez jus ao título dessa balada do compositor carioca Marcelo Frota, o MoMo. Contudo, os ruídos do show - pertinentes em alguns números - jamais impediram a percepção da observação espirituosa feita por Tom Zé em A curi (2014), música que o compositor baiano deu a Érika  para o álbum Modinhas motivado pela leitura roqueira que a artista tinha feito - quando ainda integrava a já desativada banda baiana Penélope - de sua seminal canção Namorinho de portão (Tom Zé, 1968), revivida aliás no show em número que resultou num dos melhores momentos da apresentação de 30 de maio de 2014. Recorrente em vários números do show, a presença do tecladista convidado Humberto Barros se mostrou especialmente necessária em Dar-te-ei (Marcelo Jeneci, Helder Lopes, José Miguel Wisnik e Verônica Pessoa, 2010) - canção em que Marcelo Jeneci explicita sua devoção ao Roberto Carlos da Jovem Guarda - e no rock Você não serve pra mim (Renato Barros, 1967), hit do Rei nas jovens tardes de domingo com o qual a cantora arrematou o bis. Entre esses dois números que evocam a era do iê-iê-iê romântico, Érika apresentou com "clima David Lynch" a sedutora e tristonha balada Garota, interrompida (Érika Martins e Luis Pereira, 2014), destaque da safra autoral do álbum Modinhas. No bis, dois pop rocks da lavra do compositor gaúcho Pedro Veríssimo - Rolo compressor (Pedro Veríssimo e Fernando Aranha, 2014) e Sacarina (Pedro Veríssimo e Iuri Freiberger, 2009), este do primeiro disco solo da cantora, projetada nos anos 1990 como vocalista da banda baiana Penélope - reiteraram a sensação de que o show Modinhas foi entrando progressivamente no tom, entre perdas (de sutilezas) e ganhos (de ruídos), causando boa impressão ao espectador.

Érika insere Cure e Renato Barros no roteiro do ruidoso show 'Modinhas'

Com o tecladista convidado Humberto Barros já de volta ao palco do teatro do Oi Futuro Ipanema, Érika Martins ressaltou - no bis da primeira das duas apresentações de seu show Modinhas agendadas dentro do projeto Ruído novo - que, em projeto paralelo, integra o grupo Lafayette  & os Tremendões, coletivo carioca liderado pelo pianista e organista carioca Lafayette Coelho Vargas Limp, cujo som é ouvido em boa parte dos discos da Jovem Guarda. Foi a deixa para a cantora e compositora - revelada nos anos 1990 como vocalista da desativada banda baiana Penélope - encerrar a apresentação com enérgica abordagem de Você não serve pra mim, rock do compositor Renato Barros lançado por Roberto Carlos em 1967. Além do standard de Barros, a artista incluiu no roteiro de Modinhas um sucesso do grupo inglês The Cure, In between days (Robert Smith, 1985), gravado pela cantora em dueto com Herbert Vianna no terceiro disco solo do vocalista e guitarrista do trio carioca Paralamas do Sucesso, O som do sim (EMI Music, 2000), e revivido por Érika - novamente em duo com Herbert - no DVD que gravou para o Canal Brasil no Rio de Janeiro (RJ), sob a direção de Darcy Burger, na última quarta-feira, 28 de maio de 2014, dois dias antes de apresentar no Oi Futuro Ipanema, no Rio de Janeiro (RJ), o show baseado em seu segundo álbum solo, Modinhas (Coqueiro Verde Records, 2014). Show que, mais até do que o disco, explicita que o termo modinha, no caso de Érika Martins, tem significado abrangente, devendo ser entendido como um estado de espírito, não somente como o gênero de canção sentimental e melancólica surgida no Brasil no século 18. Eis o roteiro seguido por Érika Martins - vista com Humberto Barros na foto de Mauro Ferreira - no show feito em 30 de maio de 2014 no teatro do Oi Futuro Ipanema, no Rio de Janeiro (RJ), dentro do projeto Ruído novo, dedicado a sons indies:

1. Modinha (A rosa) (Sérgio Bittencourt, 1968)
2. Modinha (Serestas - Peça nº 5) (Heitor Villa-Lobos e Manuel Bandeira, 1925)
3. Bonita (Marcelo Frota, 2014)
4. A curi (Tom Zé, 2014)
5. Casinha pequenina (Autor e ano desconhecidos)
6. In between days (Robert Smith, 1985)
7. Prelúdio para ninar gente grande (Menino passarinho) (Luiz Vieira, 1962)
8. Dar-te-ei (Marcelo Jeneci, Helder Lopes, José Miguel Wisnik e Verônica Pessoa, 2010)
9. Namorinho de portão (Tom Zé, 1968)

10. Garota, interrompida (Érika Martins e Luis Pereira, 2014)
11. Fundidos (Botika, 2014)
12. Memorabília (Érika Martins, 2014)
Bis:
13. Rolo compressor (Pedro Veríssimo e Fernando Aranha, 2014)
14. Sacarina (Pedro Veríssimo e Iuri Freiberger, 2009)
15. Você não serve pra mim (Renato Barros, 1967) 

Réu deixa 'Rei' nu em livro que expõe regras do jogo entre artista e mídia

Resenha de livro
Artista: O réu e o rei - Minha história com Roberto Carlos, em detalhes
Autor: Paulo Cesar de Araújo
Editora: Companhia das Letras
Cotação: * * * * *

Mais do que na desautorizada biografia Roberto Carlos em detalhes (Editora Planeta, 2006), livro que circula no território livre da web em que pese sua retirada do mercado literário oficial por acordo judicial firmado em 2007, é em O réu e o rei que o escritor e historiador baiano Paulo Cesar de Araújo deixa nu o Rei, alcunha com que mídia e público se referem ao cantor e compositor capixaba Roberto Carlos. Araújo cutuca a fera ferida em seu orgulho com livro revelador que descortina os então secretos bastidores da batalha judicial que culminou com a retirada de sua biografia das livrarias do Brasil (como o próprio escritor revela ao fim de O réu e o rei, o livro Roberto Carlos em detalhes continua sendo comercializado em Portugal de forma oficial). Desta vez, a vara não é tão curta: Araújo conta com o apoio da Companhia das Letras, uma das mais poderosas editoras do Brasil, hábil no jogo com a mídia - a ponto de pôr O réu e o rei de surpresa nas prateleiras das livrarias e nas mãos dos jornalistas em 20 de maio de 2014. Tanto que a fera ferida já comunicou oficialmente ontem, 30 de maio de 2104, que não vai partir para o contra-ataque judicial por avaliar que inexiste "invasão de sua privacidade e/ou injúrias ou difamações a sua pessoa" nas 530 páginas de O réu e o rei. Páginas envolventes que revelam mais da natureza de Roberto Carlos como cidadão e artista do que a própria controvertida biografia, fruto de consistente trabalho de pesquisa de Araújo que somente detalhou fatos já de conhecimento público para, ao fim das contas, enaltecer o próprio Roberto Carlos. Sob o prisma do ineditismo dos fatos, O réu e o rei é mais revelador porque despe o Rei de sua personagem pública ao expor as agruras de sua saga para entrevistar Roberto Carlos para a biografia e os meandros da posterior batalha judicial para manter o livro Roberto Carlos em detalhes em circulação de forma oficial no mercado editorial brasileiro. Ao relatar em minúcias para o seu leitor tudo que ocorreu a portas fechadas na audiência de conciliação que culminou no acordo para a retirada da biografia do mercado (acordo firmado pelos representantes da Editora Planeta à revelia do autor do livro), Araújo mostra Roberto Carlos como ele é: um artista fera que, se ferido em seu orgulho, usa de seu poder e de sua popularidade para reverter o jogo a seu favor e fazer valer suas convicções e noções de público e privado. A julgar pelo relato feito por Araújo em O réu e o rei, esse jogo já estava ganho para o Rei naquele round judicial, uma vez que - ainda de acordo com Araújo - o juiz intimidou de antemão os representantes da Planeta com a ameaça de fechar a editora, pressionando dessa forma a empresa a aceitar o acordo. Somente esse relato já valeria a leitura de O réu e o rei. Mas o livro vai além ao dimensionar a força nacional de Roberto Carlos a partir de 1965 - ano em que o sucesso instântaneo e avassalador do rock Quero que vá tudo pro inferno (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1965) consolida a carreira do cantor e chama a atenção do então pequeno Araújo para o som do Rei da juventude - e ao expor as regras do jogo de poder travado cotidianamente entre artistas e mídia. Nesse jogo, críticos musicais são peças importantes pelo poder - hoje diluído pela multiplicidade de opiniões da web, mas ainda existente - de conferir (ou não) status a um artista. Enquanto conta sua história de vida, rememorando o impacto que cada lançamento de um álbum de Roberto Carlos provocava na sua interiorina cidade de Vitória da Conquista (BA) nos anos 1960 e 1970, Araújo reproduz trechos de críticas desses grandes álbuns, atualmente avaliados como geniais pela maioria dos críticos, mas atacados impiedosamente na época de seus lançamentos pelos jornalistas em atividade naquele tempo - caso do talentoso Tárik de Souza, pioneiro da moderna crítica musical. Como outros colegas da época, Tárik destruía cada álbum lançado por Roberto Carlos em sintonia com a patrulha ideológica da mídia tendenciosa da época, sempre disposta a cobrar engajamento político dos artistas que faziam parte do bloco dos alienados ou omissos. Naquele contexto, pouco importava se Roberto lançava grandes canções a cada álbum se tais canções não se engajavam na luta contra a repressão da ditadura instaurada no Brasil em 1964. Por fazer análise amorosa (mas lúcida) da obra fonográfica construída por Roberto Carlos ao longo de seus 55 anos de carreira, Araújo deixa entrever por diversas vezes a admiração que tem por essa obra entronizada na preferência popular de sucessivas gerações, em reinado que ganhou fôlego renovado em 2012 com o lançamento da balada Esse cara sou eu (Roberto Carlos), sucesso imediato ao ser apresentada em novembro daquele ano. Contudo, O réu e o rei é nada condescendente com a postura do artista na luta para preservar o que ele considera sua intimidade. A ponto de Araujo concluir seu relato analítico com a comparação das atitudes de Roberto Carlos com as de um senhor de escravos dos tempos do Brasil colonial. Sem maquiar atos e fatos, Araújo revela como o cantor soube se armar - a partir dos anos 1970 - para enfrentar o cotidiano jogo de poder que envolve artistas e mídia. O livro mostra como a assinatura de um contrato exclusivo com a TV Globo em 1974 - contrato ainda em vigor neste ano de 2014 - blindou Roberto Carlos no mais poderoso veículo de comunicação do país. Araújo mostra também como o Rei constituiu relações de confiança com editores de revistas como Fatos & Fotos e Manchete, publicações importantes no Brasil pré-Caras que, em troca de acesso exclusivo a fatos e fotos do artista, ajudaram a moldar retrato romantizado do artista para o seu público. Ao reconstituir cada passo de sua odisseia para tentar (em vão, como Araújo demorou a perceber) a entrevista com Roberto Carlos para a biografia, Araújo desarma o circo armado em torno do cantor em  entrevistas coletivas, eventos públicos e shows por staff orquestrado por assessores de imprensa, produtores e empresários como Dody Sirena, o gaúcho tenaz que fez Roberto rever seus conceitos de não associar publicamente seu nome a produtos como marcas de cervejas, carnes e cartões de créditos - ação que gerou aumento substancial no faturamento do artista à medida em que caíam as vendas de seus discos por conta da queda na qualidade do repertório e por conta da pirataria de CDs que dinamitou o mercado fonográfico a partir dos anos 2000. Despido com detalhes alinhavados por réu agraciado com o dom da escrita, e cuja heroica trajetória de vida já se entrelaça de forma indissociável com a vida e obra de Roberto Carlos, o Rei está nu. Cada um que o vista com seus olhos e convicções.

Psy lança em junho 'Hangover', música gravada com 'rapper' Snoop Dogg

Cantor da Coréia do Sul que virou fenômeno virtual em 2012, ao postar no YouTube o clipe da música Gangnam style (atualmente com mais de dois bilhões de visualizações), Park Jae-Sang - conhecido no universo pop pelo nome artístico de Psy - se prepara para lançar nas plataformas digitais, em 9 de junho de 2014, o terceiro single pós-fama mundial. Sucedendo Gentleman, música lançada em abril de 2013, Hangover junta Psy e o rapper norte-americano Snoop Dogg.

'Head or heart' expande produção autoral de Perri entre duo com Sheeran

Recém-lançado no Brasil, o segundo álbum da cantora e compositora norte-americana Christina Perri, Head or heart (Atlantic Records / Warner Music, 2013), expande a produção autoral dessa artista projetada em escala mundial em 2011, ano em que sua composição A thousand years foi incluída e propagada - na voz da própria Perri - na trilha sonora do filme A saga crepúsculo - Amanhecer (parte 1). Sucessor de Lovestrong (Atlantic Records / Warner Music, 2011), Head or heart inclui dueto de Perri com o cantor e compositor britânico Ed Sheeran em Be my forever - faixa de clima pop folk - entre baladas como TrustHuman e The words.

Bahia evoca Adoniran no CD 'Abstraia, baby' entre sambas, tango e blues

Foi como músico que Luciano Salvador Bahia começou sua carreira em 1986. Como violonista e pianista, o artista acompanhou intérpretes que emergiam na noite soteropolitana - inclusive uma cantora chamada Daniela Mercury. Mas foi somente em 1999 que Salvador Bahia iniciou sua carreira solo como cantor e compositor na cidade inserida em seu nome artístico. Seis anos depois, o artista chamou atenção em seu Estado natal com o lançamento de seu primeiro álbum, 1 (2005), gravado com a participação de Elza Soares. Ao longo dos nove anos que separam 1 de Abstraia, baby, álbum que Bahia lança neste ano de 2014 pela gravadora Dubas, músicas do compositor foram gravadas por Celso Fonseca (Queda, no álbum Feriado, lançado em 2007) e Marcia Castro (Vergonha, no álbum De pés no chão, também editado em 2007). Aliás, Vergonha integra o repertório autoral de Abstraia, baby ao lado de músicas inéditas em disco como Afobado, Tango do mal (gravada com Eduardo Dussek) e Não precisa (gravada com Ava Rocha). Das onze músicas, nove são assinadas somente por Luciano Salvador Bahia. As exceções são o samba Nem venha e o blues Maciota, compostos com os parceiros Cláudia Cunha e Fabiano Xavier, respectivamente. Em duas músicas, Salvador Bahia dialoga com títulos emblemáticos do cancioneiro brasileiro. Madame gente fina desenvolve com verve a história do samba Pra que discutir com madame? (Janet de Almeida e Haroldo Barbosa, 1945), dando para o caso fecho bem distinto do proposto por Carlos Lyra, Roberto Menescal e Joyce Moreno em Madame quer sambar, composição lançada pelo grupo vocal Os cariocas no álbum Estamos aí (Biscoito Fino,2013). Já Voo das onze evoca Trem das onze (1964), um dos sambas mais conhecidos do repertório do compositor paulista Adoniran Barbosa (1910 - 1982).

sexta-feira, 30 de maio de 2014

Tema de Monsueto anuncia terceiro CD de Marcia, produzido por Amabis

Terceiro álbum da artista baiana Marcia Castro, Das coisas que surgem tem lançamento previsto para agosto de 2014. Produzido pelo guitarrista e arranjador Gui Amabis, o álbum enfatiza em onze faixas a produção autoral da cantora que vai debutar como compositora. Contudo, o primeiro single é a regravação do samba Na menina dos meus olhos (Monsueto Menezes e Flora Matos, 1962), feita por Castro com a participação da cantora cubana (criada em Cabo Verde) Mayra Andrade. "Adorei o caminho novo que construímos, saindo do samba e indo para um ska, divertido e irreverente, assim como meu trabalho", ressalta Castro. O single Na menina dos meus olhos vai ser lançado na web manhã da próxima terça-feira, 3 de junho. De 3 a 9 de junho, a gravação - feita com percussionistas da banda Nação Zumbi - vai estar disponível para download gratuito e legalizado no site oficial de Marcia Castro. A conferir!

Fagner dá voz a Belchior e Jaime Alem em seu álbum 'Pássaros urbanos'

Lançado nesta última semana de maio de 2014, pela gravadora Sony Music, o 37º álbum do cantor e compositor cearense Raimundo Fagner, Pássaros urbanos, expõe na capa ilustração do compositor e poeta cearense Fausto Nilo, parceiro de seu conterrâneo nas inéditas canções Balada fingida e Versos ardentes. Embora predominantemente inédito, o repertório do disco - produzido por Michael Sullivan - inclui regravações de Doce viola (Jaime Alem, 2009), No Ceará é assim (Carlos Barroso, 1942) e Paralelas (Belchior, 1976). A convite de Fagner, o editor de Notas Musicais assina o texto de apresentação do álbum. Eis o release de Pássaros Urbanos:

O voo de Fagner por amores e cidades que nunca terminam

Cantor lança seu 37º álbum, Pássaros urbanos, produzido por Michael Sullivan

“Você sabe de onde eu vim”. É expressivo que esse seja o primeiro verso ouvido por quem começar a audição do 37º álbum de Fagner, Pássaros urbanos, pela primeira de suas onze músicas. Sim, o vasto e fiel público do artista sabe de onde veio o cantor, compositor e músico cearense Raimundo Fagner Cândido Lopes. E vai reconhecê-lo de imediato neste primeiro disco de Fagner em cinco anos. Produzido por Michael Sullivan e lançado pela Sony Music, gravadora que guarda em seu acervo a maior parte da discografia do artista, o CD Pássaros urbanos sintetiza quatro décadas de uma das carreiras mais bem-sucedidas da história da música brasileira.

O disco versa sobre amores urbanos com sons contemporâneos em série de canções candidatas a se tornar mais um hit deste artista projetado nacionalmente em 1972 quando ninguém menos do que Elis Regina (1945 – 1982) avalizou o então iniciante compositor ao gravar Mucuripe, parceria de Fagner com seu conterrâneo Belchior, que reaparece em Pássaros urbanos com a regravação de sua canção Paralelas (1975). Pegando o fio da meada, Paralelas costura o linho urbano de um disco que também dirige olhar afetivo para o sertão e para toda a Nação Nordestina sem sair de seu tom cosmopolita. Link coerente com a trajetória musical de um artista que, desde o início, se destacou por reprocessar os sons do Nordeste com uma linguagem pop universal que nunca escondeu influências dos Beatles e da Jovem Guarda.

Disco de tom predominantemente romântico, Pássaros urbanos alinha oito músicas inéditas e três regravações em repertório que vem sendo alinhavado por Fagner desde 2011. Uma das inéditas, Arranha-céu, já é do conhecimento do público, pois deu o pontapé inicial na promoção do álbum em abril. Arranha-céu é parceria do produtor do disco, Michael Sullivan, com o poeta cearense Fausto Nilo. Para quem não liga o nome à música, Sullivan é o autor da melodia de Deslizes (1988), um dos maiores hits da carreira de Fagner. O refrão pegajoso de Arranha-céu reitera que Sullivan conhece os caminhos que levam uma canção ao gosto popular.

Já Fausto Nilo é o amigo e conterrâneo que vem construindo com Fagner uma das parcerias mais sólidas da MPB. Nome recorrente nos créditos das músicas dos álbuns de Fagner desde o segundo álbum do cantor, Ave noturna (1975), Nilo alça voos poéticos em Pássaros urbanos. São dele os versos de quatro das oito inéditas do disco. Além de assinar Arranha-céu com Sullivan, Nilo é o autor dos versos da balada que dá título ao álbum - Pássaros urbanos, canção cuja melodia é de Cristiano Pinho, violonista e guitarrista que vem integrando a banda de Fagner nos últimos anos – e é o parceiro de Fagner em duas canções, Versos ardentes e Balada fingida, ambas com cacife para se tornar clássicos instantâneos da dupla.

Com melodia cativante construída por Fagner em total sintonia com os versos de Nilo, Balada fingida derrama poesia ao falar do fim de um amor. “A cidade não termina”, conclui o poeta no verso que encerra a canção. E que também fecha esse disco que entra na ciranda das paixões urbanas, embora Versos ardentes tenha um clima rural, quase sertanejo, pontuado pela gaita de Stanley Netto, instrumento que sobressai no arranjo urdido pelos músicos do grupo carioca Yahoo (o produtor Michael Sullivan assina os arranjos de oito das onze músicas, dividindo a função com Junior Amaral e Maurício Barbosa).

Pássaros urbanos abre bela janela para o Brasil rural em Doce viola, obra-prima do cancioneiro autoral do violonista e maestro Jaime Alem. Embora a música já seja conhecida pelo séquito de fãs da cantora Maria Bethânia, que a cantou em disco e show de 2009, Doce viola vai soar inédita para o imenso público de Fagner. A viola tocada por Jaime Alem na faixa ajudar a criar o clima ideal desse tema que arrasta o coração nordestino de Fagner para o sertão.

Em terra urbana, a canção que abre o disco – Se o amor vier, a do verso inicial “Você sabe de onde eu vim” – reconecta Fagner a um dos compositores mais relevantes de sua obra fonográfica, Clodo Ferreira, nome bastante presente na discografia do artista nos anos 1970 (ele é coautor de Revelação, grande sucesso de Fagner em 1978). Parceria de Fagner com Clodo, Se o amor vier explicita – no toque do violão de nylon tocado pelo próprio Fagner - o tom contemporâneo do CD, reiterado por Tanto faz, balada forrada com teclados e assinada por Michael Sullivan com Anayle Lima.

A propósito: a já citada Paralelas é uma regravação que faz todo o sentido no disco por ser uma das mais perfeitas traduções das urgências urbanas. A música molda retrato poético do homem cosmopolita, imprensado entre o amor e as conquistas materiais, a 100 por hora – o que dá sentido também ao fato de Fagner ter dado voz à bela canção em um andamento ligeiramente mais acelerado do que as gravações anteriores do standard de Belchior.

De volta à safra de inéditas, duas músicas de Pássaros urbanos são parcerias de Fagner com o cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro – artista com o qual Fagner uniu vozes e músicas em álbum lançado em dupla, em 2003, que se tornou um dos mais cultuados das discografias de ambos os artistas. Uma das duas novas músicas da dupla, Toda luz tem arranjo pulsante que dialoga de forma inteligente com o universo da canção sentimental de tonalidade mais popular. A música poderia ser gravada pelo cantor pernambucano Reginaldo Rossi (1941 – 2013). E isso é um elogio.

Com Baleiro, Fagner assina e canta o Samba nordestino. A letra é uma espécie de Festa de arromba da Nação Nordestina, enfileirando nos versos ícones musicais dessa nação musical – Dominguinhos, Fausto Nilo, Gordurinha, Jackson do Pandeiro, Lauro Maia, Luiz Gonzaga, Oswaldinho do Acordeom e Severino Araújo – para propagar o suingue nordestino do samba feito com pandeiro e zabumba. E o sentido de samba aqui é mais abrangente, pois, no Nordeste, samba também sempre foi sinônimo de festa popular.

E, como a música desconhece fronteiras, tudo parece fazer novamente todo o sentido quando Fagner regrava No Ceará é assim (Carlos Barroso) – sucesso lançado em 1942 pelo grupo carioca Quatro Azes e um Coringa – em clima de gafieira, com um arranjo de samba pop orquestrado pelo maestro Lincoln Olivetti que faz sobressair os metais. Raimundo Fagner Cândido Lopes pode se dar a esse luxo porque, mesmo dando voz a canções de tom universal como muitas ouvidas em Pássaros urbanos, ele tem orgulho de sua origem. E você sabe muito bem de onde ele veio. E, se por ventura não sabe, vai saber ao ouvir este disco sobre amores e cidades que nunca terminam.

Mauro Ferreira, maio de 2014

Filho de Péricles, Lucas Morato lança single de álbum que lança em julho

 Filho de Péricles (o cantor paulista projetado como vocalista do desativado grupo de pagode Exaltasamba), Lucas Morato é a nova aposta da Universal Music no universo do samba. A gravadora lança esta semana Mundo dos desencantados, primeiro single do primeiro álbum de Morato, Muito prazer!, cujo lançamento está programado pela Universal Music para julho de 2014. De autoria de Morato, Mundo dos desencantados é uma das cinco músicas assinadas pelo jovem cantor e compositor paulista entre as 13 faixas do álbum. Outra é Linda voz (Olá), música cantada por Morato com Péricles no CD, gravado com adesões do rapper paulistano Projota - em Logo mais (Tiago Alexandre e Marcelinho TDP) - e de Thiaguinho, convidado da música-título Muito prazer (Elizeu Henrique e Cleitinho Persona). Embora tenha apenas 21 anos, Morato já contabiliza nove anos de carreira. Dos 12 aos 19 anos, o artista integrou o grupo de pagode Filhos do Samba. Em 2013, quando tinha 20 anos, Morato iniciou carreira solo, mas já tinha participado do CD e DVD Sensações, lançado por seu pai, Péricles, em 2012.

Segundo raro álbum da Orquestra Afro-Brasileira ganha reedição em vinil

Um dos segredos mais bem guardados nos arquivos da indústria fonográfica do Brasil, o segundo álbum da Orquestra Afro-Brasileira - lançado originalmente em 1968 pela gravadora CBS - ganha reedição no formato de LP, fabricado pela Polysom dentro da série Clássicos em vinil. Último dos dois únicos álbuns lançados pelo grupo liderado pelo compositor e maestro Abigail Cecílio de Moura, autor das 12 músicas do disco, Orquestra Afro-Brasileira difundiu sons da cultura musical africana em faixas como Babaloxá, Os oinho de iaiá e Palmares, propagando ritmos como o opanijé (ritmo devotado ao orixá Omolu) e alujá (ritmo designado para o orixá Xangô) com a polirritmia afro-brasileira, cuja base foi recolhida em cerimônias litúrgicas afro-brasileiras. O genuíno som africano da orquestra era extraído da mistura de instrumentos ocidentais (como saxofone e clarineta) e primitivos (como urucungo, angona-puíta, agogô, gonguê, rum, rumpi, lê, afoxê, adjá, berimbau e ganzá). As músicas são cantadas em bantu, nagô, nheengatu e em português. Sugestão do produtor Kassin, a reedição em vinil do álbum Orquestra Afro-Brasileira é fruto de processo de produção que levou seis meses para ser concluído. Ao licenciar o disco para a Polysom, a gravadora Sony Music - herdeira do acervo da extinta CBS - enviou o projeto gráfico original e a fita master de áudio disponível no arquivo da companha fonográfica. Tratava-se de uma fita de meia polegada, com três canais de gravação - formato bem pouco conhecido, mas muito comum nos estúdios da antiga CBS durante os anos 1960. Como no Brasil não foi encontrado nenhum gravador que pudesse reproduzir esse tipo de fita, a solução foi seguir pista dada pelo engenheiro argentino Leandro Gonzales, dono do estúdio de corte de acetato Dubstereo, em Nova York (EUA). De acordo com Gonzales, uma empresa chamada Sonicraft A2DX Lab, situada em Nova Jersey (EUA), teria capacidade para copiar qualquer tape analógico. Lá, a fita foi copiada em digital de alta fidelidade. De volta ao Brasil, os áudios foram então remixados nos Estúdios Tambor, tendo como referência o LP original. A reedição de Orquestra Afro-Brasileira sai em junho.

Montezuma põe tons de Jobim e Milton no CD 'As cores do meu coração'

Em seu segundo álbum, As cores do meu coração (Independente, 2013), a (boa) cantora e (pálida) compositora carioca Andréa Montezuma insere tons dos cancioneiros de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) e Milton Nascimento & Fernando Brant em repertório essencialmente autoral que inclui parcerias da artista com o compositor e baixista Jorjão Carvalho, arranjador do disco e coautor de músicas como Desejo insano e Gravidade. De Jobim, Montezuma dá voz a Passarim (1987), canção que deu título a um dos últimos álbuns de estúdio do compositor carioca. De Milton & Brant, Montezuma canta Amor e paixão - música lançada em 1986 na voz da cantora Simone - com arranjo e os violões (de aço) do guitarrista argentino Victor Biglione.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Dan afirma inspiração autoral em show em que aborda repertório de Gal

Resenha de show
Título: Dan Nakagawa convida Ney Matogrosso
Artista: Dan Nakagawa (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Solar de Botafogo (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 28 de maio de 2014
Cotação: * * * 1/2

Permanentemente atento aos sinais, Ney Matogrosso teve sua atenção despertada para o talento de Dan Nakagawa desde que este ator, cantor e compositor paulistano - de ascendência japonesa - lançou seu álbum de estreia, O primeiro círculo (Lua Music, 2005), de cujo repertório autoral Ney pescou a pérola Um pouco de calor (Dan Nakagawa, 2005) para seu show e disco Inclassificáveis (2007 / 2008). Quem ficou atento aos sinais emitidos pelo cantor nesse espetáculo pôde comprovar o talento de Dan Nakagawa como compositor quando o artista lançou seu segundo álbum, O oposto de dizer adeus (YB Music, 2011), um dos melhores discos daquele ano de 2011. Dali em diante, a proximidade de Dan e Ney os uniu no registro ao vivo do show que originou o CD e DVD Dan Nakagawa convida Ney Matogrosso (Canal Brasil, 2013). Foi para promover esta gravação ao vivo que Dan - presença bissexta em palcos cariocas - se apresentou no teatro do Solar de Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ), em 28 de maio de 2014, com novo convite a Ney. Aberto com parceria inédita de Dan com a atriz e cineasta Helena Ignez, Vlad Rimbaud, o show começou frio. Talvez por tensões naturais de uma estreia, o artista não fez Coração coragem (Dan Nakagawa, 2011) bater com toda a força da gravação de 2011. Apresentadas na sequência, Furobá (Dan Nakagawa, 2005) - canção que descreve cenário bucólico - e Assim assim (Dan Nakagawa e Celso Sim, 2011) deram a falsa impressão de que o show transcorreria sem energia. Mas, à medida que a apresentação e o canto de Dan foram ganhando um pouco de calor, o show decolou e deixou evidente para o público que, além de excelente compositor, o artista também passaria na prova do palco, cantando em fina sintonia com a azeitada banda integrada por Geraldo Orlando (guitarra), Henrique Alves (baixo), Michel Membrive (teclados) e Rogério Bastos (bateria). O primeiro número a sobressair foi a balada Infinito instante (Dan Nakagawa, 2011), à qual o cantor acrescentou o texto, recitado, Reza para Ganesha. Antes, O sol da meia noite (Dan Nakagawa, 2011) iluminara, em clima de elétrico folk, o rastro deixado pela obra gigantesca do compositor norte-americano Bob Dylan. A propósito, mais para o fim do show, Dan daria voz a uma versão em português de tema de Dylan, com Ney Matogrosso já em cena (mas, no caso desse número, como mero espectador). Ao fazer enérgica abordagem de Negro amor (It's all over now, baby blue) (Bob Dylan, 1965, em versão em português de Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti, 1977), Dan mostrou que também pode surpreender como cantor. Negro amor foi a última das três músicas do roteiro propagadas originalmente na voz cristalina da cantora baiana Gal Costa. Antes, com a mesma atmosfera roqueira em que ambientou temas autorais como O oposto de dizer adeus (Dan Nakagawa, 2011), o artista reavivara Dê um rolê (Luiz Galvão e Moraes Moreira, 1971). E, um pouco mais atrás, Dan fez o Bloco do prazer (Moraes Moreira e Fausto Nilo, 1979) sair sem a euforia carnavalizante da popular gravação feita por Gal para álbum de 1982. No registro de Dan, a marcha-frevo teve realçada a força de sua melodia em arranjo que deixou o refrão pulsante. Alocada no fim do show, a participação de Ney Matogrosso eletrizou a apresentação por conta da voz e presença habitualmente magnéticas do convidado. Com Dan na guitarra, Ney fez Sangue latino (João Ricardo e Paulinho Mendonça, 1973) subir nos mesmos tons da gravação original do trio Secos & Molhados. Depois, transitou pelo cancioneiro autoral de Dan, entoando Um pouco de calor (Dan Nakagawa, 2005) e caindo no suingue de Na neblina do samba (Dan Nakagawa, 2005), voltando à cena no bis para - após Dan experimentar a inédita psicodélica Ser e não ser (Dan Nakagawa) - arrematar a participação e o show com a efervescência pop roqueira de Todo mundo o tempo todo (Dan Nakagawa, 2011). Fique atento aos sinais: Dan Nakagawa é ótimo!!

Dan convida Ney em show no Rio em que canta Dylan e Moraes Moreira

Desde que gravou Um pouco de calor (Dan Nakagawa, 2005) em seu álbum Inclassificáveis (EMI Music, 2008), o cantor Ney Matogrosso tem chamado atenção para o talento do compositor paulistano Dan Nakagawa, que lançou um dos melhores álbuns autorais de 2011, O oposto de dizer adeus (YB Music). Além de ter dado voz a outras músicas de autoria do artista em discos e shows posteriores, caso de Todo mundo o tempo todo (Dan Nakagawa, 2011), Ney tem participado de vários shows de Dan - inclusive do que está registrado no CD e DVD Dan Nakagawa convida Ney Matogrosso (Canal Brasil, 2013). Por isso, o convite para dividir o palco com o compositor foi refeito a Ney para o show apresentado por Nakagawa no teatro do Solar de Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ), em 28 de maio de 2014. Além de cantar com Dan Um pouco de calor e Todo mundo o tempo todo, Ney solou Na neblina do samba (Dan Nakagawa, 2005) - com o anfitrião no ukelele - e fez subir Sangue latino (João Ricardo e Paulinho Mendonça, 1973), sucesso do trio Secos & Molhados. Antes de Ney entrar em cena, Dan cantou dez músicas, apresentando parceria inédita com a atriz e cineasta Helena Ignez (Vlad Rimbaud) e fazendo Bloco do prazer (Moraes Moreira e Fausto Nilo, 1979) sair fora de seu habitual trilho carnavalizante. Do compositor baiano Moraes Moreira, aliás, Dan também cantou Dê um rolê (1971), da parceria de Moraes com Luiz Galvão. Já com Ney em cena, como espectador, Dan fez eletrizante abordagem de Negro amor (1977), versão em português de Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti para It's All Over Now, Baby Blue (Bob Dylan, 1965) lançada na voz cristalina de Gal Costa. Eis o roteiro seguido em 28 de maio de 2014 por Dan Nakagawa - visto com Ney Matogrosso na foto de Rodrigo Goffredo - no (bom) show que evidenciou seu talento como compositor no palco do Solar de Botafogo, no Rio de Janeiro (RJ):

1. Vlad Rimbaud (Dan Nakagawa e Helena Ignez, 2014)
2. Coração coragem (Dan Nakagawa, 2011)
3. Furobá (Dan Nakagawa, 2005)
4. Assim assim (Dan Nakagawa e Celso Sim, 2011)
5. O sol da meia noite (Dan Nakagawa, 2011)
6. Infinito instante (Dan Nakagawa, 2011)
    Texto: Reza para Ganesha (Dan Nakagawa)

7. O oposto de dizer adeus (Dan Nakagawa, 2011)
8. Bloco do prazer (Moraes Moreira e Fausto Nilo, 2009)
9. Eu sofro por amor (Dan Nakagawa, 2011)
10. Dê um rolê (Luiz Galvão e Moraes Moreira, 2011)
11. Sangue latino (João Ricardo e Paulinho Mendonça, 1973) - com Ney Matogrosso
12. Um pouco de calor (Dan Nakagawa, 2005) - com Ney Matogrosso
13. Negro amor (It's all over now, baby blue) 

      (Bob Dylan, 1965, em versão em português de Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti, 1977)
14. Na neblina do samba (Dan Nakagawa, 2005) - com Ney Matogrosso
Bis:
15: Ser e não ser (Dan Nakagawa)
16. Todo mundo o tempo todo (Dan Nakagawa, 2011) - com Ney Matogrosso

Falamansa canta em francês no álbum de inéditas autorais 'Amigo velho'

Nono título da discografia do Falamansa, grupo paulistano de forró cujas origens remetem ao ano de 1998, o álbum Amigo velho apresenta treze músicas inéditas, sendo doze assinadas - a sós ou com parceiros - por Ricardo Cruz, o Tato, vocalista e principal compositor da banda. A exceção é Debutanalabuta, tema de Valdir do Acordeom. Em evidência na primeira metade dos anos 2000, como expoente do gênero batizado de forró universitário, o Falamansa vem de um disco em tributo ao centenário de nascimento do cantor e compositor pernambucano Luiz Gonzaga (1912 - 1989), As sanfonas do rei (2012). Apesar das letras, geralmente rasas e triviais, músicas como Numa festa de São João (Tato) e Forró à brasileira (Tato) mostram que o grupo procura - na medida de suas possibilidades - assimilar as lições do Rei do baião. Xotes solares predominam em repertório que destaca Um novo dia (Tato) e Amigo velho (Tato e Zeider). E que inclui faixa em francês, Un petit peu plus d'amour (Tato), entre outras inéditas.

Com pseudônimo, Cher figura em álbum do grupo de rap Wu-Tang Clan

Com lançamento previsto para o segundo semestre deste ano de 2014, o sexto álbum de estúdio do grupo norte-americano de rap Wu-Tang Clan - intitulado Once upon a time in Shaolin (e não mais A better tomorrow, como cogitado anteriormente) - tem a participação da cantora e compositora norte-americana Cher. Sob o pseudônimo Bonnie Jo Mason (o mesmo usado por Cher em 1964 ao lançar o single Ringo, I love you), a artista faz vocais em duas músicas. Ao fim de uma delas, Cher dá voz ao verso Wu-Tang, baby. They rock the world. Primeiro álbum do Wu-Tang-Clan desde 8 diagrams (2007), Once upon a time in Shaolin tem produção capitaneada por Tarik Cilvaringz Azzougarh. O grupo está em atividade desde 1992.

Single 'Blast off' junta Guetta com Kaz James, DJ residente em Londres

Apresentado esta semana na web, via SoundCloud, o single Blast off - um electrorock de peso - junta o DJ e produtor francês David Guetta - ícone da vertente mais pop da dance music - com Kaz James, DJ e produtor residente em Londres. A colaboração entre os DJs é inédita. Single vai ser lançado no mercado fonográfico em junho de 2014, numa edição da Jack Back Records.

Bumagny alinha parceria com Tatit e rap de baleiro em 'O segundo sexo'

"Evangelho segundo sexo", na definição hiperbólica do cantor e compositor paraibano Chico César, o terceiro álbum da cantora e compositora paulistana Vanessa Bumagny - de quem César é parceiro e incentivador - aposta em repertório inteiramente inédito e autoral que destaca a canção O que for melhor. Lançado de forma independente, o CD O segundo sexo apresenta parcerias da artista com o compositor paulistano Luiz Tatit (na balada pop Do meu jeito) e com o cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro (em Evapora, tema de tom mais introspectivo). Também avalista do cancioneiro de Bumagny, de quem produziu o álbum anterior Pétala por pétala (2009), Baleiro também figura em O segundo sexo como cantor, dando voz ao rap embutido no rock que dá título ao disco e que foi composto por Bumagny em parceria com Luiz Pinheiro. Pavimentando caminho fonográfico desde 2003, ano em que lançou seu primeiro álbum, De papel, Bumagny também se banha na praia do pop reggae em A Carlos Drummond de Andrade, música criada pela compositora sobre versos do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920 - 1999). A ideia foi fazer disco mais expansivo.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Margareth e Rosa reiteram suas origens baianas em gravação ao vivo no Rio

Duas importantes cantoras nascidas na Bahia e projetadas na cena brasileira em gerações e em universos musicais bem distintos, Margareth Menezes e Rosa Passos - em foto de Fred Pontes - reiteraram a origem comum ao cantarem juntas o samba Eu vim da Bahia (1965), de Gilberto Gil, na gravação ao vivo de Para Gil & Caetano, show de 2012 em que Margareth entrelaça os cancioneiros de Caetano Veloso e Gilberto Gil para celebrar os 70 anos de vida dos artistas, também baianos. O show foi captado - para edição de CD e DVD - em apresentação na casa Vivo Rio do Rio de Janeiro (RJ),  em 27 de maio de 2014.  CD e DVD vão sair no segundo semestre via Canal Brasil.

'Eclipse oculto' ilumina o encontro de 'Maga' com Saulo em gravação no Rio

Cantor e compositor em ascensão no mercado de música afro-pop-baiana, Saulo Fernandes foi um dos convidados da cantora Margareth Menezes na gravação ao vivo do show Para Gil & Caetano, feita na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 27 de maio de 2014. A reunião dos artistas baianos - em foto de Fred Pontes - foi na música Eclipse oculto (Caetano Veloso, 1983). Show que estreou em 2012 para celebrar os 70 anos de vida dos cantores e compositores baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil, Para Gil & Caetano foi gravado ao vivo para originar CD e DVD previstos para já serem lançados no segundo semestre deste ano de 2014 na Coleção Canal Brasil.

Margareth grava ao vivo, no Rio, o show em que une e celebra Caetano e Gil

A foto de Fred Pontes flagra o momento em que a cantora baiana Margareth Menezes recebe Gilberto Gil e Preta Gil no palco da casa Vivo Rio durante a gravação ao vivo do show Para Gil & Caetano, idealizado e estreado em 2012 com a intenção de festejar os 70 anos completados pelos artistas baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil naquele ano. Em turnê pela Europa com o show Abraçaço, Caetano ficou de gravar sua participação em estúdio. Mas Gil compareceu à gravação ao vivo feita no Rio de Janeiro (RJ) na noite de ontem, 27 de maio de 2014. Com Gil, Margareth cantou Clichê do clichê (Gilberto Gil e Vinicius Cantuária, 1985) e Deixar você (Gilberto Gil, 1982). Com a adesão de Preta Gil, filha do cantor, Margareth e Gil também reviveram Refazenda (Gilberto Gil, 1975). Os cantores Saulo Fernandes e Rosa Passos também participaram da gravação ao vivo, assim como Bem Gil e Moreno Veloso. O registro do show vai dar origem a CD ao vivo e a DVD, previstos para serem editados no segundo semestre de 2014, dentro da Coleção Canal Brasil.

Eficiente, Xscape é o melhor disco póstumo possível de Michael Jackson

Resenha de CD
Título: Xscape
Artista: Michael Jackson
Gravadora: Epic Records / Sony Music
Cotação: * * * 1/2

Por mais que sua existência seja fruto de interesses financeiros, e isso não o diferencia da maior parte dos CDs despejados nas lojas pelas multinacionais do disco, Xscape é o melhor álbum póstumo possível de Michael Jackson (1958 - 2009). Alçado instantaneamente ao topo das paradas de mais de 50 países ao ser lançado em escala mundial pela Sony Music em 13 de maio de 2014, Xscape é álbum digno na medida em que pode ser digno um disco de sobras fabricado - no caso, por um time de produtores capitaneados pelo eficiente Timbaland - a partir de exumações da obra de um artista que já saiu de cena. Como seu antecessor Michael (2010), Xscape jamais depõe contra a memória do Rei do Pop. Aliás, Xscape se parece mais como um álbum de Jackson do que Michael. A impressão deixada pelo disco - posto com atraso nas lojas do Brasil pela Sony Music - é a mesma de sua música-título Xscape (Michael Jackson, Rodney Jerkins, LaShawn Daniels e Fred Jerkins III), datada de 1999 e originária das sessões de gravação do último álbum de inéditas do artista norte-americano, Invincible (Sony Music, 2001): dá para reconhecer o d.n.a. do som de Michael nessa faixa e nas outras sete gravações inéditas de músicas também oficialmente inéditas que compõem o repertório de Xscape em registros feitos entre 1983 e 1999. Não, não há uma grande música entre essas oito composições. Mas há boas músicas entre elas - e isso, diante das circunstâncias, é fato que merece ser louvado. Faixa originada a partir de take de 1983, a balada Love never felt so good (Michael Jackson e Paul Anka - com produção de John McClain e Giorgio Tuinfort) é uma delas. Tema de batida dançante gravado por Jackson em 1998, A place with no name (Dewey Bunnell, Michael Jackson e Dr. Freeze em adaptação de A horse with no name, composição lançada em 1972 pelo grupo America) e Slave to the rhythm (L.A. Reid, Kenneth Edmonds - Babyface - Daryl Simmons e Kevin Roberson) - música originária das sessões de gravação do álbum Dangerous (1991) - também fazem Xscape valer a pena. Justiça seja feita: por mais que as gravações tenham sido maquiadas pelos produtores, sob o comando de Timbaland, dá para reconhecer a pegada do som de Michael Jackson na levada funkeada de Chicago (Cory Rooney) e no acento r & b da balada Loving you (Michael Jackson). Chicago é sobra do já mencionado álbum Invincible. Loving you entraria no álbum Bad (Epic Records / Sony Music, 1987). Completam Xscape Do you know where your children are? (Michael Jackson) - um tema das sessões de Bad que chama atenção para o abandono infantil e que soa polêmico pelo fato de o cantor ter sido judicialmente acusado de molestar crianças - e Blue gangsta (Michael Jackson e Dr. Freeze), faixa de tonalidade sombria que seria oriunda das sessões do álbum Invincible. Enfim, Xscape é um disco de sobras. Só que, aprimoradas em estúdio, tais sobras soam mais sedutoras do que muito material novo produzido atualmente no universo pop. O que faz com que Xscape, em última análise, reitere a genialidade atípica de Michael Jackson e mereça o sucesso obtido nas duas últimas semanas, cumprindo sua (maior) função no mercado.

Show 'Souvenir' é uma viagem particular pela música espirituosa de Machete

Resenha de show
Título: Souvenir
Artista: Silvia Machete (em foto de Rodrigo Goffredo)
Local: Theatro Net Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 27 de maio de 2014
Cotação: * * * 

♪ Souvenir - o show que Silvia Machete estreou ontem no Rio de Janeiro (RJ) com base no seu homônimo quinto CD, lançado esta semana via Coqueiro Verde Records - é uma viagem. É uma viagem pelo fato de o roteiro traçar rota que começa por Cuba - com o Mambo nº 5 (Pérez Prado, 1949) usado como trilha instrumental para a performática entrada em cena da cantora carioca - e que passa por Brasil, Estados Unidos, França e Portugal. Mas é uma viagem também porque o roteiro inclui diálogos e ações teatrais que esboçam narrativa nem sempre (totalmente) inteligível para o público - casos do piquenique armado na chegada em Paris e, sobretudo, do diálogo sobre música boa travado em Nova York (EUA) entre cidadão norte-americano (representado pela capa de álbum clássico do cantor Billy Paul, 360 degrees of Billy Paul, de 1972) e turista brasileira (representada por capa de um dos álbuns mais fracos da cantora Simone, Sedução, de 1988). Emoldurada por cenário formado por múltiplas imagens de envelopes, Machete usa sucessivos figurinos - todos adequados à estética burlesca do espetáculo - e elementos cênicos para armar o circo com humor mordaz. Musicalmente, Souvenir é show azeitado que expõe a beleza da voz cristalina da cantora, uma das melhores de sua geração, (ainda) não valorizada na medida do seu talento vocal talvez justamente por se recusar a fazer shows caretas. Nesse sentido, Totalmente tcha tcha tcha - inédita de Eduardo Dussek, cuja presença na plateia do Theatro Net Rio foi saudada por Machete - se ajusta perfeitamente ao tom abusado da cantora. Parceria também inédita de Jorge Mautner com Rubinho Jacobina, Ba be bi bo bu brinca com ditados e frases feitas com leveza e com graça que ecoa o universo carnavalesco das marchinhas de Lamartine Babo (1904 - 1963). Já o Tango da bronquite evolui sedutor em cena, mesmo sem a presença de sua compositora Ângela Ro Ro (convidada da regravação de sua música no recém-lançado disco Souvenir). O arranjo tenta reproduzir o clima de fanfarra da gravação de estúdio, mas, em vez dos metais, quem mais sobressai no arranjo do show é a guitarra de Fabiano Krieger, tocada dentro do espírito fanfarrão do número. Marco inicial da chegada em Nova York (EUA), a límpida interpretação da canção em inglês 2 hot 2 b romantic - composta por Machete e lançada pela autora no seu primeiro CD, Bomb of love (Independente 2006) - é a prova de que, se quisesse, Machete poderia assumir a personagem da cantora virtuosa e previsível como a performática abordagem de O baixo (Silvia Machete, 2010), herança do anterior show Extravaganza (2010), dispensável, posto que déjà vu. A surpresa reside na entrada em cena de um piano de cauda, usado por Murilo de Andrade na interpretação minimalista da canção História de um início (Arthur Dutra, 2014), veículo para a exposição do cristal fino que Machete embute na garganta privilegiada. Pérola pós-tropicalista do próximo álbum de Rubinho Jacobina (com lançamento já programado para o segundo semestre de 2014 pela gravadora Joia Moderna), Ringard é iguaria saborosa do piquenique feito em Paris e que culmina com a interpretação sem dramaticidade, mas progressivamente intensa, de Non, je ne regrette rien (Charles Dumont e Michel Vaucaire, 1956), o hit-epitáfio da cantora francesa Edith Piaf (1915 - 1963). Marcando a passagem para Lisboa, cidade citada na letra, Sábado e domingo (Domenico Lancellotti e Alberto Continentino, 2010) reitera seu caráter sedutor momentos antes de o baterista João di Sabbato cantar trecho de fado. É a senha para a abordagem de Espetáculo (1979), tema do compositor português Sérgio Godinho que surte efeito bem reduzido no show. Trapézio (2001) - música de outro veterano compositor lusitano, Jorge de Palma - está mais (literalmente) dentro do espírito circense da obra de Silvia Machete, que se auto-perfila no bis ao dar voz à marcha-frevo Nada, composta pelo eterno novo baiano Moraes Moreira para esta artista carioca cheia de verve. O show Souvenir lembra o tempo todo que, por trás do circo armado em cada escala da viagem, há uma cantora com voz.  Musicalmente, a viagem é boa.

Machete põe hit-epitáfio de Piaf no roteiro da viagem de seu show 'Souvenir'

 Canção que virou espécie de epitáfio da vida e obra de Edith Piaf (1915 - 1963) ao ser gravada pela cantora francesa em 1960, três anos antes de sua saída de cena, Non, je ne regrette rien (Charles Dumont e Michel Vaucaire, 1956) ganha a voz de Silvia Machete  no show Souvenir. O hit de Piaf está incluído pela cantora carioca no roteiro da viagem proposta em Souvenir, show que estreou ontem no Theatro Net Rio, no Rio de Janeiro (RJ), com base no homônimo disco lançado esta semana pela artista via Coqueiro Verde Records. Non, je ne regrette rien é cantada - em tons leves que ganham intensidade ao fim do número - na passagem por Paris, escala de uma rota planetária que começa por Cuba, representada no roteiro por versão instrumental do Mambo nº 5 (Pérez Prado, 1949), e que passa por Brasil, Estados Unidos, França e Portugal. Eis o roteiro da viagem particular feita por Silvia Machete - em foto de Rodrigo Goffredo - na estreia nacional de seu show Souvenir, em 27 de maio de 2014, no Theatro Net Rio, na cidade do Rio de Janeiro (RJ):

1. Mambo nº 5 (Pérez Prado, 1949) - número instrumental
2. Totalmente tcha tcha tcha (Eduardo Dussek, 2014)
3. Ba be bi bo bu (Jorge Mautner e Rubinho Jacobina, 2014)
4. Tango da bronquite (Ângela RoRo, 1980)
5. 2 hot 2 b romantic (Silvia Machete e Nick Jones, 2006)
6. O baixo (Silvia Machete, 2010)
7. História de um início (Arthur Dutra, 2014)
8. Ringard (Rubinho Jacobina, 2014)
9. 2 cachorros (Silvia Machete, 2014)
10. Non, je ne regrette rien (Charles Dumont e Michel Vaucaire, 1956)

11. Sábado e domingo (Domenico Lancellotti e Alberto Continentino, 2010)
12. Espetáculo (Serginho Godinho, 1979)
13. Trapézio (Jorge de Palma, 2001)
Bis:
14. Nada (Moraes Moreira, 2014)
15. Toda bêbada canta (Silvia Machete, 2006)

terça-feira, 27 de maio de 2014

Aos 92 anos, Christopher Lee harmoniza Sinatra e Bizet em 'Metal knight'

Aos 92 anos, completados hoje, o ator e cantor britânico Christopher Lee lança esta semana seu terceiro álbum, Metal knight. O mais veterano metaleiro do universo pop vai de Frank Sinatra (1915 - 1998) a Georges Bizet (1838 - 1875) em repertório que totaliza oito músicas. Do repertório de Sinatra, Lee traz para o universo metaleiro My way (Claude François e Jacques Revaux com letra em inglês de Paul Anka, 1969). De Bizet, Lee reaviva The toreador march, ária da ópera Carmen (1875). O repertório inclui dois temas, I, Don Quixote e The impossible dream, do musical O homem de la mancha (1965). Eis as faixas de Metal knight:

1. I, Don Quixote
2. The impossible dream
3. The toreador march
4. My way (Radio edit)
5. I, don quixote (Extended version)
6. The impossible dream (Extended version)
7. The toreador march (Extended version)

'Unapologetic bitch' pode ser o primeiro 'single' do 13º álbum de Madonna

Não há informações oficiais, mas tudo indica que Unapologetic bitch é o primeiro single do 13º álbum de estúdio de Madonna, supostamente intitulado Rebel heart. A capa acima foi postada pela artista norte-americana no seu perfil no Instagram, mas parece ser obra de fã. De todo modo, há rumores de que Unapologetic bitch - música assinada por Madonna com Katy Perry e Natalia Kills - é mesmo o single do álbum. Perry inclusive participaria da gravação.

Chega ao iTunes o 'single' em que John Mayer regrava 'XO', de Beyoncé

Está na venda no iTunes a partir de hoje, 27 de maio de 2014, o single XO, em que John Mayer canta uma das músicas do quinto álbum de Beyoncé Knowles, Beyoncé (Sony Music, 2013). XO é canção romântica composta pela própria Beyoncé em parceria com Ryan Tedder (líder do grupo norte-americano OneRepublic) e Terius Nash. Canção moldada para as rádios, XO foi lançada como single do álbum Beyoncé, apresentado de surpresa em dezembro de 2013.

Sem dar outro salto, Silvia Machete reitera sons e humores em 'Souvenir'

Resenha de CD
Título: Souvenir
Artista: Silvia Machete
Gravadora: Coqueiro Verde Records
Cotação: * * * *

Com o irretocável álbum Extravaganza (Coqueiro Verde Records, 2010), Silvia Machete deu salto ousado e, sem cair, subiu no conceito e na cotação do mercado fonográfico brasileiro. Extravaganza revelou que, por trás da armação do circo, havia uma boa cantora, de escolhas inteligentes. Sem arriscar outro salto, a artista carioca reitera sons, humores e intenções em seu terceiro álbum de estúdio, Souvenir, quinto título da discografia de Machete. Com dez músicas que totalizam 31 minutos, suficientes para confirmar a inteligência da cantora, Souvenir irmana regravações espirituosas e inéditas de compositores como Eduardo Dussek, Jorge Mautner, Moraes Moreira e Rubinho Jacobina. Compositor que deveria receber mais atenção de cantoras à procura de repertório, Dussek colabora com Totalmente tcha tcha tcha, música cheia de verve e autoestima, moldada para o canto de Machete. Moraes contribui com Nada, marcha-frevo que perfila a artista no tom carnavalizante que caracteriza parte do cancioneiro do compositor baiano. Mautner é parceiro de Rubinho Jacobina em Ba be bi bo bu, música animada pelo espírito lúdico que move a cantora em cena. Sozinho, Jacobina assina Ringard, delícia pós-tropicalista que cai bem na voz dessa intérprete poliglota que verte para o português do Brasil a letra de Espetáculo, música do cantor e compositor lusitano Sergio Godinho, escrita no português da Terrinha e lançada em 1979. Gravada em Souvenir com a banda Ultra Leve, Espetáculo deve crescer em cena. Leve e arejada, aliás, é a sonoridade do álbum, gravado com alguns dos melhores e mais requisitados músicos da cena contemporânea - casos do baixista Alberto Continentino, do também baixista Bruno Di Lullo, do percussionista Jam da Silva, do trombonista Marlon Sette, do guitarrista Pedro Sá e do baterista Pupillo, entre outro nomes. O latido sensual de 2 cachorros se faz ouvir sedutor por conta dessa sonoridade antenada. É a única música assinada por Machete, compositora bissexta em Souvenir. Dentre as regravações, quase todas sagazes, Tango da bronquite merece menção honrosa. O tango da cantora e compositora carioca Angela Ro Ro - lançado pela autora no álbum Só nos resta viver (Philips, 1980) - ganha clima de fanfarra no toque dos metais orquestrados por Thiago Osório. Ro Ro entra no clima, exercitando com Machete sua irreverência moleca, ponto de interseção nas obras fonográficas das artistas. Com arranjo indie que evoca a atmosfera circense por linhas e tons tortos, Trapézio põe no picadeiro música do compositor português Jorge de Palma, gravada pelo autor no álbum É proibido fumar (2001). Também fora da ordem convencional é a releitura de Tatuagem, canção composta por Chico Buarque e Ruy Guerra para a peça e disco Calabar (1973). Descolada por Machete dos registros habituais, no toque do piano do norte-americano Jason Lindner, Tatuagem vai imprimir somente em quem dissociar a música da sensualidade dramática de suas recorrentes gravações. O mesmo piano de Lindner embasa a menos envolvente História de um início, canção de Arthur Dutra também descolada do tom espirituoso de Souvenir, disco produzido pela própria Machete com Fabiano França. Enfim, mesmo sem dar outro salto qualitativo, como no álbum Extravaganza, Silvia Machete prova novamente como CD Souvenir que, mesmo quando desarma o circo, sabe se equilibrar como (boa) cantora na corda cada vez mais bamba do mercado fonográfico do Brasil.

Em 'iTunes session', Caetano remexe com fluência no caldeirão tropical

Resenha de álbum 
Título: iTunes session Caetano Veloso
Artista: Caetano Veloso
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * * 1/2
Disco disponível somente em edição digital, já à venda no iTunes

Há 14 anos, ao gravar o álbum Noites do Norte (Universal Music, 2000) com músicos então somente conhecidos na cena underground carioca, como o baterista Domenico Lancellotti e o guitarrista Pedro Sá (ambos do efêmero, mas influente, grupo carioca Mulheres Q Dizem Sim), Caetano Veloso esboçou renovação de sonoridade que somente teria o eco pretendido pelo artista baiano a partir da guinada mais radical dada com o álbum (Universal Music, 2006). Mas já havia ali, em Noites do Norte, a semente do som adotado atualmente por Caetano. Semente que germinou e deu frutos. Tanto que a abordagem do afro-samba 13 de maio (Caetano Veloso, 2000) se destaca entre as oito gravações inéditas feitas pelo cantor e compositor para o primeiro álbum brasileiro da série iTunes session, até então somente produzida nos Estados Unidos e na Europa. Sustentado pela percussão de Marcio Victor (artista do grupo baiano Psirico, de visibilidade crescente por conta do sucesso da gravação de Lepo lepo) e apimentado pela ginga da guitarra de Pedro Sá, o atual registro do afro-samba 13 de maio valoriza o disco lançado hoje, 27 de maio de 2014, em mais de 100 países. Gravado em outubro de 2013, no Rio de Janeiro (RJ), o álbum iTunes session Caetano Veloso junta o artista a uma banda de formação inédita que, além de Marcio Victor e Pedro Sá, inclui o baixista Danilo Tenenbaum e o baterista Nilton César. Esse quarteto renova a maioria das oito músicas revitalizadas no disco. Procedentes de épocas e fases distintas, essas oito músicas oferecem - juntas - belo recorte da obra de Caetano. Título seminal do cancioneiro do artista, o samba De manhã (Caetano Veloso, 1965) vira transamba, à moda do som dos recentes CDs gravados por Caetano com a BandaCê. Detalhe: Caetano já havia dado voz ao samba em duetos com Maria Bethânia (intérprete original de De manhã) e Beth Carvalho, captados para registros de shows das cantoras, mas De manhã nunca integrara até então a discografia oficial do artista. Também dos anos 1960, a canção Coração vagabundo (Caetano Veloso, 1967) figura em iTunes session com a habitual serenidade para lembrar que, sem João Gilberto, provavelmente não haveria Caetano Veloso. Não surpreende, assim como Por quem? (Caetano Veloso, 2009), canção levada nos mesmos falsetes da gravação do álbum Zii e zie (Universal Music, 2009) e já originalmente inserida em universo musical similar ao adotado no álbum da iTunes session, série que registra shows gravados em estúdio com repertório e formato diferenciados. A banda de Caetano é outra nessa gravação. Contudo, o guitarrista Pedro Sá continua sobressaindo, tal como nos discos da trilogia Cê. Em Lost in the paradise (Caetano Veloso, 1969), ótima faixa dedicada por Caetano a Devendra Banhart (artista norte-americano devotado ao ídolo baiano), o cortante solo hendrixiano da guitarra de Pedro Sá consegue reproduzir o efeito polifônico do arranjo orquestrado pelo tropicalista maestro carioca Rogério Duprat (1932 - 2006) na gravação original do álbum branco Caetano Veloso (Philips, 1969). Em Livros (Caetano Veloso, 1997), cuja imponente regravação merece o status de abrir o álbum, a guitarra de Sá arranha e interfere no suingue sustentado pela percussão de Marcio Victor, músico também fundamental na abordagem dessa música que dialoga liricamente com Chão de estrelas (Silvio Caldas e Orestes Barbosa, 1937). Título mais raro do cancioneiro autoral de Caetano Veloso, tendo sido lançado como lado B de compacto de 1978, o Samba da cabeça também ressurge revigorado no caldeirão tropical do álbum iTunes session Caetano Veloso. Que fecha com abordagem do tema mexicano Cu-cu-ru-cu-cu Paloma (Tomás Méndez, 1954), que na sessão exclusiva do iTunes soa menos pungente do que em registro anteriores feitos pelo próprio Caetano. De todo modo, o álbum seduz com recorte fluente da grande obra.