Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Nenhum de Nós lança 14º álbum, 'Contos de Água e Fogo', em março

Gravado entre junho e novembro de 2010 no estúdio Submarino Amarelo em Porto Alegre (RS), o 14º álbum do grupo Nenhum de Nós - o primeiro de inéditas desde 2005 - tem lançamento agendado para março de 2011. Contos de Água e Fogo tem produção dividida entre Ray Z e a banda gaúcha. Último Beijo é a música que puxa o CD, no qual o grupo extrapola as fronteiras gaúchas ao abrir parcerias com nomes como o carioca Leoni, Fábio Cascadura (da banda baiana Cascadura), o argentino Pablo Uranga e o músico uruguaio Sócio, produtor de duas faixas. Exatamente Igual, Primavera no Coração, Corrente, Outono Outubro - faixa divulgada em agosto de 2010 - e Melhor e Diferente são músicas do disco em que o grupo (visto em foto de Eduardo Tavares) tritura influências de folk norte-americano, música mexicana e BritPop.

'Ô Ô' é a música que inicia a promoção do segundo disco solo de Camelo

Ô Ô é a faixa que puxa o segundo CD solo de Marcelo Camelo. De autoria do próprio Camelo, a música vai ser lançada na próxima quinta-feira, 3 de março de 2011. Já o álbum - o primeiro da parceria do selo do artista, Zé Pereira, com a gravadora Universal Music - tem lançamento agendado para 5 de abril. Não há, por enquanto, mais informações sobre o repertório do disco.

Registro de show no Shea Stadium junta Billy Joel a McCartney e Mayer

Em 15 de agosto de 1965, os Beatles consolidaram sua invasão do mercado norte-americano ao fazer show emblemático no Shea Stadium, construído em Nova York (EUA) no ano anterior. Em julho de 2008, Paul McCartney voltou a cantar no estádio, mas no posto de convidado do show que o cantor e compositor Billy Joel gravava ao vivo na ocasião. O registro do espetáculo vai ser lançado nos Estados Unidos neste ano de 2011. Em Live at Shea Stadium - The Concert, nas lojas a partir de 8 de março em combo triplo que agrega CD duplo e DVD (o blu-ray tem lançamento agendado para 5 de abril), Billy Joel recebe não somente McCartney - convidado de I Saw Her Standing There e de Let It Be - como também Tony Bennett (em New York State of Mind), Garth Brooks (em Shameless) e John Mayer (This Is the Time). De bônus, há gravações de Joel com Roger Daltrey (My Generation), Steven Tyler (Walk This Way) e John Mellencamp (Pink Houses). Live at Shea Stadium - The Concert vai sair pela Sony Music.

Quarenta anos após seu primeiro LP, Cassiano permanece esquecido...

Parafraseando o título da música de Fábio e Paulo Imperial, gravada por Sandra de Sá em 1982, precisamos urgentemente falar com Cassiano e dar as flores em vida a este gênio da soul music à moda brasileira, tão importante quanto Tim Maia (1942 - 1998) na tradução desse ritmo norte-americano para o idioma musical nacional. Ganchos não faltam para providencial redescoberta do autor de Primavera (Vai Chuva) pela mídia neste ano de 2011. Faz 40 anos que Cassiano lançou seu primeiro disco solo, o álbum Imagem e Som (RCA, 1971). Faz 20 que lançou o último, Cedo ou Tarde (Sony Music, 1991), trabalho revisionista gravado ao lado de fãs ilustres como Marisa Monte. A menos que tenha morrido no mesmo silêncio em que passou os últimos anos, Genival Cassiano está com 67 anos, pois nasceu em Campina Grande, na Paraíba, em 16 de setembro de 1943. Por ser nordestino, poderia ter trilhado com seu suingue os nobres caminhos forrozeiros que deram fama a vários conterrâneos seus. Contudo, Cassiano pautou sua obra por outros caminhos musicais. Embebido do suingue da música negra norte-americana, notadamente a soul music e o rhythm and blues, Cassiano construiu obra original, de harmonias ricas e acento todo próprio que tornaram sua música menos palatável para ouvidos habituados ao padronizado pop radiofônico. Ainda assim, Cassiano emplacou definitivamente nada menos do que três baladas no cancioneiro nacional. Além de Primavera (Vai Chuva), propagada pelo vozeirão de Tim Maia em 1970, Cassiano é o autor de Coleção e A Lua e Eu, sucessos de seu terceiro álbum, Cuban Soul - 18 Kilates (Polydor, 1976), popularizados em novelas exibidas pela TV Globo. Contudo, o relativo sucesso comercial deste disco não impediu a implosão da carreira fonográfica do artista. Talvez por seu temperamento difícil e pela inabilidade de aceitar as regras e leis da indústria da música, Cassiano se retirou no auge. Chega a ser inacreditável que tenha gravado apenas quatro álbuns em 40 anos de carreira solo. Apesar do nome típico de álbuns de estreantes, Apresentamos Nosso Cassiano (Odeon, 1973) foi o segundo título da trilogia fundamental dos anos 70, deixada como legado por este artista singular que não deve permanecer esquecido. Muita música boa também jaz esquecida nestes discos, caso de Onda, revivida por Thalma de Freitas no recente show Asé. Enfim, Cassiano é um gênio e, como tal, merece ser reverenciado. Precisamos urgentemente falar com essa lenda do soul nacional para saber como Cassiano está, o que pensa e o que faz.

Trilha sonora de 'A Rede Social' e canção de 'Toy Story 3' ganham Oscar

Em Oscar sem surpresas, a trilha sonora do filme A Rede Social rendeu ao compositor norte-americano Trent Reznor e ao compositor e produtor inglês Atticus Ross o prêmio mais cobiçado do cinema na cerimônia realizada na noite de 27 de fevereiro de 2011. Reznor e Ross - à direita na foto extraída do site oficial da 83ª edição do Oscar - já tinham sido laureados com o Globo de Ouro em 16 de janeiro pela mesma trilha. Já o Oscar de Canção Original foi para o compositor Randy Newman por We Belong Together, tema do filme de animação Toy Story 3.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Calcanhotto cita o fado no 'single' português do CD 'O Micróbio do Samba'

Se exalta a Mangueira em Tá na Minha Hora, primeira faixa do disco O Micróbio do Samba revelada no Brasil, Adriana Calcanhotto cita o fado em Eu Vivo a Sorrir, o single lusitano de seu álbum de sambas. O CD de Calcanhotto - vista na foto de Gilda Midani com os músicos Davi Moraes (sentado), Alberto Continentino (com o baixo) e Domenico Lancellotti - tem lançamento agendado para 21 de março de 2011 no Brasil e em Portugal. No fotolog aberto para veicular notícias do disco, é possível ouvir Eu Vivo a Sorrir e conhecer a letra do tema, um dos 12 sambas autorais reunidos pela compositora no disco. Eis a letra de Eu Vivo a Sorrir:

Eu Vivo a Sorrir
(Adriana Calcanhotto)

Eu vivo a sorrir
Eu vivo a sorrir
Eu vivo a sorrir
Eu vivo a sorrir
Pro caso de você virar à esquina e adentrar a livraria
Pro caso de o acaso estar num bom dia
Pro caso de o destino me haver reservado a alegria
E o meu fado estar fadado a ser à sua sina
Eu vivo a sorrir
Eu vivo a sorrir
Pro caso de você errar a bereda e acertar o elevador
Pro caso do acaso estar inspirador
E emaranhar por capricho o tempo e espaço
Cruzando as nossas linhas soltas num laço
Eu vivo a sorrir
Eu vivo a sorrir
Vai que se materializa o meu sonho dourado
Vai que me espera com boas notícias o inesperado
Vai que se materializa o meu sonho dourado
Vai que me espera com boas notícias o inesperado
Eu vivo a sorrir
Eu vivo a sorrir
Pro caso de você virar à esquina e adentrar a livraria
Pro caso de o acaso estar num bom dia
Pro caso de o destino me haver reservado a alegria
E o meu fado estar fadado a ser à sua sina
Eu vivo a sorrir
Eu vivo a sorrir
Pro caso de você errar a bereda e acertar o elevador
Pro caso do acaso estar inspirador
E emaranhar por capricho o tempo e espaço
Cruzando as nossas linhas soltas num laço
Eu vivo a sorrir
Eu vivo a sorrir
Vai que se materializa o meu sonho dourado
Vai que me espera com boas notícias o inesperado
Vai que se materializa o meu sonho dourado
Vai que me espera com boas notícias o inesperado
Eu vivo a sorrir
Eu vivo a sorrir
Eu vivo a sorrir
Eu vivo a sorrir...”
(risos)

Disco de Gal também tem Kassin na produção e participação do Rabotnik

Kassin também está envolvido na produção do CD de Gal Costa idealizado por Caetano Veloso e pilotado por Caetano com Moreno Veloso. Com repertório formado somente por músicas de Caetano (quase todas inéditas), o CD conta com a participação do Rabotnik, grupo de música instrumental formado em 2004 que atua na cena indie mais experimental. A BandaCê também toca no álbum, cujo lançamento está previsto para meados deste ano de 2011 pela gravadora Universal Music. O último disco de inéditas da cantora, Hoje, foi editado em 2005 pela Trama.

Entre novos e malditos, Ney alinha Gadú, Tono, Capucho e Vítor Pirralho

Enquanto prossegue com a turnê do show Beijo Bandido, Ney Matogrosso começa a alinhavar o repertório do disco que pretende gravar neste ano de 2011 com a reunião de músicas de malditos e de novatos da música brasileira. O cantor - visto em foto de Nicolas Constant - planeja pôr voz em músicas do rapper alagoano Vítor Pirralho, do grupo carioca Tono (Não Consigo, tema que abre o atual CD da banda), do compositor capixaba Luís Capucho (Cinema Íris ou Céu), de Maria Gadú (Escudos, música da qual o cantor já revelou gostar em especial) e do compositor paulista Itamar Assumpção (1949 - 2003), entre outros nomes, novos e antigos.

Davi Moraes finaliza seu terceiro álbum, com produção de Chico Neves

Enquanto se prepara para partir em turnê com Adriana Calcanhotto, que vai circular por Brasil e Portugal com o show baseado no CD O Micróbio do Samba, Davi Moraes finaliza a gravação de seu terceiro disco. O sucessor de Papo Macaco (2002) e Orixá Mutante (2004) está sendo produzido por Chico Neves e alinha no repertório inéditas como Sem Dó e Coração a Batucar.

Foo Fighters revela a capa e badala 'single' de seu álbum 'Wasting Light'

No dia em que caiu na rede Rope, o primeiro single de seu sétimo disco de estúdio, Wasting Light, o grupo norte-americano Foo Fighters revelou a capa do álbum. O single com Rope vai ser editado oficialmente em 1º de março de 2011. Já o álbum - o mais pesado da banda, de acordo com declarações de Dave Grohl - vai chegar às lojas em escala mundial a partir de 12 de abril pela Roswell / RCA, sendo distribuído no Brasil pela Sony Music. Além de promover o single Rope, o Foo Figthers já lançou o vídeo de outra faixa do álbum, White Limo, que conta com a participação de Lemmy, o veterano baixista e vocalista do grupo britânico Motörhead.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Em festival, Machete parte em busca de canções perdidas com Erasmo

Resenha de Show
Evento: Festival Sonoridades
Título: Silvia Machete (+ Erasmo Carlos + Domenico Lancellotti + Marcelo Lobato)
Artista: Silvia Machete (em foto de Mauro Ferreira)
Participações: Erasmo Carlos, Domenico Lancellotti e Marcelo Lobato
Local: Oi Futuro Ipanema (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 25 de fevereiro de 2011
Cotação: * * * *
Show em cartaz no Oi Futuro Ipanema (RJ) somente até sábado, 26 de fevereiro de 2011

Há 40 anos, Erasmo Carlos levantou da beira do caminho - em que sentara perdido após o fim da Jovem Guarda - e se reinventou como artista no emblemático álbum Carlos, Erasmo (1971). Parceria de Fábio com Paulo Imperial, Em Busca das Canções Perdidas era uma das músicas deste disco. E foi justamente esta perdida e bela canção que Erasmo reviveu com Silvia Machete na abertura do show que encerrou o festival Sonoridades, que promoveu encontros no palco do Oi Futuro Ipanema ao longo deste mês de fevereiro de 2011. Anfitriã do show que fica em cartaz somente até este sábado, 26 de fevereiro, Machete recebeu Erasmo, o baterista Domenico Lancellotti e o tecladista Marcelo Lobato (projetado no grupo O Rappa). Pelo fato de Domenico e Lobato integrarem a banda, as músicas do segundo disco de Machete - Extravaganza (2010), base do roteiro - ganharam timbres ligeiramente diversos, sendo que Sábado e Domingo teve o toque do autor, Domenico. Contudo, o motor do show foi o encontro de Machete com o Tremendão, com quem a cantora previsivelmente interpretou Gente Aberta, outra música do disco Carlos, Erasmo, essa menos perdida por já ter sido encontrada pela artista quando montava o repertório de seu primeiro CD, Bomb of Love - Música Safada para Corações Românticos (2006). Novas ou antigas, as canções foram temperadas pelo humor espirituoso de Machete e embaladas pela sonoridade contemporânea de banda cheia de bossa que incluía a tuba de Thiago Osório e o vibrafone de Arthur Duarte. Mas tal salutar contemporaneidade não impediu justa reverência ao arranjo original de Panorama Ecológico (1978), pioneiro hit ambiental do tempo em que Erasmo Carlos badalava Pelas Esquinas de Ipanema, o álbum que citava no título a mesma Ipanema que recebeu calorosamente o Tremendão nessa participação encerrada no bis com a apresentação de Feminino Frágil - a primeira (bela) parceria de Erasmo com Machete, gravada no CD Extravaganza e cantada por eles no Sonoridades num belo dueto conduzido pelo violão do cantor - e de Minha Superstar (1982), solo de Erasmo em que Machete fazia caras e bocas no refrão. Sozinha, antes da volta de Erasmo para o gran finale, Machete desossou em registro bem cool Só Você (Mais Nada), samba-canção de Paulo Soledade, até então perdido por conta do esquecimento das gravações feitas pelas cantoras Elizeth Cardoso (1920 - 1990) e Maysa (1936 - 1977) em 1954 e em 1961, respectivamente. Nada como gente aberta para fitrar o som do passado pelo tom do presente.

Selo inglês edita 'O Amor, o Sorriso e a Flor' em CD com 23 faixas-bônus

Um ano após ter lançado no exterior a primeira edição em CD de Chega de Saudade (1959), o primeiro álbum de João Gilberto, o selo inglês Él - divisão da Cherry Red Record - pôs à venda na Europa a primeira edição em CD de O Amor, o Sorriso e a Flor (1960), segundo título da trilogia fundamental do cantor. Lançada na Europa em janeiro de 2011 com nada menos do que 23 faixas-bônus adicionadas aos 12 fonogramas originais do álbum, essa edição chegou ao Japão no começo deste mês de fevereiro com distribuição do selo Solid Viper. Trata-se de edições oficiosas, aparentemente produzidas sem autorização legal, à revelia de João Gilberto. E, a julgar pela pífia edição em CD do emblemático Chega de Saudade, o som não faz jus à obra, oferecendo ganho irrelevante em relação ao som chapado da coletânea O Mito (1988) - justamente a razão  que levou o cantor a mover processo contra a EMI Music que se arrasta na Justiça e impede que os três álbuns mais importantes de João continuem oficialmente inéditos em CD. Eis as 23 faixas da edição de O Amor, o Sorriso e a Flor produzida pelo selo inglês Él:
1. Samba de Uma Nota Só (One Note Samba)
2. Doralice

3. Só em teus Braços (Only in Your Arms)
4. Trevo de Quatro Folhas (I'm Looking over a Four-Leaf Clover)

5. Se É Tarde me Perdoa (Forgive me If It's Too Late)
6. Um Abraço no Bonfá (A Hug for Bonfá)

7. Meditação (Meditation)
8. O Pato (The Duck)

9. Corcovado
10. Discussão (Discussion)

11. Amor Certinho (Certain Love)
12. Outra Vez (One More Time)

Faixas-bônus:
13. Outra Vez (One More Time) - com Sérgio Mendes
14. Ho-Ba-La-La - com Sérgio Mendes

15. Corcovado - com Sylvia Telles
16. Ho-Ba-La-La - com Sylvia Telles
17. Samba de Uma Nota Só (One Note Samba) - com Sylvia Telles
18. O Pato (The Duck) - com Walter Wanderley
19. Corcovado - com Isaura Garcia e Walter Wanderley
20. Aos Pés da Cruz (At the Foot of the Cross) - com Mike Falcão

21. Samba de Uma Nota Só (One Note Samba) - com Agostinho dos Santos
22. Desafinado (Off-Key) -com Agostinho dos Santos

23. Chega de Saudade (No More Blues) - com Agostinho dos Santos
24. Manhã de Carnaval (Morning of the Carnival) - com Agostinho dos Santos

25. A Felicidade (Happiness) - com Agostinho dos Santos
26. A Felicidade (Happiness) -com Orquestra Rio de Janeiro

27. Discussão (Discussion) - com Alaíde Costa
28. A Felicidade (Happiness) - com Maciel

29. Bim Bom - com Silvio Silveira
30. É Luxo Só (It's Just a Luxury) - com Silvio Silveira

31. Maria Ninguém (Maria Nobody) - com Carlos Lyra
32. Maria Ninguém (Maria Nobody) - com Heraldo do Monte

33. Brigas nunca mais (Fights, Never More) - com Orquestra Pan Americana e Os Cariocas
34. Chega de saudade (No More Blues) - com Orquestra Pan Americana e Os Cariocas

35. Meditação (Meditation) - com Luiz Eça & Astor Silva

Obra apaixonada e bela de Taiguara é iluminada por vozes de mulheres

Resenha de CD
Título: A Voz da Mulher na Obra de Taiguara
Artista: Vários
Gravadora: Joia Moderna / Tratore
Cotação: * * * 1/2

Apesar de ter nascido casualmente no Uruguai, Taiguara (1945 - 1996) vivenciou os amores e dores do Brasil. Foi com alma brasileira que o cantor e compositor escreveu sua obra bela, apaixonada, de ideologia forte. Confinada no imaginário nacional nos anos rebeldes, época em que a música podia ser arma poderosa na guerra pelas liberdades individuais e coletivas, essa obra poética é iluminada pela voz de 14 cantoras no primeiro título da série A Voz da Mulher na Obra de..., da gravadora Joia Moderna, recém-aberta pelo DJ Zé Pedro. O disco produzido por Thiago Marques Luiz é ótima surpresa por iluminar títulos obscuros desse cancioneiro pulsante que hoje parece se resumir a uns poucos clássicos que resistem nos programas radiofônicos de flashbacks - caso de Universo no teu Corpo, tema em sintonia com a habitual intensidade do canto de Fafá de Belém, convidada da faixa. Somente a linda música que abre o disco - Mudou (1972), interpretada por uma Célia em estado de graça em registro que somente vai surpreender quem não sabe que Célia tem atributos vocais para pertencer ao primeiro time da MPB - já vale o tributo. Mas há muito mais. Exemplo da pulsão que pontua a obra urgente de Taiguara, Coisas (1971) - tema gravado por Claudette Soares e Pery Ribeiro - joga luz sobre o canto irretocável de Adyel Silva, voz que nunca alcançou a merecida projeção. Tema de Eva (1970) reitera a limpidez do canto cristalino de Vânia Bastos, cuja voz parece flutuar pela melodia dessa canção feita por Taiguara para Evinha, presente no tributo com a interpretação de Luzes (1972). A propósito, há faixas que jogam mais luzes sobre as cantoras do que sobre as músicas. Hoje (1969) mostra para quem quiser ouvir que Fernanda Porto é intérprete expressiva que pode fazer carreira fora do universo da música eletrônica. Manhã de Londres (1972) sinaliza que Verônica Ferriani ainda não gravou um disco que evidencie todo seu potencial como cantora. Já Teu Sonho Não Acabou (1972) lembra que Luciana Mello é cantora que brilha sempre que encara repertório tão bom  quanto sua voz. Voltando ao disco, Romina e Juliano (1973) - faixa defendida por Claudette Soares, principal intérprete da obra de Taiguara (depois do próprio compositor) - destoa das demais faixas por tangenciar uma grandiloquência que contrasta com a oportuna economia dos arranjos (mais inspirados quando confiados ao pianista Gustavo Sarzi). Já Cláudia - a despeito de toda sua inegável técnica - torna o CD cansativo ao reavivar Memória Livre de Leila, música que Taigura fez para exaltar a libertária Leila Diniz (1945 - 1972) e que a própria Cláudia já havia gravado em compacto de 1972. O mesmo cansaço é sentido quando Silvia Maria se embrenha pela Terra das Palmeiras (1976), retrato de um Taiguara menos inspirado. Felizmente, entre uma e outra, há Cida Moreira, que adensa Viagem (1970), e Aretha Marcos, que reitera sua maturidade vocal ao defender Que as Crianças Cantem Livres (1973). No fim, Modinha (Sérgio Bittencourt) - único tema não autoral do tributo e, por isso, alocado como faixa-bônus - é revivida por Teresa Cristina em preciso tom melancólico. Embora perca um pouco da beleza em sua segunda metade, o tributo feminino a Taiguara se insinua fundamental por mostrar a relevância de compositor apaixonado que entrou na dança para fazer a boa música de seu tempo e lugar.

Em clima retrô, Blubell combina pop, jazz e cabaré em segundo disco

Resenha de CD
Título: Eu Sou do Tempo em que a Gente se Telefonava
Artista: Blubell
Gravadora: Y Brasil
Cotação: * * *

Isabel Fontana Garcia, a Blubell, ganhou alguma projeção em 2006 quando lançou seu primeiro álbum, Slow Motion Ballet, com direito a elogios públicos de Marisa Monte. Cinco anos depois, a cantora e compositora paulista volta ao mercado fonográfico com Eu Sou do Tempo em que a Gente se Telefonava. O título e a arte da capa já denunciam o tom retrô do CD. Na companhia do quarteto de jazz À Deriva, Blubell combina pop, jazz e e clima de cabaré. E essa inusitada mistura dá ao disco um caráter personalíssimo. Música - a primeira deliciosa faixa, ouvida de início como se fosse uma gravação dos primórdios da indústria fonográfica - se insere nesse clima de cabaré ao lado de What If..., outro tema autoral de repertório de cunho autobiográfico. Já a balada My Best está ambientada em clima jazzístico. A excelência instrumental do quarteto À Deriva salta aos ouvidos, por exemplo, no contrabaixo largo e suingante tocado por Rui Barossi em Estrangeira, uma das três faixas em que música e letra não são assinadas por Blubell (os versos, interessantes, são de Luiz Venâncio, autor também da letra de Pessoa Normal). Projetada na trilha sonora da série Aline, exibida pela TV Globo, Chalala é outro exemplo da música personalíssima de Blubell. Contudo, Eu Sou do Tempo em que a Gente se Telefonava seduz mais pela sonoridade inusitada do que pelo repertório em si. Os detalhes - como a voz de Tulipa Ruiz no coro de Good Hearted Woman, a participação de Baby do Brasil em 4,1,2,3,5 e o telefone que toca na bossa-novista Velvet Wonderland (parceria de Blubell com Pedro Baby) - acabam valorizando um repertório autoral nem sempre tão inspirado quanto a sonoridade esperta do disco. Ainda assim, Eu Sou do Tempo em que a Gente se Telefonava consolida e diferencia o nome de Blubell na populosa cena indie paulista.

Volta do RPM faz Paulo abortar a edição do disco gravado com Toquinho

Com a volta do RPM, o disco em que Paulo Ricardo aborda a obra de Vinicius de Moraes (1913 - 1980) com arranjos contemporâneos ao lado de Toquinho - intitulado Viva Vinicius - teve seu lançamento abortado, por ora. É que os músicos do RPM concordaram em abrir mão de projetos paralelos para priorizar o retorno do grupo, que grava álbum de inéditas e se prepara para sair em turnê nacional neste ano de 2011. Finalizado em 2009, o CD Viva Vinicius - que inclui  Romeu e Julieta, inédita da lavra de Toquinho com Vinicius - foi assunto de entrevistas de Paulo Ricardo ao longo de 2010, mas nunca chegou efetivamente às lojas físicas e virtuais.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Cida adiciona temas de Tom Waits à segunda tiragem de 'Dama Indigna'

Esgotadas as mil cópias da tiragem inicial de A Dama Indigna, CD lançado pela gravadora Joia Moderna, Cida Moreira já acertou com a Tratore a distribuição de nova tiragem do primoroso registro de estúdio do show que vem apresentando em São Paulo (SP). Essa segunda tiragem de A Dama Indigna vai vir com duas músicas adicionais. É que, nesse meio tempo, a cantora - vista em foto de Julio Appel - recebeu enfim a autorização para pôr no disco as gravações de duas músicas do compositor norte-americano Tom Waits, LullabyTango Till They're Sore.

Domenico Lancellotti ingressa na Coqueiro Verde para lançar 'Cine Privê'

Um dos músicos mais requisitados de sua geração, o baterista carioca Domenico Lancellotti - visto em foto de Caroline Bittencourt - assinou contrato com a Coqueiro Verde Records. Cabe à gravadora pôr nas lojas seu disco Cine Privê, que reúne músicas como Zona Portuária, Hugo Carvana (tema que celebra o homônimo ator e diretor de cinema), 5 Sentidos e Pedra e Areia.

Pianista e cantora Tânia Maria regrava 'Folhas Secas' em tributo a Nelson

Coube a Tânia Maria - conceituada pianista e cantora maranhense, radicada em Paris há cerca de 40 anos - a primazia de regravar Folhas Secas, o samba mais conhecido da obra de Nelson Cavaquinho (1911 - 1986), no disco que está sendo produzido por Thiago Marques Luiz para a Lua Music em tributo ao centenário do compositor carioca. Na foto de Fernando Nogueira Martins, Tânia é vista com a partitura do samba de 1973, durante a gravação realizada em São Paulo (SP). Intitulado Uma Flor para Nelson Cavaquinho, o CD sai em meados de 2011.

Bessy vai de Gretchen a Tim entre inéditas autorais de 'Doce Devassa'

Cinco anos após seu primeiro CD, lançado de forma independente em 2006, a cantora e compositora carioca Marília Bessy volta ao mercado fonográfico com Doce Devassa, álbum editado pelo selo Discobertas. Sob a produção musical do baixista Rodrigo Santos, Bessy vai de Gretchen (Conga Conga Conga, hit de 1981 alocado como faixa-bônus) a Tim Maia (Não Vou Ficar, funk de 1969, revivido com a voz e a guitarra de Hyldon) entre inéditas autorais como Tem Dias que Eu Sou Assim, Vela e Meu Mundo Virou. Com pegada roqueira, Doce Devassa traz também a voz singular de Ney Matogrosso, convidado da faixa O Que Você Quer de Mim.

De novo produzido por Liminha, Erasmo festeja 70 com disco de inéditas

Estimulado pela receptividade do jovial álbum Rock'n'Roll (2009), que marcou seu encontro com Liminha, Erasmo Carlos bisa a parceria com o produtor no CD de inéditas que grava no Rio de Janeiro (RJ) para ser editado neste ano de 2011 pela Coqueiro Verde Records. Trata-se do 22º disco de inéditas do Tremendão e do 27º título da discografia oficial do artista. De olho no futuro, sem saudade, o álbum celebra os 70 anos que Erasmo vai completar em 5 de junho.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Aos 66 anos, Joe Cocker se entrega às baladas no álbum 'Hard Knocks'

Resenha de CD
Título: Hard Knocks
Artista: Joe Cocker
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * *

Aos 66 anos, o pulso de Joe Cocker ainda pulsa. Em seu 21º álbum de estúdio, Hard Knocks, lançado em outubro de 2010 nos Estados Unidos e editado no Brasil neste início de 2011, a voz rouca do cantor inglês soa enérgica nas duas primeiras faixas do disco. Hard Knocks e Get On tem a pulsação roqueira - com um toque de blues, no caso da música que dá título ao CD - que caracterizam o som de Cocker no universo pop. Contudo, Hard Knocks é, em essência, um disco de baladas. E o cantor se entrega por inteiro a baladas como Thankful (com coro que encorpa a faixa), Unforgiven, So It Goes, Stay the Same e So - mesmo que a voz já não exiba toda a potência e o alcance de tempos áureos. No todo, o disco - produzido por Matt Serlectic, nome linkado a albuns do guitarrista Carlos Santana e do grupo Matchbox Twenty - deixa a sensação de que Cocker já gravou repertório mais inspirado. No fim, na única das dez faixas não pilotadas por Serlectic e no único cover do disco, o intérprete acena para o mercado country ao revisitar I Hope, tema do repertório do trio Dixie Chicks que ganha coro que evoca o universo da música gospel. A faixa foi produzida por Tony Brown, veterano da cena de Nashville (EUA), a meca do country. Em suma, Hard Knocks nunca chega a comprometer a discografia de Joe Cocker, mas o CD tampouco se impõe dentro da respeitosa obra do artista.

Aos 68 anos, McCartney compõe seu primeiro tema orquestral para balé

Vinte anos após se aventurar pela primeira vez no terreno da música erudita com Liverpool Oratorio (1991), Paul McCartney entra no mundo da dança. O beatle já finaliza sua primeira obra para balé. Suíte orquestral de tonalidade romântica, Ocean's Kingdom foi composta sob encomenda para espetáculo da companhia New York City Ballet - dirigida pelo coreógrafo Peter Martins - que já tem estreia programada para 22 de setembro de 2011 em Nova York (EUA).

Selo Lab 344 vai editar no Brasil quarto álbum do Kills, 'Blood Pressures'

Com lançamento no Reino Unido agendado para 4 de abril de 2011, o quarto álbum da dupla inglesa The Kills - formada pela cantora Alison Mosshart com o guitarrista Jamie Hince - já tem garantida edição brasileira quase simultânea. Com 11 faixas que já destacam o single Satellite, de tonalidade sombria, Blood Pressures vai ser editado no mercado nacional pelo selo carioca Lab 344, sob licença da Domino Records. O contrato assinado pelo Lab 344 com a Domino Record Companing - um dos selos mais influentes do mercado indie britânico - prevê também a edição no Brasil do álbum de estreia da já incensada cantora inglesa Anna Calvi e da reedição do primeiro álbum do grupo Queens of the Stone Age. Lançado em 22 de setembro de 1998, o CD Queens of the Stone Age foi reeditado no exterior em janeiro deste ano de 2011.

O segundo álbum de Kate Nash, 'My Best Friend Is You', chega ao Brasil

No embalo da vinda de Kate Nash ao Brasil para shows neste mês de fevereiro de 2011, a Universal Music edita no mercado nacional o segundo álbum da cantora e compositora inglesa, My Best Friend Is You, lançado no exterior em abril de 2010. Produzido por Bernard Butler, guitarrista da formação original do grupo britânico Suede, o disco destila o humor de Nash em repertório que já afasta a artista da frivolidade adolescente perceptível no antecessor Made of Bricks (2007). Ao longo de 2010, My Best Friend Is You gerou os singles Do-Wah-Doo, Kiss That Grrrl e Later on. Detalhe: a faixa-título, My Best Friend Is You, figura escondida no CD.

DVD 'Estrela ao Vivo' junta dupla Hugo Pena & Gabriel a Zezé Di Camargo

Projetada no populista mercado sertanejo com sucessos como Mala Pronta (Hugo Pena e Flávio Aquino), a dupla paranaense Hugo Pena & Gabriel está lançando pela gravadora Som Livre o registro ao vivo de show dirigido por Aloysio Legey e captado em agosto de 2010 no Estação Convention Center, em Curitiba (PR). Estrela ao Vivo está sendo editado em CD, DVD e blu-ray. Em roteiro que alinha inéditas como Nostalgia, Bate na Minha Cara, Será que te Perdi? e Anjo de Vidro, a dupla recebe o cantor Zezé Di Camargo - em No Dia em que Saí de Casa (Joel Marques) e em Dou a Vida por um Beijo (Antonio Luiz, Cecílio Nena e Lalo Prado) - e a banda Calcinha Preta (num pot-pourri de Arrocha que agrega Ela É Violenta e Você Não Vale Nada).

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Jornalista perfila Marlene, 'A Incomparável', em livro da Coleção Aplauso

Raro ícone sobrevivente da era de ouro do rádio brasileiro, com carreira pavimentada também no teatro, Vitória Bonaiutti de Martino - a Marlene - é perfilada pela jornalista carioca Diana Aragão em A Incomparável, título da Coleção Aplauso Música que vai ser lançado após o Carnaval de 2011. Jornalista especializada em música, Diana Aragão conta como a paulista Marlene fez seu nome nos auditórios das principais rádios do Rio de Janeiro (RJ), cidade onde ainda reside, hoje com 88 anos (a artista nasceu em 22 de novembro de 1922, embora livros, discos e sites citem erroneamente seu ano de nascimento como sendo 1924). Iniciada no início da década de 40, sua carreira de cantora deslanchou em 1949, ao vencer a rival Emilinha Borba (1922 - 2005) na eleição de Rainha do Rádio promovida pela Rádio Nacional, a emissora mais popular da época. Nos anos 50, década em que ingressou no teatro, Marlene gravou sucessos como o samba Lata d'Água (Luiz Antonio e Jota Junior, 1952). Cantora e atriz,  atuou em peças e shows marcantes como Botequim (1973) e Te Pego pela Palavra (1974), sempre fazendo pulsar a veia teatral em repertório que transcendeu a era dourada do rádio nacional.

'In Our Own Time' reconta história dos Bee Gees sem adicional relevante

Resenha de DVD
Título: In Our Own Time
Artista: Bee Gees
Gravadora: Eagle / ST2
Cotação: * * *

Em 2001, quando já contabilizava 42 anos de carreira iniciada em 1959 na Austrália, o grupo Bee Gees contou sua trajetória emblemática no universo pop em documentário editado no DVD This Is Where I Came in. Primoroso, o filme foi batizado com o título do que viria a ser o último álbum do trio. A morte repentina de Maurice Gibb (1949 - 2003), em 12 de janeiro de 2003, pôs fim a uma história que Barry e Robin Gibb decidiram retomar como dupla em 2009 e que ainda vai originar um filme de ficção a ser produzido em Hollywood. Dez anos depois da edição de This Is Where I Came in - A História Oficial dos Bee Gees (2010), a ST2 lança no mercado brasileiro In Our Own Time (2010) outro DVD que reconta a história dos Bee Gees na forma de documentário. Apesar de In Our Own Time obviamente já abordar a morte de Maurice Gibb, o fato é que o documentário atual nada acrescenta de relevante ao que já foi contado. Ao contrário, se havia em This Is Where I Came in  salutar diversidade de depoimentos, In Our Own Time é conduzido basicamente por longa entrevista de Barry e Robin. As falas de Maurice, embora não inéditas, também ajudam a contar a história. Tudo que é dito é respaldado por cenas de apresentações do grupo em programas de TV, filmes caseiros, trechos de clipes e números de shows. O material de arquivo destaca takes de estúdio que flagram os Bee Gees durante a gravação de Tragedy - sucesso do álbum Spirits Having Flown (1979) - e no encontro com Celine Dion no registro original de Immortality, a bela canção de 1997 que ajudou a impulsionar as vendas astronômicas do álbum Let's Talk About Love, lançado pela cantora canadense naquele ano. Mesmo soando déjà vu, In Our Own Time é filme que prende a atenção porque a história dos Bee Gees é cheia de altos, baixos e lances surpreendentes no jogo da indústria do disco. Nos anos 60, eles eram garotos que conquistaram a Inglaterra e os Estados Unidos - e, por tabela, o mundo - com suas canções melodiosas, como I Started a Joke (1968), e seus vocais que harmonizavam com maestria as vozes agudas de Barry e Robin, os melhores cantores do trio. Em meados dos anos 70, após amargar breve período no ostracismo, os irmãos Gibb se reinventaram - sob a batuta do produtor Arif Mardin (1932 - 2006) - ao redirecionar suas vozes para os ritmos negros. Começava a nascer ali a música dançante que faria o som dos irmãos Gibb se tornar a febre de sábado à noite - e dos outros seis dias da semana - quando John Travolta, travestido de Tony Manero, rodopiou nas pistas ao som dos incendiários temas fornecidos pelo grupo para a trilha sonora do filme Os Embalos de Sábado a Noite (1977). Seguiu-se um álbum arrasador, Spirits Having Flown (1979), que manteve os Bee Gees no topo até que, vítimas dos efeitos colaterais da superexposição, os irmãos Gibb se refugiaram nos bastidores para criar hits para cantoras como Dionne Warwick e Dolly Parton. Como In Our Own Time reconta a história sob ótica oficial, o filme omite o fato de que o grupo também contribuiu para esse período de baixa ao apresentar em 1981 um dos álbuns menos inspirados de sua carreira, Living Eyes (1981), hoje um dos títulos mais raros da discografia do trio. A recuperação, em proporções menores, viria somente em 1987 com E.S.P. - álbum que rendeu ao grupo o hit You Win Again. Na sequência, sucessos espaçados mantiveram os Bee Gees em cena. A febre passou, mas a música do trio ficou na História. Entre altos e baixos, os Bee Gees são donos de um dos cancioneiros mais sedutores de todo o universo pop. Já devidamente reconhecido, o legado do irmãos Gibb é tão rico que justifica até um DVD a rigor redundante como In Our Own Time.

EP alinha 'covers' inéditos do álbum 'Tonight', do grupo Franz Ferdinand

Nomes como LCD Soundsystem e Debbie Harry regravam músicas do terceiro álbum do grupo Franz Ferdinand, Tonight (2009), por conta da edição de 2011 do Record Store Day, que vai celebrar em 16 de abril o mercado fonográfico indie com lançamentos exclusivos de tiragem limitada. As regravações do álbum Tonight - feitas também por Peaches e pelo grupo norte-americano ESG, entre outros - vão ser editadas no exterior no Franz Ferdinand's Covers EP.

DVD de 2008 que rebobina show de Zappa em 1981 é editado no Brasil

Lançado no exterior em DVD em maio de 2008, pela Eagle, o registro do show feito por Frank Zappa (1940 - 1993) em 31 de outubro de 1981 no Palladium, em Nova York (EUA), está sendo editado no Brasil neste mês de fevereiro de 2011 via ST2. Naquela noite de Halloween, Zappa fez dois shows no Palladium. Números de ambas as apresentações são rebobinados no DVD The Torture Never Stops. O roteiro foi formatado com base no repertório de You Are What You Is, o álbum duplo que Frank Zappa tinha acabado de lançar em setembro daquele ano de 1981.

Disco com trilha do filme 'Brasil Animado' agrega Ed Motta e Simoninha

Ed Motta e Wilson Simoninha figuram na trilha sonora do filme Brasil Animado, produção nacional dirigida por Mariana Caltabiano e captada em 3D. Assinada por Alexandre Guerra, a trilha sonora está sendo editada em CD. Ed pilota as programações e teclados da faixa Stress e Relax. Já Simoninha canta Brasil Animado, a música-tema do filme (em cartaz nos cinemas).

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Caetano Veloso lança o registro do show 'Zii e Zie' na série 'MTV ao Vivo'

Caetano Veloso lança nesta terça-feira, 22 de fevereiro de 2011, o registro do show Zii e Zie, editado na série MTV ao Vivo nos formatos de CD, DVD e DVD duplo. A distribuição é feita pela Universal Music. A edição especial dupla agrega um segundo DVD com números extraídos da temporada de Obra em Progresso, o embrionário show-teste que estreou em 14 de maio de 2008, gerou o CD Zii e Zie (2009) e culminou com o show Zii e Zie, captado ao vivo em apresentação na casa Vivo Rio, no Rio de Janeiro (RJ), em 8 de outubro de 2010. Os números de Obra em Progresso foram gravados em apresentação do show no Teatro Oi Casa Grande, no Rio de Janeiro (RJ), em 19 de agosto de 2008. Eis as faixas de Zii e Zie - MTV ao Vivo:

DVD 1
1. A Voz do Morto (Caetano Veloso) - com citação de Tem que Ser Viola (Fantasmão)
2. Sem Cais (Pedro Sá e Caetano Veloso)
3. Trem das Cores (Caetano Veloso)

4. Perdeu (Caetano Veloso)
5. Por Quem (Caetano Veloso)

6. Lobão Tem Razão (Caetano Veloso)
7. Maria Bethânia (Caetano Veloso) - com citação de Baião (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)

8. Irene (Caetano Veloso)
9. Volver (Alfredo le Pera e Carlos Gardel)

10. Aquele Frevo Axé (Caetano Veloso e Cezar Mendes)
11. Billie Jean (Michael Jackson) / Eleanor Rigby (John Lennon e Paul McCartney)

12. Tarado ni Você (Caetano Veloso)
13. Não Identificado (Caetano Veloso)

14. Odeio(Caetano Veloso)
15. Base de Guantánamo (Caetano Veloso)

16. Lapa (Caetano Veloso)
17. Água (Kassin)

18. A Cor Amarela (Caetano Veloso)
19. Eu Sou Neguinha? (Caetano Veloso)

20. Falso Leblon (Caetano Veloso)
21. Menina da Ria (Caetano Veloso)

22. Força Estranha (Caetano Veloso)
23. Manjar de Reis (Jorge Mautner e Nelson Jacobina) - com Jorge Mautner


DVD 2
1. Desde que o Samba É Samba (Caetano Veloso)
2. Incompatibilidade de Gênios (João Bosco e Aldir Blanc)
3. Uns (Caetano Veloso)

4. Saudade Fez um Samba (Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli)
5. Água (Kassin)

6. Três Travestis (Caetano Veloso)
7. Vingança (Lupicínio Rodrigues)

8. Você Já Foi à Bahia? (Dorival Caymmi)
9. Homem (Caetano Veloso)


Biscoito Fino anuncia ingresso do grupo Fundo de Quintal no seu elenco

A gravadora Biscoito Fino anunciou oficialmente este semana o ingresso do Fundo de Quintal no seu elenco. Caberá à gravadora editar o primeiro disco de inéditas do grupo carioca em cinco anos. O lançamento de Nossa Verdade - álbum produzido por Rildo Hora e Paulão Sete Cordas - está agendado para abril de 2011. Uma das faixas do CD, Fera no Cio (Cléber Augusto, Djalma Falcão e Bicudo), já está em rotação numa rádio paulista especializada em samba. Clique aqui para ler a nota anterior de Notas Musicais sobre o novo oportuno álbum do Fundo de Quintal.

Morrissey reedita 'single' com gravações inéditas da época de 'Viva Hate'

Duas gravações inéditas de Morrissey - feitas durante as sessões de gravação do cultuado primeiro álbum solo do cantor inglês, Viva Hate (1988) - vão ser lançadas como lados B na reedição do single Glamorous Glue (1992). As duas músicas são Treat me Like a Human Being e Safe, Warm Lancashire Home. A reedição do single está agendada para 18 de abril de 2011. Uma semana depois, em 25 de abril, as lojas britânicas recebem nova compilação do artista. The Very Best of Morrissey vai trazer entre suas 18 faixas o inédito registro solo de Interlude (lançado originalmente num dueto de Morrissey com Siouxsie Sioux) e o cover de Moon River (Johnny Mercer e Henry Mancini). Uma edição especial da coletânea traz DVD que exibe o registro ao vivo de I've Changed my Plea to Guilty, captado em apresentação de Morrissey no programa de TV Jonathan Ross Show. O single e a coletânea vão ser editados pela EMI Music.

Gravação de show de Dylan em 1963 ganha edição em CD e vinil em abril

Descoberta em 2009 por Jeff Gold, em fita arquivada pelo crítico musical Ralph J. Gleason, a gravação do show feito por Bob Dylan em 10 de maio de 1963 no Brandeis First Annual Folk Festival, na universidade de Brandeis (Boston, Massachusetts, EUA), foi lançada em tiragem limitada no ano passado. A gravação vinha no terceiro CD-bônus da edição especial da The Bootleg Series Vol. 9 - The Witmark Demos: 1962-1964, à venda na Amazon desde 19 de outubro de 2010. Diante do interesse dos fãs do compositor norte-americano pelo registro do show, feito em época de agitação política nos EUA, a gravadora Sony Music agendou edição oficial da gravação ao vivo - em CD, vinil e em formato digital - para 12 de abril de 2011. Bob Dylan In Concert - Brandeis University 1963 traz sete números da apresentação feita duas semanas antes do lançamento de The Freewheelin’ Bob Dylan (1963), álbum que traria três dos sete temas do show, inclusive Masters of War. Eis as sete faixas do CD ao vivo do artista:
1. Honey, Just Allow Me One More Chance (incompleta)
2. Talkin' John Birch Paranoid Blues
3. Ballad of Hollis Brown
4. Masters of War
5. Talkin' World War III Blues
6. Bob Dylan's Dream
7. Talking Bear Mountain Picnic Massacre Blues

Camelo acerta com a Universal edição de álbum 'pulsante e extrovertido'

Caberá à gravadora Universal Music distribuir o segundo disco solo de Marcelo Camelo. Nas lojas em fins de março de 2011, o CD foi feito pelo selo do artista, Zé Pereira. O próprio Camelo produziu o álbum, mixado pelo produtor norte-americano Victor Rice, do coletivo Easy Star All-Stars. "É um álbum mais extrovertido, pulsante, com uma música que vai em direção ao próximo", conceitua Camelo, que posa na foto com o presidente da Universal, José Éboli (ao centro), com seus empresários e com Paul Ralphes (gerente artístico da gravadora, à dir.). 

Arnaldo e Scandurra gravam CD baseado no show que fazem desde 2008

Ícones do rock brasileiro projetado nos anos 80, Arnaldo Antunes e Edgard Scandurra - vistos em foto de Fernando Laszlo - vão entrar em estúdio em março de 2011 para gravar disco baseado no show que fazem juntos desde 2008. A gravação do álbum vinha sendo arquitetada desde a estreia da turnê. O repertório apresenta parcerias inéditas do duo entre alguns covers.

Rita Lee faz disco de inéditas e CD com regravações de hits do cinema

Rita Lee prepara desde janeiro nada menos do que dois discos. Ambos deverão ser lançados no segundo semestre deste ano de  2011. Um CD se chama Bossa'n'Movies e reúne sucessos de trilhas sonoras de filmes em clima bossa-novista, explorando a vertente criada pela artista com sucesso há 20 anos com o disco Bossa'n'Roll (1991). O outro é um disco de inéditas, o primeiro de Rita Lee desde Balacobaco (2003). Não há ainda informações sobre o repertório.

Sem foco, Moura desperdiça mulheres, canções e sua boa voz feminina

Resenha de CD
Título: Mulheres e Canções
Artista: Markinhos Moura
Gravadora: Lua Music
Cotação: *

Markinhos Moura foi dotado pela genética com boa voz de timbre feminino. Não é uma voz marcante como a de Ney Matogrosso ou extremamente potente como a de Edson Cordeiro. Mas é uma voz afinada e por vezes até bonita. Contudo, um cantor não se faz somente com uma boa voz. É preciso ter a inteligência dos grandes intérpretes para não banalizar seu canto e desperdiçar emoções. Projetado no mercado brega dos anos 80 com hits adocicados como Meu Mel, Moura sumiu na poeira das estradas até reaparecer com este inusitado Mulheres e Canções, disco produzido por Thiago Marques Luiz para a Lua Music. Aberto com o registro solo de A Feminina Voz do Cantor (Milton Nascimento e Fernando Brant, 2002), o CD enfileira onze duetos de Moura com cantoras de diversas escolas, estilos e gerações. Quase todas as mulheres do disco (Cida Moreira, Jane Duboc, Vânia Bastos, Amelinha, Claudya, Maria Alcina, Fabiana Cozza e Zezé Motta, entre outras) já exerceram com inteligência seu dom de cantar. As canções são bonitas, em sua maioria. Mas, no todo, o disco resulta equivocado, sem foco. Chega a ser constrangedor ouvir Ombro Amigo (1977) - datada música de Leci Brandão que somente fazia sentido nos tempos em que a tribo GLS ainda vivia dentro do armário ou confinada em guetos - com Zezé Motta e Moura. Já Doce de Pimenta (1978), música feita para Elis Regina (1945 - 1982) por Rita Lee e Roberto de Carvalho, soa sem sabor sob base eletrônica que esconde até a verve de Maria Alcina, convidada da faixa. A beleza do samba Nasci para Sonhar e Cantar (Ivone Lara e Délcio Carvalho, 1972) também se perde no registro que une Moura e Verônica Ferriani. Talvez porque faltou um conceito que unisse as mulheres e as canções. É preciso ser um intérprete muito sagaz para reunir num mesmo disco músicas tão díspares quanto Coito das Araras (Cátia de França, 1979, com Amelinha) e Minha Nossa Senhora (Fátima Guedes, 1995, com Tetê Cavalcanti) sem cair na vala do exotismo puro e simples. Resultado: até cantoras geralmente interessantes - caso de Márcia Castro, convidada de Grand' Hotel (1991) - soam banais. Há um ou outro momento isoladamente bonito - em especial, Mulher Eu Sei (1995), canção de Chico César, revivida por Moura com Fabiana Cozza em registro suave de tom ruralista, dado pelo acordeom de Gustavo Sarzi. O mesmo Sarzi toca o piano que embasa Me Acalmo Danando (Ângela Ro Ro, 1979), faixa que também se destaca em Mulheres e Canções pela interpretação de Cida Moreira. Contudo, o fato é que - sem foco e sem um conceito que justifique a reunião dessas canções - Markinhos Moura atira para todos os lados e, entre mortos e feridos, fica a sensação de quase nada se salva no disco.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

AC/DC vai lançar CD e DVD gravados ao vivo em três shows na Argentina

O grupo AC/DC vai lançar seu sexto registro ao vivo de show entre abril e maio de 2011. Trata-se de CD e DVD gravados ao vivo nos três shows que a banda australiana fez em dezembro de 2009 no estádio River Plate, em Buenos Aires, na Argentina. A última gravação ao vivo do AC/DC - Let There Be Rock: The Movie Live in Paris -  foi editada em novembro de 1997.

Entre hits dos 80, Cyndi emerge elétrica das águas lamacentas do blues

Resenha de Show
Título: Memphis Blues
Artista: Cyndi Lauper (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Vivo Rio (RJ)
Data: 20 de fevereiro de 2011
Cotação: * * * *
Agenda da turnê nacional do show Memphis Blues, de Cyndi Lauper
22 e 23 de fevereiro de 2011 - Via Funchal (São Paulo, SP)
25 de fevereiro de 2011 - Atlanta Music Hall (Goiânia, GO)
26 de fevereiro de 2011 - Centro de Convenções Pantanal (Cuiabá, MT)
27 de fevereiro de 2011 - Centro de Convenções Ulysses Guimarães (Brasília, DF)
1º de março de 2011 - Teatro do Bourbon Country (Porto Alegre, RS)

Já se foram as cores berrantes dos anos 80. No palco, Cyndi Lauper prefere o preto, mais de acordo com o blues que propaga em seu 11º álbum de estúdio, Memphis Blues (2010), lançado no Brasil pelo selo Lab 344. Mas a voz - potente, enérgica, aguda - continua com a mesma força da década que projetou a artista norte-americana, como ficou comprovado na ótima apresentação carioca da turnê nacional que estreou no Recife (PE) em 19 de fevereiro de 2011 e passa esta semana por São Paulo (SP), Goiânia (GO), Cuiabá (MT) e Brasília (DF), culminando com show em Porto Alegre (RS) em 1º de março. Numa era em que boa parte das intérpretes dos Estados Unidos soterra seu canto sob as batidas estéreis dos produtores do momento, Lauper se garante com sua voz, sua banda azeitadissíma - apresentada com orgulho pela artista no início e no fim do show que animou o público que encheu a casa Vivo Rio na noite de 20 de fevereiro - e sua capacidade de se renovar. Até mesmo os hits inevitáveis em seus shows são apresentados com arranjos cheios de frescor - caso de The Goonies 'R' Good Enough, envolvido numa suingante batida percussiva que destacou a presença da brasileira Lan Lan na banda, que incorporou o saxofonista Leo Gandelman em números como I Don't Want to Cry (balada gravada por Lauper com Gandelman para a edição brasileira de Memphis Blues), Don't Cry no More e a sempre irresistível Girls Just Want to Have Fun, repaginada no longo bis que teve Sally's Pigeons (em versão a capella), True Colors e Time After Time. Além da voz na melhor das formas, Lauper mostrou energia e vitalidade que desmentem os 58 anos que vai completar neste ano de 2011. Já no primeiro número, o blues Just Your Fool, ela se mostrou elétrica. E assim, elétrica,  permaneceu durante todo o show, se movimentando pelo palco e eventualmente até descendo para a plateia, como em Crossroads.  Em cena, Lauper se mostrou uma convicente blueswoman, simulando com interpretações vigorosas o sentimento jorrado nesses temas pelos compositores imersos desde sempre nas águas lamacentas do blues. E, justiça seja feita, Lauper consegue equilibrar no roteiro as músicas de Memphis Blues - "Ninguém comprou o disco, né?", brincou à certa altura do show - com os sucessos que seus fãs querem ouvir. Dos hits, apenas I Drove All Night foi esquecido. Lauper cantou She Bop, All Through the Night e os hinos que, em meados dos anos 80, fizeram da cantora uma rival para Madonna. Os anos 80 e 90 se passaram, Madonna foi entronizada como rainha do pop e Cyndi Lauper nem sempre permaneceu sob os holofotes. Contudo, o tempo tem lhe feito muito bem, como reitera este show tão vigoroso quanto o feito pela artista em sua última passagem pelo Brasil, em 2008. Aos 57 anos, Lauper continua uma garota divertida no palco.

'Degraus da Vida' festeja 100 anos de Cavaquinho com hits e raridades

Os 100 anos que Nelson Cavaquinho (1911 - 1986) iria completar em 29 de outubro de 2011 geram, por ora, dois tributos da indústria fonográfica. Enquanto a Lua Music produz Uma Flor para Nelson Cavaquinho, a EMI Music põe nas lojas em março o CD duplo Degraus da Vida - Nelson Cavaquinho 100 Anos. Trata-se de compilação de 28 gravações da obra do centenário compositor nas vozes de 17  intérpretes. A maioria dos fonogramas é do acervo das extintas gravadoras Odeon e Copacabana. Enquanto o CD 1 prioriza os sambas conhecidos de Nelson, o CD 2 agrupa os títulos menos conhecidos de seu repertório. Eis as 28 faixas da coletânea dupla:

CD 1
1. Folhas Secas - Beth Carvalho
2. Minha Festa - Clara Nunes
3. A Flor e o Espinho - Elizeth Cardoso
4. Notícia - Roberto Silva
5. Sempre Mangueira - Clara Nunes
6. Pranto de Poeta - Elza Soares
7. O Meu Pecado - Elizeth Cardoso
8. Juízo Final - Clara Nunes 
9. Degraus da Vida - Roberto Silva
10. Vou Partir - Elizeth Cardoso
11. Palhaço - Dalva de Oliveira
12. Duas Horas da Manhã - Paulinho da Viola
13. Luz Negra - Elizeth Cardoso
14. Quando Eu me Chamar Saudade - Nora Ney

CD 2
1. Tenha Paciência - Clara Nunes
2. Quero Alegria - Emílio Santiago
3. Deus Não me Esqueceu - Germano Batista
4. Meu Caminho - Beth Carvalho
5. Caridade - Blecaute
6. E Só Vergonha - Gilberto Alves
7. Se me Der Adeus - Jorge Veiga
8. Não Precisa me Humilhar - Germano Batista
9. Cigarro - Risadinha
10. A Vida - Carlos Galhardo
11. Mesa Farta - Márcia
12. Se Você me Ouvisse - Beth Carvalho
13. Sinal de Paz - Jurema
14. Depois da Vida - Paulinho da Viola