segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Registro ao vivo do show 'Beijo Bandido', de Ney, chega às lojas via EMI

Ainda em turnê pelo Brasil, o show Beijo Bandido - um dos mais sedutores espetáculos da trajetória de Ney Matogrosso nos palcos - teve seu registro ao vivo editado em CD e DVD pela EMI Music neste mês de janeiro de 2011. O CD traz duas faixas-bônus de estúdio - Verdade da Vida (Raul Mascarenhas e Concessa Lacerda) e Seu Tipo (Eduardo Dussek e Luiz Carlos Góes), músicas gravadas sob encomenda para as trilhas sonoras de novelas em exibição pela TV Globo - enquanto o bônus do DVD é o making of do espetáculo captado em apresentação no Theatro Municipal do Rio de Janeiro em 31 de agosto de 2010 (clique aqui para ler a resenha da gravação em Notas Musicais). Eis as 19 músicas perpetuadas no DVD Beijo Bandido ao Vivo:

1. Tango pra Tereza (Evaldo Gouveia e Jair Amorim)
2. Da Cor do Pecado (Bororó)
3. Fascinação (F. D. Marchetti,  M. De Feraudy, Ada Richter, Marie Pentz e Armando Louzada)
4. Invento (Vitor Ramil)
5. De Cigarro em Cigarro (Luiz Bonfá)
6. A Bela e a Fera (Edu Lobo e Chico Buarque)
7. A Distância (Roberto Carlos e Erasmo Carlos)
8. A Cor do Desejo (Junior Almeida e Ricardo Guima)
9. Nada Por Mim (Herbert Vianna e Paula Toller)
10. Segredo (Herivelto Martins e Marino Pinto)
11. Doce de Coco (Hermínio Bello de Carvalho e Jacob do Bandolim)
12. Medo de Amar (Vinicius de Moraes)
13. Bicho de 7 Cabeças II (Geraldo Azevedo, Zé Ramalho e Renato Rocha)
14. As Ilhas (Astor Piazzolla e Geraldo Carneiro)
15. Incinero (Zé Paulo Becker e Mauro Aguiar)
16. Mulher sem Razão (Cazuza, Dé  e Bebel Gilberto)
17. Poema dos Olhos da Amada (Vinicius de Moraes e  Paulo Soledade)
18. Tema de Amor de Gabriela (Tom Jobim)
19. Fala (João Ricardo e Luhli)

Arnaldo começa pré-produção de seu primeiro álbum solo em sete anos

Arnaldo Baptista - em foto de Marie Hippenmeyer - iniciou a pré-produção de seu primeiro álbum solo em sete anos. O sucessor de Let It Bed (2004) vai se chamar Esphera. Por ora, sabe-se apenas que uma das músicas do CD, Singin' Again, foi composta nos anos 70. Gravada em 1977 para Elo Perdido, álbum feito por Arnaldo com o grupo Patrulha do Espaço, tal música acabou não entrando na edição do LP, lançado apenas em 1988 pelo selo Vinil Urbano.

Caldato mixa em Los Angeles álbum que traz Seu Jorge para a Universal

Já está em fase de mixagem em Los Angeles (EUA) - sob a supervisão do produtor Mario Caldato Jr. - o álbum que marca o ingresso de Seu Jorge na gravadora Universal Music. O disco vai ser lançado ainda neste primeiro semestre de 2011. Antes de assinar com a Universal, Jorge lançava seus discos pela EMI Music, gravadora que acabou de editar no Brasil o primeiro álbum do Almaz, grupo integrado pelo cantor com músicos da Nação Zumbi. A Universal Music - vale lembrar - é a companhia que comprou o acervo da PolyGram, gravadora que lançou Seu Jorge no mercado fonográfico em 1998. Jorge era então integrante do grupo Farofa Carioca.

Marianne Faithfull apresenta seu 23º disco solo, 'Horses and High Heels'

Nas lojas de parte da Europa a partir desta segunda-feira, 31 de janeiro de 2011, o 23º disco solo de Marianne Faithfull, Horses and High Heels, conta com a participação de Lou Reed em Back in Baby's Arm e em The Old House. Produzido por Hal Willner, o álbum totaliza 13 faixas, entre covers e temas da lavra de Faithfull, todos registrados entre setembro e outubro de 2010 no French Quarter, estúdio de Nova Orleans (EUA). É sucessor de Easy Come, Easy Go (2008).

Aerosmith começa a gravar seu primeiro álbum de estúdio em sete anos

Sem o compromisso de finalizar composições e aprontar faixas, o grupo Aerosmith entrou em estúdio em Monrovia, na Califórnia (EUA), para começar a burilar o repertório de seu primeiro álbum de inéditas desde Honkin' on Bobo (2004). O quinteto grava com o produtor Martin Frederiksen, fiel escudeiro da banda em sessões de estúdio. Por compromissos pessoais, o guitarrista Joe Perry não se juntou aos colegas de grupo nessas embrionárias sessões de gravação em que quatro músicas começaram a ser trabalhadas pelo Aerosmith para o álbum.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Já consagrada como a revelação de 2010, Tulipa 'fecha' na volta ao Circo

Resenha de Show
Título: Efêmera
Artista: Tulipa Ruiz (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Circo Voador (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 30 de janeiro de 2011
Cotação: * * * *

Tulipa Ruiz era ilustre desconhecida do público carioca quando abriu o show de Otto no Circo Voador em 3 de julho de 2010. Mas já naquela ocasião mostrou carisma e voz para ser a atração principal. Quase sete meses depois, a cantora paulista - consagrada pela crítica como a revelação musical de 2010 por conta de seu álbum Efêmera - fechou no mesmo Circo Voador a noite de 30 de janeiro de 2011, aberta por Silvia Machete. O coro forte e espontâneo ouvido no refrão de Só Sei Dançar com Você atestou que o público antenado que compareceu ao show já conhece bem o repertório de Efêmera, disco que vai crescendo a cada audição. O diferencial nessa volta do show ao Rio foi a participação de Iara Rennó no farto bis que agregou temas como Brocal Dourado, Efêmera, Pontual e Sushi (muito pedida pelo público). Com ou sem Iara, Tulipa desabrocha em cena, pondo  corpo e gestual a serviço da música com presença vivaz que cativa de imediato a plateia. Como de hábito, Efêmera - a melhor música do disco homônimo - abriu o show expondo logo de cara as sutilezas do canto agudo de Tulipa. O repertório autoral é bem tratado por banda que inclui Donatinho nos teclados, Duani na bateria e Gustavo Ruiz (irmão de Tulipa) na guitarra, entre outros nomes. Por conta da desenvoltura da artista, músicas como Às Vezes - composição da lavra do guitarrista Luiz Chagas, pai de Tulipa - e A Ordem das Árvores florescem em cena. Embora menos do que no disco, A Ordem das Árvores ecoa a Gal Costa pós-tropicalista dos anos 70, evocada também na bem-sacada abordagem de música de Caetano Veloso, Da Maior Importância, gravada por Gal em 1973 no álbum Índia. É o único cover do roteiro. Já mostrando expressiva personalidade para uma artista debutante, Tulipa se escora em seu repertório autoral - sem concessões. E o fato é que, usando antiga gíria gay, Tulipa fechou nessa consagradora volta ao Circo Voador.

Sob lona pop carioca, Machete confirma evolução sem armar todo o circo

Resenha de show 
Título: Extravaganza
Artista: Silvia Machete (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Circo Voador (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 30 de janeiro de 2011
Cotação: * * * *

Incensada pela crítica por conta do álbum Extravaganza, presença recorrente nas listas de melhores discos de 2010, Silvia Machete confirmou sua evolução e justificou os elogios ao entrar em cena sob a lona pop do Circo Voador aos primeiros minutos deste domingo, 30 de janeiro de 2011. A reapresentação do show Extravaganza no Rio de Janeiro - em noite dividida com Tulipa, outra eleita da crítica em 2010 - seduziu o público que não chegou a lotar o Circo, mas ficou satisfeito com a performance da cantora e compositora carioca. Sim, mesmo sem armar todo o circo, como em seu show anterior, Machete continua performática em cena, seja distribuindo gelo para o público ao fim de Toda Bêbada Canta (Silvia Machete), orquestrando de forma lúdica o coro da plateia em Underneath the Mango Tree (Monty Norman) - calypso popularizado na trilha sonora do filme 007 contra o Satânico Dr. No (1962) - ou se contorcendo de forma erótica em torno do contrabaixo acústico usado como elemento cênico na sensual O Baixo (Silvia Machete). Contudo, o uso eventual de suas habilidades circenses já não tira o foco do canto seguro da artista e da fina musicalidade posta a serviço de delicioso repertório. A latinidade sem clichês de temas como Tropical Extravaganza - música de Fabiano Krieger, diretor musical do disco que inspirou o show - soa bem na voz afinada de Machete. Nem sempre extravagante, o show abre com pérola da lavra ainda pouco explorada de de Itamar Assumpção (1949 - 2003), Noite Torta. Na sequência, a artista faz caras e bocas ao cantar Sucesso, Aqui Vou Eu (Build Up)  - seu melhor número em tributo a Rita Lee apresentado entre outubro e novembro de 2009 - e entremeia algumas músicas de seu primeiro disco, caso de Foi Ela (Sérgio Sampaio), enquanto apresenta as joias pós-tropicalistas que gravou no álbum Extravaganza, com destaque para Sábado e Domingo (Domenico Lancelotti e Alberto Continentino) e para Manjar de Reis (Nelson Jacobina e Jorge Mautner). Dentro dessa estética pop carnavalizante, cabe tanto um samba como Meu Gato (Rubinho Jacobina) quanto um tema anticlímax como Fim de Festa (Fabiano Krieger), alocado no bis encerrado de forma abrupta. Na comparação com a ótima estreia carioca do show Extravaganza, em 10 agosto de 2010 no Espaço Tom Jobim, a apresentação do Circo Voador omitiu alguns bons números. A Cigarra - versão de Machete para Como La Cigarra, tema de María Elena Walsh propagado na voz politizada da cantora argentina Mercedes Sosa (1935 - 2009) - e Feminino Frágil (música de Erasmo Carlos, letrada com sensibilidade por Machete) foram ausências sentidas por quem conhece o cancioneiro do disco Extravaganza. Assim como os comentários espirituosos da artista, mais presentes na estreia carioca. Ainda assim, a oportuna volta do show ao Rio de Janeiro (RJ) reiterou o momento inspirado de Silvia Machete.

Banda Seu Chico lança DVD com abordagem do cancioneiro de Buarque

Surgida em Recife (PE) em 2006, com o objetivo de tocar o repertório de Chico Buarque com algumas liberdades estilísticas, a Banda Seu Chico entra em seu quinto ano de vida dedicada a promover o registro ao vivo do show que faz desde a sua criação. Editado nos formatos de CD e DVD, Tem Mais Samba foi captado em duas apresentações do grupo na casa Estrela da Lapa, no Rio de Janeiro (RJ), em 14 e 15 de março de 2009. O DVD agrega 22 músicas de Buarque em 17 números. As tais liberdades estilísticas permitem que Seu Chico emende Paranoid Android - tema do grupo inglês Radiohead - com o samba Quem te Viu, Quem te Vê (1967). Do mesmo modo, a banda agrega o Samba da Bênção (Baden Powell e Vinicius de Moraes) a Pedro Pedreiro (1965) enquanto a valsa João e Maria (Sivuca e Chico Buarque, 1977) é introduzida por La Valse d'Amelie (Yann Tiersen). Hit da banda, Jorge Maravilha (1974) fecha o DVD após temas como Caçada (1972), Roda Viva (1968) e Pelas Tabelas (1984).

DVD da série 'Classic Albums' aborda dois álbuns paradoxais do Rush

Recém-lançado no Brasil pela gravadora ST2, o DVD dedicado ao Rush na série Classic Albums quebra o protocolo da coleção ao detalhar a criação de dois álbuns - e não somente de um, como era regra até então. O foco recai sobre dois álbuns paradoxais do Rush, 2112 e Moving Pictures, lançados em 1976 e 1981, respectivamente. 2112 foi gerado em época turbulenta. A gravadora pressionava o Rush para fazer um disco mais comercial, mas o grupo canadense resistiu às pressões e apresentou um dos álbuns mais marcantes de sua obra fonográfica. Já Moving Pictures foi o álbum em que a banda de rock progessivo se permitiu soar mais acessível e, não por acaso, se tornou o disco mais vendido da carreira do Rush. Como de praxe na série Classic Albums, o DVD entrelaça imagens de arquivo e comentários didáticos sobre detalhes técnicos da gravação das faixas mais expressivas com entrevistas atuais com o grupo.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Ao reabrir no Rio a roda de Roque, Roberta canta a seminal 'Afefé' no bis

Um ano após abrir a roda de Roque Ferreira no Rio de Janeiro (RJ), em série de shows-ensaios no Centro Cultural Carioca, Roberta Sá estreou oficialmente na cidade o show Quando o Canto É Reza, baseado no disco em que aborda a obra do compositor baiano na companhia do Trio Madeira Brasil. A cantora - vista em cena na foto de Mauro Ferreira - se apresentou numa lotada casa Vivo Rio na noite de sexta-feira, 28 de janeiro de 2011. Além da participação de Moyseis Marques em Tô Fora e no Samba pras Moças, a surpresa do roteiro foi a inclusão de Afefé no bis, encerrado com a dobradinha Parabéns / Mulata de Ouro. Espécie de embrião do projeto, Afefé foi gravada em 2007 por Roberta Sá e Trio Madeira Brasil para Samba Novo, coletânea da Som Livre que apresentou registros inéditos de nomes revelados nos anos 2000.

Moyseis Marques cai no 'Samba pras Moças' na estreia de Roberta Sá no Rio

 Moyseis Marques caiu no Samba pras moças com Roberta Sá e o Trio Madeira Brasil na estreia oficial do show Quando o canto é reza na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Convidado-surpresa da bela apresentação única que lotou a casa Vivo Rio na noite de 28 de janeiro de 2011, o cantor entrou em cena para dividir com Roberta o samba do compositor baiano Roque Ferreira com Graziella que Zeca Pagodinho gravou em 1995. Na sequência, Roberta e Moyseis - vistos em foto de Mauro Ferreira - ensaiaram uma briga conjugal no samba Tô fora, repetindo o dueto feito no disco lançado em agosto de 2010. Tô Fora é samba feito à moda carioca que destoa do tom afro-baiano que pauta o cancioneiro de Roque Ferreira, abordado por Roberta Sá com o Trio Madeira Brasil em tom heterodoxo no ousado álbum Quando o canto é reza, um dos melhores CDs de 2010.

Compilação 'Summer Eletrohits', da Som Livre, chega ao sétimo volume

Habitual sucesso de vendas, a coletânea Summer Eletrohits, da gravadora Som Livre, chega ao sétimo volume. Como de praxe, a compilação agrega sucessos recentes das rádios e das pistas. A seleção pop dance do CD Summer Eletrohits 7, por exemplo, reúne gravações de Katy Perry (California Gurls), David Guetta (Gettin' Over You - e não Getting' Over You como exposto na contracapa), Flo Rida (Club Can't Handle me, com adesão de Guetta) e do DJ e produtor italiano Alex Gaudino (I'm in Love - I Wanna Do It), entre outros nomes estrangeiros em evidência nas paradas contemporâneas. Detalhe: a faixa-bônus, Falling for U, é gravação dance da brasileira Wanessa com Mister Jam que foi lançada originalmente em edição digital.

Sai no Brasil 'Expanded Edition' de 'Battle Studies', álbum de John Mayer

A gravadora Sony Music está lançando no Brasil a Expanded Edition do quinto álbum de John Mayer, Battle Studies (2009). O diferencial é o DVD-bônus que apresenta gravações ao vivo de seis músicas - No Such Thing, Daughters, Heartbreak Warfare, Your Body Is a Wonderland, Who Says e Waiting on the World to Change - captadas no fim de 2009 na participação do cantor e compositor norte-americano no programa Storytellers, do canal VH1. O DVD exibe também versões acústicas de Half of my Heart e Who Says, alocadas na seção intitulada A Trip to Japan Alone porque foram gravadas em viagem do artista ao Japão em maio de 2010.

Série de coletâneas expõe pop britânico feito no embalo da Beatlemania

O selo Discobertas põe nas lojas, neste mês de janeiro de 2011, uma série de três coletâneas intitulada BritPop. O nome alude ao rock que projetou grupos ingleses como Blur e Oasis nos anos 90, mas, a rigor, as compilações revivem o pop rock britânico que se proliferou na Inglaterra na primeira metade dos anos 60, no embalo da Beatlemania. Ao todo, a série compila 42 fonogramas lançados entre 1963 e 1967 por grupos como The Hollies, The Animals, The Seachers e Gerry & The Peacemakers. Quase todas oriundas do acervo da EMI Music, as gravações são originais. O encarte reproduz a capa e/ou selo do disco original - geralmente singles - com a foto do grupo ao lado. Tal capricho não desculpa a desatenção na revisão da capa da série, cujo subtítulo O Legítimo Pop Britânico dos Anos 60 omite o i de "britânico".

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Fafá repisa andanças de 35 anos de carreira em show de piano e boa voz

Resenha de Show
Título: Piano e Voz
Artista: Fafá de Belém (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Rival (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 27 de janeiro de 2011
Cotação: * * *
Show em cartaz no Teatro Rival (RJ) em 28 de janeiro e em 3, 4 e 5 de fevereiro de 2011

Encorpada com o passar dos anos, a voz continua em forma, pronta para trabalhos que apontem para o futuro. Contudo, Fafá de Belém continua presa ao (seu) passado. Piano e Voz, o show que a cantora reestreou esta semana no Rio de Janeiro (RJ), é baseado no homônimo álbum ao vivo de 2002. Escorada no seu carisma e na excelente forma vocal, a cantora divide a cena com o pianista João Rebouças para desfiar um rosário de hits populares colecionados ao longo de carreira que completa 36 anos em 2011. De início, o roteiro é igual ao do disco - com Foi Assim (Paulo André e Ruy Barata, 1976) e Coração do Agreste (Moacyr  Luz e Aldir Blanc, 1989) - mas, aos poucos, Fafá vai se permitindo cantar outras músicas sem nunca surpreender. O maior rasgo de ousadia do roteiro é apresentar ao público brasileiro dois belos temas da música portuguesa contemporânea. Não Queiras Saber de mim (Rui Veloso) e Ele Passou por mim e Sorriu (do grupo Deolinda) representam sopro de novidade em show em que a intérprete teima em olhar para trás. Não Queiras Saber de mim é canção down que Fafá encara com doses exatas de emoção e melancolia. Já Ele Passou por mim e Sorriu dá mexida nos cânones melancólicos da canção portuguesa de forma espirituosa. Por ser cantora de grande empatia e por dominar bem o palco, Fafá consegue que uma música já tão batida como Andança (Danilo Caymmi, Edmundo Souto e Paulinho Tapajós) conquiste de imediato uma plateia que - justiça seja feita - parece preferir o velho ao novo. Em sintonia com seu público, Fafá encadeia músicas de Chico Buarque - Minha História, Sob Medida (em dueto improvisado com Isabella Taviani), Olhos nos Olhos, Gota d'Água (em apropriado tom dramático que passa do ponto à medida que o número avança), Tanto Mar (com o costumeiro discurso sobre a origem politica do tema) - antes de chamar sua filha Mariana Belém ao palco (para encontro que alcança seu melhor momento em Jardins Proibidos) e de cair em seu cancioneiro mais popular, revivendo hits radiofônicos como Memórias (1986) e Meu Disfarce (1988). Sempre seguro ao piano, João Rebouças arma a cama musical para que Fafá dê seu show. A apresentação funciona e o público conservador da artista sai satisfeito do Teatro Rival, mas permanece em cena a incômoda sensação de que (ainda) há um futuro esperando por Fafá de Belém enquanto ela continua abrindo incansáveis vezes a cortina de seu passado.

Taviani é a convidada 'sob medida' na (re)estreia carioca de show de Fafá

A convidada oficial da reestreia carioca do show Piano e Voz, de Fafá de Belém, era a filha da cantora, Mariana Belém. Contudo, Isabella Taviani também subiu ao palco do Teatro Rival, no Rio de Janeiro (RJ), na noite de 27 de janeiro de 2010. Fafá e Taviani uniram as suas vozes intensas em interpretação de Sob Medida, a música de Chico Buarque que Fafá gravou em 1979 e Taviani regravou trinta anos depois para a trilha sonora da novela Caminho das Índias (2009). O dueto teve direito a mise-en-scène - como visto na foto de Mauro Ferreira.

Wado apronta álbum 'Samba 808' com alusão a um pioneiro sintetizador

Um dos mais inspirados compositores projetados na cena brasileira indie dos anos 2000, ainda não reconhecido na medida de seu talento, o catarinense (radicado em Alagoas) Wado apronta seu sexto álbum solo, Samba 808, cujo título alude ao pioneiro sintetizador intitulado Roland TR-808. Produzido por Pedro Ivo Euzébio, Samba 808 é um disco de banda - formada por Dinho Zampier, Rodrigo Peixe, Bruno Rodrigues, Vitor Peixoto e o próprio Pedro Ivo Euzébio - que vai reunir temas autorais como Esqueleto e Tão Feliz. De acordo com Wado, Samba 808 procura se situar numa "área de convergência entre o funk carioca e os sambas melancólicos".

MC Alemão plagia ilustração de capa de álbum lançado por Erasmo em 1982

Com lançamento programado para 28 de fevereiro de 2011, o álbum Circus Maximus, do MC alemão Morlockk Dilemma, corre risco de chegar às lojas com outra capa. É que o ilustrador brasileiro José Luiz Benício vai processar Morlockk por plagiar a ideia e a ilustração da capa do álbum Amar pra Viver ou Morrer de Amor, lançado por Erasmo Carlos em 1982. Alertado esta semana sobre o descarado plágio por colegas ilustradores do exterior, Benício decidiu levar o caso à Justiça. O confronto entre as duas capas não deixa dúvidas sobre a apropriação indevida da ilustração de Benício. Até as pulseiras usadas por Erasmo Carlos aparecem nos braços do alemão...

Lady Gaga revela via Twitter letra e produtores do single 'Born This Way'

Hábil na criação de notícias e factoides, Lady Gaga revelou pelo Twitter a letra completa e os nomes dos produtores de Born This Away, o single que dá título ao álbum que vai lançar em 23 de maio de 2011. Composta por Gaga, a música foi produzida pelo produtor mexicano Fernando Garibay, pelo DJ White Shadow e pela própria artista. Mixado pelo engenheiro de som David Russel, o (esperadíssimo) single Born This Way vai ser lançado em 13 de fevereiro.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Clapton vai relançar em março álbum de 1970 com farto material-bônus

Único álbum de Derek and the Dominos, efêmero grupo integrado por Eric Clapton, Layla and Other Assorted Love Songs vai ganhar reedição turbinada com farto material-bônus, nas lojas dos Estados Unidos a partir de 29 março de 2011. Lançado originalmente em novembro de 1970, Layla and Other Assorted Love Songs vai incluir em sua Deluxe Edition seis músicas gravadas para o abortado segundo álbum da banda. Entre as seis, há Got to Get Better in a Little While, resultante da última sessão de gravação do grupo. Outros bônus são Mean Old World (sobra do álbum de 1970) e os áudios dos quatro números feitos por Derek and the Dominos no programa de TV Johnny Cash Show em 9 de novembro de 1970. Sem falar nos dois fonogramas, Tell the TruthRoll It Over, produzido por Phil Spector para o primeiro single do grupo, lançado no início de 1970 e logo posto fora de catálogo. Inclui um vinil duplo.

Gravadora Joia Moderna dá voz a cantoras marginalizadas pela indústria

Não é fácil ser cantora no país das cantoras. Intérpretes sem uma obra autoral que lhes dê identidade - e lhes garanta alguma autonomia artística na indústria fonográfica - geralmente ficam à mercê dos critérios às vezes questionáveis de diretores artísticos de gravadoras. Além da voz, é preciso ter personalidade forte, como as de Maria Bethânia e Nana Caymmi, por exemplo, para driblar direcionamentos dúbios e impor a verdade de seu canto. A explosão do pop rock nacional em 1982 implodiu o conceito de MPB - criado nos festivais dos anos 60 e solidificado ao longo da década de 70 - e piorou ainda mais a situação. Foi quando diversas cantoras, como Joanna e Fafá de Belém, por exemplo, partiram para o brega para garantir vendas e visibilidade nas paradas. Nos anos 2000, a própria implosão da indústria do disco - vitimada pela pirataria física e virtual - afunilou o mercado mainstream e empurrou a dita MPB para o circuito indie. É nesse contexto que a gravadora Joia Moderna - aberta pelo DJ Zé Pedro - entra efetivamente no mercado em fevereiro de 2011 para dar voz, sobretudo, a cantoras marginalizadas por um mercado que deu tiro em seu  próprio pé ao adotar visão imediatista. Não é por acaso que, no lote inicial de lançamentos da Joia Moderna, há bem-vindos álbuns de Zezé Motta e Cida Moreira. Zezé despontou como atriz e cantora nos anos 70, chegando a gravar discos arrojados. Contudo, por ser negra, logo foi enquadrada pela Warner Music no nicho das sambistas - nicho redutor, no caso específico de Zezé. Dedicado aos repertórios de Jards Macalé e Luiz Melodia, o álbum Negra Melodia pode vir a  reposicioná-la no mundo da música. Já Cida Moreira nunca esteve propriamente no mainstream, tendo feito discos pelas extintas gravadoras Kuarup (pioneira no mercado indie brasileiro, espécie de Biscoito Fino de sua época) e Continental. Contudo, por sua coerência e personalidade, Cida deveria ter tido uma carreira fonográfica mais regular, desenvolvida sob os holofotes da mídia, e não construída à margem do mercado. Que a Joia Moderna dê brilho e oportunidades a essas vozes e lapide  outros diamantes verdadeiros, alguns encobertos pela poeira do tempo e da acomodação. Antes de ser DJ, Zé Pedro sempre foi fã apaixonado de cantoras. Como tal, sabe identificar vícios e virtudes dessas joias que, uma vez lapidadas, podem voltar a brilhar e fazer discos a que o tempo se encarregará de dar o real valor se a crítica não o fizer de imediato.   

Chega ao Brasil CD de 2007 que uniu Joyce e Tutty no samba e no jazz

Resenha de CD
Título: Samba-Jazz & Outras Bossas
Artista: Joyce & Tutty Moreno
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * *

Casados desde 1977, Joyce e o baterista Tutty Moreno celebraram 30 anos de parceria musical e afetiva com a gravação em fevereiro de 2007 de seu primeiro disco conjunto. Lançado na Europa naquele mesmo ano de 2007, pelo selo inglês Far Out, Samba-Jazz & Outras Bossas ganhou edição brasileira pela gravadora Biscoito Fino ao apagar das luzes de 2010. Além de outra capa, mais bonita, a edição nacional do álbum apresenta letra inédita escrita por Joyce para seu choro Garoto, composto em tributo ao compositor e violonista Aníbal Sardinha (1915 - 1955), o Garoto, mestre das cordas. Garoto, o choro, é mostrado no disco na original versão instrumental e na versão com letra, inserida como faixa-bônus ao fim do CD. Como seu título já explicita, Samba-Jazz & Outras Bossas é disco calcado no suingue da música brasileira - notadamente o samba - de tempero jazzístico. Suingue que elevou muito o status de Joyce no mercado e nas pistas da Europa nos anos 90. O CD é pontuado por temas instrumentais como Penalty e Feijão com Arroz, solados por Joyce com vocalises espertos. Em essência, Samba-Jazz & Outras Bossas  celebra em harmonia a música instrumental dos anos 60 que pautou a obra dos dois artistas. Tal conceito afetivo justifica a abordagem de temas como April Child (Moacir Santos, Raymond Evans e Jay Livinsgtone) e Embalo (do pianista Tenório Jr. - tragado pela ditadura argentina em 1976). Entre afro-samba arranjado com inventividade por Dori Caymmi (Berimbau, da lavra nobre e perene de Baden Powell & Vinicius de Moraes) e tema de ambiência lounge (Shangri-la), Joyce cai com leveza e suingue ímpar no sambalanço Devagar com a Louça (Luiz Reis e Haroldo Barbosa). Tudo com o auxílio luxuosíssimo de um trio-base que inclui, além da bateria precisa de Tutty, o baixo de Jorge Helder e o piano de Hélio Alves. É com o suingue desses músicos e o seu próprio balanço que a compositora canta sambas feitos com Zé Renato (Sabe Quem?) e Paulo César Pinheiro (Compositor, com letra sobre o duro cotidiano de quem vive somente do ofício de fazer música). Enfim, com bossa, Samba-Jazz & Outras Bossas mostra que a vida uniu Joyce e Tutty Moreno no samba e no jazz. O longevo casamento, que já completa 34 anos em 2011, gerou bodas de vinil em CD cheio de harmonia.

'The Promise' resgata sessões perdidas de disco feito por Bruce em 1978

Em novembro de 2010, a gravadora Columbia pôs nas lojas dos Estados Unidos a Deluxe Edition do álbum Darkness on the Edge of Town, lançado por Bruce Springsteen em 1978. Trata-se de caixa que embalou três CDs, três DVDs e livro sobre o disco. O supra-sumo do combo - as 21 músicas raras ou inéditas gravadas nas sessões de estúdio que originaram o álbum - foi reunido em CD duplo também vendido separadamente. Intitulado The Promise, este CD duplo acaba de ser lançado no Brasil pela Sony Music com as valiosas sobras das sessões de gravação de Darkness on the Edge of Town. Eis o repertório apresentado em The Promise:

CD 1
1. Racing in the Street ('78)
2. Gotta Get That Feeling

3. Outside Looking In
4. Someday (We'll Be Together)
5. One Way Street
6. Because the Night
7. Wrong Side of the Street
8. The Brokenhearted
9. Rendezvous
10. Candy's Boy
CD 2
1. Save my Love
2. Ain't Good Enough for You
3. Fire
4. Spanish Eyes
5. It's a Shame
6. Come on (Let's Go Tonight)
7. Talk to me
8. The Little Things (My Baby Does)
9. Breakaway
10. The Promise
11. City of Light

Trilha enérgica do musical 'Burlesque' ressuscita Cher e reabilita Aguilera

Resenha de CD - Trilha sonora de filme
Título: Burlesque
Artista: Cher e Christina Aguilera
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * *

Com estreia programada para fevereiro de 2011 nos cinemas do Brasil, o musical Burlesque já tem sua trilha sonora editada em CD no mercado nacional pela gravadora Sony Music. A trilha sonora ressuscita Cher - em suas primeiras gravações em sete anos - e reabilita Christina Aguilera após o fiasco de seu álbum Bionic (2010). Cher canta apenas duas das dez músicas do disco. Se Wellcome to Burlesque é tema típico de musicais, You Haven't Seen the Last of me é típica (boa) balada da lavra sentimental da compositora norte-americana Diane Warren, premiada pela canção na 68ª edição do Globo de Ouro. Contudo, ambas funcionam bem na trilha. É Aguilera quem domina o disco, defendendo oito temas, em salutar volta ao básico. É como se a cantora estivesse imersa na atmosfera de um cabaré retrô quanto entoa temas como But I Am a Good Girl e Guy What Takes his Time. Com sua voz potente, Aguilera também se sai bem ao apresentar a balada Bound to You e ao encarar dois covers do repertório da cantora Etta James, Something's Got a Hold on me e Tough Lover, destaques da enérgica trilha de Burlesque. Em contrapartida, Aguilera soa como Beyoncé em algumas passagens de Express, tema de batida quase tão frenética quanto Show me How You Burlesque. No todo, a trilha sonora de Burlesque resiste muito bem fora da tela no CD-player.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Aos 21 anos, 'Subversões' repõe o humor corrosivo em cena, na métrica

Resenha de espetáculo musical
Título: Subversões 21
Direção: Stella Miranda
Elenco: Aloisio de Abreu, Luis Salém e Márcia Cabrita
Versões: Aloisio de Abreu e Luis Salém
Cotação: * * * *
Em cartaz no Teatro dos Quatro, no Rio de Janeiro, até 23 de fevereiro de 2011
Apresentações às terças-feiras e quartas-feiras, às 21h30m. Ingressos a R$ 60

Cult em maio de 1990, quando entrou em cena pela primeira vez nas madrugadas undergrounds da extinta boate carioca Crepúsculo de Cubatão, o espetáculo Subversões é herdeiro do humor cáustico do besteirol, gênero que deu leveza e popularidade ao teatro do Rio de Janeiro (RJ) na década de 80. Passados 21 anos, o espetáculo ganha sua sexta montagem e repõe em cena seu humor corrosivo, deliciosamente abusado e politicamente incorreto. Com título que alude aos 21 anos de sua estreia, Subversões 21 remonta a formação clássica do espetáculo - Aloisio Abreu, Luis Salém e Márcia Cabrita - e preserva sua fórmula original, calcada em (sub)versões de sucessos musicais, geralmente da MPB. Assinadas por Aloisio e Salém, as (sub)versões são feitas com habilidade, respeitando a métrica das composições. Pizzaria Guanabara, por exemplo, clássico que o trio rebobina no roteiro de Subversões 21, tem versos hilários encaixados na melodia de O Estrangeiro (Caetano Veloso, 1989) - no caso, com humor cheio de referências, algumas entendidas somente por quem frequenta ou conhece a fama da famosa pizzaria que abriga boemios e artistas. Das novas (sub)versões, Vai Pastar (Vai Passar, Chico Buarque e Francis Hime, 1982) é um dos destaques por conta dos versos que satirizam a indústria das celebridades sem atravessar o samba. Mas vale ressaltar também Eu Não Lembro (Manhãs de Setembro, Vanusa e Mário Campanha, 1973). Com direito a uma peruca loura, Márcia Cabrita provoca risos ao encarnar uma Vanusa esquecida que põe até versos do Hino Nacional Brasileiro na melodia de seu hit. É claro que nem sempre o humor funciona. Tarja Preta (Tieta, Caetano Veloso, 1996) resultou aquém da habilidade da dupla de versionistas. Samba-reggae por samba-reggae, Bundalada - antiga versão de Nossa Gente (Avisa Lá), hit do Olodum - continua imbatível. Com autorreferentes números de abertura e encerramento (as versões de ...E o Mundo Não se Acabou, We Are the World e, no bis, Se Você Pensa), Subversões 21 diverte porque expõe visão crítica de fatos e comportamentos sem o compromisso de ser político. Somente a letra sob a bissexualidade encaixada na melodia de Tempos Modernos (Lulu Santos, 1981) já vale uma ida ao Teatro dos Quatro, onde o espetáculo vai ficar em cartaz até 23 fevereiro, sempre às terças e quartas-feiras. O riso é garantido. Conhecedora dos códigos do besteirol, a diretora Stella Miranda valoriza os números de plateia, feitos separadamente pelo trio de atores, entre uma e outra (sub)versão. Sem renegar seu passado, de onde resgata pérolas como Meu Nome É Creuza (O Amor e o Poder), o espetáculo Subversões entra na maioridade com frescor adolescente. Dez! 

'Deja la Vida Volar' é fiel registro póstumo do canto humanitário de Sosa

Resenha de CD
Título: Deja la Vida Volar - En Gira
Artista: Mercedes Sosa
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * 1/2

A voz engajada de Mercedes Sosa (1935 - 2009) já não tinha todo o alcance de tempos idos quando a cantora argentina - símbolo perene da resistência dos povos da América Latina na luta contra ditaduras e outras formas de opressão - cruzou oceanos em sua última turnê mundial. Já debilitada, a intérprete se apresentava quase sempre sentada. Mas sua alma estava inteira em cena. E, por isso, há real beleza no CD Deja la Vida Volar - En Gira, registro ao vivo dessa derradeira turnê de Sosa. É a turnê que passou pelo Brasil em novembro de 2008, ano em que foram captados, em shows na Argentina e na Europa, os 17 números reunidos neste álbum póstumo que saiu em setembro de 2010 na terra natal da cantora e que chega ao Brasil neste início de 2011 em edição da Sony Music. É fato que o disco não capta toda a força da intérprete no palco (clique aqui para ler a resenha do show). Ainda assim, é testemunho fiel do canto resistente e humanitário da intérprete que propagou temas como Gracias a la Vida (Violeta Parra). "Amo cantar, amo tudo que canto", reitera Mercedes em cena ao fim de Piedra y Camino (Atahualpa Yupanqui), momentos antes de reviver o tema que batiza o disco, Deja la Vida Volar, da lavra politizada do chileno Víctor Jara, poeta e compositor assassinado pelo governo ditatorial de Augusto Pinochet (1915 - 2006) - como Sosa faz questão de lembrar em cena. O disco deixa transparecer o entusiasmo e a gana com que La Negra desfia repertório que inclui duas músicas inéditas em sua voz, Me Hace Bien (do uruguaio Jorge Drexler) e La Celedonia Batista (Teresa Parodi). Ao introduzir Como la Cigarra (María Elena Walsh), tema vertido por Silvia Machete para seu álbum Extravaganza (2010), Sosa incentiva o coro do público. "Essa é uma canção diretamente para o coração, como todas que canto", enfatiza a intérprete. O discurso soa coerente quando se percebe que é sobretudo com coração que Mercedes entoa Guitarra Dimelo Tú (Atahualpa Yupanqui) - faixa em que a voz da cantora soa especialmente pungente - e a brasileira Gente Humilde (Garoto, Vinicius de Moraes e Chico Buarque), entoada em espanhol e ambientada em clima bossa-novista. No fim, Maria Maria (Milton Nascimento e Fernando Brant) fecha o show e este disco que expõe a aguçada consciência social de Mercedes Sosa, cantora dotada de carga de espiritualidade tão grande que miniminza o fato de sua voz já não soar tão potente neste belo registro póstumo.

Cantora paulista Silvia Maria retoma carreira fonográfica com 'Ave Rara'

Cantora paulistana ouvida por poucos, Silvia Maria retoma sua carreira fonográfica com o lançamento, em fevereiro de 2011, de seu terceiro disco. Batizado com o nome de bissexta parceria de Edu Lobo com Aldir Blanc, o CD Ave Rara é um dos quatro títulos produzidos por Thiago Marques Luiz para o lote inicial de lançamentos da gravadora Joia Moderna, aberta pelo DJ Zé Pedro. Sem gravar desde 1980, a cantora põe sua voz - definida por Zé Pedro como um "cristal potente" - em temas pouco ouvidos como Rio Vermelho (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos), Minha Embaixada Chegou (Assis Valente), Acendeu (Eduardo Gudin), Sete Cordas (Raphael Rabello e Paulo César Pinheiro), Me Dá a Penúltima (João Bosco e Aldir Blanc), Dia Novo (Adilson Godoy) e Que Eu Canse e Descanse(Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle).

Matanza agenda para março seu quinto álbum, 'Odiosa Natureza Humana'

Fiel ao seu som countrycore, gênero que mistura country e hardcore, a banda carioca Matanza vai apresentar em março de 2011 seu quinto álbum de estúdio, Odiosa Natureza Humana, o primeiro de inéditas em cinco anos. O sucessor de A Arte do Insulto (2006) foi gravado com fita de rolo em apenas três dias no estúdio Tambor, da gravadora Deck, no Rio de Janeiro (RJ). Rafael Ramos é o produtor. Duas músicas inéditas do álbum, Remédios Demais e Carvão, Enxofre e Salitre, já podem ser ouvidas esta semana na página da banda no portal MySpace.

Forfun persegue suingue e status em CD produzido por Daniel Ganjaman

No ano em que completa uma década de vida, o grupo carioca Forfun tenta mudança de status no mercado fonográfico com o lançamento de seu quarto álbum, Alegria Compartilhada, previsto para março de 2011. Daniel Ganjaman é o produtor do disco. Com currículo que inclui trabalhos com nomes incensados na cena musical brasileira (Nação Zumbi, Otto, Cidadão Instigado e Mombojó, entre outros), Ganjaman - visto na foto de IZP no estúdio ao lado do baixista da banda, Rodrigo Costa (de camisa amarela) - foi recrutado para formatar repertório suingante turbinado com naipe de metais. Após início voltado para o emo, Forfun mudou de rota e invadiu a praia do reggae. Sucessor dos álbuns Das Pistas de Skate para as Pistas de Dança (2003), Teoria Dinâmica Gastativa (2005) e Polisenso (2008), Alegria Compartilhada transita por ritmos como ragga (a faixa-título) e samba-rock (Quem Vai Vai).

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Cantores de heavy metal gravam disco em homenagem a Frank Sinatra

Vocalistas de grupos de heavy metal regravaram sucessos de Frank Sinatra (1915 - 1998) para disco que vai ser lançado no exterior em 28 de março de 2011. O título do CD, Sin-atra, faz trocadilho com o nome do cantor e a palavra pecado (sin, na língua inglesa). Eis as 12 músicas e os respectivos intérpretes do inusitado disco, em que um quinteto acompanhou os vocalistas:

1. Theme From New York, New York - Devin Townsend (Strapping Young Lad)
2. I've Got You under my Skin - Glenn Hughes (ex-Deep Purple)
3. Summerwind - Geoff Tate (Queensrÿche)
4. It Was a Very Good Year - Dee Snider (Twisted Sister)
5. Witchcraft - Tim Ripper Owens (ex-Judas Priest e Iced Earth)
6. Fly me to the Moon - Robin Zander (Cheap Trick)
7. The Lady Is a Tramp - Eric Martin (Mr. Big)
8. I've Got the World on a String - dUg Pinnick (King's X)
9. Love and Marriage - Elias Soriano (Nonpoint)
10. Strangers in the Night - Joey Belladonna (Anthrax)
11. High Hopes - Franky Perez (Scars on Broadway)
12. That's Life - Jani Lane (Warrant) & Richie Kotzen

Strokes revela os nomes das 10 músicas de seu quarto álbum, 'Angles'

O grupo norte-americano The Strokes revelou os nomes das 10 músicas de seu quarto álbum de estúdio, Angles, que chega às lojas da Inglaterra em 21 de março de 2011 pela Rough Trade Records e às lojas dos Estados Unidos em 22 de março via RCA. O primeiro single do sucessor de First Impressions of Earth (2006), Under Cover of Darkness, vai ser lançado nas rádios em fevereiro. Eis as 10 músicas de Angles, que também sai em março na maior parte da Europa:
1. Machu Picchu
2. Under Cover of Darkness
3. Two Kinds of Happiness
4. You’re so Right
5. Taken for a Fool
6. Games
7. Call me Back
8. Gratisfaction
9. Metabolism
10. Life Is Simple in the Moonlight

Segundo CD de Tiê, 'A Coruja e o Coração' tem Drexler, banda e Tulipa

Com lançamento agendado pela gravadora Warner Music para 23 de março de 2011, o segundo álbum de Tiê, A Coruja e o Coração, traz o cantor e compositor uruguaio Jorge Drexler na faixa Perto e Distante. O repertório inclui regravação de Só Sei Dançar com Você, música do primeiro álbum de Tulipa Ruiz (Efêmera, 2010). Plínio Profeta é o produtor do disco, que vai ser promovido pela faixa Na Varanda da Liz, já em rotação na internet. Diferentemente de seu antecessor Sweet Jardim (2009), centrado no violão e na voz doce de Tiê, A Coruja e o Coração é CD gravado com banda. Entre inéditas autorais, a cantora e compositora paulista regrava Mapa-Múndi, sucesso indie do primeiro álbum de Thiago Pethit (Berlim, Texas, 2010).

Cida Moreira vai lançar a gravação de estúdio do show 'A Dama Indigna'

Um dos quatro títulos iniciais que serão lançados em fevereiro de 2011 pela gravadora Joia Moderna, aberta pelo DJ Zé Pedro, A Dama Indigna é o registro de estúdio do show que a cantora Cida Moreira vem apresentando com sucesso em São Paulo (SP). O repertório vai de Amy Winehouse (Back to Black) a Chico Buarque (Uma Canção Desnaturada), passando por Caetano Veloso (Mãe e O Ciúme), David Bowie, George Gershwin, Jards Macalé e Renato Barros (Maior que o meu Amor, tema que fechava o LP lançado por Roberto Carlos em 1970).

Zezé entrelaça Melodia e Macalé em CD feito pela gravadora de Zé Pedro

Atriz que também despontou como cantora nos anos 70, com expressiva discografia que se diluiu a partir da década de 80, Zezé Motta volta ao mercado fonográfico em fevereiro de 2011 com o lançamento de Negra Melodia. Sétimo álbum solo de Zezé, Negra Melodia é um dos quatro títulos iniciais da gravadora Joia Moderna, aberta pelo DJ Zé Pedro e voltada para cantoras. Em Negra Melodia, a intérprete entrelaça as obras de Luiz Melodia - de quem gravou três músicas (Magrelinha, Dores de Amores e O Morro Não Engana) em seu primeiro álbum solo, Zezé Motta (1978) - e Jards Macalé. De Macalé, Zezé já havia registrado Sem Essa em seu terceiro álbum solo, Dengo (1980). Sem reviver essas músicas já gravadas, Zezé prioriza no disco Negra Melodia outros temas dos dois compositores, ambos jogados involuntariamente na vala dos malditos da MPB dos anos 70. Da obra de Macalé, por exemplo, Zezé revive Soluços, tema lançado pelo compositor em um compacto (hoje raríssimo) de 1970.

Fiuk prepara CD solo e tem 'cover' de Dylan incluído em trilha de novela

Em clima de sigilo, Fiuk já grava seu primeiro disco solo, cujo lançamento está programado pela Warner Music para este ano de 2011. Enquanto o CD não sai, o filho de Fábio Jr. tem seu inusitado cover de Blowin' in the Wind - o primeiro clássico da obra de Bob Dylan, gravado pelo compositor em 1962 - incluído na trilha sonora internacional da novela Araguaia, exibida pela TV Globo às 18h e protagonizada por Cleo Pires, meia-irmã de Fiuk. Foto de Cleo, aliás, ilustra a capa do CD que traz a trilha, lançado neste mês de janeiro pela gravadora Som Livre.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Aos 73 anos, Wanda prolonga festa jovial em CD pilotado por Jack White

Resenha de CD
Título: The Party Ain't Over
Artista: Wanda Jackson
Gravadora: Nonesuch
Cotação: * * * *

Estrela do rockabilly e do country na década de 50, hoje com 73 anos, a cantora norte-americana Wanda Jackson prolonga sua festa em CD jovial produzido por Jack White. Mentor da dupla The White Stripes e de grupos como Racounters e Dead Weather, Jack traz Wanda de volta ao mercado fonográfico em disco que combina frescor, reverência às tradições dos ritmos que fizeram a fama da intérprete e a sujeira típica das guitarras de White. Nas lojas da Inglaterra e dos Estados Unidos a partir desta segunda-feira, 24 de janeiro de 2011, The Party Ain't Over transita por rockabilly, country, baladas e rock'n'roll em repertório de covers que inclui Shakin' All Over (sucesso de Johnny Kidd & The Pirates que tem seu ritmo frenético preservado por Wanda), Nervous Breakdown (pérola do repertório de Eddie Cochran), Thunder on the Mountain (da safra recente de Bob Dylan),  Rip It up, (clássico do rock'n'roll lançado por Bill Halley and His Comets, popularizado por Little Richard e revivido por Wanda com a energia do gênero), Busted (sucesso do country lançado em 1962 por Harlan Howard), You Know That I'm no Good (sim, a música de uma certa Amy Winehouse em boa abordagem), Teach me Tonight (balada das De Castro Sisters que foi parar na voz da mesma Amy),  Like a Baby (sucesso de Elvis Presley, com quem Wanda chegou a namorar nos áureos tempos de ambos) e Blue Yodel. O disco tem pegada. A energia e o timbre da voz de Wanda desmentem seus 73 anos. The Party Ain't Over soa retrô, mas paradoxalmente moderno. Basta ouvir a batida profana que envolve o tema gospel Dust on the Bible. Rejuvenescida por Jack White, Wanda Jackson é do tempo em que as cantoras norte-americanas ainda tinham alma e não seguiam a mesma fórmula de sucesso que as torna tão iguais nos dias de hoje. Viva a rainha do rockabilly!

Guitarrista Fernando Catatau vai ser o produtor do (primeiro) CD solo de Siba

Guitarrista do grupo Cidadão Instigado, Fernando Catatau vai produzir o primeiro CD solo de Siba. O álbum tem lançamento previsto para este ano de 2011. A ideia de Siba - visto em imagem da Cia. da Foto - é que o sucessor de Fuloresta do Samba (2002) e Toda Vez que Eu Dou um Passo o Mundo Sai do Lugar (2007) seja menos centrado no maracatu da Zona da Mata Pernambucana do que os dois cultuados CDs anteriores gravados pelo artista pernambucano com o grupo Fuloresta.

Otto agenda CD de inspiração cósmica, 'The Moon 1111', para novembro

Revigorado no mercado fonográfico brasileiro por conta do kafkiano Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos (2009), álbum que emplacou a faixa Crua na trilha sonora da novela Passione (2010), Otto agendou o lançamento de seu sexto disco, The Moon 1111, para 11 de novembro de 2011. Trabalho de inspiração cósmica, The Moon 1111 está sendo gestado com influências do grupo progresssivo Pink Floyd, do saxofonista de jazz John Coltrane (1926 - 1967) e do compositor e músico nigeriano Fela Kuti (1938 - 1997). Otto - visto em foto de Marcos Vilas Boas, extraída do MySpace do artista - planeja criar CD de som afro-progressivo, com uns toques de latin jazz. A ideia é gravar o disco com o percussionista Naná Vasconcellos.