Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


quinta-feira, 31 de março de 2011

Avril exala melancolia em 'Goodbye Lullaby', emocional disco de baladas

Resenha de CD
Título: Goodbye Lullaby
Artista: Avril Lavigne
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * *

What the Hell - o single que promove o quarto álbum de Avri Lavigne, Goodbye Lullaby, lançado neste mês de março de 2011 - destoa de quase todas as 13 faixas do disco. Por sua leveza pop, What the Hell se ajustaria mais ao álbum anterior da artista, o fraco The Best Damn Thing (2007), trabalho em que Avril brincou de ser punk. Provavelmente, What the Hell nem faria parte do repertório original de Goodbye Lullaby e talvez tenha entrado no CD quando a cantora e compositora canadense voltou aos estúdios - pressionada por sua gravadora - para regravar parte do disco. É provável que Smile, outra faixa que se conecta com The Best Damn Thing, também tenha sido produto de interferência externa nessa produção dividida por Avril com Deryck Whibley, Butch Walker, Max Martin e Shellback. Afinal, no todo, Goodbye Lullaby é o disco que mais se parece com Under my Skin (2004), álbum em que Avril tentou esboçar alguma maturidade para diluir a imagem teen de rebelde sem causa forjada com seu primeiro álbum, Let Go (2002), arrasa-quarteirão que vendeu 6,7 milhões de cópias somente nos Estados Unidos por conta de seus megahits Complicated e Sk8ter Boy.  A tal maturidade reaparece ao longo das 13 músicas do disco. Baladas em sua maioria, as músicas de Goodbye Lullaby exalam certa melancolia e têm carga emocional alta em se tratando de um disco de Avril Lavigne. Black Star, Push e Wish You Were Here são os destaques de um repertório que se revela irregular à medida em que o CD avança. Contudo, Goodbye Lullaby é bom álbum que sinaliza que, se lutar por sua total independência artística dentro da indústria fonográfica, Avril Lavigne terá dias e discos melhores em futuro próximo.

Fiel a si e à cerveja, Matanza destila sua raiva em 'Odiosa Natureza Humana'

Resenha de CD
Título: Odiosa Natureza Humana
Artista: Matanza
Gravadora: Deck
Cotação: * * * 

Fiel à cerveja e ao seu som sujo, pesado e veloz, o Matanza destila raiva em Odiosa Natureza Humana, quinto álbum deste quarteto carioca que se projetou nos anos 2000 com seu countrycore. Lançado neste mês de março de 2011, o sucessor de A Arte do Insulto (2006) é bem mais hardcore do que country. Ao longo de 13 rápidas faixas, que totalizam apenas 38 minutos e 13 segundos, o disco se mostra embebido do universo etílico do grupo. A bebida é o combustível de letras como as de Escárnio e Em Respeito ao Vício (destaque do repertório inédito inteiramente assinado pelo guitarrista Donida). Como se estivesse no auge da era punk, o vocalista Jimmy London vomita ódio e desprezo pelo mundo ao cantar temas como Remédios Demais (outro destaque da safra de Odiosa Natureza Humana) e Saco Cheio e Mau Humor em alta velocidade. A única faixa relativamente menos acelerada é A Menor Paciência. Gravado de forma analógica no estúdio Tambor, da gravadora Deck, o álbum vai ganhar em abril apropriada edição em vinil, cujo corte de acetato foi feito no Oasis Mastering, em Los Angeles (EUA), pelo engenheiro de som David Cheppa. Em CD ou em vinil, a ser fabricado pela PolySom, Odiosa Natureza Humana é álbum fiel aos cânones do Matanza. Tal fidelidade - perceptível já nos títulos de músicas como O Bebum Acabado, Tudo Errado e Carvão, Enxofre & Salitre - faz com que o disco soe por vezes linear. Mas é o preço que paga quem prefere ser fiel a si mesmo. E, em suma, quem não se deixa embriagar por esse universo politicamente incorreto, povoado por mulheres e bebidas, já vai mesmo odiar o disco antes até de ouvi-lo...

Gym Class Heroes trabalha em álbum com participação de Adam Levine

Dez anos após o lançamento de seu primeiro álbum, ... For the Kids (2001), o quarteto norte-americano Gym Class Heroes trabalha em seu quinto CD de estúdio, The Papercut Chronicles II, sequência do  segundo álbum  do grupo (The Papercut Chronicles, 2005). O sucessor de The Quilt (2008) conta com a participação de Adam Levine - o vocalista do grupo Maroon 5 - na faixa intitulada Stereo Hearts. Travie McCoy, Disashi Lumumba–Kasongo, Eric Roberts e Matt McGinley burilam as cerca de 30 demos que vão dar origem ao disco do Gym Class Heroes.

Arctic Monkeys lança em abril primeiro 'single' do quarto álbum do grupo

Don't Sit Down 'Cause I've Moved Your Chair é o primeiro single oficial do quarto álbum do grupo inglês Arctic Monkeys, Suck It and See. A música - gravada com vocais de Josh Homme, o vocalista da banda Queens of the Stone Age - vai ser lançada em 11 de abril de 2011 em formato digital. Em 30 de maio, o single vai ser editado em formato físico com duas músicas inéditas no lado B, The Blond-O-Sonic Shimmer Trap e I.D.S.T. - ambas ausentes da original edição standard do álbum Suck It and See, que vai chegar ao mercado a partir de 6 de junho.

Com cadência, Motörhead volta fiel à sua receita em 'The Wörld Is Yours'

Resenha de CD
Título: The Wörld Is Yours
Artista: Motörhead
Gravadora: Motörhead Music / EMI Music
Cotação: * * * 1/2

Em seu 20º álbum de estúdio, The Wörld Is Yours, editado no Brasil pela EMI Music neste mês de março de 2011, o o trio britânico Motörhead segue com fidelidade sua receita básica de rock pesado. Sucessor de Motorizer (2008), The Wörld Is Yours foi lançado em dezembro de 2010 em parceria com uma revista inglesa, ganhando distribuição mundial em janeiro pelo selo da banda. Ao longo das dez faixas do disco, condensadas em 39 minutos, Lemmy Kimister (voz e baixo), Philip Campbell (guitarra) e Mikkey Dee (bateria) reproduzem sua fórmula entre temas velozes (I Know How to Die) e cavernosos (Brotherhood of Man, com algo de punk em sua atmosfera). A única novidade - se é que pode se falar em novidade num álbum que reitera a personalidade do Motörhead - é a cadência que envolve temas como Waiting for the Snake, Devils in my Head e, sobretudo, Rock'n'Roll Music. Este último dá já no título a pista certa para se entender o som do Motörhead, grupo que não deve ser enquadrado no escaninho do Heavy Metal, embora também habite o mundo metaleiro "Eu venho de muito antes do metal. Eu toco rock'n'roll e acho que rock'n'roll deve ser sagrado", tem dito Lemmy Kimister, fundador deste grupo que, desde 1975, tem se mostrado extremamente coerente em sua trajetória fonográfica. Coerência reiterada do início (Born to Lose) ao fim (Bye Bye Bitch Bye Bye, hetedoroxo tema de dor-de-cotovelo) deste digno The Wörld Is Yours. Disco para fãs de rock!

quarta-feira, 30 de março de 2011

CD 'Arco do Tempo' mostra que a voz de Soraya brilha sem jogo de cena

Resenha de CD
Título: Arco do Tempo
Artista: Soraya Ravenle
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * * 1/2

Já nas lojas com distribuição da gravadora Biscoito Fino, o álbum Arco do Tempo - dedicado à obra de Paulo César Pinheiro - mostra que o canto de Soraya Ravenle também brilha sem jogo de cena. Não há no disco a sedutora teatralidade que envolve o belíssimo show homônimo em cartaz às terças e quartas-feiras no Sesc Copacabana, no Rio de Janeiro (RJ), até 6 de abril de 2011. Em contrapartida, o disco tem encantos próprios como o coro luxuoso que encorpa a ciranda Lua Candeia (Paulo César Pinheiro e Lenine),  a voz de Pedro Luís no tema de capoeira Jogo de Fora - composto para trilha sonora do musical carioca Besouro Cordão de Ouro (2006) - e as cordas magistrais do Quarteto Maogani que embalam o percurso poético de Viagem (Paulo César Pinheiro e João de Aquino). Mas o encanto maior de Arco do Tempo é a voz límpida de Soraya Ravenle. Por ser também atriz, a cantora encontra o tom exato de versos como os da inédita Serenata Antiga - parceria de Pinheiro com Sérgio Santos, envolvida em apropriado seresteiro pelo arranjo de Alfredo Del-Penho e João Callado - e os da também inédita Toada do Sol e da Lua (Paulo César Pinheiro e Pedro Amorim). A propósito, a alta dosagem de inéditas entre as 14 faixas do disco confere valor adicional a Arco do Tempo. Até porque quase todas as músicas inéditas são de excelente qualidade. E, da safra até então nunca registrada em disco, o samba Carta Branca vem merecendo especial atenção por ser título da parceria de Pinheiro com Baden Powell (1937 - 2000). Soraya deita e rola nas quebradas desse samba que segue a linha de Vou Deitar e Rolar (Quaquaraquaquá) e Aviso aos Navegantes, entre outros temas em que a dupla narra com verve os dribles e passes do jogo amoroso. Já Cristal Lilás (Paulo César Pinheiro e Maurício Carrilho) - originalmente um samba - ganha seu primeiro registro fonográfico no compasso do tango para que fique realçada a dramaticidade dos versos que a cantora saboreia com a naturalidade das atrizes. Aberto e fechado com o tema inédito que lhe dá nome, composto por Pinheiro especialmente para Soraya, o disco Arco do Tempo circula por ritmos tão díspares como samba de roda (Senhorá, parceria com Roque Ferreira) e valsa (Serena, de Pinheiro com Pedro Amorim). Mas o que dá unidade ao giro poético pela vasta obra do compositor é a voz de Soraya Ravenle, de emissão e afinação tão exemplares que dispensa qualquer jogo de cena. A atriz é uma excelente cantora.

Paula Fernandes vende 200 mil cópias de ao vivo lançado há dois meses

Além de ter popularizado o nome e a imagem de Paula Fernandes, a exposição obtida pela cantora na mídia a partir de sua aparição no especial natalino de Roberto Carlos - exibido pela TV Globo em 25 de dezembro de 2010 - alavancou as vendas do CD e DVD Paula Fernandes ao Vivo. Se o álbum Pássaro de Fogo (2008) levou dois anos para atingir a marca de 90 mil cópias vendidas, Paula Fernandes ao Vivo - lançado em janeiro de 2011 pela gravadora Universal Music - levou somente dois meses para chegar às 200 mil cópias (somadas as vendas do CD e do DVD). Parceria da cantora com Zezé Di Camargo, já em alta rotação nas rádios e na internet, Pra Você é a música que puxa atualmente o disco ao vivo da artista, que iniciou neste mês de março de 2011 sua primeira turnê nacional. Na estreia em São Paulo (SP), a cantora - vista em foto de divulgação de J L Soto - recebeu a homenagem da Universal Music pelas 200 mil cópias de Paula Fernandes ao Vivo, já editado também no formato de blu-ray.

Gal quer regravar canções de Tom Jobim após lançar inéditas de Caetano

Nem mesmo lançou o álbum com inéditas de Caetano Veloso, produzido pelo compositor em parceria com Moreno Veloso (com a adesão de Kassin), Gal Costa já planeja novo projeto fonográfico de caráter retrospectivo. Tom de Gal é nova visita da cantora ao cancioneiro de Antonio Carlos Jobim (1927 - 1994) em turnê que seria gravado ao vivo para edição em CD, DVD e blu-ray. O curioso é que a artista já realizou projeto similar em 1999, ano em que gravou ao vivo - sob a produção musical de Marco Mazzola - o show que originou em 2000 o CD duplo e o VHS Gal Costa Canta Tom Jobim ao Vivo e, na sequência, gerou o DVD homônimo.

'Alma Lírica Brasileira' de Salmaso agrega Wisnik, Herivelto e Villa-Lobos

Mônica Salmaso vai lançar seu oitavo CD em abril de 2011, pela gravadora Biscoito Fino. Intitulado Alma Lírica Brasileira, o disco traz no repertório músicas de compositores como José Miguel Wisnik (Mortal Loucura, sobre poema de Gregório de Matos), Herivelto Martins (1912 - 1992) (o samba Meu Rádio É meu Mulato), Heitor Villa-Lobos (1887 - 1959) (Melodia Sentimental), Paulo Vanzolini (o raro Samba Erudito) e Tom Jobim (1927 - 1994) (Derradeira Primavera). Trata-se de disco de trio. Salmaso solta a voz na companhia do piano de Nelson Ayres e da flauta de Teco Cardoso. O lançamento de Alma Lírica Brasileira adia por ora a gravação do disco que a cantora pretende dedicar à obra de Guinga com Paulo César Pinheiro - projeto anunciado por Salmaso em recente show que fez com Guinga no Rio de Janeiro (RJ).

Candidata à revelação de 2011, Thaís Gulin lança seu álbum 'ôÔÔôôÔôÔ'

Amparada por estratégia de marketing que objetiva estourá-la na mídia em escala nacional, a cantora e compositora Thaís Gulin vai lançar em abril de 2011 seu segundo disco, ôÔÔôôÔôÔ, gravado pelo selo Furgulixx com produção de Alê Siqueira e Kassin. Quem vai distribuir o CD nas lojas é a gravadora Som Livre através de seu selo SLAP, o mesmo que lançou Maria Gadú em 2009. Promovido de início pelo torto samba autoral que lhe dá título, ôÔÔôôÔôÔ agrega na ficha técnica nomes como Ana Carolina (co-autora de Quantas Bocas, assinada com Gulin), Adriana Calcanhotto (compositora da inédita balada Encantada), Kassin (autor do já conhecido carimbó Água e parceiro de Gulin em The Glory Hole e na já citada Quantas Bocas) e Moreno Veloso (parceiro de Gulin em Frevinho). O repertório enfileira títulos como a valsa autoral Horas Cariocas e Little Boxes. Chico Buarque e Tom Zé forneceram inéditas para o disco e as gravaram em dueto com Gulin. Chico é autor e convidado de Se Eu Soubesse. Tom Zé - de quem a cantora já gravou Defeito 10: Cedotardar (Moacyr Albuquerque e Tom Zé) em seu primeiro disco, Thaís Gulin (Rob Digital, 2006) - canta Ali Sim, Alice. Já Cinema Americano, embora desconhecida, já ganhou registro de seu autor, Rodrigo Bittencourt, no segundo disco do artista (Mordida, 2009). Formatado com 13 faixas, o CD ôÔÔôôÔôÔ fecha com Paixão Passione, música de Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza que Gulin gravou para a trilha sonora nacional da novela Passione (2010). O tema virá alocado no álbum como faixa-bônus.

Bruno & Marrone gravam sexto DVD em maio, em show em resort goiano

Dez anos após fazer seu primeiro registro de show, perpetuado no CD e DVD Acústico ao Vivo (2001), a dupla Bruno & Marrone vai gravar o sexto DVD da carreira em show agendado para 20 de maio de 2011. A gravação ao vivo vai ser feita em praia artificial situada dentro de um resort de Rio Quente, cidade do interior de Goiás. O roteiro vai incluir várias músicas inéditas.

terça-feira, 29 de março de 2011

Produtores jogam Britney na pista com bom álbum sobre universo dance

Resenha de CD
Título: Femme Fatale
Artista: Britney Spears
Gravadora: Jive Records / Sony Music
Cotação: * * * 1/2

Britney Spears nunca se jogou na pista de forma tão radical como em seu sétimo álbum de estúdio, Femme Fatale, lançado mundialmente nesta terça-feira, 29 de março de 2011. Aliás, seria mais correto dizer que ela foi jogada na pista, já que - assim como nos seis álbuns anteriores da estrela - os produtores são os verdadeiros artistas de Femme Fatale. A novidade é que, pela primeira vez, Britney apresenta um álbum coeso e realmente bom. Era verdadeira a pista dada pelos dois primeiros arrasadores singles, Hold It Against me e Till the World Ends, este um electro-pop irresistível da lavra de Ke$ha. A rigor, Femme Fatale segue a trilha dance de Blackout (2007), o álbum com que Britney retomou sua carreira fonográfica após série de escândalos que a tornaram o alvo preferencial dos vorazes tablóides, mas resulta menos estéril e mais pop, muito mais cativante. Ainda que a artificialidade das batidas seja a mesma, há uma pegada e uma unidade que inexistem em Blackout e no posterior Circus (2008), este menos voltado para o universo dance. Em essência, guiada por vasto time de produtores em que sobressaem Max Martin e Dr. Luke, Britney gravou um álbum de pop dance que aborda de forma superficial o universo noturno dos clubes. As letras são rasas, com destaque para os versos bastante inusitados de Criminal, balada em que mãe e filha relatam envolvimento com um homem fora-da-lei. Mas o fato é que poucos esperam ouvir algum rasgo de profundidade em temas voltados para as pistas como I Wanna Go (um provável futuro hit do álbum) e Gasoline, sobretudo se estes temas estão num disco de Britney Spears. A ordem é divertir e garantir a animação na pista. Nesse sentido, Femme Fatale cumpre seu objetivo. Bem. Há alguns temperos adicionais como o rap de Sabi em (Drop Dead) Beautiful, a ligeira evocação do dubstep em músicas como How I Roll e o flerte com o eurodance mais trivial em Trip to your Heart (faixa produzida por Bloodshy, Henrik Jonback e Magnus). Mas nada desvia o álbum de seu trilho pop. Nem a adesão de will.i.am em Big Fat Bass, faixa robótica que leva Britney por outros caminhos da música eletrônica. No resumo da ópera pop, Femme Fatale é o melhor álbum de Britney Spears. Melhor dizendo, dos produtores de Britney Spears.

Radiohead revela capa de 'single' em que registra duas músicas inéditas

Na semana em que edita em formato físico seu controvertido oitavo álbum (The King of Limbs, a ser lançado no Brasil via EMI Music), o grupo inglês Radiohead revela a capa do single que gravou para o Record Store Day - a ser celebrado na Inglaterra e nos EUA em 16 de abril de 2011. O single apresenta duas músicas inéditas em disco, Supercollider e The Butcher, e vai ser lançado em vinil com tiragem limitada de duas mil cópias. Supercollider já vinha sendo apresentada em shows pela banda. Já The Butcher é inteiramente inédita e valoriza o single

Tina Live chega atrasado ao Brasil com registro da última turnê de Turner

Em outubro de 2009, quando estava prestes a completar 70 anos, Tina Turner lançou nos Estados Unidos e na Europa o segundo registro ao vivo de show em carreira que já contabiliza cinco décadas de altos e baixos. Sucessor de Tina Live in Europe (1988), Tina Live chega ao mercado brasileiro em kit de CD e DVD editado via EMI Music com injustificável atraso de um ano e meio. O DVD registra na íntegra o show captado com câmeras de alta definição na Holanda, em março de 2009. Já o CD ao vivo perpetua 15 números do roteiro com direito aos inevitáveis hits dos anos 80 (What's Love Got to Do with It, Private Dancer, We Don't Need Another Hero), a duas incursões pelo repertório dos Rolling Stones - Jumpin' Jack Flash e It's Only Rock'n'Roll (But I Like It) - e a temas da época da dupla Ike & Tina Turner (Proud Mary). Com energia que desmente os 69 anos que tinha na ocasião da gravação de Tina Live, Turner rebobina sob a direção de David Mallet os altos dos 50 anos de uma carreira de aura já mítica.

Camelo regrava 'Despedida' em seu segundo álbum solo, 'Toque Dela'

Música dada por Marcelo Camelo para Maria Rita, que a lançou no álbum Segundo (2005), Despedida já ganhou a voz do autor no primeiro DVD solo do artista - editado em novembro de 2010 na série MTV ao Vivo - mas é alvo de novo registro de Camelo em seu segundo CD solo, Toque Dela, nas lojas no início de abril de 2011. Despedida figura entre os nove temas autorais inéditos que compõem o disco. Entre eles, há Acostumar, A Noite, Pretinha, Pra te Acalmar, Vermelho, Meu Amor É Teu, Tudo que Você Quiser, Três DiasÔ Ô, eleito o single.

Luan Santana lança 'Ao Vivo no Rio' em abril com Ivete e faixa em novela

Com a música Amar Não É Pecado já em rotação na trilha sonora da novela Morde & Assopra, o segundo registro de show do cantor Luan Santana - astro juvenil do sertanejo universitário que viveu um pico de popularidade em 2010 - vai chegar às lojas em abril de 2011 nos formatos de CD, DVD e kit de CD com DVD (capa acima). Ao Vivo no Rio perpetua o show feito por Luan na HSBC Arena, no Rio de Janeiro (RJ), em 11 de dezembro de 2010. Entre inéditas como A Bússola e Palácios e Castelos, Luan recebeu Ivete Sangalo (com quem fez dueto na também inédita Química do Amor), a dupla Zezé Di Camargo & Luciano (no medley que agrega Amor Distante e Inquilina de Violeiro) e a cantora espanhola-mexicana Belinda, convidada de Meu Menino (Minha Menina). Ao Vivo no Rio vai sair pela gravadora Som Livre.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Metaleiros saúdam o peso de 'Blunt Force Trauma', álbum dos Cavalera

Nas lojas do exterior a partir desta segunda-feira, 28 de março de 2011, o segundo álbum do Cavalera Conspiracy - o quarteto liderado pelos irmãos Iggor Cavalera (bateria) e Max Cavalera (voz e guitarra), ambos egressos do grupo Sepultura - vem sendo saudado pela tribo metaleira como um disco de peso. Sem trocadilho. Puxado pelo single Killing Inside, o álbum Blunt Force Trauma persegue a velocidade do thrash metal na faixa Thrasher, flerta com o black metal em Rasputin e segue os cânones do metal mais tradicional em temas como Warlord, faixa de abertura do disco, formatado pelos Cavalera com a guitarra de Marc Rizzo e o baixo de Johny Chow. Quem edita Blunt Force Trauma é a gravadora norte-americana Roadrunner.

Microservice reedita discos do acervo da extinta gravadora Copacabana

Atualmente incorporado ao acervo da EMI Music, o arquivo da extinta gravadora Copacabana foi licenciado para a empresa Microservice, que fabrica e distribui CDs. Por conta do acordo, já estão previstas reedições de títulos da discografia da cantora Elizeth Cardoso (1920 - 1990).

Amigos cantam os clássicos de Alf em tributo que destaca Leny e Emílio

Resenha de CD
Título: Johnny Alf por seus Amigos
Artista: Vários
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * * 1/2

Primeiro dos três títulos da caixa Johnny Alf entre Amigos, recém-lançada pela gravadora Lua Music, o CD Johnny Alf por seus Amigos reúne 16 gravações inéditas do cancioneiro de Alf, com ênfase nos clássicos (os temas menos conhecidos foram reunidos por Alaíde Costa no segundo disco da caixa, Em Tom de Canção). Como todo tributo do gênero, o êxito depende da escolha dos intérpretes e de sua adequação às músicas escolhidas. Mas o saldo é positivo. A rigor, Johnny Alf (1929 - 2010) sempre foi o melhor intérprete de seu cancioneiro por conhecer mais do que ninguém os caminhos harmônicos que desbravou - caminhos que o levaram a ser saudado como o maior e mais legítimo precursor do som que veio a ser rotulado de Bossa Nova. Contudo, há intérpretes que dominam bem o idioma da música de Alf. Leny Andrade é um deles. E não é por acaso que ela tem a honra de abrir o disco produzido por Thiago Marques Luiz - sob a supervisão musical de Marcos Souza - com sedutor registro do samba-canção O Que É Amar. Na sequência, Joyce põe seu suingue no samba Fim de Semana em Eldorado e Emílio Santiago imprime o tom aveludado de sua voz perfeita em Nós. O trio se destaca no tributo. Mas há outros acertos no CD que teve produção executiva de Nelson Valencia, detentor do acervo de Alf. Zé Renato está à vontade em Céu e Mar, misto de samba e baião. Por sua técnica apurada, Claudya entende bem o certo classicismo que há na gênese do tema Com a Voz de Plentitude, parceria de Alf com Edson Penha. Já Leila Pinheiro se deixa levar pelo intimismo suave da obra-prima Eu e a Brisa em gravação de voz e piano, tocado pela própria cantora. Em contrapartida, Johnny Alf por seus Amigos mostra que Wanderléa não foi a melhor opção para Ilusão à Toa, outra obra-prima do cancioneiro do compositor. Se Toquinho parece cantar Rapaz de Bem com seu violão como se estivesse gravando um disco da dupla Toquinho & Vinicius, Áurea Martins reitera sua segurança vocal em Ensaio para a Ilusão, um dos temas mais raros do repertório de um disco que, em tom maior ou menor, também alinha registros de Claudette Soares (Gesto Final), Adyel Silva (Pensando em Você), Claudia Telles (Olhos Negros) e Maricenne Costa (Quem te Ama Sou Eu), entre outros amigos de Alf.

Alaíde ilumina (raros) temas nublados de Alf no CD 'Em Tom de Canção'

Resenha de CD
Título: Alaíde Canta Johnny - Em Tom de Canção
Artista: Alaíde Costa
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * * 1/2

"Nesta noite tão fria / Em que a chuva castiga / O meu corpo tão só / Nem o tempo e o vento / Procuram ao menos de mim ter dó", amargam os versos de O Tempo e o Vento, cantados por Alaíde Costa em refinado diálogo com o baixo de Marinho Andreotti. O Tempo e o Vento é um dos dez raros temas de Johnny Alf  (1929 - 2010) gravados pela cantora no CD Alaíde Canta Johnny - Em Tempo de Canção. Segundo dos três títulos da caixa Johnny Alf entre Amigos, recém-lançada pela Lua Music, o disco joga luz sobre temas nublados da lavra invariavelmente sofisticada do compositor. Sob apropriada direção musical de Giba Estevez, que envolve as músicas em moldura acústica, Alaíde aborda sem esforço  esse repertório difícil que ela já havia apresentado ao vivo em dezembro de 2009, em show que fez em homenagem a Alf  ao lado de Leny Andrade. Nenhuma das dez músicas têm cacife para fazer sombra ao cancioneiro já conhecido do compositor de Eu e a Brisa e Ilusão à Toa. Mas todas reiteram a sofisticação da obra de Alf, influenciada pela formação de início erudita de seu criador. Quem Sou Eu - "triste prelúdio" na definição inserida na letra da música aberta pela voz de Zé Luiz Mazziotti - exemplifica bem o tom soturno do CD. Os títulos de algumas músicas - em especial, Foi o Tempo de Verão, Estou Só e Tema da Cidade Longe - já traduzem o clima invernal do repertório reunido no disco produzido por Thiago Marques Luiz. Já na faixa de abertura, a suplicante Escuta, percebe-se o sofrimento de amor em que está embebida a obscura safra de composições que inclui até uma inédita, Em Tom de Canção. Há todo um peso existencial nos versos de temas como Plenilúneo e Meu Sonho - aos quais se ajustam bem a voz noturna de Alaíde, cantora que já contabiliza 75 anos de vida e mais de 50 de carreira. E o fato é que Alaíde Costa e Johnny Alf sempre se entenderam musicalmente. Em Tom de Canção, o disco, é a celebração póstuma dessa afinidade que extrapola a Bossa Nova.

À vontade com convidados e piano, Alf brilha em póstumo disco ao vivo

Resenha de CD
Título: Johnny Alf ao Vivo e à Vontade com seus Convidados
Artista: Johnny Alf
Gravadora: Lua Music
Cotação: * * * * 1/2

Foi no escurinho das boates que Johnny Alf (1929 - 2010) percorreu pioneiramente na primeira metade dos anos 50 os caminhos harmônicos que desembocariam na música rotulada de Bossa Nova. Foi no escurinho das boates que Alf, ao vivo e à vontade, exercitou a arte de cantar e tocar piano com sua elegância discreta. É por isso que o disco Johnny Alf ao Vivo e à Vontade com seus Convidados é o melhor dos três títulos reunidos na caixa Johnny Alf entre Amigos, recém-lançada pela gravadora Lua Music. Trata-se de  uma compilação produzida por Thiago Marques Luiz com 14 inéditos registros ao vivo do acervo pessoal de Nelson Valencia, amigo de Alf nos últimos 20 anos de vida do compositor. Alf brilha neste disco em que ele se mostra realmente à vontade com seus convidados, seu piano e músicos como o baterista Celso de Almeida e o baixista Marcos Souza. "Canta um negócio aí... Mas que a gente conheça, né?", diz Alf para Ed Motta, que voa então com o compositor em abordagem jazzy de Fly me to the Moon (Bart Howard) antes de cantar um tema pouco conhecido de Alf, Que Volte a Tristeza. Dos clássicos do cancioneiro do autor, Nós ganha arrebatadora interpretação de Leny Andrade. Mas o principal mérito de Johnny Alf ao Vivo e à Vontade com seus Convidados é mostrar Alf se exercitando em repertório alheio. Logo na primeira faixa, Alf e Cida Moreira - à sós com suas vozes e pianos - saboreiam os versos de A Noite do meu Bem (Dolores Duran, de quem o compositor também revive Castigo). Com sua divisão particularíssima, Alf também aborda o samba Palpite Infeliz (Noel Rosa), o samba-canção Se Queres Saber (Peter Pan) e o standard norte-americano Over the Rainbow (Harold Arlen e E.Y. Harburg) - apresentado pelo artista como música de seus "tempos de criança". Mais para o fim do disco, Cauby Peixoto entra em cena para cantar com "seu querido amigo Johnny" Se Todos Fossem Iguais a Você (Tom Jobim e Vinicius de Moraes), Ilusão à Toa - com Alf fazendo a obscura primeira parte do tema, emendado por Cauby em dueto que ganha intensidade à medida em que o cantor de Conceição se sente mais à vontade para impor seu exacerbado estilo vocal - e Gesto Final. Alf é luxo só!

domingo, 27 de março de 2011

Disco 'Songs for Japan' agrega Lennon, Dylan, Elton, Gaga e Foo Fighters

Antes uma iniciativa isolada da Universal Music, o álbum Songs for Japan - já à venda no exterior na loja virtual iTunes e, a partir de 4 de abril de 2011, em formato físico - acabou unindo as quatro companhias multinacionais que dominam o mercado fonográfico. EMI Music, Sony Music e Warner Music se juntaram à Universal Music para viabilizar a edição de um disco com 38 gravações de seus principais artistas. A renda obtida com a venda de Songs for Japan vai ser destinada às vítimas do terremoto e da tsunami que devastou o Japão. O elenco estelar do álbum inclui John Lennon (visto em imagem retrabalhada por  Florin Chis), Madonna, Bob Dylan, Lady Gaga (presente com remix de Born This Way assinado por Starsmith), Elton John e Justin Timberlake, entre outros nomes. Eis as 38 gravações reunidas no disco Songs for Japan:

* John Lennon - Imagine
* U2 - Walk on

* Bob Dylan - Shelter From the Storm
* Red Hot Chili Peppers - Around the World (ao vivo)

* Lady Gaga - Born This Way (Starsmith remix)
* Beyonce - Irreplaceable

* Bruno Mars - Talking to the Moon (versão acústica)
* Katy Perry - Firework

* Rihanna - Only Girl (In the World)
* Justin Timberlake - Like I Love You

* Madonna - Miles Away (ao vivo)
* David Guetta - When Love Takes Over (com Kelly Rowland)

* Eminem - Love The Way You Lie (com Rihanna)
* Bruce Springsteen - Human Touch

* Josh Groban - Awake (ao vivo)
* Keith Urban - 'Better Life

* The Black Eyed Peas - One Tribe
* P!nk - Sober

* Cee Lo Green - It's OK
* Lady Antebellum - I Run to You

* Bon Jovi - What Do You Got?
* Foo Fighters - My Hero

* R.E.M. - Man on the Moon (ao vivo)
* Nicki Minaj - Save me

* Sade - By your Side
* Michael Buble - Hold on (radio mix)

* Justin Bieber - Pray (acústico)
* Adele - Make You Feel my Love

* Enya - If I Could Be Where You Are
* Elton John - Don't Let the Sun Go Down on me

* John Mayer - Waiting On the World to Change
* Queen - Teo Torriatte (Let Us Cling Together)

* Kings of Leon - Use Somebody
* Sting, Steven Mercurio & The Royal Philharmonic Orchestra - Fragile (ao vivo em Berlim)

* Leona Lewis - Better in Time
* Ne-Yo - One in a Million

* Shakira - Whenever Wherever
* Norah Jones - Sunrise

Revelação inglesa, Jessie segue cartilha pop dos EUA em 'Who You Are'

Resenha de CD
Título: Who You Are
Artista: Jessie J
Gravadora: Universal Music
Cotação: * * *

É no posto de uma das sensações britânicas de 2011 que Jessica Ellen Corrish, a Jessie J, completa 23 anos neste domingo, 27 de março. Precedido pela bem-sucedida edição em novembro de 2010 do single Do It Like a Dude, seu primeiro álbum, Who You Are, foi lançado em 25 de fevereiro na Inglaterra e logo causou a tal sensação por conta de um segundo single irresistível. Price Tag tem uma pegada pop e um refrão tão sedutores que até poderia dispensar o rap de B.o.B. Mas não dispensa porque Jessie J, a revelação inglesa, segue com devoção a cartilha do r & b pop que domina as paradas dos Estados Unidos. Nada que chegue a surpreender quem sabe que, como compositora, Jessie J já pôs seu nome em discos de artistas como Chris Brown. Currículo de compositora à parte, o fato é que Who You Are - ora lançado no Brasil pela Universal Music - revela uma cantora de poderosa artilharia vocal. Basta ouvir a balada Big White Room, captada ao vivo, para se render diante da voz de Jessie J. Na sequência, outra balada, Casualty of Love, reitera os dotes da intérprete. No entanto, como não se faz um grande disco somente com uma grande voz, Who You Are acaba escorregando na trivialidade de parte de seu repertório. Temas como Rainbow e a boa Nobody's Perfect poderiam figurar em discos de Mariah Carey, Christina Aguilera ou Beyoncé, por exemplo. Jessie J não marca sua identidade em Who You Are como fez Amy Winehouse, por exemplo. Talvez até porque falte unidade ao álbum. Entre faixas de batidas contemporâneas, há canção que flerta com o reggae, L.O.V.E., e blues de clima retrô, Mamma Knows Best. Contudo, Who You Are merece atenção somente por ter Price Tag, desde já um dos (grandes) hits de 2011.

Noel Gallagher grava seu primeiro disco solo em estúdio de Los Angeles

Enquanto Liam Gallagher promove o primeiro álbum de sua banda Beady Eye (Different Gear, Still Speeding, lançado em 28 de fevereiro de 2011), seu irmão Noel Gallagher - visto no post em imagem trabalhada por Kad84 - grava seu primeiro disco solo em estúdio de Los Angeles (EUA). Nada se sabe sobre o CD de Noel, que em agosto de 2009 deixou o grupo inglês Oasis.

Cidade Negra regrava tema do filme 'O Mágico de Oz' em ritmo de reggae

Tema do filme O Mágico de Oz, lançado em 1939 na voz de Judy Garland (1922 - 1969), Over the Rainbow (Harold Arlen e E. Y. Arburg) ganhou registro da banda Cidade Negra em ritmo de reggae. A gravação foi feita para a trilha sonora da novela Morde & Assopra, mas poderá entrar como faixa-bônus no CD autoral que marca a volta do vocalista Toni Garrido ao grupo. 

sábado, 26 de março de 2011

'Alma Boa de Lugar Nenhum' flagra Careqa cheio de Arte, Brecht e pianos

Resenha de CD
Título: Alma Boa de Lugar Nenhum
Artista: Carlos Careqa
Gravadora: Barbearia Espiritual Discos
Cotação: * * * 1/2

"Este ano eu vou virar / Um pop star / Três banheiros / E muita sala de estar", prevê Carlos Careqa, cheio de fina ironia, em Sucessão de Fracassos, faixa de seu sétimo álbum, Alma Boa de Lugar Nenhum. Não, Careqa nunca vai virar um popstar. Até porque sua voz opaca e limitada serve apenas à sua música. Mas serve bem. Com título que remete ao universo teatral de Bertolt Brecht (1898 - 1956), Alma Boa de Lugar Nenhum cita frases do dramaturgo - no original, em alemão - na faixa que lhe dá nome e inclui no repertório versão de tema da obra musical de Kurt Weill com Brecht, Balada da Dependência Sexual. Disco de voz e pianos (os de Tiago Costa, André Mehmari, Ana Fridman, Paulo Braga e Gabriel Levy), o sucessor de Tudo que Respira Quer Comer (2009) flagra Careqa em bom momento criativo. "Estou cheio de arte / Arte até o pescoço / Tô guardando pro almoço", avisa o artista nos versos iniciais de Estou Cheio de Arte, canção que abre o CD com passagens que evocam o universo da música sertaneja. Realmente cheio de Arte, no sentido mais verdadeiro do termo, Careqa entrelaça referências que vão de Noel Rosa (1910 - 1937). a Arrigo Barnabé. De Noel, a influência se faz sentir no samba O Rolo do Rolex, cuja letra exala a mordacidade perceptível em boa parte da obra de Careqa. De Arrigo, há a voz em Todo Cuidado É Pouco - última parceria de Careqa com Itamar Assumpção (1949 - 2003) - e a influência atonal que pauta Minha Música, faixa cantada por ninguém menos do que Chico Buarque . De 2003, Minha Música foi composta quando Careqa participava da ópera O Homem dos Crocodilos. Dentro do leque refinado de Alma Boa de Lugar Nenhum, CD concebido e produzido pelo próprio Careqa, cabe até uma melodiosa canção como Simplesmente, parceria do artista com Rui Werneck de Capistrano. Enfim, um bom disco que não vai tornar Carlos Careqa mais ou menos conhecido do que ele já é. Mas que reitera a inventividade de um artista coerente com sua boa música, cheia de Arte.

Sai de cena Lula Côrtes, parceiro de Zé Ramalho no lendário LP 'Paêbirú'

Aos 61 anos, o cantor, compositor e poeta pernambucano Lula Côrtes (1949 - 2011) saiu de cena na madrugada deste sábado, 26 de março de 2011,  vítima de um câncer na garganta. Parceiro de Zé Ramalho no lendário álbum Paêbirú, gravado em 1974 e editado em 1975 com tiragem inicial que foi quase toda literalmente por água abaixo por conta da enchente que destruiu as instalações da gravadora Rozenblit, Luiz Augusto Martins Côrtes iniciou sua carreira fonográfica em 1972. Geralmente editados de forma independente, vários álbuns de Côrtez foram gravados com a banda Má Companhia a partir da década de 80. Mas nenhum alcançou a repercusão de Paêbirú, que, embora nunca reeditado (oficialmente) em CD no Brasil, já foi relançado no exterior por dois selos estrangeiros ao longo dos anos 2000. Relíquia para colecionadores nacionais, sobretudo quando se trata das cerca de 300 cópias em vinil que não foram arrastadas pelas águas, Paêbirú tem sua mítica história contada no documentário Nas Paredes da Pedra Encantada, produzido em 2010 e ainda inédito nos cinemas. Fica a lenda...

Álbum abortado de Bowie, 'Toy' cai na rede dez anos após sua gravação

Álbum abortado em 2001 por conta de desentendimento entre David Bowie e a gravadora Virgin Records em relação aos direitos autorais das músicas, Toy caiu na rede dez anos após sua gravação. O disco disponibilizado para download desde 20 de março de 2011 contabiliza 14 faixas. Pela ideia original de Bowie, Toy misturaria algumas músicas então novas e inéditas, como Uncle Floyd, com regravações de temas pouco conhecidos do começo da carreira do cantor. Entre eles, I Dig Everything e The London Boys. Em 2006, Toy foi ouvido por alguns fãs do astro inglês. Mas até então nunca tinha caído na rede. Músicas como Afraid e Uncle Floyd foram regravadas no álbum posterior de Bowie, Heathen (2002), editado pela Sony Music, sendo que Uncle Floyd ganhou o título de Slip Away. Outras - casos de Baby Loves That WayShadow Man e You've Got a Habit of Leaving - foram lançadas como lados B de singles. Seja como for, Toy vem à tona quando já se completam oito anos do lançamento do último álbum de Bowie, Reality (2003). Eis as 14 faixas de Toy, cuja capa vista acima não é a oficial:

* Uncle Floyd
* Afraid

* Baby Loves That Way
* I Dig Everything

* Conversation Piece
* Let me Sleep Beside You

* Toy (Your Turn to Drive)
* Hole in the Ground

* Shadow Man
* In the Heat of the Morning

* You've Got a Habit of Leaving
* Silly Boy Blue

* Liza Jane
* The London Boys

Lady Gaga lança a versão 'country road' de sua música 'Born This Way'

Talvez para provar que Born This Way não é cópia de Express Yourself, sucesso de Madonna, Lady Gaga lançou uma versão em estilo country da música que dá nome ao álbum que vai chegar às lojas em maio de 2011. Já disponível para internet, a country road version de Born This Way tem violões e uma gaita no lugar dos beats eletrônicos da gravação original do tema.

Bennett lança 'Duets II' em setembro com Amy, Bublé, Norah e Bocelli

Uma gravação de Tony Benett com Amy Winehouse é o chamariz do novo álbum do cantor norte-americano, Duets II, nas lojas a partir de 19 de setembro de 2011. Ainda não se sabe qual música Bennet e Amy - vistos em foto de Mark Allan - cantam juntos no disco que vai reunir duetos do intérprete com nomes como Faith Hill, Norah Jones, Michel Bublé, Josh Groban, Andrea Bocelli, k.d. lang e Willie Nelson. Ao que parece, Lady Gaga também estará neste time. No caso de Amy, trata-se de sua primeira gravação desde It's my Party, feita para o álbum de Quincy Jones Q: Soul Bossa Nostra (2010). E não será surpresa se a música eleita para o duo tiver sido Boulevard of Broken Dreams. Tema do filme Moulin Rouge (1934), esta música foi regravada com êxito por Bennett e ficou mais associada ao cantor do que ao filme. Duets II sucede Duets: An American Classic (2006), que vendeu 1,7 milhão de cópias nos EUA.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Willie Nelson e Wynton Marsalis celebram Ray com Norah em CD ao vivo

Três anos após o lançamento do álbum Two Men with The Blues (2008), o cantor Willie Nelson - lenda viva da música country - volta a se reunir em disco com o trompetista de jazz Wynton Marsalis. Com lançamento mundial agendado para 29 de março de 2011, Here We Go Again - Celebrating the Genius of Ray Charles foi gravado ao vivo em show no evento Jazz at Lincoln Center que contou com a adesão da cantora Norah Jones em temas como What'd I Say, Makin' Whoopee, Hit the Road Jack, Unchain my Heart e Come Rain or Come Shine. Como o subtítulo do álbum já explicita, trata-se de tributo do trio à música de Ray Charles (1930 - 2004), gênio que transitou com maestria por ritmos como soul, country, jazz e blues.

Jota Quest lança no BBB 'É Preciso', música que chega dia 30 às rádios

As rádios vão começar a tocar na próxima quarta-feira, 30 de março de 2011, a música inédita que puxa a coletânea que festeja os 15 anos da contratação do grupo Jota Quest pela gravadora Sony Music. Intitulada É Preciso / A Próxima Parada, a música vai ser lançada no show que o quinteto mineiro vai fazer na final da 11ª edição do programa Big Brother Brasil, no ar  pela TV Globo no fim da noite de 29 de março. A compilação Quinze vai chegar às lojas em abril com mais duas inéditas entre os hits da banda. A faixa É Preciso / A Próxima Parada foi produzida pelo produtor Dudu Marote e, em breve, ganhará remix para as pistas.

Dedicado a Andrucha, tema inédito de Drexler puxa trilha sonora de Lope

Em sintonia com o lançamento do filme Lope nos cinemas brasileiros, a Warner Music põe nas lojas do Brasil o CD com a trilha sonora do longa-metragem dirigido por Andrucha Waddington. A música do filme espanhol é assinada por Fernando Velásquez, autor de temas como Paquita e Madrid, mas o chamariz do disco é um tema inédito de Jorge Drexler, Que El Soneto nos Tome por Sorpresa, feito em maio de 2009 e dedicado pelo compositor uruguaio a Andrucha.

Na Caixa, uma explanação sobre 'a crítica de canção na era da internet'

Aviso aos navegantes cariocas ou que estão de passagem pelo Rio de Janeiro (RJ): na noite desta sexta-feira, 25 de março de 2011, o editor deste blog Notas Musicais vai dar uma palestra sobre o tema A Crítica de Canção na Era da Internet. Marcada para as 19h, a palestra acontece dentro do ciclo de conferências Para Ouvir uma Canção, promovido pela Caixa Cultural. Iniciado em 22 de março, com palestra de Rodrigo Faour, o ciclo vai até dia 31.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Feminina, Calcanhotto põe seu bloco na rua com samba 'cool' e moderno

Resenha de CD
Título: O Micróbio do Samba
Artista: Adriana Calcanhotto
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * *

Sem compromisso com as tradições do samba, mas em salutar diálogo com elas, Adriana Calcanhotto põe seu bloco na rua com o CD O Micróbio do Samba, nas lojas do Brasil e de Portugal neste mês de março de 2011. Dos 12 sambas, dez são inéditos. Os outros dois - Vai Saber e Beijo Sem, lançados nas vozes de Marisa Monte e Teresa Cristina em 2006 e 2010 - ganham registros autorais em sintonia com o tom cool e feminino do disco produzido por Daniel Carvalho. Da safra inédita, Eu Vivo a Sorrir - samba que cita o fado e promove a edição portuguesa do álbum - é um dos mais inspirados. Impregnado da poética da compositora, em letra que exalta a arte do encontro casual, Eu Vivo a Sorrir é belo abre-alas de um disco de samba que inclui até um piano de tom camerístico - tocado por Calcanhotto - na introdução de Aquele Plano para me Esquecer, o menos sedutor dos 12 temas autorais. O samba dita o ritmo de quase todas as 12 faixas, mas, em essência, O Micróbio do Samba deve ser encarado mais como um disco sobre o universo do samba, filtrado pela ótica espirituosa de Calcanhotto. As sutilezas harmônicas são urdidas por um trio-base formado por Alberto Continentino (contrabaixo), Domenico Lancellotti (bateria e percussões) e pela própria Calcanhotto, que pilota delicado arsenal de instrumentos que inclui até a bandeja de chá inserida na marchinha carnavalesca Deixa, Gueixa (que tem cavaquinho de Davi Moraes). Mas a poesia - sempre contemporânea apesar de evocar eventualmente símbolos e signos recorrentes na construção do universo do samba - é que torna o disco tão especial. Calcanhotto dá voz ativa à mulher ao cair no samba sem perder a pose e até com um certo sadismo no caso específico dos versos de Pode se Remoer ("Pode se remoer / Se penitenciar / Eu encontrei alguém que só pensa em beijar"). Mais Perfumado, outro destaque da safra inédita, destila fina ironia ao mostrar que a mulher já não se deixa enganar pelas artimanhas do marido infiel e boêmio. Vem Ver - ironicamente o único samba assinado por Calcanhotto em parceria e, nisso reside a ironia, com um parceiro masculino, Dadi - expõe o homem subjugado aos caprichos femininos. Mesmo quando perde o jogo do amor, a mulher não perde a pose. Os versos de Já Reparô? fazem troça da rival - "Ai, ela não quebra / Ela não balança" - entre síncopes e acordes da guitarra do hermano Rodrigo Amarante. Entre exaltação à Mangueira em samba que reitera o tom feminino e cool do disco (Tá na Minha Hora) e marcha-rancho que evoca verso do poeta Vinicius de Moraes (1913 - 1980) e faz jus ao título Tão Chic, O Micróbio do Samba tangencia a pegada baiana do samba-de-roda em Você Disse Não Lembrar, com direito a prato e faca percutidos por Moreno Veloso. Com seus sambas para moças de fino trato, Calcanhotto entra na roda com disco chique em que subverte valores ao dar à mulher (todo) o poder da criação.

O primeiro álbum do Limp Bizkit em oito anos vai ser lançado em junho

Primeiro álbum do Limp Bizkit em oito anos, Gold Cobra vai chegar às lojas a partir de 6 de junho de 2011. A data de lançamento do sucessor de Results May Vary (2003) foi anunciada via Twitter pelo líder do grupo norte-americano, Fred Durst. Gravado desde agosto de 2009, porém não editado em 2010 como previsto, o quinto álbum de estúdio do Limp Bizkit é o primeiro disco da banda de nu metal com sua formação original - Fred Durst (voz), Wes Borland (guitarra),  DJ Lethal (teclados e programação), John Otto (bateria) e Sam Rivers (baixo) - desde Chocolate Starfish and the Hot Dog Flavored Water, de 2000. Vinte músicas já foram mixadas - entre elas, Get a Life, Killer in You, Bring It Back, Monster's Ball, Shark Attack, Back Porch, Why Try, Middle Finger, Ready to Go, Douche Bag, Loser, Walking Away e Tale to Tell - mas não se sabe ainda quais serão efetivamente incluídas no esperado álbum.

Sai no Brasil o CD em que McKennitt persegue a pureza da música celta

Lançado no exterior em novembro de 2010, o nono álbum de estúdio de Loreena McKennitt, The Wind That Shakes the Barley, está sendo editado no Brasil neste mês de março de 2011. Já distante de seu auge comercial, alcançado com o álbum The Book of Secrets (1997), a cantora canadense persegue a pureza da música celta - influência perceptível em seu som desde o primeiro álbum, Elemental (1985) - ao longo das nove faixas do bonito disco. Em sua maioria, os temas ouvidos em The Wind That Shakes the Barley são folks tradicionais de cepa celta - casos de As I Roved Out, On a Bright May Morning e The Death of Queen Jane.

Becker entrelaça obras grandiosas de Gonzagão e Gonzaguinha em DVD

Em 2006, a cantora Clara Becker convergiu as obras de Luiz Gonzaga (1912 - 1989), o Gonzagão, e de seu filho Luiz Gonzaga do Nascimento Jr. (1945 - 1991), o Gonzaguinha, em belo CD intitulado Dois Maior de Grande. O disco originou show que foi captado em 4 de novembro de 2009 no Teatro Coliseu, em Santos (SP). O registro ao vivo do show - feito por Becker sob a direção musical do pianista Leandro Braga, autor dos arranjos - está sendo editado em DVD neste mês de março de 2011. Assinado pela cantora com Rejane Machado, o roteiro totaliza 19 músicas de Gonzagão e Gonzaguinha, com base no repertório gravado pela artista no CD (clique aqui para ler a resenha postada em Notas Musicais em 2 de novembro de 2006). Nos extras do DVD, há duas músicas de Gonzaguinha, Questão de Fé e Lingo Lago do Amor, esta regravada por Becker em dueto com o filho do compositor, Daniel Gonzaga. O DVD Show Dois Maior de Grande ao Vivo - Músicas de Luiz Gonzaga e Gonzaguinha chega a tempo de lembrar o autor de Coisa Mais Maior de Grande no ano em que se completam duas décadas de sua precoce saída de cena, em 30 de abril de 1991, por conta de acidente de carro.