Mauro Ferreira no G1

Aviso aos navegantes: desde 6 de julho de 2016, o jornalista Mauro Ferreira atualiza diariamente uma coluna sobre o mercado fonográfico brasileiro no portal G1. Clique aqui para acessar a coluna. O endereço é http://g1.globo.com/musica/blog/mauro-ferreira/


terça-feira, 30 de novembro de 2010

Bryan Adams minimaliza sua música em outro CD acústico, 'Bare Bones'

Entre maio e junho deste ano de 2010, Bryan Adams registrou performances minimalistas de seus principais sucessos. Vinte destes registros de voz & violão - aos quais são adicionados eventualmente o piano de Gary Breit - compõem o repertório de Bare Bones, o álbum acústico lançado por Adams neste mês de novembro e já distribuído nas lojas do Brasil pela gravadora Universal Music. O CD Bare Bones é posto no mercado treze anos depois da edição do bem-sucedido Unplugged MTV (1997) do cantor e compositor canadense. Eis as 20 faixas do disco:

1. You've Been a Friend to me
2. Here I Am

3. I'm Ready
4. Night to Remember

5. It Ain't a Party (If You Can't Come 'Round)
6. (Everything I Do) I Do It for You

7. Cuts Like a Knife
8. Please Forgive me

9. Summer of '69
10. Walk on by

11. Cloud Number 9
12. It's Only Love

13. Heaven
14. Right Place

15. The Way You Make me Feel
16. The Only Thing That Looks Good on me Is You

17. You're Still Beautiful to me
18. Straight from the Heart
19. I Still Miss You...A Little Bit
20. All for Love

Profeta põe Kassin, Rappa, Gil, Tiê, Pethit e Cibelle no sexto 'Chill:Brazil'

Coube ao produtor Plínio Profeta selecionar os 28 fonogramas que compõem o sexto volume da série Chill: Brazil, criada pela Warner Music em 2002, no formato de coletâneas duplas, para propagar no exterior a música brasileira que pode ser enquadrada no (vago) estilo de chill out. A seleção de Profeta pôs no Chill: Brazil 6 gravações de nomes como Fino Coletivo, Thiago Pethit, Roberta Sá, Cibelle, O Rappa (presente tanto no CD 1 como no 2), Gilberto Gil, Kassin, Maria Rita e Tiê, entre outros. Eis as 32 faixas da compilação, recém-editada no Brasil:
CD 1
1. Magrela Fever - Miranda e André
2. E Depois - BID e Seu Jorge
3. Morada Boa - 3 na Massa (com Nina Miranda)
4. Tarja Preta / Fafá - Fino Coletivo
5. Outra Canção Tristonha - Thiago Pethit
6. Água - Kassin
7. Fato Consumado - Milton Banana Trio
8. Numa Nice Numa Boa - Dj Lk
9. Só Deixo meu Coração na Mão de Quem Pode - Kátia B
10. Água - Nina and Chris Present Zeep
11. Deixa - Cibelle
12. Tribunal de Rua - O Rappa
13. Dona Maria - Andrea Ciminelli
14. Asssinado Eu - Tiê

CD 2
1. Água de Março - Trio Mocotó
2. Mandingueira - BID e Elza Soares
3. Fortalece Aí - Wado
4. Obatalá (Homenagem à Mãe Carmen) - Dj Mam
5. Nossa Festa É Real - João Cavalcanti e Lucas Santtana
6. Surf Malecon - Plínio Profeta
7. Papo de Surdo e Mudo - O Rappa
8. August Day Song - Bebel Gilberto
9. Ilê Ayiê (Que Bloco É Esse?) - Gilberto Gil
10. Samba de um Minuto - Roberta Sá
11. Samba pra Vadiar - Rodrigo Maranhão
12. Vamos Dançar - Ed Motta
13. Sambalanço Uruguaiana - Dj Lk
14. Novo Amor - Maria Rita

Human League lança em março 'Credo', seu primeiro álbum em dez anos

Grupo britânico de synthpop, formado em 1977 e projetado nos anos 80 com singles como Boys and Girls, The Human League continua em atividade e quebra  hiato de dez anos sem apresentar um álbum de inéditas com a edição de Credo, programada para março de 2011. Sucessor de Secrets (2001), Credo está sendo promovido com o single Night People, lançado neste mês de novembro de 2010. Formatado pelo duo inglês I Monster, integrado pelos produtores Dean Honer e Jarrod Gosling, Credo traz 11 músicas. Eis na ordem as faixas do CD:
1. Never Let me Go
2. Night People

3. Sky
4. Into the Night

5. Egomaniac
6. Single Minded

7. Electric Shock
8. Get Together

9. Privilege
10. Breaking the Chains

11. When the Stairs Start to Shine

Com quatro anos de atraso, o álbum 'Radiodread' ganha edição brasileira

Lançado em agosto de 2006 no exterior, o segundo álbum do coletivo norte-americano de reggae Easy Star All Stars, Radiodread, ganha edição brasileira pela gravadora Coqueiro Verde com quatro anos de atraso. Radiodread é a versão - em ritmo de reggae e dub - do álbum Ok Computer (1997), a obra-prima do grupo inglês Radiohead. Em 2003, o coletivo - oriundo do Easy Star, selo de Nova York - já tinha feito a versão dub do clássico do Pink Floyd The Dark Side of the Moon (1973), intitulada Dub Side of the Moon e já lançada no Brasil. Em 2009, o grupo viajou em cima do repertório de Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band (1967), o antológico e mítico álbum dos Beatles, transformado em Easy Star Lonely's Hearts Dub Band.

Entre o sagrado e o profano, o canto lírico de Virgínia tem feitio de oração

Resenha de Show
Título: Virgínia Rodrigues
Artista: Virgínia Rodrigues (em foto de Mauro Ferreira)
Participação: Iura Ranevsky (violoncelo)
Local: Solar de Botafogo (Rio de Janeiro, RJ)
Data: 29 de novembro de 2010
Cotação: * * * * 1/2
Show em cartaz em 30 de novembro no Solar de Botafogo com a participação de B Negão

Há algo de sublime no canto de Virgínia Rodrigues, a intérprete baiana projetada na peça Bai Bai Pelô, encenada em 1994, em Salvador (BA), pelo Bando de Teatro Olodum. Na sua volta aos palcos do Rio de Janeiro (RJ), com dois shows agendados no Solar de Botafogo pouco mais de dois anos após a estreia carioca do show Recomeço, a cantora transita entre o sagrado e o profano ao longo das 15 músicas de roteiro que apresenta temas nunca entoados por Virgínia - como Amor, meu Grande Amor (Ângela RoRo e Ana Terra), a canção generosa de RoRo que ganha certa solenidade em belíssima abordagem - e músicas dos dois últimos álbuns da artista, Mares Profundos (2003) e Recomeço (2008). Do CD de 2003, dedicado aos afro-sambas de Baden Powell (1937- 2000) e Vinicius de Moraes (1913-1980), o Lamento de Exu ressurge em vocalises arrepiantes que interagem com o toque do violoncelo de Yura Ranevski, convidado da primeira das duas apresentações de Virgínia no teatro carioca. Até pela evocação dos orixás tão presentes nos afro-sambas de Baden & Vinicius, Lamento de Exu representa o sagrado - ao lado de temas afins como o Canto de Ossanha e o Canto de Xangô - em repertório que desce a plano mais profano quando a cantora revive Antonico (Ismael Silva), esboçando até certo ar dengoso ao refazer o pedido contido na letra do samba de Ismael Silva (1905 - 1978). Trata-se de show de voz e violão. E o violão, virtuoso, fica a cargo de Alex Mesquita, hábil tanto ao evocar o toque do berimbau na batida do seu instrumento, na introdução de Berimbau (outra joia de Baden & Vinicius), como o próprio toque do violão de Baden (em Consolação). Fora do universo dos afro-sambas, recorrente ao longo do show e até no curto bis dado com Labareda, Virgínia Rodrigues imprime a estética lírica e camerística de seu canto numa pérola da Bossa Nova, Este seu Olhar (Tom Jobim), e ensaia uns passos de samba pelo palco em Juízo Final (Nelson Cavaquinho e Élcio Soares). Momentos antes, a cantora também bailara delicadamente em cena enquanto o violoncelo de Yura Ranesvski desenhava a melodia sublime de Melodia Sentimental (Heitor Villa-Lobos e Dora Vasconcelos), outra bela novidade na voz da intérprete. E, se no show Recomeço a cantora ainda se mostrou bem insegura com as letras de algumas músicas, neste atual  recital de voz-e-violão, sua segurança em cena chega a espantar. Com seu canto em feitio de oração, Virgínia Rodrigues - um sol negro, como dizia o título de seu primeiro disco, de 1997 - ilumina profundezas com chama divina entre o sagrado e o profano.

Sai no Brasil CD que registra show suíço de Peterson e amigos em 1953

Dando sequência às edições de discos de jazz por seu selo internacional, a gravadora Biscoito Fino põe nas lojas do Brasil Oscar Peterson & Friends, título integrante da série de jazz JATP Lausanne 1953, criada pelo produtor suíço Jacques Muyal para a gravadora (também suíça) TCB Music SA. JATP é a sigla que identifica Jazz at the Philharmonic, série de concertos criados e apresentados, entre 1944 e 1983, pelo produtor Norman Granz (1918 - 2001) ao redor do mundo. A apresentação do pianista canadense Oscar Peterson (1925 - 2007) - perpetuada no disco ora editado no Brasil - aconteceu em Lausanne, cidade da Suíça, em 1953. Os amigos do título do CD são o guitarrista Barney Kessel (1923 - 2004), o baixista Ray Brown (1926 - 2002), o baterista J.C. Heard (1917 - 1988), o saxofonista Lester Young (1909 - 1959), o trompetista Charlie Shavers (1920 - 1971), o saxofonista Willie Smith (1910 - 1967) e o baterista Gene Krupa (1909 - 1973). Nesse concerto suíço de 1953, Peterson se exercitou com seus amigos na arte de improvisar, com suingue, sobre temas de Duke Ellington (C-Jam Blues e Cottontail) e Irving Berlin (Isn't This a Lovely Day?). O CD reúne seis números.

Especial feito por Ângela para TV Globo em 1980 ganha edição em DVD

Especial gravado por Ângela Maria em 1980 para a série Grandes Nomes, dirigida por Daniel Filho para a TV Globo, Abelim Maria da Cunha ganha edição em DVD - 30 anos após sua exibição pela emissora carioca - numa parceria da gravadora EMI Music com a empresa Globo Marcas. Ao longo dos 14 números do programa, que foi ao ar em 2 de maio de 1980, a Sapoti recebe João Bosco - em Miss Suéter (João Bosco e Aldir Blanc), tema intencionalmente kitsch que Ângela já havia gravado em 1976 com Bosco em disco do compositor, Galos de Briga - e Ângela RoRo. Neste inusitado encontro com sua xará, então no auge do sucesso artístico e comercial, Ângela Maria canta  um de seus sucessos dos anos 50, Amendoim Torradinho (Henrique Beltrão), e duas músicas de autoria de RoRo, Me Acalmo Danando e Amor, meu Grande Amor (parceria com Ana Terra), gravadas pela cantora em seu primeiro grande álbum, lançado em 1979. O programa Abelim Maria da Cunha conta ainda com depoimento de Elis Regina (1945 - 1982), cantora assumidamente influenciada por Ângela no início de sua carreira.

Cidade Negra reincorpora Garrido em 2011 e pode ter Liminha no grupo

Oito meses após ter lançado o CD Que Assim Seja (2010) com o cantor Alexandre Massau no lugar de Toni Garrido, o grupo Cidade Negra se prepara para reincorporar Garrido - visto em foto de Bruno Levinson - no posto de vocalista da banda de reggae a partir de 2011. Garrido deixou o Cidade Negra em 2008, em clima tenso, e começou naquele mesmo ano a preparar seu (bom) primeiro disco solo, Todo meu Canto (2009), de tonalidade black. Juntamente com o reingresso de Garrido, o Cidade Negra pode passar a contar com o produtor Liminha como seu quarto integrante. Por ora, o guitarrista Da Gama - que em 2008 também deixou o grupo que ajudou a fundar na Baixada Fluminense (RJ), nos anos 80 -  não retorna ao Cidade Negra.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Assinada por Philip Glass, trilha sonora de 'Nosso Lar' é editada em disco

Blockbuster de temática espírita que movimentou o mercado cinematográfico brasileiro em 2010, o filme Nosso Lar tem editada em CD sua trilha sonora, assinada pelo compositor Philip Glass. Já nas lojas, com distribuição nacional da gravadora Biscoito Fino, o disco apresenta 10 temas orquestrais que ganharam arranjos adicionais de Trevor Gureckis. A gravação desses temas foi feita pela Orquestra Sinfônica Brasileira, sob a regência do maestro Marcos Arakati.

Títulos das faixas de 'Rome', álbum de Mouse com Luppi, são revelados

Com lançamento previsto para fevereiro de 2011, Rome - o álbum gravado de forma analógica por Danger Mouse (da dupla Gnarls Barkley) e o compositor italiano Daniele Luppi, com as participações dos cantores Jack White e Norah Jones - já tem revelados os nomes de suas 15 faixas. Gestado desde 2005, o álbum foi preparado em Roma ao longo desses cinco anos com inspiração nas trilhas sonoras de filmes italianos clássicos dos anos 60 e 70 e, em especial, na obra cinematográfica de Ennio Morricone. Mas foi em Nashville (EUA) que Jack White colocou voz em três temas do CD enquanto o canto de Norah Jones em outras três músicas foi captado em Nova York (EUA). Eis as 15 faixas de Rome, CD feito com orquestra e coro, à moda antiga:

1. Theme of Rome - com Edda Dell'Orso
2. The Rose with the Broken Neck - com Jack White
3. Morning Fog (interlúdio)
4. Season's Trees - com Norah Jones
5. Her Hollow Ways (interlúdio)
6. Roman Blue
7. Two Against One - com Jack White
8. The Gambling Priest
9. The World (interlúdio)
10. Black - com Norah Jones
11. The Matador Has Fallen
12. Morning Fog
13. Problem Queen - com Norah Jones
14. Her Hollow Ways
15. The World - com Jack White

Universal Music edita no Brasil o 'Greatest Hits' simplificado do Bon Jovi

Sete anos após lançar seu segundo best of, This Left Feels Right (2003), o grupo norte-americano Bon Jovi apresenta cinco músicas inéditas na sua terceira coletânea, Greatest Hits, mas somente duas delas - What Do You Got? e No Apologies - aparecem na edição simples da compilação que a Universal Music está pondo nas lojas do Brasil, neste mês de novembro de 2010, ainda no embalo da recente vinda do grupo ao país. Duas outras inéditas - This Is Love, This Is Life e The More Things Change - aparecem somente na edição dupla intitulada Greatest Hits - Ultimate Collection, não editada no Brasil. Já a quinta inédita, This Is our House, está disponível somente na edição digital da compilação à venda no iTunes. Todas as cinco músicas são assinadas pelo vocalista e mentor do grupo, Jon Bon Jovi, em parceria com o guitarrista Richie Sambora, sendo que What Do You Got? - a música eleita o primeiro single promocional deste CD Greatest Hits - incorpora na parceria o cantor de country Brett James.

Primeiro álbum de Gilson de Souza, de 1975, 'Pôxa' ganha edição em CD

Dando continuidade às reedições do catálogo da extinta gravadora Tapecar, o selo Discobertas - do produtor e pesquisador musical Marcelo Fróes - relança Pôxa, primeiro álbum do cantor e compositor Gilson de Souza, editado originalmente em 1975 com repercussão por conta do estouro da faixa-título. Paulista de Marília (SP), o artista despontou primeiramente como compositor, em 1973, quando Jair Rodrigues batizou o LP que lançou naquele ano com o nome de um belo samba de Souza, Orgulho de um Sambista, que chegou a fazer sucesso, sendo regravado 17 anos depois por Adriana Calcanhotto em seu primeiro álbum (Enguiço, 1990). Disco até então raríssimo, Pôxa volta às lojas no rastro da regravação por Zeca Pagodinho, em 2010, do  samba que deu nome ao disco, cujo repertório inclui Dor de Poeta e Ilusão Colorida.

domingo, 28 de novembro de 2010

Compilação de Robbie Williams sai no Brasil com 37 hits e duas inéditas

Lançada em 8 de outubro de 2010 no Reino Unido, onde galgou de imediato o topo da parada britânica, a segunda coletânea de Robbie Williams editada em âmbito mundial, In and Out of Consciousness Greatest Hits 1990 - 2010, está sendo chegando às lojas do Brasil pela EMI Music neste mês de novembro de 2010. Em 39 faixas, a compilação dupla alinhas duas músicas inéditas - Shame e Heart and I, ambas assinadas por Williams com Gary Barlow (seu companheiro na boyband Take That), com quem ele não compunha há 15 anos - e 37 hits colhidos entre os oito álbuns de estúdio do cantor. O fonograma mais antigo, Everything Changes, data de 1993, tendo sido gravado por Williams ainda no Take That, grupo com o qual se reuniu neste ano de 2010. Mas o subtítulo da compilação cita 1990 como marco inicial por ter sido o ano em que o artista ingressou na boyband que lhe deu projeção no mundo da música. No exterior,  In and Out of Consciousness foi lançada também em formato triplo que traz um terceiro CD com 18 faixas, a maioria b-sides de singles editados somente no mercado internacional. A compilação anterior de Williams, Greatest Hits, é de 2004 - embora tenha sido produzida em 2006 uma coletânea do astro, The Best so Far, especialmente para o Brasil.

Com atraso, a 'leoa' Elba festeja 30 anos (de bravura) com o DVD 'Marco Zero'

Resenha de CD e DVD
Título: Marco Zero - Ao vivo
Artista: Elba Ramalho
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * (CD) e * * * 1/2 (DVD)

♪ A paraibana Elba Ramalho é leoa do Norte. Com bravura, a cantriz impôs seu canto forte, torto e agreste ao Brasil em rota migratória que começou com sua vinda para o Rio de Janeiro (RJ) em 1974, passou pela participação na montagem original da Ópera do malandro em 1978 e atingiu ponto de relevância em 1979 com a gravação e edição de seu primeiro álbum, Ave de prata (CBS). É no lançamento deste disco de alma nordestina que Elba estabelece o marco zero de sua carreira fonográfica, que completou 30 anos em 2009. A festa comemorativa dessas três décadas foi feita com atraso em 12 de março de 2010, quando Elba subiu ao palco armado no Marco Zero para apresentar espetáculo produzido em menos de um mês. O Marco Zero é um local emblemático do Centro Histórico de Recife (PE), cidade que sempre acolheu muito bem os discos e os shows da cantora vizinha, além de ter lhe dado apoio institucional para viabilizar o registro dessa festa dos 30 anos que, a rigor,  já são 31. A gravação do show originou o CD e DVD Marco Zero - Ao vivo, postos nas lojas pela gravadora Biscoito Fino entre outubro (o CD) e novembro (o DVD). Por não ser duplo, o CD dá ao ouvinte vaga ideia do que foi o show, apresentando 14 dos 24 números fora da ordem original do roteiro. Já o DVD é retrato fiel do resistente canto de Elba e, apesar de não ter tom exatamente retrospectivo, enfileira alguns sucessos que marcaram época na voz (hoje menos potente e mais trabalhada) da cantora ao longo desses 31 anos. E Elba faz sua festa com a presença de convidados que, acima de tudo, são amigos colecionados nessa trajetória guerreira. Com Geraldo Azevedo, Elba revive com afeto Canta coração - música de Geraldo que abriu o LP Ave de prata e que tinha sido praticamente esquecida pela intérprete nos últimos 20 anos - e a sempre bela Chorando e cantando, parceria de Geraldo com Fausto Nilo gravada por Elba em Remexer (PolyGram, 1986), um de seus álbuns mais ousados (infelizmente fora de catálogo há anos). Com Zé Ramalho, com quem Elba não dividia o palco há seis anos, o reencontro acontece na já batida Chão de giz (Zé Ramalho, 1978) - canção já registrada em disco de forma mais sedutora por Elba - e em Admirável gado novo (Zé Ramalho, 1979). Este aboio épico lançado por Zé em 1979 já tinha sido cantado por Elba em shows, mas nunca havia sido gravado pela Leoa. Infelizmente, o dueto com Zé na música ganha inadequado tom (quase) festivo que contrasta com a natureza dos versos desoladores. Com Lenine, compositor que Elba avalizou anos antes de o artista pernambucano cair nas graças da crítica musical, o dueto expansivo é em Queixa, música de Caetano Veloso (de 1982) que não chega a soar como "uma coisa diferente", como Elba a anuncia em cena, pelo fato de Maria Bethânia já ter revivido a mesma canção, em registro introspectivo, no roteiro de Amor festa devoção, show estreado em outubro de 2009 (Queixa, como tem revelado Elba em entrevistas, entrou no roteiro por sugestão de Lenine). A única real surpresa do roteiro é o maracatu Recife Nagô (J. Michiles), cantado por Elba com Chico César. Escorado na força dos tambores, o número soa mais animado do que o Forró na gafieira (Rosil Cavalcanti, 1959), dividido por Elba com Alcione, convidada também de uma abordagem de O meu amor (Chico Buarque, 1978) que se ressente da ausência de  atmosfera teatral que valorizasse o tema, cantado originalmente por Elba em dueto com a atriz Marieta Severo na Ópera do malandro (1978). Entre incursões pelo repertório de Alceu Valença (Anunciação e Tropicana, músicas de 1983 e 1982, respectivamente), Elba recebe a cantora pernambucana Cristina Amaral no Forró do Xenhenhem (Cecéu, 1985) - fecho de medley forrozeiro iniciado com Plic Plac, de João Silva, e desenvolvido com Forró pesado (Assisão e Lindolfo Barbosa, 1975), sucesso do Trio Nordestino - anuncia o cantor paraibano Flávio José na já desgastada Espumas ao vento (Accioly Neto, 1997), direciona os holofotes para o sanfoneiro Cezinha (cuja voz lembra a de Dominguinhos na balada É só você querer) e faz dueto com André Rio no frevo Chuva de Sombrinhas, parceria de André com Nega Queiroga. Entre tantos convidados, Elba põe no ritmo do xote a canção Gostoso demais (Dominguinhos e Nando Cordel, 1986), pede que a multidão estimada em 200 mil pessoas cante a toada  De volta pro aconchego (outra joia romântica de Dominguinhos com Nando Cordel, lançada por Elba em 1985) - sendo prontamente atendida pelo público - e voa em rota mais baixa com Pavão mysteriozo (Ednardo, 1974) sem os tons operísticos e a imponência  impactante com que abordava a música de Ednardo no show Leão do norte (1996), um dos melhores espetáculos da artista. Mas tudo é festa para a leoa Elba no palco do Marco Zero, no centro histórico do Recife (PE). Guerreira, ela comunga com seus fãs em músicas como Veja Margarida (Vital Farias, 1975), já certa de que venceu a batalha para projetar sua voz e seu Nordeste na cena brasileira. Bravo!!!!

Em dezembro, Sony Music edita no Brasil 'Ultimate Collection' de Barbra

Sete coletâneas de Barbra Streisand já foram lançadas ao longo dos últimos 40 anos. Oitava compilação da diva, The Ultimate Collection - lançada em outubro de 2010 no exterior e ainda inédita nos Estados Unidos - vai ganhar edição no Brasil em dezembro, via Sony Music. Não se trata do best of mais completo da cantora. Contudo, o CD cumpre bem a função de coletar os maiores sucessos de Barbra em 18 faixas selecionadas dentre os fonogramas dos 33 álbuns de estúdio da artista. A seleção abrange período que vai de 1964 - ano em que Barbra gravou People, ainda hoje o clássico dos clássicos de seu repertório - até 2009, ano do último álbum da estrela, Love Is the Answer, de cujo repertório The Ultimate Collection rebobina In the Wee Small Hours of the Morning. Eis as (18) músicas da oitava coletânea de La Streisand:
1. Woman in Love
2. Evergreen

3. The Way We Were
4. You Don't Bring me Flowers

5. Guilty
6. No More Tears (Enough Is Enough)

7. Don't Rain on my Parade
8. Memory

9. Papa, Can You Hear Me?
10. As If We Never Said Goodbye

11. Tell Him
12. Stranger in a Strange Land

13. I've Dreamed of You
14. Send in the Clowns

15. People
16. Smile

17. In the Wee Small Hours of the Morning
18. Somewhere

'Something for Everybody' mostra que o tempo não passou para o Devo

Resenha de CD
Título: Something for Everybody
Artista: Devo
Gravadora: Warner Music
Cotação: * * * *

Primeiro álbum do Devo em 20 anos, Something for Everybody flagra o grupo norte-americano no túnel do seu tempo, devotado a um synth-pop que marcou época entre o  fim dos anos 70 e o início dos 80. Apego ao passado que, no caso do Devo, resultou em álbum surpreendentemente vigoroso, um dos melhores da discografia da banda - formada atualmente por Mark Mothersbaugh (voz e sintetizadores), Bob Mothersbaugh (guitarras), Bob Casale (guitarra) e Gerald Casale (baixo), com a adesão do baterista Josh Freese (que já pilotou as baquetas em grupos como Guns'N'Roses e Nine Inch Nails). Sem cair na tentação de querer soar contemporâneo, o Devo recicla seu som mecanizado na mesma velha onda dos tempos áureos. Sintetizadores se irmanam com guitarras e criam som moldado para as pistas sem diluir a acidez e a crítica bem-humorada que são os ingredientes diferenciados do sintetizado pop pós-punk do Devo. Mas o que faz realmente a diferença em Something for Everybody - sucessor do fraco Smooth Moodle Maps (1990) - é o vigor da safra de inéditas. Músicas como Fresh, Mind Games (com visão ácida sobre os relacionamentos amorosos), Step upPlease Baby Please e Cameo - para citar somente alguns destaques do repertório - estão no mesmo alto nível dos temas de álbuns áureos como Q: Are We Not Men? A: We Are Devo (1978) e Freedom of Choice (1980). Apenas a balada No Place Like Home, alocada como a penúltima das 12 faixas do álbum, destoa do animado repertório, turbinado com riffs poderosos e refrões pegajosos. Fiel à sua eterna New Wave, o Devo exibe tal vigor em Something for Everybody que, mesmo apegado ao passado da banda, o CD jamais exala cheiro de naftalina. 

sábado, 27 de novembro de 2010

Biscoito Fino lança CD em que Osesp toca concertos de Hime e Ayres

Dando continuidade à serie de lançamentos de registros ao vivo de concertos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, a gravadora Biscoito Fino põe nas lojas neste mês de novembro de 2010, através de seu selo Biscoito Clássico, um CD em que a Osesp toca peças orquestrais assinadas por Francis Hime - pianista e compositor popular que transita também pelo terreno erudito - e pelo também pianista e  compositor Nelson Ayres. De Hime, a Osesp toca o Concerto para Violão e Orquestra, solado por Fabio Zanon - sob a regência de Alondra de la Parra - e gravado em novembro de 2009 na Sala São Paulo (SP). De Ayres, a peça perpetuada no disco é o Concertino para Percussão e Orquestra, encomendado a Ayres em 2000 pelo maestro John Neschling - diretor artístico da Osesp entre 1997 e 2008 - e gravado na mesma Sala São Paulo em dezembro de 2008, quando a Osesp ainda era regida por Neshling. Em texto escrito para o encarte o disco, Hime conta que foi o violonista Raphael Rabello (1962 - 1995) que lhe encomendou o Concerto para Violão e Orquestra, estruturado pelo compositor em três movimentos (Modinha, Ibéria e Ponteio) que evocam Brasil e Espanha.

Com inéditas de Chico, Calcanhotto e Tom Zé, CD de Gulin fica para 2011

Programado em princípio para este segundo semestre de 2010, o segundo álbum de Thaís Gulin teve seu lançamento adiado para o início de 2011. O disco alinha no repertório inéditas de Adriana Calcanhotto, Chico Buarque e Tom Zé (Ali Sim, Alice, gravada com o próprio Tom Zé). Tema de Rodrigo Bittencourt, lançado pelo compositor em seu segundo disco (Mordida, 2008), Cinema Americano também figura no repertório selecionado pela cantora - vista em foto extraída de sua página no portal MySpace - para seu segundo CD. Outra faixa é Paixão Passione, inédita de Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza que Gulin gravou para a trilha sonora nacional da novela Passione. Caberá ao selo Slap (Som Livre) distribuir o CD nas lojas.

Cauby canta Sinatra à sua maneira já suave em registro ao vivo de show

Resenha de CD e DVD
Título: Cauby Sings Sinatra
Artista: Cauby Peixoto
Gravadora: Lua Music / Cultura Marcas
Cotação: * * *

"Pensavam que eu imitava Sinatra. Nunca imitei Sinatra, não. Cantava Sinatra à minha maneira", pondera Cauby Peixoto, diante do público que lotou o Teatro Fecap, em São Paulo (SP), na noite de 2 de maio de 2010, para assistir ao show gravado ao vivo na data para gerar o CD e DVD Cauby Sings Sinatra, ora postos nas lojas pela gravadora Lua Music neste mês de novembro de 2010. Sim, Cauby canta o repertório de Frank Sinatra (1915 - 1998) à sua maneira. E é em his way que o cantor brasileiro - um das vozes remanescentes da era de ouro do rádio - revive em inglês 15 temas do repertório de Sinatra 15 anos após ter abordado esse cancioneiro em duetos com astros da MPB em disco (Cauby Canta Sinatra, 1995) pautado por desconfortáveis versões em português de canções propagadas pela Voz, referência máxima de canto masculino nos Estados Unidos dos anos 40 aos 70. Aos 79 anos, Cauby já não tem a voz de 50 ou mesmo de 15 anos atrás e, por isso mesmo, acerta ao baixar os tons e evitar as exacerbações vocais de outrora quando entoa - com providencial leveza - temas como I've Got You Under my Skin (Cole Porter), Strangers in the Night (Bert Kaempfert, Charles Singleton e Eddie Snyder) e All the Way (Sammy Cahn e Jimmy Van Heusen). Em All the Things You Are (Jerome Kern e Oscar Hammerstein II), a banda meramente correta esboça um clima de Bossa Nova que fica mais nítido, sete números depois, na versão em inglês de Triste (Tom Jobim), único número ausente do CD que reúne 14 das 15 músicas do roteiro urdido pelo produtor Thiago Marques Luiz com ênfase quase absoluta nos clássicos mundiais de Sinatra (a exceção é The  World We Knew, tema menos batido de Bert Kaempfert, Herb Rehbein e Carl Sigmon). E o fato é que Cauby sings Sinatra sem nunca perder a dignidade. Sentado, como canta Moon River (Johnny Mercer e Henry Mancini), ou de pé diante do piano de Keco Brandão, convidado e arranjador de Laura (Johnny Mercer e David Raksin), Cauby provoca o respeito do ouvinte / espectador. Afinal, está ali no palco do Teatro Fecap - com bravura - um dos maiores cantores brasileiros de todos os tempos, dono de uma voz ímpar que evoca reminiscências de tempos áureos quando passeia, ainda segura e aveludada, por joias do quilate de Fly me to the Moon (Bart Howard), Night and Day (Cole Porter) e Something (George Harrison), pretexto para o respeitável crooner lembrar ao público que, em his way, Sinatra também cantou Beatles. Nenhuma das 15 interpretações resulta definitiva ou digna de figurar numa antologia de Cauby. Mas todas reiteram a personalidade desse bravo cantor que permanece em contínua atividade na música brasileira desde os anos 40. Quando o registro ao vivo do show vai se aproximando do fim, com My Way (em registro de início minimalista que vai ganhando intensidade vocal) e com o habitualmente apoteótico Theme from New York New York (Fred Ebb e John Kander), a grandeza da figura já mítica do cantor faz com que o espectador / ouvinte tenha ímpeto de gritar, como nos áureos tempos da Rádio Nacional, "Cauby! Cauby!!". 

LiberTango cruza Gardel e Piazzolla com propriedade no álbum 'Porteño'

Resenha de CD
Título: Porteño
Artista: LiberTango
Gravadora: Delira Música
Cotação: * * * 1/2

Quarteto carioca que incursiona pelo mais tradicional ritmo da Argentina, LiberTango debutou no mercado fonográfico em 2005 com A música de Astor Piazzolla, belo álbum em que abordou parte da obra do compositor e bandeonista de Mar del Plata que expandiu o universo do tango. Por já ter quase esgotado o repertório de Astor Piazzolla (1921 - 1992), o LiberTango se aventura a cruzar a obra do autor de Adiós Nonino com o cancioneiro de Carlos Gardel (1890 - 1935), cantor e compositor francês que migrou aos dois anos para a Argentina e lá construiu obra de alma porteña como a de Piazzolla. Por isso, Porteño é o título do terceiro disco do LiberTango. “Nem Gardel nem Piazzolla eram de Buenos Aires, mas adotaram aquela estética por toda a vida", explica Marcelo Caldi, acordeonista do quarteto que inclui Alexandre Caldi nos sopros, Estela Caldi no piano e Marcelo Rodolfo nos vocais. O canto de Rodolfo, aliás, parece ter alma porteña que se ajusta com perfeição a temas como Por Una Cabeza (Carlos Gardel e Alfredo Le Pera). Até mesmo um clássico já tão batido como El Día que me Quieras (Carlos Gardel, Alfredo Le Pera e Juan Carlos Calderon) seduz na voz de Rodolfo, embora o grupo pudesse ter explorado com menos obviedade o vasto repertório composto por Gardel com o brasileiro Alfredo Le Pera - de quem o quarteto revive também o popular tango Volver. Sucessor de Cierra Tus Ojos y Escucha (2008), Porteño apresenta  novo rebuscado arranjo para Adiós Nonino - em que sobressai o piano de Estela Caldi no registro que não supera a sublime abordagem do tema feita pelo LiberTango em seu primeiro disco - e conta com intervenções do violinista francês (radicado no Rio de Janeiro) Nicolas Krassik (em Verano Porteño, um dos quatro movimentos da suíte Las Cuatro Estaciones Porteñas, de Piazzolla) e do violonista Yamandú Costa. Por ter convivido desde sempre com milongas, habaneras e vanerões (ritmos argentinos aprendidos nos Pampas, onde nasceu), o gaúchoYamandú se revela à vontade ao pôr seu violão em Mano a Mano (Carlos Gardel, José Razzano e Celedonio Flores), uma das faixas cantadas com propriedade por Marcelo Rodolfo. Enfim, guardadas as devidas diferenças de estilo, Gardel e Piazzolla foram hermanos na música - irmandade exposta com classe pelo grupo LiberTango neste coerente álbum Porteño.

Em sua estreia, 'Órbita', Ana Clara Horta gravita em torno de boa obra autoral

Resenha de CD
Título: Órbita
Artista: Ana Clara Horta
Gravadora: Biscoito Fino
Cotação: * * * 1/2

 O Brasil é país povoado por muitas cantoras que se imaginam compositoras e perdem tempo ao pôr suas vozes a serviço de insosso repertório autoral, sendo que poucas têm, a rigor, inspiração e talento para construir obra com assinatura pessoal - como fizeram e ainda fazem Adriana Calcanhotto e Vanessa da Mata, por exemplo. Em sua estreia no mercado fonográfico, Órbita, disco produzido por Mário Moura e lançado neste mês de novembro de 2010 pela gravadora Biscoito Fino, Ana Clara Horta deixa impressão inversa. Como cantora, Horta não chega a impressionar, apesar de sua afinada voz suave se ajustar bem ao  repertório autoral registrado neste álbum pautado no tempo da delicadeza. O que logo salta aos ouvidos é a boa qualidade de sua obra autoral, embasada nas tradições da MPB, mas formatada em sutis tons contemporâneos. A origem carioca da cantautora não impede que parte do cancioneiro de Órbita remeta a um Brasil interiorano e interiorizado, evocado tanto pelo acordeom de Kiko Horta - que dá um clima de toada em Concha do mar (Ana Clara Horta e Gabriel Pondé), em Menina de leite (Ana Clara Hota e Miguel Jorge) e na bela canção que batiza o disco - como por  algumas imagens da letra de Pé de amora. Basta ouvir um tema como Bailarina (Ana Clara Horta, João Bernardo e Tadeu de Paula) - que pedia um cantor de maior rigor estilístico do que Pedro Luís, convidado da faixa - para perceber que a obra da artista tem a tal assinatura pessoal que inexiste em outros tantos cancioneiros pretensamente originais. Inclusive no que diz respeito às letras, da lavra de diversos parceiros. "É água que inunda por dentro / É aquarela, brisa gelada, é o tempo / Água que benze o tormento", entoa a cantautora em Lágrima negra (Ana Clara Horta, João Bernardo e Miguel Jorge), cujos versos sobreviveriam bem sem música. Sem negar o verniz pop necessário para que sua música não soe presa ao passado, como mostra em Primavera (Ana Clara Horta e Rodrigo Cascardo), a artista debuta no mercado com disco promissor que transita entre pegadas de blues - impressa pela gaita de Flávio Guimarães em Melodrama (Ana Clara Horta e Gabriel Pondé) - e de funk (perceptível em Pé atrás, outra parceria de Horta com Pondé). No todo, apesar de uma ou outra música menos inspirada, caso de Não há dúvida, Órbita  gira coeso. Horta veio para ficar...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Selo Lab 344 edita no Brasil 'Quarantine the Past', coletânea do Pavement

Grupo norte-americano de indie rock que esteve em atividade entre 1989 e 1999, Pavement se reuniu em 2010 para alguns shows que incluíram apresentação na quarta edição do Planeta Terra, o festival que agitou São Paulo (SP) em 20 de novembro. No embalo da vinda do Pavement ao Brasil, o selo Lab 344 edita no mercado nacional a última (ótima) coletânea do quinteto surgido na Califórnia. Lançada em março nos Estados Unidos, pela gravadora Matador, Quarantine the Past resume em 23 faixas a trajetória da banda. Feita pelos próprios músicos do grup com Jesper Eklow, a seleção vai de 1989 - ano da gravação de Box Elder, fonograma do EP Slay Tracks (1933 - 1969), editado nesse mesmo ano - até 1999, quando o Pavement lançou seu quinto e (por ora...) último álbum de estúdio, Terror Twlight.

Daniel Boaventura lança disco com temas italianos da novela 'Passione'

Intérprete do personagem Diogo na novela Passione, o ator e cantor Daniel Boaventura aproveita a exposição no folhetim exibido pela TV Globo e lança seu segundo disco, Italiano, com regravações de clássicos que bem podem estar na voz de Diogo, um cantor de cantina italiana na trama arquitetada por Silvio de Abreu. Nas lojas em dezembro de 2010, pela gravadora Som Livre, o sucessor de Songs for U (2009) alinha no repertório passional canções propagadas nas vozes de cantores como Bobby Solo (Una Lacrima Sul Viso e Se Piangi, se Ridi), Nico Fidenco (Amore Scusami), Domenico Modugno (Dio Come Ti Amo), Guido Renzi (Tanto Cara) e Peppino Di Capri (Champagne), entre outros nomes. A conexão com Songs for U (álbum cantado em inglês) é feita no Mambo Italiano - escrito em 1954 pelo compositor norte-americano Bob Merrill (1921 – 1998) e popularizado na voz da cantora e atriz Rosemary Clooney (1928 – 2002) - e em On an Evening in Roma (Sotto er Celo de Roma), tema bilíngue.

Quinto álbum de estúdio do Limp Bizkit, 'Gold Cobra' traz baixista do Kiss

Gravado desde agosto de 2009, mas não editado ao longo de 2010 como previsto, o quinto álbum de estúdio do grupo norte-americano Limp Bizkit, Gold Cobra, vai ser lançado somente em 2011. Trata-se do primeiro disco da banda de nu metal com sua formação original - Fred Durst (voz), Wes Borland (guitarra),  DJ Lethal (teclados e programação), John Otto (bateria) e Sam Rivers (baixo) - desde Chocolate Starfish and the Hot Dog Flavored Water, de 2000. Why Try, Walking Away, Ready to Go, 90 to 10, Shark Attack e Douchebag são  músicas já confirmadas do sucessor de Results May Vary (2003). A novidade - confirmada esta semana pelo vocalista Fred Durst em chat - é a participação do baixista do grupo Kiss, Gene Simmons. Outro convidado de Gold Cobra é o rapper Raekwon, do Wu-Tang Clan. Ainda sem data de lançamento certa, o álbum foi produzido por Durst em parceria com o guitarrista Wes Borland.

Primeiro disco de Leila Pinheiro, de 1983, ganha primeira reedição em CD

O primeiro álbum de Leila Pinheiro - lançado de forma independente em 1983, dois anos antes de a cantora paraense ganhar projeção nacional ao defender Verde no Festival dos Festivais (TV Globo, 1985) - chega, enfim, ao formato digital numa parceria dos selos Discobertas (do produtor musical Marcelo Fróes) e Tacacá Music (de Leila). Com distribuição da Microservice, a primeira reedição em CD de Leila Pinheiro vai estar nas lojas em dezembro de 2010, a tempo de festejar os 30 anos de carreira da artista, que começou a cantar em Belém (PA) em 1980. Gravado de junho de 1981 a agosto de 1982, no Rio de Janeiro (RJ), com produção de Raymundo Bittencourt e arranjos de Dori Caymmi e Francis Hime, o álbum Leila Pinheiro alinhou, em 12 faixas, músicas de Caetano Veloso (Coração Vagabundo), Tom Jobim (Espelho das Águas - com piano de Jobim - e Falando de Amor), Ivan Lins & Vítor Martins (Mãos de Afeto), Tunai & Sérgio Natureza (Tudo em Cima), Francis Hime & Olivia Hime (Lua de Cetim), Dori Caymmi & Paulo César Pinheiro (Porta Aberta) e de Martinho da Vila & João Donato (a obscura Passarinha, com o piano de Donato). Músicos como Toninho Horta tocaram no álbum.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

R.E.M. revela nomes das 12 músicas de seu 15º disco, 'Collapse Into Now'

O grupo norte-americano R.E.M. revelou os nomes das 12 músicas de seu 15º álbum de estúdio, Collapse Into Now, nas lojas no primeiro semestre de 2011 com distribuição da gravadora Warner Music. Produzido por Jacknife Lee, o sucessor de Accelerate (2008) foi gravado entre Estados Unidos (em Portland, Nashville e New Orleans) e Alemanha (Berlim). O disco tem intervenções de Eddie Vedder (em It Happened Today), Patti Smith (em Blue) e Peaches (em Alligator Aviator Autopilot Antimatter). Eis as 12 músicas de Collapse Into Now:
* Discoverer
* All the Best

* Uberlin
* Oh my Heart
* It Happened Today - com Eddie Vedder
* Every Day Is Yours to Win
* Alligator Aviator Autopilot Antimatter - com Peaches
* Walk It Back
* Mine Smell Like Honey
* That Someone Is You
* Me, Marlon Brando, Marlon Brando and I
* Blue - com Patti Smith

Gillespie exercita arte do 'sambabop' em disco gravado com Trio Mocotó

Um dos mestres do Bebop, a vertente mais sincopada e inventiva do jazz, o trompetista norte-americano Dizzy Gillespie (1917 - 1993) veio ao Brasil em agosto de 1974 com a missão de gravar um disco com ritmistas brasileiros. Acabou se enfurnando no Estúdio Eldorado, em São Paulo (SP), com o Trio Mocotó.  E foi na companhia de João Parahyba (percussão), Nereu Gargalo (pandeiro) e Fritz Escovão (cuíca) que gravou seis temas em sessões de estúdio que somente neste ano de 2010 são editadas no CD Dizzy Gillespie no Brasil com Trio Mocotó, produzido por Jacques Muyal para seu selo Groovin' High Records e para a Biscoito Fino, a gravadora que está lançando o disco no mercado brasileiro, 36 anos após as históricas sessões de gravação que juntaram Dizzy ao Trio Mocotó. A edição começou a ser viabilizada quando Muyal recebeu a fita com o registro das mãos do promotor de shows Estevão Steve Herman, em 2008, durante cruzeiro de jazz realizado no mar do Caribe. A fita - de acordo com o texto de Muyal publicado no encarte do CD - havia sido entregue por Dizzy ao produtor musical Arlindo Coutinho. De posse da fita, que não continha qualquer informação relativa aos seis temas registrados por Dizzy no estúdio paulista, Muyal pesquisou e, através de gente como o jornalista Jotabê Medeiros e o pianista Mike Longo (amigo de Dizzy e integrante de sua banda), descobriu que, além do Trio Mocotó, participaram das gravações os músicos Al Gafa (guitarra), Earl May (contrabaixo) e Mickey Roker (bateria). No Evil Gal Blues, tema de Leonard G. Father e Lionel Hampton propagado na voz de Dinah Washington (1924 - 1963), a cantora Mary Stallings se juntou ao grupo. Blues e vocais à parte, Dizzy se exercita na arte do sambabop em temas como Behind the Moonbeam (da lavra do guitarrista Al Gafa), Dizzy's Shout / Brazilian Improvisation e Samba (de autoria de Mike Longo). Completam o repertório do disco The Truth (outro tema de Longo) e Rocking with Mocotó (samba do próprio Dizzy). Enfim, é um registro histórico de um encontro inusitado que merecia ser perpetuado em disco.

Com suingue, Arícia exalta mulher negra no afro 'Onde Mora o Segredo'

Resenha de CD
Título: Onde Mora o Segredo

Artista: Arícia Mess
Gravadora: Tratore
Cotação: * * * 1/2

"Sou gingadeira / Levanto a poeira / A força que sobe do chão / Me torna simples e verdadeira / Sou mulher brasileira", se autoperfila Arícia Mess em versos de Bate Folha Jurema, parceria de Paula Pretta com essa cantora e compositora de Niterói (RJ) que transita desde os anos 90 pelo circuito alternativo carioca.  Apresentada em EP editado pela artista em 2009, Bate Folha Jurema reaparece no álbum Onde Mora o Segredo, produzido de forma independente por Arícia - com Carlos Trilha e Fernando Morello - e ora distribuído nas lojas pela Tratore neste mês de novembro de 2010. O disco reitera o suingue black dessa artista que passa a música brasileira pelo filtro do soul e do funk. Com justificado orgulho negro, Arícia exalta o balanço e a força da mulher, notadamente a afro-brasileira, religando a ponte África-Brasil em temas autorais como Onde Mora o Segredo (Ginga Rainha Quilombola de Matamba e Angola), parceria com Suely Mesquita, co-autora também do ótimo funk Hora Boa. Nesse contexto poético e musical, a regravação chique de Black Is Beautiful (Marcos Valle e Paulo Sérgio Valle) - em que a voz e a ginga de Arícia se juntam somente ao piano e ao órgão pilotados por Carlos Trilha - se ajusta perfeitamente ao espírito de um disco que celebra o suingue da cor. Ainda dentro do naipe de regravações antenadas que pontuam Onde Mora o Segredo, há Dengue, tema da lavra mais afro de Leci Brandão, lançado em 1978 por Zezé Motta em seu primeiro álbum solo. No registro de Arícia, Dengue tem seu suingue original diluído pela densa cama eletrônica que também acomoda Preto Velho (Marcus Cabeção), outra faixa afro, previamente lançada no EP de 2009. No fim, em clima eletroacústico, Arícia joga outra luz em Clariô, música de Péricles Cavalcanti que Gal Costa lançou em 1977 no roqueiro álbum Caras & Bocas. No todo, a gingadeira vocal da cantora - musa cult do underground carioca - encoberta até a eventual irregularidade do repertório autoral registrado em Onde Mora o Segredo, esse valente álbum afro-brasileiro, fiel ao som (e às ideias...) de Arícia Mess.

Coldplay anuncia 'single' natalino que vai ser lançado em 1º de dezembro

Enquanto prepara seu quinto álbum de inéditas, cujo lançamento está previsto para 2011, o grupo inglês Coldplay anuncia a edição digital de inédito single natalino, Christmas Lights, à venda no iTunes (e no site oficial do quarteto britânico) a partir de 1º de dezembro de 2010.

Inspirados, Victor & Leo criam sertão pop e feliz em 'Boa Sorte pra Você'

Resenha de CD
Título: Boa Sorte pra Você
Artista: Victor & Leo
Gravadora: Sony Music
Cotação: * * * *

Não é à toa que Renato Teixeira, um dos mestres da música ruralista de cepa nobre, assina o entusiamado texto que apresenta o quarto álbum de inéditas de Victor & Leo, Boa Sorte pra Você, posto nas lojas pela gravadora Sony Music ao longo deste mês de novembro de 2010. Como já havia sinalizado o último disco de estúdio da dupla mineira, Borboletas (2008), Victor & Leo dão bom sotaque pop à música sertaneja sem o tom lacrimejante recorrente nos CDs de outras duplas do gênero. Ao contrário, os irmãos moldam um sertão feliz ao longo das 11 faixas de Boa Sorte pra Você, álbum produzido por Guto Graça Mello. Já na canção que abre o disco e lhe dá título, Boa Sorte pra Você, fica clara a habilidade de Victor Chaves - o compositor da dupla - para cantar as mágoas de amor sem chororô num pop sertanejo bem redondo, moldado sem apelações para as paradas radiofônicas. Certeza logo reiterada pela música seguinte, Água de Oceano, reapresentada ao fim do CD em andamento de reggae, e por prováveis futuros hits como Loura de Ouro.  E o fato é que o sertão repaginado de Victor & Leo seduz em Boa Sorte pra Você por conta da inspiração de Victor Chaves como compositor e do encadeamento harmonioso das vozes desses irmãos de Ponte Nova (MG) que debutaram no mercado fonográfico por via independente em 2002 com Victor & Leo, álbum do qual rebobinam em Boa Sorte pra Você um tema de pegada country, Não Vá pra Califórnia. Com arranjos arejados, calcados nos violões, o cancioneiro de Boa Sorte pra Você reserva boas surpresas para quem sabe ouvir música sertaneja sem pré-conceitos. Uma delas é Rios de Amor, cuja letra esboça retrato idealizado da paisagem sertaneja a partir da lembrança de um amor. A música de Victor & Leo, a propósito, evoca um sertão romântico, a exemplo de Mari Mariana, melodiosa canção gravada originalmente pela dupla em seu segundo álbum, Vida Boa (2004). Completando o trio de regravações do disco, há Nascemos pra Cantar,  versão de Shambala, tema pop country composto pelo norte-americano Daniel Moore em 1973 e propagado por Chitãozinho & Xororó no Brasil em 1989 com a letra em português escrita pelo próprio Chitãozinho. Com vocais suaves, Victor  & Leo cantam os amores do sertão, como em Flor de Campo, com felicidade. "A música de Victor & Leo é para quem está de bem com a vida", sentencia Renato Teixeira, respaldado pelo tom leve de canções simples e eficientes como Quando É Amor, outra pérola popular de Boa Sorte pra Você que confirmam Victor & Leo como os nomes mais talentosos surgidos no mainstream sertanejo nos anos 2000. 

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Nomes da cena 'indie' revivem hits de Michael em tributo ao 'Rei do Pop'

Dirigido pelo produtor e pesquisador musical Marcelo Fróes, o selo Discobertas está pondo nas lojas Michael - Um Tributo Brasileiro a Michael Jackson. Idealizado por Guto Ribeiro, o CD apresenta 12 inéditas abordagens de sucessos do Rei do Pop por nomes da cena indie nativa. Coube a Rodrigo Santos reviver o tema menos conhecido da seleção, The Man, gravado por Michael Jackson (1958 - 2009) em 1983, em dueto com Paul McCartney incluído em disco do Beatle, Pipes of Peace (o álbum que trouxe Say, Say, Say - outro dueto dos astros). Contudo, o destaque do elenco de Michael é o baixista Jorge Ailton com sua suingante versão de Blame It on the Boogie, música gravada por Jackson em 1977, mas lançada em 1978 e incluída em Destiny, subestimado álbum do grupo The Jacksons que antecedeu o estouro de Michael na fase adulta de sua carreira solo. Eis as músicas e os respectivos intérpretes do disco Michael:
1. Blame It on the Boogie (1977) - Jorge Ailton
2. Don't Stop 'Til You Get Enough (1979) - Moobwa
3. Off the Wall (1979) - Amplexos
4. Rock with You (1979) - Eletro
5. The Way You Make me Feel (1987) - Fuzzcas
6. Wanna Be Startin' Somethin' (1982) - Filhos da Judith
7. Ben (1972) - Twiggy & Lucinha Turnbull
8. One Day in your Life (1975) - Hevelyn Costa
9. The Girl Is Mine (1982) - Márcio Biaso & Apoena
10. The Man (1983) - Rodrigo Santos
11. Black or White (1991) - Jehame
12. Bad (1987) - Les Pops

Sai CD que registra show dos Doors com Albert King no Canadá em 1970

Em 6 de junho de 1970, o quarteto norte-americano The Doors se apresentou na cidade de Vancouver, no Canadá, em show aberto pelo guitarrista Albert King (1923 - 1992), um dos reis do blues. Convidado pelos Doors, King acabou participando do show do grupo em jam que agregou as músicas Little Red Rooster, Money (That's All I Want), Rock me e Who Do You Love. O registro desse encontro sempre circulou em bootlegs, mas, 40 anos depois, ganha edição oficial no CD duplo Live in Vancouver 1970, lançado esta semana no exterior pela gravadora Rhino. O encarte traz texto sobre a histórica apresentação que uniu King e os Doors.