Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Chega às lojas a edição dupla comemorativa dos 40 anos de 'Aqualung'

Nas lojas a partir desta segunda-feira, 31 de outubro de 2011, em lançamento mundial orquestrado pela EMI Music, Aqualung - 40th Anniversary Special Edition festeja as quatro décadas do quarto álbum de estúdio do Jethro Tull. Editado originalmente pela Island Records em 1971, Aqualung já contabiliza hoje mais de 15 milhões de cópias vendidas desde seu lançamento. A edição dos 40 anos chega ao Brasil somente no formato de CD duplo embalado em digipack com libreto de 36 páginas (no exterior, há edições mais luxuosas que incluem DVD). O disco 1 rebobina o álbum original com inédita mixagem em estéreo. Já o disco 2 apresenta gravações adicionais feitas pelo grupo inglês entre 1970 e 1971, incluindo versões alternativas ou embrionárias de faixas como My God, Wind-Up e Wond'ring Aloud e Slipstream.

Mais de Reed do que do Metallica, 'Lulu' pesa a mão na experimentação

Resenha de CD
Título: Lulu
Artista: Lou Reed e Metallica
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * *

É possível identificar o d.n.a. instrumental do Metallica em The View, single que antecipou em setembro Lulu, primeiro álbum gravado pelo cantor e compositor Lou Reed com o grupo norte-americano de heavy metal. As guitarras em fúria que turbinam algumas partes de Dragon e a pegada do rock Iced Honey também sinalizam que, por trás de Lulu, há um grupo de rock pesado e que este grupo é o de Lars Ulrich, James Hetfield, Kirk Hammett e Robert Trujillo. Mas - que ninguém se engane - o álbum duplo é um trabalho que tem mais a alma (sombria) de Reed do que o peso do Metallica. Lançado oficialmente nesta segunda-feira, 31 de outubro de 2011, Lulu é disco conceitual, uma ópera-rock que evoca o art rock do artista projetado no Velvet Underground. Afinal, o embrião do projeto são as letras escritas por Reed para musical (nunca encenado de fato) inspirado em duas peças expressionistas do dramaturgo alemão Benjamin Franklin Wedekind. Lulu, a personagem-título, habita submundo de sombras, sexo e violência. É em torno desse universo - recorrente na obra de Reed - que gravita Lulu. A questão é que o disco pesa a mão na experimentação. Ruídos e estranhezas pautam o disco, que precisou ser duplo - embora totalize somente dez músicas - porque algumas faixas resultaram longas. Junior Dad, por exemplo, tem 19 minutos e 29 segundos. Pumping Blood dura menos - sete minutos e 24 segundos - mas é exemplo do alto teor de experimentação de Lulu. O canto meio falado de Reed - autor solitário das letras, mas parceiro dos músicos do Metallica na criação das músicas - contribui para distanciar Lulu do universo do grupo. De difícil digestão, Lulu é obra de arte feita sem concessões aos metaleiros. Temas como Bradenburg Gate, Cheat on me, Frustration e Little Dog estão no disco para contar uma história, como se fossem movimentos de uma suíte. Há beleza e excessos em Lulu, mas é preciso reconhecer o mérito de disco épico que foge da mesmice que impera no universo pop.

CD póstumo de Amy sai em dezembro com cover de 'Garota de Ipanema'

Feito por Amy Winehouse (1983 - 2011) como teste em 2002, antes mesmo de a cantora iniciar a gravação de seu primeiro álbum Frank (2003), um cover de Garota de Ipanema - na versão em inglês do clássico de Tom Jobim e Vinicius de Moraes - figura entre as 12 faixas do primeiro CD póstumo da cantora inglesa. Amy Winehouse Lioness - Hidden Treasures vai chegar às lojas a partir de 5 de dezembro de 2011 via Universal Music com algumas gravações inéditas formatadas pelos produtores Mark Ronson e Salaam Remi. As novidades incluem Between The Cheats (música inédita, com letra escrita por Amy em 2008 sobre suas desavenças conjugais com Blake Fielder-Civil), Like Smoke (tema inédito, gravado em 2008 pela cantora e finalizado com o rapper Nas), Halftime (outra sobra de Frank) e covers  dos repertórios do grupo The Shirelles (Will You Still Love me Tomorrow?), do cantor Donny Hathaway (A Song For You, de Leon Russell) e de Ruby & The Romantics (o doo-wop Our Day Will Come, versão em reggae do sucesso de 1963 deste grupo norte-americano de pop e r & b). Amy Winehouse Lioness - Hidden Treasures inclui ainda gravação mais lenta de Valerie (o cover do grupo inglês The Zutons que já fazia parte do repertório de Amy), uma demo de Wake Up Alone (música do segundo álbum de Amy, Back to Black), Tears Dry (versão crua e lenta de Tears Dry on Their Own, um dos singles do álbum Back to Black), Best Friends (gravação de 2003) e Body and Soul (no dueto gravado com Tony Bennett para o recém-lançado álbum Duets II, do cantor norte-americano). Eis os tesouros escondidos reunidos no CD:

1. Our Day Will Come
2. Between The Cheats
3. Tears Dry
4. Wake Up Alone
5. Will You Still Love me Tomorrow?
6. Valerie
7. Like Smoke
8. The Girl from Ipanema
9. Halftime
10. Best Friends
11. Body and Soul
12. A Song for You

Voltam ao catálogo discos feitos por Maria Creuza na Arca nos anos 80

Em atividade há 45 anos, a cantora baiana Maria Creuza tem relançados pelo selo Discobertas os dois álbuns que gravou para a gravadora carioca Arca Som nos anos 80. Paixão Acesa (1985) e Pura Magia (1987) voltam ao catálogo neste mês de outubro de 2011 em reedições desvalorizadas pela qualidade ruim do som (nitidamente extraído de vinil) e por certa desatenção na ficha técnica. Parceria de Ivone Lara com Délcio Carvalho, Nas Sombras da Vida aparece grafada na contracapa e no encarte de Paixão Acesa como Nas 'Sombas' da Vida. Descontadas as questões técnicas das primeiras reedições em CD desses dois títulos, os álbuns hoje resultam meramente curiosos. Paixão Acesa é disco em que Creuza se aproxima da obra de sambistas como Nei Lopes, Luiz Carlos da Vila (1949 - 2008) e os citados Délcio Carvalho e Ivone Lara. Já em Pura Magia a cantora se aproxima do som afro-baiano de compositores de sua terra como Roberto Mendes (autor da faixa-título com Jorge Portugal e em parceria bissexta com Jorge Aragão) e Vevé Calazans & Walter Queiroz (autores de Delicado Perfume e de Ifá, Um Canto pra Subir). Ambos os títulos não estão entre os melhores álbuns da cantora.

Omara faz a festa no show carioca da Orquestra Buena Vista Social Club

Resenha de show
Título: Orquestra Buena Vista Social Club
Artista: Orquestra Buena Vista Social Club
Participação: Omara Portuondo (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 30 de outubro de 2011
Cotação: * * * *

Poucas vezes o tradicional Parabéns pra Você foi tocado com tanto molho. Cubano, é claro. Foi celebrando os 81 anos completados por Omara Portuondo na véspera, 29 de outubro de 2011, que a Orquestra Buena Vista Social Club saudou a entrada da veterana cantora em cena, no meio da apresentação feita pelo grupo na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 30 de outubro. Em rotação pelo mundo em turnê que chegou este mês ao Brasil, o show marca o retorno de Omara ao grupo que lhe deu projeção além das fronteiras de Cuba a partir da gravação, em 1996, do álbum Buena Vista Social Club. A orquestra ora em turnê aglutina alguns poucos nomes da formação clássica dos anos 90 - entre eles, há o trompetista Manuel Guajiro Mirabal e o mestre do alaúde Barbarito Torres - mas consegue seduzir o público com seu suingue que revolve ritmos tradicionais da música cubana como o son, a rumba e o cha cha cha. E vale tudo na festa cubana, até embalar com suingue As Time Goes By, o tema do filme Casablanca. Em cena, vaidosos, os integrantes exibem seus dotes como músicos e dançarinos em números que evocam as performances no palco da Velha Guarda da Portela. Além de trombonista, Jesus Aguaje Ramos faz o papel de mestre-de-cerimônias do show, apresentando a orquestra e ressaltando as presenças do vocalista Carlos Calunga (sem o carisma e o charme de Aguaje, embora seja eficaz como cantor) e de Omara ("a mais bonita, a mais sexy"). Com vitalidade, Dona Omara faz a festa no palco, cantando com todo seu sentimento e a (boa) voz que lhe resta boleros como Tres Palabras, No me Llores Mas e Veinte Años. A surpresa do set da cantora - encerrado com interpretação de Quizás, Quizás, Quizás que fez o público acompanhar em coro este tema lançado em 1947 pelo compositor cubano Oswaldo Farres - foi a entrada em cena de Vanessa da Mata, que se aventurou em registro emotivo do bolero Besame Mucho. Enfim, uma festa animada, regada às (melhores) tradições da música cubana.

domingo, 30 de outubro de 2011

Omara recebe Vanessa da Mata em show da cubana Buena Vista no Rio

Convidada especial do show feito pela Orquestra Buena Vista Social Club no Rio de Janeiro (RJ) na noite deste domingo, 30 de outubro de 2011, a veterana cantora cubana Omara Portuondo surpreendeu o público que lotava a casa Vivo Rio ao convidar Vanessa da Mata para fazer participação em seu set. Elegante, Vanessa entrou em cena e começou a cantar Besame Mucho em tom mais intenso do que o usado em seus registros habituais. De início, a cantora brasileira interpretou sozinha o famoso bolero (composto em 1940 pela pianista e compositora mexicana Consuelo Velázquez), com Omara sentada próximo ao piano. Contudo, na sequência, o número se transformou em dueto, com Vanessa sendo saudada pelo público e por Omara nesta (inusitada) incursão pelo universo da música latino-americana. A foto de Ricardo Nunes capta o tom afetuoso do inesperado dueto das cantoras na apresentação da orquestra cubana.

Álbum de estreia do Agridoce inclui 'cover' dos Smiths entre doze faixas

Com lançamento programado para novembro de 2011 pelo selo Vigilante, da gravadora Deck, o primeiro álbum do Agridoce contabiliza - entre doze faixas - 11 músicas inéditas da lavra do duo de folk formado pela roqueira Pitty com o guitarrista de sua banda Martin Mendezz. O repertório combina temas compostos e cantados em português, em inglês e até em francês. A única música não assinada pelo Agridoce é Please, Please, Please, Let me Get What I Want, cover do repertório do grupo inglês The Smiths. Eis, na ordem,  as 12 faixas do disco Agridoce:

1. Embrace the Devil (Pitty e Martin)
2. Dançando (Pitty e Martin)
3. Say (Pitty, Martin e Ricardo Spencer)
4. Romeu (Pitty e Martin)
5. 20 Passos (Pitty e Martin)
6. Ne Parle Pas (Pitty e Martin)
7. Upside Down (Pitty e Martin)
8. Epílogos (Pitty e Martin)
9. Rainy (Pitty & Martin)
10. 130 Anos (Pitty e Martin)
11. O Porto (Pitty e Martin)
12. Please, Please, Please, Let Me Get What I Want (Morrissey e Johnny Marr)

Vercillo já se acomoda em 'ilha particular' no show 'Como Diria Blavatsky'

Resenha de show
Título: Como Diria Blavatsky
Artista: Jorge Vercillo (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Citibank Hall (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 29 de outubro de 2011
Cotação: * * *
Agenda da turnê nacional do show Como Diria Blavatsky:
5 de novembro de 2011 - Teatro Riachuelo (Natal, RN)
11 de novembro de 2011 - Teatro Guararapes (Recife, PE)
12 de novembro de 2011 - Espaço EMES (Aracajú, SE)
25 de novembro de 2011 - Vox (Maceió, AL)
26 de novembro de 2011 - Bahia Café (Salvador, BA)
16 e 17 de dezembro de 2011 - Citibank Hal (São Paulo, SP)

Título mais irregular da discografia de Jorge Vercillo, o CD Como Diria Blavatsky - recém-lançado pelo selo do cantor, Leve, com distribuição da Microservice - gerou show de altos e baixos como o disco. Em turnê nacional que estreou no Rio de Janeiro (RJ) em 29 de outubro de 2011 e que vai se estender por 2012, o show Como Diria Blavatsky ostentaria roteiro inteiramente autoral não fosse a citação do refrão de Terra (Caetano Veloso) - cantado a capella - após Fênix (Jorge Vercillo e Flávio Venturini), um dos ápices do espetáculo por conta da arrebatadora performance vocal do artista. Fênix renasce com falsetes, quebradas e um arranjo cheio de frescor. Sucessos e lados B da discografia do artista ressurgem em cena renovados pela sonoridade da banda que inclui Jessé Sadoc (nos sopros), Bernardo Bosísio (na guitarra, cujo solo acentua a alma roqueira de Eu Quero a Verdade, balada de versos sem foco definido) e Glauco Fernandes (no violino), entre outros músicos afinados com a estética de Vercillo. Mas a banda, o belo cenário do artista plástico mineiro Flávio Vitói - composto por painéis com símbolos egípcios e imagens estilizadas do globo terrestre - e alguns bons momentos não atenuam a impressão de o show ser bem irregular, sobretudo em sua primeira parte. Da safra de inéditas do álbum Como Diria Blavatsky, as únicas duas músicas que fazem real diferença no roteiro são a balada que dá título ao CD - uma das mais inspiradas da lavra do compositor, cada vez mais às voltas com temáticas filosóficas, ambientais e humanistas em letras que nem sempre conseguem fugir dos clichês desses assuntos - e a suingante Acendeu (Jorge Vercillo e Dudu Falcão), tributo à ilha de Fernando de Noronha. As outras, em sua maioria, sinalizam que já é hora de o compositor renovar parcerias para arejar obra que fala habitualmente a língua popular das rádios. Sintomaticamente, são as músicas antigas que geram os momentos mais envolventes do show Como Diria Blavatsky. Se Encontro das Águas (Jorge Vercillo e Paulo César Feital) emerge na cadência bonita do samba, Regressão (Jorge Vercillo) - um lado B de Leve (2000), terceiro inspirado álbum do cantor - ganha o tom marroquino do violino de Glauco Fernandes, em sintonia com o sotaque árabe de Nos Espelhos (Jorge Vercillo e Dudu Falcão) e com a cítara tocada pelo guitarrista Bernardo Bosísio para ambientar Oração Yoshua (Jorge Vercillo e Paulo César Feital) em clima indiano. Neste tema, egresso do segundo álbum do cantor (Em Tudo Que É Belo, 1996), Vercillo senta no chão do palco - ao lado do músico - em posição de yoga. Instantes depois, Arco-Íris (Jorge Vercillo e Filó) abre o dançante set final, com direito a uma desenvolta participação - como dançarino - do filho mais velho do artista, Vinicius Vercillo. Por mais que os grooves de Homem Aranha (Jorge Vercillo) e Monalisa (Jorge Vercillo) sejam diferentes, esse final já soa sempre igual para quem acompanha os shows do cantor. Tal como o disco homônimo que o inspirou, o show Como Diria Blavatsky reitera que Vercillo precisa dar arejada no palco e nos estúdios se não quiser ser visto apenas pelos fãs mais fiéis. Entre sambas, hits radiofônicos e sons do Oriente, o show Como Diria Blavatsky mostra que Vercillo já está acomodado em sua ilha particular.

Vercillo cita 'Terra', de Caetano, no roteiro do show Como Diria Blavatsky

Música de Caetano Veloso, Terra (1979) tem seu refrão cantado a capella por Jorge Vercillo no show Como Diria Blavatsky, cuja turnê nacional estreou na noite de ontem, 29 de outubro de 2011, em apresentação única na casa Citibank Hall do Rio de Janeiro (RJ). O refrão de Terra funciona como citação em roteiro que abordas as questões ambientais e humanistas que move parte da obra do compositor. Emoldurado por cenário do artista plástico mineiro Flávio Vitói, o cantor - visto em foto de Mauro Ferreira à frente do primeiro dos dois painéis expostos no centro do palco ao longo do show - apresentou lados B de seu terceiro álbum, Leve (2000), com as músicas de seu recém-lançado nono álbum de inéditas, Como Diria Blavatsky. Eis o roteiro autoral seguido por Jorge Vercillo na estreia nacional do show Como Diria Blavatsky:

1. Acendeu (Jorge Vercillo e Dudu Falcão, 2011)
2. Rio Delírio (Jorge Vercillo, 2011)
3. Ela Une Todas as Coisas (Jorge Vercillo, 2007)
4. Ventou, Ventou (Jorge Vercillo, 2011)
5. Toda Espera (Jorge Vercillo, 2007)
6. Como Diria Blavatsky (Jorge Vercillo, 2011)
7. Eu me Transformo em Luar (Jorge Vercillo e Jorge Maranhão, 2010)
8. Em Órbita (Jorge Vercillo e Zeppa, 2000)
9. Eu Quero a Verdade (Jorge Vercillo, 2011)
10. Sensível Demais (Jorge Vercillo, 1998)
11. Regressão (Jorge Vercillo, 2000)
12. Nos Espelhos (Jorge Vercillo e Dudu Falcão, 2011)
13. Memória do Prazer (Jorge Vercillo e Gabriela Vercillo, 2010)
14. Encontro das Águas (Jorge Vercillo e Jota Maranhão, 1994)
15. Oração Yoshua (Jorge Vercillo e Paulo César Feital, 1996)
16. Fênix (Jorge Vercillo e Flávio Venturini, 2002)
17. Terra (Caetano Veloso, 1979) - refrão cantado a capella
18. Arco-Íris (Jorge Vercillo e Filó, 2010)
19, Homem Aranha (Jorge Vercillo, 2002)
20. Me Leve a Sério (Jorge Vercillo, 2011)
21. Monalisa (Jorge Vercillo, 2004)
22. Final Feliz (Jorge Vercillo, 2000)
Bis:
23. Que Nem Maré (Jorge Vercillo, 2002)

Pioneiro disco independente brasileiro, de 1958, é reeditado após 53 anos

Em 1958, o compositor mineiro Pacífico Mascarenhas bancou por sua própria conta e risco a produção e a gravação do álbum Um Passeio Musical, no qual Paulinho e seu Conjunto apresentam 14 temas compostos por Pacífico. Gravado no estúdio da Companhia Brasileira de Discos, no Rio de Janeiro (RJ), o disco teve prensadas na sequência 880 cópias que tiveram saída e repercussão restrita a Belo Horizonte (MG). É este pioneiro disco independente que, decorridos 53 anos, ganha reedição pelo selo carioca Discobertas. Alguns anos após editar à sua maneira o álbum Um Passeio Musical, Pacífico liderou na década de 60 o conjunto Sambacana.

sábado, 29 de outubro de 2011

Na pressão, rap humanista e miscigenado de Criolo faz Studio RJ ferver

Resenha de show
Evento: Festival Faro MPB (em foto de Mauro Ferreira)
Título: Nó na Orelha
Artista: Criolo
Local: Studio RJ (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 28 de outubro de 2011
Cotação: * * * *

Atração principal do Festival Faro MPB, que movimenta o Studio RJ neste último fim de semana de outubro de 2011, Criolo pediu aplausos para as faxineiras da nova casa carioca - construída e programada nos moldes do hypado Studio SP - ao se apresentar lá para mostrar (pela primeira vez na cidade do Rio de Janeiro) o repertório de seu incensado segundo álbum, Nó na Orelha (2011).  "Podia ser papai e mamãe, né?", gracejou o rapper paulistano diante do público que encheu a pista do Studio RJ para ver o show do artista-sensação do ano. Não, provavelmente não havia ali - entre o elitizado jovem público carioca que consumia o show e as cervejas do Studio RJ - filhos de faxineiros. Mas o fato é que, classes sociais à parte, a plateia estava conectada ao rap humanista e miscigenado de Criolo. O artista até chorou em cena ao ver e ouvir o público gritar seu nome no meio da apresentação. Criolo - vale ressaltar - cumpriu a alta expectativa, fazendo show na pressão, garantida por efervescente banda que inclui o tecladista Daniel Ganjaman (integrante do coletivo Instituto e um dos produtores de Nó na Orelha) e o baterista Curumim, entre outros entrosados músicos. Da entrada teatral ao som do suingante afrobeat que introduz Mariô (Criolo e Kiko Dinucci) até o encerramento pré-bis com Bogotá (Criolo), Kleber Cavalcante Gomes - antes Criolo Doido, agora somente Criolo - fez show quase sempre vibrante que, tal como o disco que origina, tira o rap dos guetos sem jamais negar a origem periférica do artista. Ao contrário. "Eu tenho orgulho da minha cor / Do meu cabelo e do meu nariz / Sou assim e sou feliz", explicita em versos de Sucrilhos (Criolo), tema alocado logo no início de roteiro que extrapola o repertório do álbum Nó na Orelha quando o artista canta Para Mulato, tema percussivo de pegada afro, composto por Criolo em parceria com Gui Amabis para o álbum Memórias Luso Africanas, recém-editado por Amabis.  "O Brasil também é África", sentencia Criolo após o número. Nesses comentários, aliás, reside o único ponto fraco do show. Criolo poderia abreviar o discurso socialista contra preconceitos e deixar que músicas como o reggae Samba Sambei (Criolo) falem por si  só a reboque das letras conscientes do artista. Se o sax de Thiago França põe pressão que realça a contundência dos versos realistas de Subirusdoiztiozin (Criolo), o bolero Freguês da Meia Noite (Criolo) expõe a despudorada incursão de Criolo pelo universo kitsch e popular da canção sentimental brasileira - terreno repisado alguns números depois quando o rapper se aventura a cantar Domingo à Tarde, pérola do repertório de Nelson Ned, saudado em cena por Criolo como "um dos grandes cantores do Brasil". O cover somente não é a maior surpresa do roteiro porque, na sequência do incandescente rap Grajauex (Criolo), o artista canta a capella versos humanistas e politizados encaixados (nem sempre dentro da métrica) sobre a melodia de Cálice, parceria de Chico Buarque com Gilberto Gil, ambos saudados por Criolo ao lado de Caetano Veloso e Milton Nascimento. Com Caetano, a propósito, Criolo cantou no VMB 2011 seu maior sucesso, Não Existe Amor em SP (Criolo), balada de alma soul que perde no palco parte da beleza sublime porque a arquitetura sonora da gravação do disco não é reproduzida com absoluta fidelidade no palco. O show favorece temas como samba Linha de Frente (Criolo), exemplo da habilidade de Criolo de transitar por vários ritmos sem prejuízo da atitude como rapper. E o fato é que - com o reforço vocal do carismático DJ Dan Dan - Criolo fez bonito na cena carioca, fazendo show sedutor que reitera a força do repertório reunido em Nó na Orelha, disco garantido na lista de melhores de 2011. O Studio RJ ferveu ao som de Criolo.

Sexto DVD solo de Beyoncé, 'Live at Roseland' sai em 29 de novembro

Sexto DVD da carreira solo de Beyoncé, Live at Roseland - Elements of 4 tem lançamento mundial  agendado para 29 de novembro de 2011 pela Sony Music. O DVD duplo registra show 4 Intimates Nights With Beyoncé, apresentado pela artista em agosto em minitemporada no Roseland Ballroom, em Nova York (EUA). Na gravação ao vivo, na qual a cantora interpretou músicas do álbum 4 em tom íntimo para plateia reduzida, Beyoncé recebeu convidados como o rapper Jay-Z e o beatle Paul McCartney. Além do show, o DVD exibe imagens de bastidores e sete clipes produzidos a partir do repertório de 4. Lançado em junho, 4 é o melhor álbum de Beyoncé, mas, talvez por isso mesmo, 4 teve o pior desempenho comercial da carreira solo da cantora. O que explica a rápida edição do DVD - que inclui libreto de 20 páginas - apenas cinco meses após o lançamento do álbum, que teria decepcionado a direção da gravadora Columbia.

Coletânea dupla documenta a bossa e a leveza iniciais do canto de Doris

Resenha de CD
Título: Doris Monteiro 60
Artista: Doris Monteiro
Gravadora: Discobertas
Cotação: * * * 1/2

Doris Monteiro sempre foi cantora de muita bossa. A ponto de ter se imposto ao longo dos anos 50 - quando a bossa nova ainda estava sendo formatada por João Gilberto - com sua voz pequena para os padrões da década. Produzida por Marcelo Fróes para seu selo Discobertas, a coletânea dupla Doris Monteiro 60 festeja os 60 anos de carreira fonográfica da cantora, que entrou em estúdio pela primeira vez em 7 de agosto de 1951 para gravar disco de 78 rotações por minuto pela extinta gravadora Todamérica. Com capa que reproduz a imagem kitsch de uma coletânea editada pela Todamérica na época, a atual compilação  dupla alinha todas as 29 gravações feitas por Doris entre 1951 e 1956 para 15 discos de 78 rotações editados pelas gravadoras Todamérica e Continental. Nessa fase, que não é a melhor da discografia da artista, a cantora iniciante pôs sua voz em boleros e em sambas-canções de estilo sentimental. Mas, já experimentando o estilo que iria se consolidar ao longo dos anos 60, Doris jamais carrega nas tintas ao interpretar tais temas, compostos conforme o gosto da época. Ao contrário, seu canto soa sempre mais leve do que as letras, embora estas, justiça seja feita, não fossem tão pesadas como mandava a cartilha do gênero. Entre boleros e eventuais sambas de molde mais tradicional (caso de Em Mangueira, gravado em 1953), a seleção de Doris Monteiro 60 rebobina a gravação original - lançada em outubro de 1955 - do maior sucesso da cantora nessa fase seminal, Dó-Ré-Mi, samba-canção de Fernando César, principal fornecedor de repertório para Doris nessa época. Dispostas em ordem cronológica, as 29 gravações têm alto valor documental. Contudo, tais registros representam somente a semente de um canto suave e moderno que iria evoluir quando Doris migrou para a Columbia em 1957- ano em que gravou o samba Mocinho Bonito (Billy Blanco), um de seus sucessos memoráveis - e que se solidificaria nos anos 60 a partir da entrada de Doris na Philips, em 1961. Favorecida pelos ventos modernos soprados pela Bossa Nova, então já oficializada, a cantora encontrou o caminho livre para sedimentar seu estilo de canto. Na Philips (e posteriormente na Odeon), Doris gravou os melhores títulos de sua discografia, com muito (sam)balanço e uma bossa toda especial que lhe garantem lugar de honra entre as cantoras brasileiras. Mas a caminhada teve seus tímidos passos iniciais, ora reconstituído nesta eficaz coletânea dupla Doris Monteiro 60.

Klébi Nori debuta em DVD gravado para celebrar seus 15 anos de carreira

Em 18 de maio de 2010, a cantora e compositora paulistana Klébi Nori fez show na Casa das Caldeiras, em São Paulo (SP), para festejar os 15 anos de carreira fonográfica iniciada em 1995 com a edição do CD Klébi pela Dabliú Discos. O show foi gravado e gerou o primeiro DVD da artista, Klébi Nori ao Vivo, posto nas lojas via Biscoito Fino neste mês de outubro de 2011, quando a cantora já contabiliza 16 anos de carreira. O registro ao vivo está sendo editado também no formato de CD, turbinado com duas faixas-bônus de estúdio. Os bônus são a inédita autoral Lua Nova e a regravação de Maria do Futuro, música lançada em 1970 por seu compositor, Taiguara (1945 - 1996). Maria do Futuro foi pinçada da memória afetiva de Nori ("eu a cantarolava nos quintais da infância"), assim como a participação de Roger Moreira, mentor do grupo Ultraje a Rigor. Colega de adolescência de Nori, Roger figura em Amor, versão em português (escrita pelo próprio Roger) com pegada roqueira de bolero mexicano da lavra de Ricardo Lopez Méndez e Gabriel Ruiz Galindo. Além de Roger, a cantora recebe em cena Guilherme Arantes, de quem canta Mania de Possuir, música de Arantes, lançada pelo compositor em seu álbum Calor (1986). Klébi Nori ao Vivo alinha também no repertório - tanto no CD quanto no DVD - a inédita autoral Área Irrestrita e a regravação de Salve Linda Canção Sem Esperança, música lançada por seu autor Luiz Melodia em 1974 e já rebobinada por Nori em seu seminal Klébi, aquele disco de 1995 que deu o start em carreira revisada - com coerência - neste registro ao vivo de show ora posto em cena em CD e em DVD.

Edição de 25 anos de álbum do Megadeth sai no Brasil na versão simples

Segundo álbum do Megadeth, Peace Sells... But Who's Buying? (1986) foi o primeiro a dar visibilidade mundial à banda norte-americana, consolidando a então iniciante carreira do grupo no embalo do sucesso do single Wake Up Dead. Por isso mesmo, o Megadeth produziu via Capitol Records uma edição comemorativa dos 25 anos deste clássico do thrash metal, lançada em três formatos. O mais luxuoso é um box que inclui cinco CDs, três LPs, livro, fotos e itens de colecionador. Contudo, os fãs brasileiros do Megadeth terão à disposição no mercado nacional via EMI Music somente a versão mais simples do projeto. Trata-se da versão dupla que inclui CD com edição remasterizada do álbum original e o DVD Live at the Phantasy Theatre, Clevand 1987, que exibe registro inédito de show da primeira turnê mundial do Megadeth. No encarte, há textos inéditos escritos por Dave Mustaine - vocalista, guitarrista e fundador do Megadeth - e Lars Ulrich, baterista do Metallica, grupo que também se tornou nos anos 80 um expoente do thrash metal. Ulrich afirma que o álbum de 1986 passou bem na prova do tempo.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

DVD exibe show 'Tango 3.0', do Gotan Project, em apresentação de Paris

Em outubro de 2010, o trio francês Gotan Project - um dos grupos que revitalizaram o tango argentino - passou pelo Brasil com o show da turnê Tango 3.0, inspirado no terceiro álbum do trio. O show foi captado por câmeras de alta definição - sob a direção do cineasta francês Fabien Raymond - em apresentação em Paris, cidade natal do Gotan Project. A gravação foi feita para dar origem ao DVD Tango 3.0 Live at the Casino of Paris, lançado no Brasil pela gravadora Som Livre neste mês de outubro de 2011, um ano após a passagem da turnê pelo Brasil. Além do show em si, o DVD exibe nos extras os clipes das músicas La Gloria e Rayuela.

Questão editorial inviabiliza a reedição de '...Maravilhosa', de Wanderléa

Álbum de 1972 com o qual Wanderléa tentou se desvincular do cancioneiro pueril da Jovem Guarda, ... Maravilhosa não vai mais ser reeditado pela gravadora Joia Moderna. Questões editoriais inviabilizaram a reedição, que já tinha até ido para a fábrica e tinha lançamento previsto para o fim de novembro de 2011. Detentora dos fonogramas do álbum original, a gravadora Universal Music não autorizou o projeto gráfico idealizado pelo DJ Zé Pedro, dono da Joia Moderna. A ideia era turbinar o encarte com fotos inéditas do show ...Maravilhosa, embrião do disco. O jornalista Pedro Alexandre Sanches tinha escrito texto para a reedição, já abortada por Zé Pedro, desgostoso com a impossibilidade de concretizar o seu projeto original.

Faixa 'Agora Dancei' anuncia 15º disco de Celso Fonseca, 'No Meu Filme'

Nas lojas a partir de 8 de novembro de 2011, em edição do selo MP,B distribuída pela Universal Music, o 15º álbum de Celso Fonseca, No Meu Filme, está sendo promovido com a faixa Agora Dancei, tema inédito da parceria de Fonseca com Ronaldo Bastos. Mas a primeira música do disco a ser veiculada foi a balada Linda, incluída na trilha sonora da série de TV Divã. No Meu Filme tem cordas arranjadas por Eduardo Souto Neto e metais orquestrados por Serginho Trombone. O maestro Jaques Morelenbaum  figura na música que abre o disco, Alegria de Viver. A ideia do artista foi evocar a sonoridade das músicas brasileira e norte-americana do fim dos anos 70 e início dos 80. "Consegui pegar influências de Lincoln Olivetti a Aljaro, de Tim Maia a George Benson, e trazer para meu jeito de compor e cantar", conceitua Celso Fonseca.

Amelinha volta ao disco com 'Janelas do Brasil' sob a direção de Barioni

É sob a direção musical do violonista Dino Barioni que Amelinha retorna ao disco no fim de novembro de 2011. Produzido por Thiago Marques Luiz para a gravadora Joia Moderna, o CD Janelas do Brasil marca a volta da cantora cearense ao mercado fonográfico após hiato de nove anos. Dono da Joia Moderna, o DJ Zé Pedro saúda em texto escrito para o encarte o retorno de Amelinha aos estúdios. Gravado e mixado em agosto no estúdio Sambatá, em São Paulo (SP), Janelas do Brasil alinha 12 músicas no repertório. Onze são inéditas na voz da cantora. A exceção é Terral, tema de Ednardo que a Amelinha já gravou em seu último disco, Pessoal do Ceará (2002), dividido com Belchior e Ednardo. O álbum já está na fábrica. Eis, na ordem do CD, as 12 músicas de Janelas do Brasil, primeiro disco solo de Amelinha desde 2001:

1. Galos, Noites e Quintais (Belchior, 1977)
2. O Silêncio (Zeca Baleiro, 2005)

3. Asa Partida (Fagner e Abel Silva, 1976)
4. Felicidade (Chico César e Marcelo Jeneci, 2010)
5. Terral (Ednardo, 1973)

6. Planície de Prata (Almir Sater e Paulo Simões, 2005)
7. Quando Fugias de mim (Alceu Valença e Emannoel Cavalcanti, 2001)
8. Algum Lugar (Marília Medalha e Vinicius de Moraes, 1972)

9. É Necessário (Geraldo Espíndola, 1978)
10. Ponta do Seixas (Cátia de França, 1980)

11. Olhos Profundos (Renato Teixeira, 1978)
12. Pra Seguir um Violeiro (Amaro Penna, 2011)

Álbum 'Ademilde Fonseca' é título nobre da obra da 'Rainha do Chorinho'

Resenha de reedição de CD
Título: Ademilde Fonseca
Artista: Ademilde Fonseca
Gravadora da edição original de 1975: Top Tape
Gravadora da reedição de 2011: Discobertas
Cotação: * * * * *

Em 1975, quando contabilizava 54 anos, a cantora Ademilde Fonseca já estava entronizada definitivamente como a Rainha do Chorinho. Mas andava afastada do mercado fonográfico, onde estreara em julho de 1942. Egressa da era de ouro do rádio brasileiro, a cantora potiguar - radicada no Rio de Janeiro (RJ) desde 1941 - já parecia pertencer ao passado da música brasileira. Mas eis que um álbum gravado em 1975 pela extinta gravadora Top Tape, Ademilde Fonseca, renovou o repertório da intérprete e a repôs em cena. Relançado por conta dos 90 anos completados pela artista em 4 de março de 2011, Ademilde Fonseca é um dos títulos mais nobres da discografia da Rainha do Chorinho, epíteto incorporado ao título do álbum nesta reedição do selo Discobertas. Além da excelência do acompanhamento instrumental (feito por mestres como o flautista Copinha, o bandolinista Abel Ferreira e o violonista Dino Sete Cordas), o repertório é impecável. Tanto o novo quanto o antigo. O maior destaque foi o inspirado Choro Chorão, fornecido por Martinho da Vila para a cantora. Mas Ademilde Fonseca alinha joias de alto quilate como o magoado Choro do Adeus - composto no tom habitualmente melancólico pelos parceiros Nelson Cavaquinho (1911 - 1986) e Guilherme de Brito (1922 - 2006), nunca associados ao gênero - e Amor Sem Preconceito, samba de Candeia (1935 - 1978) e Paulinho da Viola que Ademilde traduziu para o idioma do choro (íntimo do ritmo, Paulinho é também o autor do lírico Meu Sonho). Intérprete habituada a encarar a alta velocidade de temas como O Que Vier Eu Traço  (Alvaiade e Zé Maria), gravado por Ademilde em 1945 e rebobinado 30 anos depois neste álbum antológico, a cantora também sabe pisar no freio para destilar as mágoas de choro dolente como Coração Trapaceiro, fornecido por Hermínio Bello de Carvalho e Vital Lima. Já a dupla João Bosco e Aldir Blanc - então em sua década áurea - presentearam a rainha com Títulos de Nobreza (Ademilde no Choro), em cuja letra Blanc alinha nomes de chorinhos famosos em fina costura. E assim - com um pé no presente e outro no seu passado de glória, evocado através de regravações como as de Brasileirinho (Waldir Azevedo e Pereira Costa) e Doce Melodia (Abel Ferreira e Luiz Antônio), choros gravados originalmente por Ademilde em 1950 e 1952 - Ademilde mostrou para a geração 70 toda sua destreza na interpretação de um gênero que exige bossa e musicalidade. A justa reedição de Ademilde Fonseca - álbum em que produção (de Jorge Coutinho), arranjos (de Orlando Silveira, José Menezes França e Nelsinho), interpretações e acompanhamento instrumental se harmonizam em perfeita sintonia - reitera que o reinado da cantora no choro é vitalício. Título de nobreza atemporal, o disco é obra-prima, uma joia rara.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Marisa disponibiliza o segundo 'single' do álbum que produziu com Dadi

Marisa Monte lançou nesta quinta-feira, 27 de outubro de 2011, o segundo single de seu oitavo álbum solo, O Que Você Quer Saber de Verdade. Além de disponibilizar a faixa-título para download gratuito através de seu site oficial, a cantora apresentou o clipe gravado nas ruas do Rio de Janeiro (RJ) com total fidelidade à estética colorida da capa do álbum, assinada por Giovanni Bianco (a foto da capa é de Tom Munro). Lançada por Arnaldo Antunes em seu álbum Qualquer (2006), a canção O Que Você Quer Saber de Verdade - da lavra de Marisa com Arnaldo e Carlinhos Brown - evoca atmosfera de paz na qual a cantora ambientou um de seus últimos sucessos, Vilarejo (belo primeiro single promocional do álbum Infinito Particular, de 2006). Nas lojas a partir de 31 de outubro, o álbum O Que Você Quer Saber de Verdade tem produção assinada por Marisa com Dadi Carvalho, o lendário baixista que está em cena desde o início dos anos 70. Dadi, aliás, assina duas das 14 faixas do álbum. Uma é a inédita Amar Alguém, cujo tema é baseado no poema DNA, de Arnaldo Antunes, parceiro de Marisa e Dadi na música. A outra é Bem Aqui, parceria de Dadi com Arnaldo, já gravada por Dadi em disco feito para o mercado japonês. Já Nada Tudo é da lavra do filho do baixista, André Carvalho, que gravou a música em seu CD. Em busca de estética universal, perceptível no clipe da faixa-título, Marisa recrutou para o disco músicos como Thomas Bartlett (pianista mais conhecido como Doveman que já tocou nomes com Antony and the Johnsons, David Byrne e Yoko Ono) e Money Mark (tecladista egresso do grupo Beastie Boys). Gustavo Mozzi - do coletivo argentino Café de Los Maestros - assina o arranjo de Lencinho Querido (El Pañuelito), tango lançado no Brasil em 1956 por Dalva de Oliveira (1917 - 1972). Nome recorrente na ficha técnica do álbum, Arnaldo Antunes é parceiro de Marisa em músicas inéditas como Era Óbvio, Seja FelizDepois (esta tem Carlinhos Brown na coautoria), além de assinar Hoje Eu Não Saio Não com Marcelo Jeneci, Betão e Chico Salém. Já o arranjo de Descalço no Parque (Jorge Ben Jor) é de Miguel Atwood-Ferguson, um norte-americano que Marisa conheceu através de Mario Caldato.

P.S.: a foto que ilustra o post foi extraída do clipe de O Que Você Quer Saber de Verdade, no qual Marisa Monte dá show de elegância, sofisticação e beleza em tom cosmopolita. É luxo só!!

Reedições de Pepeu realçam tanto o instrumentista quanto o artista pop

Resenha de reedições de CD
Títulos: Na Terra a Mais de Mil (1979), Eu Não Procuro o Som (1979 - 2011), Ao Vivo 14th Montreux Jazz Festival (1980), Pepeu Gomes (1981), Um Raio Laser (1982), Pedra Não É Gente Ainda (1988), On the Road (1989), Moraes e Pepeu no Japão (1991) e Pepeu Gomes (1993)
Artista: Pepeu Gomes
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * 1/2

A reedição de oito dos nove álbuns gravados por Pepeu Gomes na Warner Music - em coleção à qual foi adicionado um título inédito, Eu Não Procuro o Som, com gravação ao vivo de show feito pelo artista em 1979 no Teatro Tereza Rachel, no Rio de Janeiro (RJ) - é oportuna por jogar luz em obra que expõe as múltiplas habilidades de Pepeu e os diversos sotaques de sua música. Exímio guitarrista capaz de mobilizar plateias com solos hendrixianos que explicitam múltiplas influências (samba, choro, rock, funk), o cantor e compositor - projetado no grupo Novos Baianos na virada dos anos 60 para os 70 - mostrou na carreira solo que também é habilidoso artista pop. A versatilidade de Pepeu é exposta na série de discos repostos em catálogo neste mês de outubro de 2011. Na Terra a Mais de Mil (1979) prioriza o instrumentista que cai no samba e no forró com sua guitarra apimentada de suingue tão brasileiro quanto universal. Destaque do repertório, a faixa Malacaxêta II (Pepeu Gomes e Caetano Veloso) apresenta a letra de Caetano, ausente da versão original registrada por Pepeu em seu primeiro álbum, Geração do Som (CBS, 1978). Ao Vivo 14th Montreux Jazz Festival (1980) joga choro, blues e baião no caldeirão fervente, com direito a um tributo ao ídolo Hendrix (Todo Amor ao Jimi) a um hit (O Mal É o Que Sai da Boca do Homem, de Pepeu com Baby Consuelo e Galvão) que afrontava a moral vigente com seus trocadilhos libertários. Álbum que a Warner reintitula arbitrariamente Calor Humano na coleção, sem razão aparente para tal atitude, Pepeu Gomes (1981) amplifica com o sucesso radiofônico do afoxé pop Eu Também Quero Beijar (Moraes Moreira, Pepeu Gomes e Fausto Nilo) a pegada comercial já esboçada nos álbuns anteriores sem trair o espírito aglutinador da obra do artista em repertório que combinou choro (Tico Tico no Fubá) com tema de vibe roqueira (120 Watts de Pura Distorção). Na sequência, Um Raio Laser (1982) emplaca o hit Fazendo Música, Jogando Bola (Pepeu Gomes e  Baby Consuelo) em repertório turbinado com grooves funkeados e situado - como de hábito - entre a Bahia e o mundo. É após este disco que Pepeu parte para a CBS para gravar dois álbuns - Masculino e Feminino (1983) e Energia Positiva (1985) - em que se lambuza com os teclados que imperaram na era do tecnopop. Na volta à Warner Music, Pedra Não É Gente Ainda (1988) indica com algumas regravações que a produção autoral do compositor já dava sinais de cansaço. Já afastado das rádios, Pepeu sintomaticamente se escora em seu virtuosismo instrumental no posterior On the Road (1989), gravado ao vivo em apresentações feitas pelo artista na extinta casa carioca Rio Jazz Club de 17 a 21 de maio de 1989. Contudo, na sequência de sua discografia, Pepeu revigora sua obra autoral ao compor com Moraes Moreira - seu colega no seminal Novos Baianos - o repertório do disco Moraes e Pepeu (1990), título inexplicavelmente ausente da coleção produzida pela Warner Music. Embebida em latinidade, a produção autoral da dupla é parcialmente revisitada em Moraes e Pepeu no Japão (1991), gravado ao vivo em Tóquio, em show de setembro de 1990. Dois anos depois, Pepeu Gomes (1993) - álbum que encerra sua passagem pela gravadora Warner Music - põe Pepeu novamente em evidência nacional por conta da escolha da música Sexy Yemanjá (Pepeu Gomes e Tavinho Paes) para tema de abertura da novela Mulheres de Areia (1993), ora em reprise na programação vespertina da TV Globo. E assim - entre faixas instrumentais e cantadas, com um pé em Jimi Hendrix (1942 - 1970) e outro em Luiz Gonzaga (1912 - 1989), sem esquecer Jacob do Bandolim (1918 - 1969) - caminhou a miscigenada obra gravada por Pepeu Gomes na Warner Music, obra ora reposta em catálogo em reedições que primam pelo som excelente - a remasterização de Ricardo Garcia é exemplar -  e pecam pelo pouco apuro na reprodução da arte gráfica original, pelos títulos arbitrários impostos em dois álbuns e pela omissão injustificável de Moraes e Pepeu (1990). No todo, o saldo da coleção é muito positivo.

Safra autoral de Lenine impede renovador 'Chão' de chegar perto do céu

Resenha de CD
Título: Chão
Artista: Lenine
Gravadora: Casa 9 / Universal Music
Cotação: * * * 1/2

Guiado pela disposição de incorporar sons da intimidade cotidiana em sua música, Lenine dá passo adiante em sua obra com Chão, quinto álbum de inéditas de discografia solo iniciada em 1997. A arquitetura sonora do disco impressiona pelo acabamento perfeito. Os sons da vida caseira do artista se harmonizam com timbres e  instrumentos mais usuais - como a guitarra, o baixo e o violão - em arranjos que resultam renovadores. A batida da máquina de lavar inserida em Seres Estranhos parece pulsar no ritmo da parceria de Lenine com Ivan Santos. Assim como o coração de Bruno Giorgi - produtor do álbum ao lado de Jr. Tostoi e Lenine - bate na frequência exata de Se Não For Amor, Eu Cegue. Tudo soa natural como o canto do canário belga - Frederico XI, da sogra do cantor - que pontua a bela balada Amor É pra Quem Ama (Lenine e Ivan Santos), cuja letra incorpora versos ("Qualquer amor já é / Um pouquinho de saúde / Um descanso na loucura") ditos por Riobaldo no livro Grandes Sertões: Veredas, a obra-prima de João Guimarães Rosa (1908 - 1967). Os passos que adornam Chão - a parceria de Lenine com Lula Queiroga que abre o disco - indicam que o cantor, compositor e músico segue o caminho salutar da experimentação, sem procurar repetir fórmulas e sons já testados. O que impede Chão de chegar perto do céu - para citar o verso inicial da faixa-título - é o caráter mediano da safra de dez inéditas apresentadas pelo artista neste álbum íntimo, gravado sem bateria e com as guitarras marcantes de Tostoi. São músicas compostas com ousadia, sem refrãos e repetição de versos, distantes da fórmula pop. A questão é que - com exceção da balada Amor É pra Quem Ama, estrategicamente escolhida para promover o disco - nenhuma música parece à altura do histórico do compositor. E o fato é que a balada Uma Canção e Só (Lenine) impressiona mais pela pressão da chaleira na arquitetura do arranjo. Assim como a motoserra utilizada em Envergo Mas Não Quebro (Lenine e Carlos Rennó) chama mais atenção do que a música em si. Na sequência, Malvadeza (Lenine) harmoniza o canto de cigarras com a voz e os vocais curtidos do intérprete. Se Tudo que me Falta, Nada que me Sobra (Lenine e Lucky Luciano) evoca  fraseados melódicos típicos do compositor, em arranjo de ritmo ditado pela pulsação do vigoroso bandolim tocado por Bruno Giorgi, De Onde Vem a Canção (Lenine) questiona as origens e os limites da canção na batida de uma máquina de escrever. No fim, Isso É Só o Começo (Lenine e Carlos Rennó) costura todos os atípicos sons íntimos usados ao longo do disco, se conectando ao início de Chão como se os dez temas do álbum formassem uma única suíte. No todo, por mais que seu repertório não ofereça o melhor do artista, Chão sustenta seu conceito e mostra que Lenine está em movimento, seguindo a trilha consagradora dos que nunca se deixam paralisar no caminho viciante da repetição. Bravo!

Após revitalizar catálogo, Queen arquiteta álbum de demos com Mercury

Após revitalizar seu catálogo em série de reedições postas nas lojas pela gravadora Universal Music ao longo deste ano de 2011, o grupo inglês Queen arquiteta álbum a partir de demos gravadas com o vocalista Freddie Mercury (1946 - 1991). O guitarrista Brian May e o baterista Roger Taylor estão vasculhando os arquivos da banda em busca de inéditos registros embrionários feitos com Mercury. O último álbum gravado pelo Queen com Mercury foi Innuendo, título de 1991 que integra o terceiro e último lote de reedições da coleção Queen 2011 Digital Remaster. Já nas lojas do Brasil há dois meses, a segunda parte da coleção é formada pelos álbuns News of the World (1977), Jazz (1978),  The Game (1980), Flash Gordon (1981, trilha sonora do filme, criada pelo Queen) e Hot Space (1982). Paralelamente às reedições dos álbuns, a Universal Music pôs nas lojas DVD com a edição comemorativa dos 25 anos de gravação do vídeo Live at Wembley Stadium. Lançado originalmente em 1990 no formato de VHS, com o registro ao vivo do show captado no estádio de Londres em 12 de julho de 1986, o vídeo voltou ao catálogo neste ano de 2011 em formato de DVD duplo com a gravação adicional da apresentação feita pelo Queen em Wembley no dia anterior, 11 de julho.

Bieber já trabalha em terceiro álbum, 'Believe', com Drake e Kanye West

Nem bem lançou seu disco natalino (Under the Mistletoe, nas lojas a partir de 31 de outubro de 2011), Justin Bieber já trabalha em terceiro álbum, Believe, cuja edição está prevista para 2012. Neste projeto, o astro teen conta com as colaborações dos rappers Kanye West e Drake.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Livro revela como a banda tocava na (então) milionária indústria do disco

Resenha de livro
Título: Banda de Milhões
Autor: Tom Gomes
Editora: Nova Leitura
Cotação: * * *

Em 1989, em conversa com Sérgio Lopes, então diretor artístico da gravadora CBS, Djavan questionou o executivo sobre a razão de as vendas de seus discos não estarem mais tão altas. Lopes argumentou que o processo de composição de Djavan - concluído no estúdio, na presença dos músicos da banda do artista - tornava sua obra demasiadamente sofisticada e sugeriu que ele finalizasse sem tanta firula uma das dez músicas que aprontava para o álbum que Djavan iria lançar naquele ano de 1989. Ousado, o executivo ainda pediu para o compositor colocar um 'eu te amo' na letra. Semanas depois, Djavan mostrou as músicas prontas para Lopes e uma delas - justamente aquela que tinha sido alvo da atenção do executivo - tinha o verso "Vem me fazer feliz porque eu te amo". Era a balada Oceano, que se tornou um dos maiores sucessos da carreira do compositor alagoano e elevou o patamar de vendas do artista. Contada no livro Banda de Milhões, a história mostra a importância e a influência de executivos como Lopes nos bastidores da indústria do disco. Escrito por Tom Gomes, com base em pesquisa de Guilherme Bryant, Banda de Milhões parte da trajetória do grupo Lee Jackson - formado nos anos 70 por Cláudio Condé, Luiz Carlos Maluly, Marco Bissi, Marcos Maynard e Sérgio Lopes - para chegar aos bastidores das principais gravadoras atuantes no Brasil. Com carreira impulsionada pelo sucesso Hey Girl, gravado em 1973, Lee Jackson se tornou indiretamente a banda de milhões do título porque todos seus cinco integrantes ocuparam postos de comando na era de outro da indústria fonográfica e souberam se reinventar com o fim dos tempos de fartura. Os milhões são tanto os números de discos vendidos a partir do marketing e das ideias desses executivos quanto as cifras astronômicas movimentadas por tais lançamentos. Maynard, em especial, se tornou conhecido pela apurada visão comercial que transforma músicas e artistas em produtos rentáveis (ele atualmente é o cérebro por trás do fenômeno de popularidade do grupo Restart). Tom Gomes conta a história oficial desses cinco homens do disco. Em texto que põe a objetividade a frente do estilo, Gomes apresenta um livro que vai despertar o interesse de todos que, de uma forma ou de outra, lidam com a indústria fonográfica. Vastos, os causos são saborosos e pecam somente por glorificar os personagens centrais. O autor mostra, por exemplo, como Maynard - então no comando da PolyGram - convenceu com tato e habilidade Maria Bethânia a gravar em 1993 o álbum com músicas de Roberto Carlos que devolveria à cantora o status de grande vendedora de disco após o lançamento de CD (Olho d'Água, 1992) que estacionou nas 19 mil cópias (cifra que, para os padrões da época e da artista, era sinônimo de retumbante fracasso). Mas Gomes não mostra como, na sequência, faltou ao mesmo Maynard tato e habilidade para impedir que Bethânia se desligasse da gravadora por não concordar com a visão artística do executivo na condução de sua carreira dali em diante. Ainda assim, são tantas deliciosas histórias de bastidores que a narrativa massuda de Banda de Milhões prende atenção, montando bom painel da evolução da indústria do disco. História que, como ressalta Gomes ao fim do livro, ainda continua. Maluly, por exemplo, é o produtor do CD, DVD e blu-ray Paula Fernandes ao Vivo, campeão de vendas de 2011 com seu retumbante 1,25 milhão de cópias vendidas desde janeiro. Como a história dos cinco músicos transformados em executivos se cruzou de maneira decisiva com a trajetória de alguns dos mais importantes cantores e grupos do Brasil (Caetano Veloso, Capital Inicial, Martinho da Vila, Quarteto em Cy, Roberto Carlos, Simone e Skank, entre muitos outros nomes citados ao longo das 306 páginas do livro), Banda de Milhões seduz apesar do tom oficial e da opção por expor somente os lances mais bonitos desse jogo de poder e música que (ainda) movimenta cifras milionárias, por mais que a pirataria física e virtual tenha acabado com os excessos (não apenas de dinheiro, mas também de criatividade e ousadia) dos anos dourados da indústria do disco. É um livro para entender como a banda toca.

Adele faz cover de tema de Bonnie Raitt no DVD que lança em novembro

Destaque do mercado fonográfico neste ano de 2011, por conta de seu álbum 21, Adele vai lançar seu primeiro registro ao vivo de show. Nas lojas a partir de 28 de novembro de 2011, Adele Live at The Royal Albert Hall vai ser editado em kit de CD/DVD e em blu-ray com distribuição mundial da Sony Music. No roteiro do show, captado em 22 de setembro no teatro de Londres (Inglaterra), a cantora mistura músicas de seus dois álbuns de estúdio, 19 (2008) e 21 (2011), com covers dos repertórios da cantora e compositora norte-americana Bonnie Raitt (I Can't Make You Love me) e do grupo norte-americano de bluegrass The SteelDrivers (If It Hadn't Been for Love). Eis as músicas do kit de CD/DVD Adele Live at the Royal Albert Hall:

* Hometown Glory
* I'll Be Waiting

* Don't You Remember
* Turning Tables

* Set Fire To The Rain
* If It Hadn't Been For Love

* My Same
* Take It All

* Rumour Has It
* Right As Rain

* One & Only
* Lovesong

* Chasing Pavements
* I Can't Make You Love me

* Make You Feel my Love
* Someone Like You

* Rolling In The Deep